Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Conto: A Neidinha

por Jorge Soares, em 31.07.10

Botão de rosa

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

"O casamento vem do amor, assim como o vinagre vem do vinho". (Lorde Byron)

 

Ele era casado. Ela era casada. Não um com o outro, mas eram casados sim. Ele percebeu que ela casada assim que ela entrou pela porta do bar, porque ele não pode deixar de olhar para aquela aparição ruiva, e a aliança dela faiscava em sua mão esquerda. Deu uma boa olhada nela, ela era linda. Ela viu que ele estava olhando e olhou também. Mas ele abaixou a cabeça e voltou a ninar sua bebidinha, enquanto esperava o Paulão para adiantar os pontos principais do contrato dos japoneses. Era para isso que ele estava ali, não para ficar encarando aquela ruiva maravilhosa sentada no balcão, de saia cinza e cabelos soltos. Quer dizer, ele não tinha um pingo de juízo? A Neidinha ainda estava puta da vida com a história da moça do Departamento de Recursos Humanos da empresa, ele achava que ela não ia perdoá-lo nunca. Foi necessária a intervenção da família inteira, dos amigos do casal e do Padre Sebastião para a Neidinha perdoá-lo e ele já estava ali, num piano bar de hotel, esperando o Paulão e pensando besteira com a ruiva? Ah, francamente, homem de Deus, e a Neidinha? Ele tinha jurado para a Neidinha que ia andar na linha. Os cabelos da ruiva eram vermelhos escuros, iam até os ombros e as pontas faziam uma curvinha para cima. Devia ser maravilhoso enrolar os dedos naquele cabelo macio. O que ele tinha dito para a Neidinha mesmo? Ah, ele tinha dito: "Neidinha, pode voltar para casa e trazer o garoto, porque agora eu vou andar na linha". A ruiva de vez em quando olhava para trás, assim, disfarçando. E pousava a mão no pescoço. Não, mão no pescoço não! Ele já estava gelado. Ai meu Deus, ai meu Deus. E o Paulão que não chegava nunca? Pô, o Paulão não sabia o trabalho que tinha dado convencer a Neidinha que era só uma reunião de negócios? Que ela tinha tido um ataque, ameaçado voltar para a casa da mãe? Que ela tinha dito que ele estava em observação e que ela não garantia que não iria aparecer naquele piano bar, só para conferir se não era bandalheira dele e do Paulão? Agora, imagina se a Neidinha aparece ali, justo naquela hora, e pega a cara de tonto dele, sozinho, olhando para a ruiva do balcão? Sim, porque a Neidinha não era fácil, ela ia pegar no ato o que estava acontecendo e ia armar o maior escândalo. Pô, o Paulão era fogo, viu? O Paulão só o metia em roubada. A ruiva olhou para trás e sorriu. Ai meu Deus, ai meu Deus. Ele girou a aliança com força e tentou pensar em outra coisa. Pensa na defesa da Portuguesa. Pensa no contrato com os japoneses. Pensa na bronca que o Padre Sebastião deu por causa da sua história com a mocinha dos Recursos Humanos. Pensa que a ruiva também é casada, você vai estar destruindo não um, mas dois lares. O marido da ruiva nem sabe, mas ele é seu devedor para o resto da vida. Você não destruiu o casamento dele com essa ruiva encantadora porque não quis. A ruiva está levantando. Ah? Aonde que ela pensa que vai? Para o banheiro, ela estava indo para o banheiro. Que susto, por um segundo, ele havia pensado que ela viria até sua mesa. E não era isso que ele queria de jeito nenhum. SE ela caminhasse sinuosamente até a mesa dele, pusesse a mão no ombro dele e sorrisse, como um convite, ele teria que se levantar, enlaçá-la pela cintura e dizer olhando dentro daqueles olhos castanhos enormes: "Querida, eu sinto muito, você é uma moça muito linda, mas eu sou um homem casado e sério. Se você não respeita os sagrados laços do matrimônio, eu os respeitarei por nós dois". Depois ele iria passar a mão pelos cabelos dela de forma paternal com um sorriso superior e dar o maior beijo na boca que ela já recebera na vida. Não! Meu Deus, você ficou doido? Assim não dá, pensa na Neidinha, pensa na Neidinha. Olha lá, a ruiva está voltando do banheiro, cadê o Paulão? Pô, o Paulão é fogo. O Paulão detesta a Neidinha e a Neidinha detesta o Paulão, vai ver que ele fez de propósito. O Paulão deve ter pensado: "Eu vou deixar esse tonto lá no piano bar sozinho me esperando, ele vai se interessar por alguma ruiva lindona e vai passar a chata da Neidinha para trás". Era isso, aquilo tudo era um plano do Paulão para desestabilizar o casamento feliz dele com a Neidinha. Justo agora que ele e a Neidinha estavam acertados! O Paulão tinha uma mente diabólica. Mas ele ia ver uma coisa. Ia ver com quem estava lidando. Ia sentir o poder da força de vontade dele, ia ver que ele era um novo homem, recuperado para o bem. A Neidinha ia ver só como ele era digno de confiança. A ruiva deu uma virada no corpo para acender um cigarro. Precisava se torcer daquele jeito? Era provocação, só podia ser. Ah, mas como ela era linda. A camisa branca que ela usava escorregava pelo seu corpo, os botõezinhos enfileirados sobre o peito e as pulseirinhas douradas em torno dos seus pulsos, davam vontade de chorar. Ela era mesmo muito linda, muito. E se ela fosse um travesti? Isso mesmo, feminina daquele jeito? Linda, com uns peitos maravilhosos. Era isso, provavelmente era um travesti. Até que podia ser!, só os travestis são tão femininos hoje em dia. Ah, Deus, por favor, faça com que essa ruiva seja um travesti. Travesti sem gogó, ficou doido? Ué, vai ver que ela disfarça! Sei, e com um pezinho daquele tamanhinho, ela deve calçar trinta e quatro! Tá bom, tá bom, não é um travesti, não é. O cabelo dela brilhava, os olhos dela eram enormes. Respira homem, respira. O senhor é meu pastor e nada me faltará. E se eu fosse falar com ela? Ele me faz deitar em verdes pastos. Isso, puxava um assunto assim, sem graça, descobria que ela era uma porta de burra, tinha uma voz fininha e irritante e o encanto acabava. Não. Com a sorte dele, ela devia ter uma voz aveludada, ser doutora em filosofia e quando começasse a discorrer sobre a finitude humana, ele a ergueria do chão e possuiria no balcão de frios. Caramba, onde que o Paulão tinha se enfiado? As mãos dela eram pequenas e clarinhas e ela tinha sardas no colo. Não, não ia dar. Isso era tortura, isso era impossível, a Neidinha ia cometer suicídio desta vez. Ele se levantou e deixou o dinheiro do uísque em cima da mesa. O Paulão que fosse se danar. Ele ia embora antes que alguma coisa pior acontecesse. A Neidinha matava, nunca mais que ele ia ver o filho, que cresceria revoltado, odiando as ruivas em geral e pichando muros. E ele poderia até perder o emprego, porque, é claro, o Paulão ia adorar espalhar nos corredores da empresa, que ele dera para pegar mulher em bar. De perto a pele da ruiva era ainda mais clara e fininha. Parecia macia de tocar. Ela deu uma olhada comprida para ele enquanto ele caminhava no que parecia ser sua direção, mas na verdade era na direção da saída. Quando ele se aproximou mais, ela abriu a boca, ele nunca soube se era para dizer algo ou para sorrir, porque desviou o olhar. Passou pela ruiva no balcão e sentiu um cheirinho doce, levinho, de flor. Saiu do piano bar sacudindo a cabeça. Seu avô tinha razão. Feliz daquele que conhece o perfume do que perdeu.

