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Não há justiça para a violência doméstica

por Jorge Soares, em 30.09.11

Violência doméstica

Imagem do Público

 

A 06 de Junho de 2008, o arguido, agricultor, agrediu a mulher com uma cadeira, dando-lhe uma pancada no peito e provocando-lhe uma contusão da parede torácica, um hematoma na região frontal e na mama e escoriações nos lábios e cotovelo.

Segundo a Relação, esta agressão “não foi suficientemente intensa” para justificar a qualificação do crime como violência doméstica.
 

 

Não foi suficientemente intensa?????!!!!!! .... não faço ideia quem terá sido o iluminado ou os iluminados que chegaram a esta brilhante conclusão, acertar com uma cadeira em alguém não é suficientemente intenso para ser considerado violência doméstica, isto depois de um historial de violência que se prolongou por anos. O que é que seria suficientemente intenso?  

 

Neste país o que é necessário para que alguém seja condenado por violência doméstica?, que existam mortos??, aí o senhor ou senhores juizes já consideram que foi suficientemente intenso? Deve ser por isso que o número de mulheres mortas devido à violência doméstica aumenta de ano para ano, porque há juizes como estes que tentam medir a intensidade com a que um energúmeno destes acerta com a cadeira na sua mulher.

 

De que servem as campanhas?, a sensibilização?, de que serve tudo isso se depois há uns idiotas, sim, porque isto não pode ser de pessoas normais, que acham que a agressão não foi o suficientemente intensa e mandam o agressor para casa. 

 

Então e se amanhã o mesmo agressor utilizar a intensidade suficiente e matar alguém?, podemos condenar os iluminados que o mandaram para casa por cumplicidade?

 

Desculpem lá, mas esta justiça é uma merda. 

 

Jorge Soares

publicado às 20:55

O big Brother existe mesmo

 

É uma falha terrível na minha educação cultural, eu nunca li o 1984 de George Orwell, algo que tenho que resolver mais não seja porque dá muito jeito para citações, sobretudo em casos como o de hoje.

 

Ontem foi noticia o facto de ter sido detido em Colares um dos criminosos mais procurados nos Estados Unidos que andava desaparecido desde 1973, há qualquer coisa como 38 anos. O senhor vivia entre nós há mais de 20 anos, mesmo sendo um fugitivo americanos, conseguiu casar e formar família e adquirir a nacionalidade Portuguesa sem que nunca ninguém desconfiasse de nada. 

 

Fiquei a pensar como é forte o braço da lei americana que consegue descobrir alguém numa pequena aldeia de Sintra quase 40 anos depois da sua fuga do país.

 

Hoje podiamos  ler no Público que o senhor terá sido traído pelas saudades da família lá nos states, uma chamada telefónica para um familiar que teria os telefones sob escuta, denunciou o actual paradeiro.

 

Quase ao mesmo tempo, através e do Perplexo, chegava uma versão diferente da história. Segundo dois jornais americanos, o Huffington Post e o New York Times, as autoridades americanas identificaram-no pela impressão digital no cartão do cidadão, onde aparece como José Luís Jorge dos Santos.

 

A ser verdade esta versão, os americanos não só tiveram acesso à base de dados do cartão do cidadão português, onde estão os meus dados, os dos meus filhos, os de todos os portugueses que tem cartão do cidadão, como se deram ao trabalho de comparar uma a uma as impressões digitais de cada um de nós com a base de dados dos criminosos americanos. 

 

No meio de tudo isto é complicado saber em que versão acreditar, mas para mim é mais fácil de acreditar que o nosso governo, ou alguém por ele, deu acesso aos nossos dados às autoridades americanas, que no facto de que as autoridades dos Estados Unidos estiveram 38 anos a ouvir as conversas telefónicas da família do senhor até que ele finalmente se decidiu a ligar. 

 

Tudo isto não deixa de ser assustador, assim de repente ficamos a saber que os nossos dados pessoais, é preciso recordar que no cartão de cidadão constam todos os nossos dados, morada incluída, estão à disposição de quem os quiser ver.

