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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
As doenças relacionadas com o amianto – utilizado em larga escala na construção civil e noutras aplicações até aos anos 1990 – mataram pelo menos 231 pessoas em Portugal entre 2007 e 2012, segundo dados da Direcção-Geral de Saúde.
Há uns dias uma reportagem sobre os temporais mostrava uma escola em que a cobertura com amianto tinha sido levada pelo vento, os alunos foram retirados daquele pavilhão, mas no resto da escola as aulas continuavam como se nada fosse.
Entrevistada a directora do agrupamento, esta mostrava estar consciente dos perigos que aquela cobertura degrada representava, estavam previstas obras para se remover os materiais com amianto, não se sabia era para quando.
Ainda há coisas que me chocam, a forma descansada como aquelas declarações foram proferidas chocou-me, havia partes da cobertura espalhadas pelo recreio da escola, mas as crianças continuavam por ali, e havia aulas nos outros pavilhões, como se não estivéssemos a falar de uma substancia que comprovadamente mata dezenas de pessoas todos os anos em Portugal.
Hoje na RTP uma reportagem falava de novo no assunto, ninguém sabe quantas escolas ou edifícios públicos contém amianto, o levantamento está para ser feito há anos, mas está comprovado que os cancros causados por esta substância matam em média 39 pessoas por ano.
Desde há anos que se sabe dos perigos da exposição continua a esta substância para a saúde, assim como se sabe que uma grande parte das escolas tem esta substância nas suas coberturas, e mesmo assim não se faz nada.
Quanto custa ao país o tratamento de um doente com cancro? quanto irá custar ao estado no futuro o tratamento das milhares de crianças, professores e auxiliares que estão expostos todos os dias a esta substância? Não seria muito mais barato prevenir?, Não seria muito mais barato substituir as coberturas e demais materiais dos edifícios? Seria de certeza, até porque o sofrimento e a perca de vidas humanas não tem preço.
Não é obrigação do estado zelar pela saúde dos seus cidadãos? Então porque não o faz?
Jorge Soares
Imagem de aqui
Não sou nada dado a telenovelas e há bastante tempo que tirando as noticias e um ou outro programa da RTP2, não via nenhum programa da televisão nacional, cá por casa os serões eram passados entre a blogosfera e os canais das series. Até que na RTP começou a dar Bem-vindos a Beirais.
Beirais é uma aldeia tipicamente portuguesa, o primeiro que nos chama a atenção é que fica algures entre as serras do Minho ou das beiras, rodeada de montanhas, rios com cascatas e campos verdes cheios de flores, mas tem o aspecto de uma qualquer aldeia saloia ou alentejana.
O que nos mostra a série é o dia a dia de uma aldeia cheia de histórias e peripécias, entre os protagonistas podemos ver todas as personagens típicas que existem em qualquer aldeia, desde o padre e as beatas da igreja até aos jovens que que apesar de viverem longe dos meios urbanos não deixam de ser jovens actuais com os mesmos sonhos e preocupações que qualquer outro jovem citadino da mesma idade.
A série, que está exemplarmente escrita e melhor interpretada, aborda de uma forma muito bem disposta sem deixar de ser de uma forma seria, um tema diferente cada dia.
Já por ali passaram temas como o celibato e o casamento dos padres, a homossexualidade, a violência de género, os perigos da internet e das redes sociais, os interesses políticos, a emigração dos jovens e um largo etc.
Tudo isto muito bem enquadrado na historia de vida das diferentes personagens que vão desde o empresário citadino que deixa tudo para trás e vai viver para o campo, até aquela senhora que existe em todas as aldeias que conhece todas as ervas e mesinhas, passando pelo médico, pelos guardas, os cangalheiros, a senhora da mercearia, o senhor da oficina, o barbeiro....
Sei que a série dá à mesma hora que na concorrência passam as telenovelas, mesmo assim está a levar a RTP a níveis de audiência que não tinha neste horário há muito tempo, um verdadeiro caso de sucesso da produção nacional, tudo isto com excelentes actores portugueses de todas as gerações.
Em resumo, se um dia eu quiser mudar de vida, deixar tudo para trás e ir viver para um sitio tranquilo mas ao mesmo tempo moderno, é de certeza para uma aldeia como a que é retratada na série que eu vou querer ir.
Bem haja por quem consegue fazer coisas diferentes e com muito valor na televisão Portuguesa, afinal em Portugal as televisões não são todas iguais.
Jorge Soares
Imagem do El País
É (Era?) suposto ser a moeda do futuro, uma alternativa às moedas e aos bancos tradicionais, estava na moda e até já havia empresas como a Amazon em que já se podia utilizar para as compras online.... Tem a particularidade de ser completamente virtual e de não ter por trás mais garantia que essa, é virtual e não é controlada por ninguém.
Teve um enorme impulso após a crise monetária do Chipre quando muita gente começou a desconfiar da solidez dos paraísos fiscais, em Janeiro 1 bitcoin valia mais de 800 Euros.
O problema é que era tão virtual e tão livre de control de paises e instituições, que tal como era fácil de prever, podia simplesmente desaparecer quando alguém decidisse desligar o interruptor de alguns servidores...