 

Fábia Vitiello de Azevedo Cardoso

 

Retirado de Releituras

publicado às 21:00

Bons pais podem dar maus filhos?

 

Um assunto que me deixou a pensar... e ao que voltarei... quando tiver chegado a alguma conclusão.

 

É o destino escrito no ADN. Bons pais podem ter filhos maus

"Não sei o que fizemos de errado", disse-me a doente no meu gabinete de psiquiatria. Era uma mulher inteligente e que sabia expressar-se, com pouco mais de 40 anos, que me procurou com queixas de depressão e ansiedade. Ao discutir as pressões que enfrentava tornou-se claro que o filho adolescente era, há muitos anos, a mais importante.


Em miúdo, explicou, lutava muitas vezes com outras crianças, tinha poucos amigos íntimos e a reputação de mau. Ela esperara sempre que ele mudasse, mas na altura ele estava quase com 17 anos e ela sentia-se cada vez mais abatida.

Perguntei-lhe o que queria dizer com "mau". "Detesto admiti-lo, mas ele é cruel e não tem compaixão pelos outros", respondeu. Em casa era provocador e mal-educado, muitas vezes insultava os familiares.

Entretanto mandara avaliá-lo por vários pedopsiquiatras, que o submeteram a testes neuropsicológicos exaustivos. Os resultados eram sempre os mesmos: estava no escalão superior da inteligência, sem vestígios de dificuldades de aprendizagem ou doença mental. A mãe perguntava a si mesma se ela ou o pai teriam sido de alguma forma negligentes.

Nem um nem o outro, ao que parecia, se tinham saído tão bem nas avaliações psiquiátricas como o jovem. Um terapeuta notara que não eram inteiramente coerentes no que dizia respeito ao filho, especialmente em termos de disciplina: ela era mais permissiva que o marido. Outro terapeuta sugeriu que o pai não estava suficientemente presente e insinuou que não era um modelo forte para o filho.

Porém, havia um inconveniente com as explicações: este casal em teoria com dificuldades conseguira educar dois outros rapazes bons e adaptados. Como teriam conseguido, se eram tão maus pais?

A verdade é que tinham uma relação diferente com o filho difícil. A minha doente foi a primeira a admitir que se zangava muitas vezes com ele, algo que quase nunca acontecia com os irmãos.