 

É evidente que quem não deve não teme, mas neste país existem leis que é suposto protegerem a nossa privacidade, existe até uma coisa chamada Comissão Nacional de Protecção de Dados, o facto de agora descobrimos que afinal os nosso dados andam por aí a passear.. é assustador... pelo menos para mim é.... 

 

É preciso recordar, que tal como diz o Perplexo, o contrário nunca sería possivel, nos Estados Unidos só se podem tirar impressões digitais aos criminosos, sendo que esta não está em documento nenhum... o que só prova que apesar de tudo, os americanos são muito mais ciosos da sua privacidade e dos seus direitos que nós...

 

É claro que eu posso simplesmente estar a ser paranoico e se calhar os americanos estiveram mesmo 40 anos a ouvir as conversas telefónicas da família do senhor. Tenham cuidado, the big Brother is watching You.... mesmo.

 

Jorge Soares

publicado às 21:08

Mulheres estacionam mal

Imagem de aqui

 

A noticia é da TVI 24 e diz o seguinte: 

 

"Afinal, as estatísticas comprovam o que nenhuma mulher gostaria de ver consignado em números oficiais. As mulheres têm realmente mais dificuldade em estacionar um carro do que os homens? Números oficiais revelam agora que não se trata de um estereótipo sexista: na hora de estacionar, elas são menos competentes do que eles... Pelo menos é o que indicam os números divulgados pela Driving Standards Agency, no Reino Unido.

De acordo com os dados divulgados pelo site «Mail Online», quase metade das mulheres que, em 2010, chumbaram no exame de condução, foram eliminadas devido ao estacionamento paralelo. Mais: 55 mil, das 170 mil mulheres que reprovaram no dito exame de condução por erros na inversão de marcha ou por não usarem os espelhos, falharam também o estacionamento.

Os números divulgados pela Driving Standards Agency são apoiados pelos da ciência. Investigadores da Universidade de Bochum, na Alemanha, pediram a 65 voluntárias que estacionassem um automóvel topo de gama."

 

O Bold e o sublinhado são meus... ontem coloquei a noticia no Facebook e tirando duas honrosas excepções, as senhoras dizem que não senhor, que é mentira, elas não só conduzem todas muito bem, como sabem estacionar tão bem ou melhor que qualquer homem.

 

Por acaso sou dos que não acho que as mulheres tenham menos jeito para a condução que os homens, conheço algumas senhoras que conduzem pelo menos tão bem como eu.... o que quer que isso signifique. Também acho que no mundo machista em que vivemos, as mulheres tem muito menos oportunidade de conduzir que os homens e muitas delas não conduzem com a frequência suficiente para ganharem a prática necessária, e já sabemos que a prática faz o mestre... ou neste caso, a condutora... É claro que também há aquelas que não tem mesmo jeito... também há alguns homens assim.

 

Depois há esta parte da noticia: algumas delas «culparam» os próprios seios por tornarem «mais difícil» dar a volta, enquanto estacionavam. .. 

 

E esta hein?????

 

Jorge Soares

PS: Sim, eu sei, há muito cientista por aí com pouco que fazer, por isso é que há tantos estudos parvos

publicado às 22:07

e quem se importa com os alunos?

 

Imagem de aqui

 

A Noticia é do DN, em apenas 4 meses, de Outubro a Janeiro passados, terão sido passados 70031 atestados médicos a professores.  O fenómeno é transversal a todo o país e há inclusive noticia de uma médica que passou atestados a professores de lugares tão distantes como Moura ou Mafra... médica esta que ela própria estava de licença prolongada.

 

Todos sabemos que a vida de professor não é fácil, as crianças estão cada vez mais difíceis, os pais não querem saber e as escolas são cada vez mais depósitos de crianças, 70000 atestados num universo de 350000 professores representam 1 quinto, 20% dos professores.

 

Para além do mal que se estão a fazer às crianças, que em muitos casos tem 3 ou 4 professores diferentes durante o ano, toda esta gente que se candidata para depois apresentar atestado médico, está a ocupar um lugar no concurso de alguém que realmente se interessa por ensinar.

 

Este ano os concursos foi o que se viu, há mais de 30000 professores por colocar, quantos destes foram preteridos porque alguém se candidatou só para depois apresentar um atestado médico? Já repararam que se estes 70000 não fossem a concurso, em lugar de sobrarem 30000, faltavam 40000 professores?