Havia outra questão fundamental em aberto: se o rapaz não sofria de nenhuma problema psiquiátrico demonstrável, o que se passava?

heresia? A minha resposta pode parecer herética, vinda de um psiquiatra. Afinal tendemos a ver o mau comportamento como uma psicopatologia a exigir tratamento: não existem pessoas más, apenas doentes. Mas talvez este jovem não passasse de uma pessoa má.

Durante anos, os profissionais de saúde mental foram treinados para ver as crianças como meros produtos do seu ambiente, intrinsecamente boas até serem influenciadas no sentido contrário. Por trás de um mau comportamento crónico estava um pai ou uma mãe.

Contudo, embora não pretenda deixar os maus pais fora do assunto - infelizmente são demasiados, dos malignos aos apáticos -, permanece o facto de pais decentes poderem criar filhos malvados.

Quando digo "malvados" não quero dizer psicopatas. A literatura científica é abundante em escritos sobre psicopatas, incluindo as histórias de abuso na infância, a tendência precoce para violar as regras e a crueldade com colegas e animais. Alguns estudos sugerem que este comportamento anti-social pode ser modificado com ajuda dos pais.

No entanto, não se tem escrito muito acerca de pais bons com filhos doentios.

resistir aos filhos Outro doente falou--me do filho, então com 35 anos, que, apesar dos muitos privilégios, tinha mau génio e era mal-educado com os pais - recusava-se a devolver telefonemas e emails, mesmo quando a mãe esteve muito doente. "Temos dado voltas à cabeça para perceber por que razão o nosso filho nos trata assim", contou-me. "Não sabemos o que fizemos para merecer isto." Aparentemente, muito pouco.

Admiramos a criança resistente que sobrevive aos pais mais doentios e ao pior ambiente em casa e consegue ter êxito na vida. Contudo, o contrário - a noção de que algumas crianças podem ser as sementes más de pais decentes - é difícil de aceitar.

Vai contra a ordem normal, não apenas por parecer uma avaliação triste e pessimista, mas por violar a crença social de que as pessoas têm um potencial praticamente ilimitado para a mudança e para o auto-aperfeiçoamento.

Nem toda a gente se revela brilhante - tal como nem todos se revelam simpáticos e amorosos. E isso não será necessariamente devido ao fracasso dos pais ou ao mau ambiente doméstico. Acontece porque os traços de carácter que revelamos no dia-a-dia, como todo o comportamento humano, têm componentes genéticas, que não podem ser inteiramente modeladas pelo melhor dos ambientes, e menos ainda pelos melhores psiquiatras.

"Os pedopsiquiatras, hoje, acreditam que a doença está muitas vezes na criança e que as reacções da família podem agravar o cenário, mas não criá-lo por completo", diz o meu colega Theodore Shapiro, pedopsiquiatra do Weill Cornell Medical College. "A era do 'não há crianças más, apenas pais maus', passou."

Lembro-me de uma doente me confessar ter desistido de manter um relacionamento com a filha de 24 anos. Já não suportava as críticas contínuas. "Ainda a amo e tenho saudades dela", disse, com tristeza. "Mas na verdade não gosto dela." Para o melhor ou para o pior, os pais têm pouco poder para influenciar os seus filhos. Por isso não devem precipitar-se a assumir todas as culpas - ou créditos - por tudo aquilo em que os filhos se transformam.

 

Retirado do ionline

publicado às 21:00

Não há raças, há seres

por Jorge Soares, em 29.07.10

Não há raças, há seres

 

Nome

 

Não há raças, há seres
Não há religiões, há crenças
Há fome, muita fome
Há doenças imensas
Sem nome

Não há seres, não há raças
Não há crenças nem religiões
Há fome, muita fome
Há doenças imensas
Sem nome

Há tantos seres de todas as raças
Cheios de fome
Armas imensas sem nome
Doenças e tantas desgraças
Com nome

(Poema de João Sevivas)

 

E com isto este blog entra oficialmente na época estival .... daqui até ao meio de Agosto, quando eu vou mesmo de férias,  vamos ter mais fotografias, mais poemas, mais musica.. e menos assuntos sérios... não é que estas coisas não sejam sérias.... mas pronto, vocês entendem.

 

Jorge Soares

publicado às 22:48

Sem titulo... melhor, escolham o titulo

por Jorge Soares, em 28.07.10

Pôr do sol na Praiinha, Cidade da Praia, Cabo Verde

 

Fiz um post com esta fotografia e  com o  poema copio em baixo no meu outro eu, o Momentos e olhares, a Mafalda deixou-me um comentário que me deixou a pensar, ela disse o seguinte:

 

Sabes Jorge acho que encontraste nesta tua viagem a Cabo Verde, algo de muito diferente, algo que muito te disse e marcou. Algo que fará sempre parte das tuas boas recordações. Algo que talvez às vezes te traga nostalgia, mas algo que verdadeiramente amas.
Vê-se e sente-se em todas as tuas fotos.
Estarei a ver mal?

 

Acho que estás a ver perfeitamente bem Mafalda

 

Haverá algo que nos marque mais que um filho? a Mafalda tem razão, as minhas fotografias de Cabo verde, pelo menos as que escolhi para colocar no blog, transmitem uma enorme serenidade, talvez porque os locais e os momentos fotografados eram na sua generalidade locais e momentos serenos, talvez porque eu apesar de tudo, estava sereno, talvez porque a forma como se está, como se vive por lá e apesar de todas as dificuldades, é serena.

 

Apesar de que todos dizemos que é o sonho que comanda a vida, a verdade é que para a generalidade das pessoas são raros os momentos em que conseguimos concretizar um sonho, há que recordar que eu fui a Cabo Verde para concretizar um sonho... e esse sonho começou a concretizar-se mal chegamos lá.... e haverá algo que nos dê mais serenidade que ver o maior dos sonhos da nossa vida realizado?

 

Sim, tenho saudades de Cabo Verde, de cada momento, cada pormenor, cada segundo, do lugar, da luminosidade, das pessoas, da calma do pôr do sol.. saudades, muitas... mesmo muitas.

 

Criança Eterna

 

Vi nos voos dos pássaros
O entardecer escapar-se por entre
Os traços verdes do arvoredo.
Sob os olhos do anoitecer uma alma
Amparada no florir de um beijo
Em instantes de sol e doçura;
Um coração a sangrar por nada ter
Para dar e tudo perder e um homem
Que toda a sua riqueza consigo transporta.

E vi sombras de fogo num peito,
Uma alegria descontente em horas
Que são minutos quando dois corpos
Em seu leito se enamoram; e vi bolsos
De mar e de luz no desassossego
E em tudo vi a criança eterna…
Vi-me a mim.

De Alves Bento Belisário in, Inquietudes, pág. 38 (2005)

 

Para quem não leu, leiam, os meus postais de Cabo Verde

 

Jorge

publicado às 22:10

Incêndios, o calor não explica tudo!

por Jorge Soares, em 27.07.10

Incêndios

 

Imagem do Público

 

Há 15 dias fui passar o fim de semana aos meus pais, no Sábado à tarde peguei na máquina fotográfica e fui dar uma volta pelo lugar. Junto às ultimas casas e antes de entrarmos na densa floresta de pinheiros e eucaliptos, nos terrenos abandonados restam algumas árvores de frutos, uma figueira, pessegueiros, restos de uma enorme cerejeira e uma macieira coberta de frutos avermelhados que despontam por entre o enorme silvado que tomou conta de tudo. Do outro lado e a poucos metros das casas, por entre as árvores o mato que há muito não é limpo por ninguém, é bem mais alto que eu.

 

Hoje no telejornal (podem ver aqui) Hermínio Loureiro, Presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, desde as margens do rio Caima em Ossela, falava de um incêndio que decorria a poucos metros da povoação e descrevia uma situação assustadora e caótica. Lembro-me de há 3 ou 4 anos passar naquele mesmo lugar, que fica a poucos Kms da casa dos meus pais,  e ver toda a encosta junto ao rio completamente queimada. Não foi há muito que toda aquela floresta ardeu.. esse incêndio terá sido a ultima vez que aquele lugar foi limpo, sendo que desde então esteve a acumular combustível... para mais um incêndio.

 

A lei diz que a responsabilidade da limpeza das matas é dos seus proprietários, mas cabe ao estado, neste caso à Câmara Municipal, fiscalizar e notificar para que as limpezas sejam feitas. A realidade é que as matas não são limpas, ninguém fiscaliza e mal o tempo começa a aquecer os incêndios aparecem... e as imagens são as que infelizmente conhecemos de todos os anos.

 

Em toda a Europa a Biomassa é um negocio  que movimenta muitos milhões de Euros e em crescimento constante, em Portugal a biomassa acumula nas matas até que é consumida pelos incêndios florestais. O dinheiro que não se ganha com o seu aproveitamento é gasto no aluguer de aviões e de helicópteros que são sempre em número insuficiente para acudir ao número cada vez maior de incêndios (notícia do Público).

 

É de louvar que nesta altura o Sr, Hermínio Loureiro apareça junto à população, mas era muito mais inteligente de sua parte aparecer por lá na Primavera junto com os fiscais da Câmara e garantir que no verão as matas estejam limpas e livres de biomassa, e a prevenir que estas coisas aconteçam. E quem diz Hermínio Loureiro, pode dizer qualquer outro responsável camarário das centenas de câmaras com área florestal no nosso país.

 

Jorge Soares

publicado às 21:14

Setúbal: Feira de Santiago

por Jorge Soares, em 26.07.10

 

Feira de Santiago

Imagem minha do Momentos e olhares

 

Quando estiverem a ler isto estarei ..... , quando estiverem a ler isto quem sabe quanto tempo terá passado?.. dias?, meses?, anos?.. esta é uma frase muito utilizada nos blogs, mas a verdade é que não faz mesmo sentido nenhum, é uma figura de estilo que se utiliza para posts pré-publicados. O correcto seria: na hora em que costumo estar a escrever o post do dia, estarei.... a voar para algum lado, de papo para o ar a apanhar sol numa qualquer praia tropical, a caçar gambozinos algures, ou seja, a fazer qualquer coisa que não é muito habitual.