 

Entretanto ... "até agora foram instaurados 19 processos disciplinares pelo Ministério da Educação e um caso vai ser apreciado pela Ordem dos Médicos..." fantástico, agora só falta ver o que se passou com os restantes 70012 professores e com os outros milhares de médicos que andaram a brincar às baixas... bem que podiam brincar aos médicos, as nossas crianças e os nossos impostos agradeciam

 

Desculpem lá. mas isto é um escândalo e uma falta de vergonha de médicos e professores, é caso para perguntar: Quem se importa com os alunos?

 

Jorge Soares

publicado às 21:39

Adoptar é dar e receber

Foi há pouco na RTP no programa Mudar de Vida, a jornalista Rosário Salgueiro foi ver por dentro como é a vida num centro de acolhimento, um programa muito bem feito que abordou os vários problemas do acolhimento e das crianças institucionalizadas.

 

Chamou-me a atenção uma parte em que falam de duas crianças, dois irmãos, que após 3 meses com uma família que as iría adoptar, são devolvidas à instituição.  Quando ouvi a assistente social do centro de acolhimento falar da falta de química senti-me triste, química? como pode uma relação entre país e filhos basear-se na química ou na falta dela?

 

Há algo que sempre digo a quem me questiona, o mais importante na adopção é não criarmos expectativas, as crianças nunca são como as imaginamos, cada caso é uma caso e cada criança diferente da outra. A grande maioria das crianças que vão para a adopção tem histórias de vida complicadas, mesmo as que foram abandonadas à nascença mais tarde ou mais cedo vão sentir esse abandono e vão reagir à sua maneira.

 

Há crianças com histórias de vida terriveis que depois de adoptadas passam a ser crianças completamente normais, bons estudantes e excelentes filhos, há outras que são adoptadas ainda bebés e que vivem toda a vida com o estigma do abandono, não nos podemos esquecer que na maioria destes casos elas foram abandonadas muito antes do nascimento e isso deixa marcas de muitos tipos.

 

O pior que pode acontecer a quem quer adoptar ou a quem simplesmente tem filhos, é ter expectativas, os filhos perfeitos não existem, e não são eles que se tem que adaptar às nossas expectativas, somos nós que nos temos que adaptar à sua realidade....Eles não são os coitadinhos que estão na instituição à espera que alguém os vá buscar, são seres humanos com personalidade e vontades próprias e não é por de repente passarem a ter uns pais e uma casa que as vão mudar de um dia para o outro.

 

Já aqui disse muitas vezes, não há desculpa nenhuma para que alguém devolva crianças, adoptar não é simplesmente receber crianças em casa é estender a mão e esperar que alguém a receba, não é comprar amor e vender carinho é construir pontes.

 

Adoptar é ser perseverante e é sobretudo ser-se  suficientemente humilde e paciente para dar tempo ao tempo.. não há clics, há amor e paciência. De repente um dia entra-nos um estranho pela casa dentro e descobrimos que veio para ficar, há casos em que se forma uma ligação imediata, há outros casos em que é necessário muito tempo e paciência para que as coisas funcionem e para que pais e crianças se adaptem... os laços não se impõem, constroim-se ..de parte a parte. 

 

Química, clic, expectativas.. são só palavras .... na verdade só há uma coisa que conta, a nossa capacidade de aceitarmos os nossos filhos como eles são e de os amarmos.

 

Jorge Soares

 

PS: Pena que a RTP não coloque logo online os programas, quando estiver disponivel coloco aqui o link

publicado às 21:42

Independência para a Madeira já

Imagem do Público

 

“Se Portugal vai resolver os problemas de todos os portugueses, vai ter que resolver os problemas dos portugueses do Continente e dos portugueses da Madeira, porque se há dois países – a Madeira e o Continente –, então dêem-nos a independência" 

 

O comentário acima foi proferido por Alberto João Jardim num comício na Camacha, eu já o tinha defendido aqui a propósito do tratamento especial a que julgam ter direito os dirigentes políticos madeirenses que ao contrário dos do continente, continuam a acumular salários com chorudas reformas. 