 

Bom, na hora em que costumo escrever o post do dia, normalmente por volta das 22 horas mais coisa menos coisa, eu hoje estarei a aproveitar as magnificas noites do verão de Setúbal para visitar a Feira de Santiago

 

 

"De 24 de Julho a 8 de Agosto decorre mais uma edição da emblemática Feira de Sant’iago, desta vez dedicada ao Centenário do Vitória Futebol Clube e da República.


Com 428 anos, a Feira de Sant’iago encontra este ano uma renovada estrutura organizativa e de gestão do espaço no Parque Sant’iago, nas Manteigadas.


A Câmara Municipal de Setúbal e a Associação Parque Sant’iago investem assim num certame que irá oferecer aos visitantes novos espaços no recinto bem como proporcionar um programa de espectáculos mais diversificado e orientado para as famílias.

A feira mais antiga do sul do país está rejuvenescida e aguarda a sua visita."

 

Por estes lados está muito calor mesmo... e eu não estou lá muito inspirado para a escrita, deve ser porque já estou a pensar nas bifanas com cerveja bem gelada, ou nos churros recheados, ou nas farturas com muito açúcar e canela.. ou... não fiquem com inveja, dêem uma olhadela ao programa da Feira, aqui e  apareçam!

 

Jorge Soares

PS:Eu juro que tentei encontrar uma fotografia do cartaz da feira.... não encontrei mesmo, o site está muito giro, é funcional, bem construído.... mas podia ter uma imagem do cartaz da feira!!!!!

publicado às 21:00

 

Mercado Medieval de Óbidos, figurante

 

Imagem Minha do Momentos e Olhares

 

Aproveitando que fomos passar o fim de semana ao Oeste, já aqui falarei do parque de campismo da Foz do Arelho, fomos a Óbidos ao Mercado Medieval. Não quero ser injusto com ninguém, mas tenho para mim que Óbidos é o local do país que melhor aproveita  o seu  fantástico património histórico. Para além da preservação da vila e do castelo, tem ao longo do ano  várias actividades que para além de ocuparem uma boa parte da sua população, atraem um enorme fluxo de turistas e de uma forma ou outra, contribuirá para animar a economia local.

 

Na época do natal há a Vila do Natal, na Primavera há a Festa do Chocolate, no verão há este Mercado Medieval... durante o resto do ano há muitíssimas actividades culturais, podem ver aqui a agenda, uma agenda, cultural  que fará a inveja de muitas capitais de distrito e que sem duvida,  fazem de Óbidos um exemplo a seguir por muitas outras cidades com ou sem castelo.

 

Eu acho óptimo que se promovam actividades deste tipo, para além desta Feira Medieval, já estive na de Bragança, muito mais pequena e mais pobre e na de Santa Maria da Feira, maior e que nada fica a dever à de Óbidos, excepto no enquadramento paisagístico, a de Óbidos é toda ela dentro do Castelo, a da Feira espalha-se pela cidade e pelas encostas do Castelo.

 

A maior diferença para as outras duas feiras em que havia estado, é que a de Óbidos foi a única em que tive que pagar para entrar, 7 Euros por pessoa, sendo que as crianças pagam a partir dos 10 anos. Logo à entrada duas crianças de 10 anos e dois adultos, 28 Euros.

 

Dentro do recinto, de mercado medieval havia muito pouco, havia sim muitíssimas tascas de comes e bebes, ora, pagar 7 Euros por pessoa para ir para um local atulhado de gente, sentar-me a comer com as mãos e a beber vinho carrascão... desculpem lá, mas a mim não me apanham lá mais.

 

Voltando às comparações, em Santa Maria da Feira, para além de haver muito mais exemplos de mercado medieval que em Óbidos, a zona do comércio e das comidas é  de entrada livre, depois há actividades que são pagas e nas quais só participamos se assim o desejarmos, que quanto a mim é o que faz sentido.

 

Acho os 7 Euros por pessoa um enorme exagero, principalmente porque pagamos para entrar num recinto em que há muito pouco que ver e muito que consumir... com preços destes a mim não me apanham lá outra vez.

 

Podem ver o programa da Viagem Medieval de Santa Maria da Feira, aqui

 

Jorge Soares

publicado às 22:14

Conto: O baralho erótico

por Jorge Soares, em 24.07.10

O baralho erótico

 

Em sua maior parte, o matrimónio é um maltrimónio. Os dois pensando somar, afinal, se traem e subtraem. Era o caso de Fula Fulano mais sua respectiva Dona Nadinha. O homem era um vidabundo, formado nas malandragens. A mulher era muda durante o dia. Mesmo que pretendesse não lhe saía palavra. Só de noite ela falava. No resto, se arredava, imóvel de fazer inveja às plantas. Se sentava a desfolhar fotos e postais.
Nadinha vivia por fotografia, sonhava por interposição de imagens recortadas em revistas. Coleccionava retratos, cromos, postais. Ficava horas contemplando as figurinhas. Assim, ela se desconhecia, desaparecendo de si mesma, invisibilizando a vida. De noite é que ela pegava o trabalho, desfiava horas de canseira. Em cada intervalo, mínimo que fosse, ela sacava da colecção das fotografias e se sentava. Se enamorava das mulheres das capas, que lindas, nem transpiram, nem enrugam com os tempos.
- “Não existe uma foto em que saia o mundo?
“Existe, existe”, anuía o marido em sono. “Coitada, a mulher. Devia ser que apanhou de mais, tenho que abrandar a socar a. Eu lhe bato não é desamor, é só porque você é uma criança, entende Nadinha? Está ouvir, Nadinha?” Ela não entendia, parvinha que era, olho pregado nas fotos. Ou será que esperava a noite para emitir resposta? Mas ele, de noite, não estava. Saía, remeloso, pelas barracas, se atestando de tontonto até se apoisar em mesa de jogo e bater cartas.
Certa madrugada regressou afadigado das jogatanas, acumulado de azares e divida. Raio das cartas, raio da vida! Ficou remexendo as cartas, como se repreendesse os dedos de não terem sabido extrair vitórias e ganhos. Desgostosa, Nadinha espreitou o baralho: as cartas exibiam fotografias de mulheres nuas. A mulher acenou em reprovação:
- “Que vergonha, parece nem tem esposa, você!
- “Que vergonha o quê! Tomara-se você ultrapassar os calcanhares de qualquer destas.
- “Sabe o quê? Sinto pena mas não de mim.
- “Acabou-se, mulher. Esta noite não quero barulheiras!”
Mas ela, entre panelas e panos, se estridentou, numa quinquilhação de rasgar orelha. Fula Fulano nem avisou: assentou logo uns tantos e quantos sopapos na mulher. Como que ela caiu, ficou. Toda em silêncio, lhe escapavam lágrimas e sangues. Os líquidos eram rios que caminhavam junto. Logo o marido percebeu: ela só deixaria de sangrar se parasse de chorar. Em acesso de pena, ele lhe pediu:
- “Se deixar de chorar eu prometo... prometo que nem nunca mais vou sair para jogar!”
Ela lhe olhou, sem crédito. Seu olhar era irreal, faz conta seus olhos figurassem no mortiço papel de revista.
- “Eu juro, Nadinha. Pare de chorar que vou ficar aqui todas as noites, a lhe fazer um bocadito de acompanhia”.
Na seguinte noite, ele ficou. Mandou recado aos companheiros das jogatanas a dizer que não ia, estava indisposto. Mesmo sendo noite, Nadinha rodopiou sem falar. Posto perante o silêncio dela, o homem ficou num canto a desfolhar as revistas que ela tanto estimava. De quando em enquanto, soltava risadas, se esmilhofrava da mulher. Era aquilo que tanto derretia o coração dela? Ainda fosse mulheronas dessas de arrebentar botões. Falou só, até que se fartou.
- “Não quer falar-me, mulher?”
Ela respondeu, em vago tom, estranhas palavras. Que sim, mas ela queria era conversar com a mulher que estava dentro dele. Assim que falou, apanhou logo uma chapada.
- “E nem pense em chorar! Pois que, da última vez, com essa porcaria de sangue e ranhos você quase me estragava o baralho das gajas descascadas!”
E foi um relampejamento. Rápido, o homem deitou a promessa para as traseiras. O prometido não é de vidro? E, logo-logo, se fez à rua para recuperar o quanto da noite já perdera. Ainda por cima, ele tanto reclamara vingança sobre o que perdera. Essa noite, os cabrões haviam de ver. Azar no amor, sorte aonde?
Chega à barraca, se senta em firme silêncio. Os jogadeiros estranham seus modos bruscos. Fula Fulano baralha as cartas disposto, como ele proclama, a enrabar valetes e descuecar damas. Com os nervos, lhe tomba uma carta. Um que apanha a carta e se espanta. Nem querendo acreditar, passa a carta aos restantes. Cochicham. Os amigos passam a fotografia de mão para mão, gozando e rindo. Até que um deles guarda a carta e todos se arrumam sérios e graves. Fula Fulano, estranhando os modos, pergunta.
- “Não é nada, Fula. É só uma dessas gajas que aparece nas costas das cartas.
- “Mostra!
- “Deixa lá esta merda. Continua a baralhar, Fula.
- “Eu quero ver essa carta”.
O outro, com voz de funeral, diz:
- “É melhor não, você”.
Saltando sobre o tampo, Fulano arranca a carta. Seu juízo deu o salto mortal, todo despenhado naquela visão. Quem era a gaja? Nadinha! Sim, Nadinha, sua esposa, toda cascadinha, como o mundo lhe recebeu. Fula Fulano desejou o buraco final.
Saiu, de espuma e raiva. Foi direito a casa, mãos nos bolsos com tais fúrias que estrilhaçava o baralho. Chegou a casa, demorou-se um momento na porta. Sacou da carta onde a Nadinha se descamava em carnes. Lhe subiu uma fervura, sangue adentro, irrompeu pela casa e se dirigiu, certeiro, para o leito onde a mulher dormia. E desatou a beijá-la com paixão que nunca tanto dele emergira.