 

Curiosamente quando se trata de pagar IVA, que por lá é menor que popr cá, ou de subsidios de insularidade, ele já não acha que devemos funcionar como um país, aí ele acha-se com direito a um tratamento especial.

 

Segundo o censo de 2011, a Madeira tem 267 938 habitantes e uma dívida de 6000 milhões de Euros, o valor total da dívida Portuguesa anda perto dos 150000 milhões de Euros, se fizermos as contas vemos que o valor por habitante da Madeira é quase o dobro do continente.... e mesmo assim, eles ainda acham que andam a pagar a dívida portuguesa e que nós não queremos pagar deles.

 

Não sei até que ponto  este comentário de Alberto João Jardim não poderá ser considerado crime, mas cá por mim, Independência já.. se levarem com eles os 6000 milhões da dívida, é claro.

 

Jorge Soares 

publicado às 21:15

Conto: Hoje de madrugada

por Jorge Soares, em 24.09.11
Hoje de madrugada
O que registro agora aconteceu hoje de madrugada quando a porta do meu quarto de trabalho se abriu mansamente, sem que eu notasse. Ergui um instante os olhos da mesa e encontrei os olhos perdidos da minha mulher. Descalça, entrava aqui feito ladrão. Adivinhei logo seu corpo obsceno debaixo da camisola, assim como a tensão escondida na moleza daqueles seus braços, enérgicos em outros tempos. Assim que entrou, ficou espremida ali ao canto; me olhando. Ela não dizia nada, eu não dizia nada. Senti num momento que minha mulher mal sustentava a cabeça sob o peso de coisas tão misturadas, ela pensando inclusive que me atrapalhava nessa hora absurda em que raramente trabalho, eu que não trabalhava. Cheguei a pensar que dessa vez ela fosse desabar, mas continuei sem dizer nada, mesmo sabendo que qualquer palavra desprezível poderia quem sabe tranqüilizá-la. De olhos sempre baixos, passei a rabiscar ao verso de uma folha usada, e continuamos os dois quietos: ela acuada ali no canto, os olhos em cima de mim; eu aqui na mesa, meus olhos em cima do papel que eu rabiscava. De permeio, um e outro estalido na madeira do assoalho.

Não me mexi na cadeira quando percebi que minha mulher abandonava o seu canto, não ergui os olhos quando vi sua mão apanhar o bloco de rascunho que tenho entre meus papéis. Foi uma caligrafia rápida e nervosa; foi una frase curta que ela escreveu, me empurrando o bloco todo, sem destacar a folha, para o foco dos meus olhos: "vim em busca de amor" estava escrito, e em cada letra era fácil de ouvir o grito de socorro. Não disse nada, não fiz um movimento, continuei com os olhos pregados na mesa. Mas logo pude ver sua mão pegar de novo o bloco e quase em seguida me devolvê-lo aos olhos: "responda" ela tinha escrito mais embaixo numa letra desesperada, era um gemido. Fiquei um tempo sem me mexer, mesmo sabendo que ela sofria, que pedia em súplica, que mendigava afeto. Tentei arrumar (foi um esforço) sua imagem remota, iluminada; provocadoramente altiva, e que agora expunha a nuca a um golpe de misericórdia. E ali, do outro lado da mesa, minha mulher apertava as mãos, e esperava. Interrompi o rabisco e escrevi sem pressa: "não tenho afeto para dar", não cuidando sequer de lhe empurrar o bloco de volta, mas nem foi preciso, sua mão, com a avidez de um bico, se lançou sobre o grão amargo que eu, num desperdício, deixei escapar entre meus dedos. Mantive os olhos baixos, enquanto ela deitava o bloco na mesa com calma e zelo surpreendentes, era assim talvez que ela pensava refazer-se do seu ímpeto.

Não demorou, minha mulher deu a volta na mesa e logo senti sua sombra atrás da cadeira, e suas unhas no dorso do meu pescoço, me roçando as orelhas de passagem, raspando o meu couro, seus dedos trêmulos me entrando pelos cabelos desde a nuca. Sem me virar, subi o braço, fechei minha mão ao alto, retirando sua mão dali como se retirasse um objeto corrompido, mas de repente frio, perdido entre meus cabelos. Desci lentamente nossas mãos até onde chegava o comprimento do seu braço, e foi nessa altura que eu, num gesto claro, abandonei sua mão no ar. A sombra atrás de mim se deslocou, o pano da camisola esboçou um vôo largo, foi num só lance para a janela, tinha até verdade naquela ponta de teatralidade. Mas as venezianas estavam fechadas, ela não tinha o que ver, nem mesmo através das frinchas, a madrugada lá fora ainda ressonava. Espreitei um instante: minha mulher estava de costas, a mão suspensa na boca, mordia os dedos.

Quando ela veio da janela, ficando de novo à minha frente, do outro lado da mesa, não me surpreendi com o laço desfeito do decote, nem com os seios flácidos tristemente expostos, e nem com o traço de demência lhe pervertendo a cara. Retomei o rabisco enquanto ela espalmava as mãos na superfície, e, debaixo da mesa, onde eu tinha os pés descalços na travessa, tampouco me surpreendi com a artimanha do seu pé, tocando com as pontas dos dedos a sola do meu, sondando clandestino minha pele no subsolo. Mais seguro, próspero, devasso, seu pé logo se perdeu sob o pano do meu pijama, se esfregando na densidade dos meus pêlos, subindo afoito, me lambendo a perna feito uma chama. Fiz a tentativa com vagar, seu pé de início se atracou voluntarioso na barra, e brigava, resistia, mas sem pressa me desembaracei dele, recolhendo meus próprios pés que cruzei sob a cadeira. Voltei a erguer os olhos, sua postura, ainda que eloqüente, era de pedra: a cabeça jogada em arremesso para trás, os cabelos escorridos sem tocar as costas, os olhos cerrados; dois frisos úmidos e brilhantes contornando o arco das pálpebras; a boca escancarada, e eu não minto quando digo que  não eram os lábios descorados, mas seus dentes é que tremiam.

Numa arrancada súbita, ela se deslocou quase solene em direção à porta; logo freando porém o passo. E parou. Fazemos muitas paradas na vida, mas supondo-se que aquela não fosse uma parada qualquer, não seria fácil descobrir o que teria interrompido o seu andar. Pode ser simplesmente que ela se remetesse então a uma tarefa trivial a ser cumprida quando o dia clareasse. Ou pode ser também que ela não entendesse a progressiva escuridão que se instalava para sempre em sua memória. Não importa que fosse por esse ou aquele motivo, só sei que, passado o instante de suposta reflexão minha mulher, os ombros caídos, deixou o quarto feito sonâmbula.
Raduan Nassar
Retirado de: Empilhando Palavras

publicado às 21:29

Já temos Sodade

por Jorge Soares, em 24.09.11

Cesária Évora

 

A cantora Cesária Évora pôs um ponto final na sua longa carreira, anunciou esta sexta-feira a sua editora, a Lusafrica. A cabo-verdiana de 70 anos está fisicamente muito debilitada.

 

´

E assim de repente já sinto Sodade

 



publicado às 00:55

Casal italiano recorre à justiça para expulsar de casa filho de 41 anos

Imagem do Público

 

Um destes dias à hora do almoço enquanto meditava sobre a possibilidade de convencer a NASA para que desviasse o satélite ali para um sitio que eu cá sei para ajudar a tapar uns buracos, chamou-me a atenção a conversa na mesa do lado.

 

Um pai mostrava o seu desespero ao falar do filho de 20 anos que abandonou os estudos a meio do secundário e desde então está em casa, não estuda, não trabalha nem quer trabalhar. A mim, que comecei a trabalhar aos 11 anos, que enquanto estudei sempre arranjei forma de conciliar estudos e trabalho de modo a não depender totalmente dos meus pais, não deixa de me fazer confusão este tipo de situações.

 

Tenho 3 filhos, não sou pessoa de criar muitas expectativas sobre o futuro, nunca sonhei com ver os meus filhos com curso superior, engenheiros ou doutores, mas também não consigo imaginar o que seria para mim estar no lugar daquele meu colega. Não consigo conceber o que seria ter um adulto em casa que se limitasse a ver a vida passar, sem fazer o mínimo esforço por fazer parte dela. 