 

Mia Couto,
Contos do nascer da Terra

Retirado de Contos de Aula

publicado às 21:00

Adopção: Como (não) adoptar um bebé!!!!

por Jorge Soares, em 22.07.10

Como (não) adoptar bebés

 

Imagem da internet

 

Este post é dedicado à Ana, que me deixou um comentário ao post de ontem e a todas as pessoas que chegam até este blog procurando informação sobre como adoptar bebés em Portugal... e eu sei que são muitas.

 

O Comentário da Ana dizia o seguinte:

 

Eu ando a procura de uma bebe de 4 meses para adoptar obrigada e urgente

 

Bom Ana, não sei o que queres dizer com é urgente, mas deixa-me dizer-te que na adopção nada é urgente... nada, nem para as crianças, nem para os candidatos...

 

Como em tudo na vida haverá excepções, mas adoptar um bebé de 4 meses é algo que quanto a mim, pela via legal não é possível,  vejamos porquê: Mesmo que no momento do nascimento a mãe assine um documento a dizer que entrega a criança para  adopção, por lei há um prazo de seis semanas para que a esta possa reconsiderar e decidir ficar com o seu filho. Ao fim de seis semanas é considerado abandono e o caso é encaminhado para o tribunal de família.

 

Chegado ao tribunal, o juiz inicia um processo de averiguação, na maioria dos casos este não considera válido o documento assinado pela mãe no hospital, para ser válido tem que ser assinado ante um notário. Há juízes que exigem ouvir a mãe pessoalmente o que na maioria dos casos é muito difícil pois as pessoas que deixaram os filhos no hospital não costumam deixar moradas reais.. entretanto o caso fica parado enquanto se averigua  onde está a família. Depois de ouvida a mãe  e no caso de que ela mantenha a decisão, é consultada a família alargada, mais tempo de espera...

 

Com tudo isto o tempo foi passando e quando finalmente se decide que a criança vai para adopção, já passaram muitos meses e o bebé já cresceu.. Por tudo isto eu diria que pela via legal, dificilmente alguma criança possa ser entregue aos candidatos a pais antes dos 8 ou 9 meses de idade.

 

Voltando ao pedido da Ana, se descontarmos as 6 semanas iniciais, para ser entregue com 4 meses, todo este processo legal deveria ser concluído em 6 semanas.. alguém acredita que isso seja possível? Para já não falar de que antes sequer de poder adoptar, é necessário passar pelo processo de selecção de candidatos.. pelo menos seis meses... lamento Ana, mas nas adopções não há urgências... ter um filho é algo que leva o seu tempo... e nas adopções é sempre mais de 9 meses.... infelizmente na maioria dos casos é muito mais de 9 meses.

 

É verdade que como diz a Cristina noutro comentário ao mesmo post, ultimamente temos ouvido falar da entrega de bebes de 3 e 4 meses aos candidatos... atendendo ao que disse acima, será que a segurança Social está a entregar estas crianças com os processos legais concluídos? E no caso de os processos não estarem concluídos será que os candidatos sabem o risco que correm ao receber uma criança nestas condições?

 

O N. foi-nos entregue com um ano de idade e com o projecto de vida definido pelo tribunal, mesmo assim, um ano depois no processo de adopção plena a juíza decidiu que queria ouvir a opinião do pai.. já ele tinha dois anos, ninguém imagina o que nós sofremos ao pensar que o senhor se poderia opor à adopção. É a isto que os candidatos se arriscam ao receberem crianças com 3 ou 4 meses.

 

É claro que há quem se arrisque a mais... há uns tempos li o seguinte neste  blog:

 

Eu como percebi que ela não estava a entender o motivo e percebeu certamente algo que não me agradou como se nós estivemos contra isso, disse-lhe na cara que o Prof. conceituado me propôs um bebé da MAC com dois dias!!!!!

 

Não era adoptar mas sim eu sair da MAC com um filho nos braços e registar como meu! Claro que o negámos de IMEDIATO!!!

 

Não é novidade nenhuma, todos já ouvimos falar disto, todos sabemos que estas coisas acontecem.. infelizmente há muita gente que se aproveita do desespero de quem quer ser pai e não consegue. São casos como este que depois levam a situações como a da Esmeralda ou o da menina russa... mas se calhar explicam algumas das "adopções" de bebés de que ouvimos falar.

 

Portanto, se chegou até aqui à procura de como adoptar bebés,..esqueça, isso não existe.