 

Hoje voltei a lembrar-me do assunto quando li esta noticia do público que fala de um casal italiano que farto de ter o amoroso rebento em casa, decidiu recorrer ao tribunal para que o colocasse na rua. É claro que este caso pouco tem a ver com o que falava antes, o rebento italiano de 41 anos, tem emprego e ganha bem.

 

Esta é uma caracteristica da sociedade em que vivemos, os filhos saem de casa dos pais cada vez mais tarde, até há uns anos atrás eram as condições económicas as culpadas, as pessoas casavam-se e iam viver para o anexo da casa dos pais por manifesta incapacidade para comprar ou alugar uma casa. Desde há uns tempos para cá, é o facilitismo que impera. A geração actual tem bons empregos, bons carros e excelentes condições de vida, não se casam, vão namorando, porque é muito mais fácil viver em casa dos pais, onde são bem tratados e mimados.

 

Eu lembro-me de estar desejoso de sair da faculdade para ter um emprego, o meu espaço e as minhas coisas.. não deixa de me fazer confusão como é que as pessoas preferem continuar debaixo da asa da mãe galinha até ao ponto de terem que ser corridas pelo tribunal... estranhos tempos estes em que muita gente tenta viver dos pais até que consiga viver dos filhos.

 

Jorge Soares

PS: O satélite cai amanhã e ninguém sabe onde, tenham cuidado, não vá o céu cair-lhes na cabeça

publicado às 21:36

As crianças, o Facebook e as redes sociais

por Jorge Soares, em 21.09.11

As crianças e o Facebook e as redes sociais

Imagem de aqui

 

Hoje a R. foi parar ao google+, como era a primeira vez que entrava no site, começou a responder às questões do google para o preenchimento do perfil, contrariando o que já muitas vezes lhe tinhamos dito, nunca se dá dados reais na internet, colocou a data de nascimento verdadeira, como tem menos de 13 anos de imediato o google a deitou para fora e bloqueou todos os acessos à plataforma, incluindo a conta de mail, do picasa, o igoogle, tudo. De um momento para o outro virou mais uma info excluída.

 

Não sei, também não me dei ao trabalho de averiguar, de onde sai esta norma de que as crianças devem ter 13 anos para poderem ter Facebook ou email no google, porquê 13?, porquê não 12?, ou 14?. Os meus dois mais velhos tem Facebook, assim como a maioria dos seus colegas na escola. A R. tem conta no gmail desde que tinha 7 ou 8 anos, criamos a conta quando começou a navegar pela internet e havia sites infantis onde era necessário um email para a inscrição.

 

Por mais que me tentem explicar, eu não consigo ver onde está o mal em que as crianças tenham Facebook, acho mal sim, que tenham sem que os pais supervisionem, mas isso é válido para o facebook, o email, o messenger, até para o telemóvel. A nossa sociedade evolui de uma forma que dificilmente conseguimos controlar, as redes sociais fazem parte dela e ou olhamos para elas como uma oportunidade da que podemos tirar vantagens e experiências de vida ou corremos o risco de perder o comboio e ficar perdidos algures num apeadeiro no meio do nada.

 

Evidentemente das redes sociais não vem só coisas boas, tal como de tudo o resto na vida, incluindo a escola, mas se não somos capazes de controlar o que os nossos filhos fazem no Facebook, como pretendemos conseguir controlar o que fazem na rua?, ou na escola? Faz parte do nosso papel de pais sermos capazes de formar e orientar...e já todos sabemos que o fruto proibido é sempre o mais apetecido... se não há facebook em casa, haverá de certeza na escola, ou no telemóvel, ou na casa do amigo...  

 

Existem milhares e milhares de crianças com menos de 13 anos com contas nas redes sociais,  se calhar não era má ideia que Facebook e Google mudassem da politica do finjo que não sei, para uma politica em que os pais se vissem obrigatóriamente involucrados na criação e controlo das contas.. era muito mais lógico e muito mais educativo.

 

Quando cheguei a casa ao fim do dia tratei de desbloquear a conta do google da R. como?, disse que era minha... e não deixa de ser verdade, porque fui eu que a criei, e sou eu quem  a desbloqueia e coloca novas passwords quando a despassarada as esquece.

 

Jorge Soares

publicado às 22:15

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