 

Jorge Soares

publicado às 22:03

Pai solteiro

 

Imagem de aqui

 

A conversa começou a propósito do Cristiano Ronaldo e do seu "aparecido" filho, a minha amiga acreditou na historia da barriga de aluguer e achava incrível que alguma mulher se submetesse a tal coisa.... estávamos no messenger a a coisa estendeu-se, a páginas tantas estava assim:

 

M. diz: pensei que se fazia por capricho..estilo..quero ter uma criança

Jorge diz: não,  é claro que há homens solteiros que o fazem

M. diz:como se fosse a mesma coisa que querer um carro ou uma casa

Jorge diz: mas é porque acham que não vão ter com quem ter filhos

M. diz: são doidos..se não sabem relacionar-se com uma mulher, achas que vão saber fazê-lo com um filho?

Jorge diz: hahahahahahaha.. e achas que a vida é assim tão fácil?

M. diz: não é para ninguém, mas o melhor da vida são os desafios esses são comodistas...mas esquecem-se que os filhos crescem e também terão problemas com eles o melhor treino é viver com alguém

Jorge diz: mas nem sempre se consegue esse alguém e por vezes as pessoas escolhem viver sozinhos

M. diz: Se querem viver sozinhas também acho estranho quererem um filho, agora..se não encontraram ninguém, aí já é diferente

Jorge diz: são coisas diferentes

M. diz: conheço muita gente que optou por viver sozinha e nunca lhes passaria pela Cabeça terem um filho, são do género de não quererem chatices

Jorge diz: Pois eu conheço muita gente que vive sozinha e quis ter filhos e são excelentes pais

M. diz: pois...eu nunca conheci caso desses mas acredito que os haja, acho até que já li num comentário um homem sozinho com filhos..estou enganada?

Jorge diz: claro que há, eu conheço dois que adoptaram, um já adoptou dois, conheço mais que querem adoptar e  estão à espera

 

Curiosamente no dia a seguir saiu um enorme artigo no DN em que se falava dos 43000 homens que são pais solteiros em Portugal, podem ler aqui uma parte.

 

Conheço a M. há relativamente pouco tempo, mas do pouco que vou conhecendo, não a tenho por preconceituosa, bem pelo contrário, é uma pessoa de mente aberta. Só posso concluir que esta visão pessimista sobre os pais sozinhos tenha a ver com os preconceitos que a sociedade ainda tem sobre este assunto.

 

Curiosamente os dois únicos pais solteiros que conheço são ambos por adopção, são-no portanto por verdadeira opção, eles escolheram ser pais e criar os seus filhos sozinhos. Sendo que no caso do que tem dois filhos, foi em processos separados, não só decidiu que queria ser pai solteiro, como depois de já ter o primeiro há uns anos, decidiu que queria ter outro....e acho que é um dos melhores pais de família que alguma vez conheci.

 

Os dois tem filhos rapazes, nunca me vou esquecer de um mail delicioso em que o Luís explicava o motivo pelo que tinha limitado a sua candidatura à adopção de um menino, ele tinha pensado em tudo...  "Como é que um pai vai com a sua filha à casa de banho numa estação de serviço?" ... Ouvi dizer que o Luis também vai adoptar o segundo, vamos ver se ele consegue vencer os preconceitos de muita gente na segurança social... porque tenho a certeza que mais uma criança será muito feliz.

 

No nosso país a adopção singular é olhada de lado, ainda há pouco tempo uma candidata do Norte do País nos contava que a equipa de adopção lhe tinha dito que o facto de ser solteira a atirava directamente para o fundo da lista. Agora imaginem como serão tratados os candidatos homens.

 

Este facto faz com que os candidatos singulares terminem por adoptar as crianças que sobram, crianças com problemas de saúde, crianças mais velhas, crianças de outras etnias. As próprias equipas de adopção, utilizam o facto de estes serem os candidatos  que para elas estão no fim da lista, para lhes propor os casos mais complicados, não será isto um contra-senso?  Porque propor os casos mais difíceis precisamente aos candidatos que pela sua condição de solteiros, terão menor apoio?, não deveria ser ao contrário?

 

O sentimento de querer ser pai ou mãe é muito difícil de explicar, até porque varia de pessoa para pessoa, mas quem já passou por ele sabe que é real..e não amiga M., não é por capricho...

 

Gostei especialmente desta parte do artigo no jornal:

 

Mas será que existem diferenças na forma de educar dos homens e das mulheres? Sim. "Os pais tendem a ser mais descontraídos do que as mães", aponta Catarina Mexia. A especialista elogia também o "equilíbrio bastante bom" na forma de educar dos pais. "Sabem impor regras, e na hora de brincar são mais companheiros do que a mãe", ....

 

Quanto ao Cristiano Ronaldo e ao seu "filho"... quem sabe e um destes dias é assunto aqui neste mesmo canal 

 

Jorge Soares

publicado às 21:24

Pág. 1/3



Ó pra mim!

foto do autor


Queres falar comigo?

Mail: jfreitas.soares@gmail.com






Arquivo

  1. 2020
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2019
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2018
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2017
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2016
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2015
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2014
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2013
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2012
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2011
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2010
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2009
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2008
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2007
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D