E foi precisamente isso que aconteceu, alguém dsligou, não o botão, mas sim o principal site onde estavam "guardadas" as moedas de muita gente e de um segundo para o outro qualquer coisa como 750 mil bitcoins, mais de 250 milhões de Euros, desapareceram no ar virtual da internet.
É claro que aquilo que tornava a moeda virtual tão aparentemente forte e atractiva para tanta gente, é na realidade o seu ponto mais fraco, quem lá tinha o dinheiro guardado não tem para onde reclamar e as probabilidades de reaver nem que seja uma única moeda, são tão virtuais como o era o Bitcoin.
O Mt.Gox, era maior site de compra e venda de bitcoins e hoje foi simplesmente desligado da rede, isto depois de se ter verificado que durante meses ou anos alguém tinha estado a retirar de forma fraudulenta "moedas" de lá sem que aparentemente dessem pela falta delas. Por muito que outros sites tentem demarcar-se do assunto, a verdade é que depois de hoje dificilmente alguém voltará a confiar numa moeda que é tão mas tão virtual, que basta desligar um site na internet para que esta desapareça.
E ainda há quem fale mal dos nossos bancos.
Jorge Soares
Imagem do El Universal
A atenção do mundo tem estado centrada na Ucrânia, entretanto no outro lado mundo, na Venezuela, os confrontos tem-se repetido todos os dias um pouco por todo o país. A contagem oficial dos mortos durante os protestos ia hoje em 16 ou 17, todos do mesmo lado, na sua maioria jovens estudantes já que tem sido estes que mais tem estado na primeira linha dos protestos de rua.
A meio da tarde o meu amigo António escrevia o seguinte no Facebook: "Só para lembrar, a propósito da Ucrânia, que afinal ainda é possível que o POVO faça uma revolução."
É um pensamento que já me tinha ocorrido, mas olhando para situações paralelas, fico a pensar... terá sido mesmo o povo?
Disse há uns dias que na Ucrânia não havia uma luta pelo poder e sim uma luta de interesses. A Venezuela não tem nada a ver com a Ucrânia, a Ucrânia é um país pobre e sem recursos, a Venezuela é um país pobre mas que tem todos os recursos e condições para ser um país rico... tudo menos governantes à altura da situação.
Há uns dias eu escrevi aqui que a Venezuela estava entre a Ditadura e a Guerra Civil, neste momento e apesar de que o povo teima em não desistir, parece evidente que a ditadura está a vencer a guerra das ruas. O principal dirigente da oposição está preso, há sedes de partidos e casas de políticos da oposição invadidas pela polícia sem qualquer sem ordem judicial. Os meios de comunicação nacionais estão praticamente amordaçados e fazem autênticos malabarismos para informar sem chatear muito o governo, os internacionais ou já viram o seu sinal silenciado ou são todos os dias ameaçados de que lhes pode acontecer o mesmo. Todos os dias há registos de jornalistas nacionais e internacionais, incluindo um português, agredidos e impedidos de fazer o seu trabalho.
Todos os dias há relatos de agressões, prisões injustificadas, mortes, tortura e nos últimos dias, até desaparecidos.
Entretanto o que faz o governo? Para além de tentarem esconder a realidade do mundo e fingir que nada está a acontecer, usam fórmulas que se utilizaram há décadas noutros lugares, deitam a culpa ao tio Sam, à Cia e aos restantes fantasmas que vem do norte, por tudo o que acontece.
Nicolás Maduro é cada vez mais uma pobre caricatura de um presidente da República, alguém que parece que mais de que por Chavez, aprendeu por uma cartilha de outros tempos já completamente ultrapassada e para quem o único que interessa é mesmo o poder.
Só há uma coisa pior que um ditador, um fantoche com poder... e não há duvida que neste momento é isso que existe na presidência da Venezuela, um fantoche com poder.
Resta saber quanto conseguirá aguentar mais o povo e o que será necessário para que o mundo olhe para a o país e perceba que há ali muito em jogo, principalmente para quem tenta todos os dias sobreviver à delinquência e ao desgoverno....
Só mais um detalhe, portugueses de várias gerações, são perto de 500 mil.
Jorge Soares
Imagem do Público
Já aqui disse, devo ser o único portista que achou muito mal o que Pinto da Costa e o clube fizeram a Vitor Pereira, no fim de Novembro disse neste post que: "Sei que é impossível, mas por mim Vítor Pereira voltava já..." na altura com um terço do campeonato o Porto não mostrava fio de jogo, não tinha um onze base, tinha jogadores que pareciam perdidos em campo e não se via de parte do treinador forma de dar volta ao assunto.
Mesmo assim ainda havia muita gente a tentar desculpar Paulo Fonseca e a tentar arranjar motivos e desculpas para tão mau cenário.
Hoje, com quase dois terços do campeonato, com a equipa fora da liga dos campeões e com um pé fora da liga Europa, o Porto continua sem fio de jogo, o onze base é uma miragem, os adeptos estão cada vez mais longe do Dragão e raramente alguém percebe as opções do treinador durante os jogos.
Algo mudou, parece que finalmente a paciência dos adeptos se esgotou, também, depois do que aconteceu na quarta com o Eintrach e hoje com o Estoril. Antes do jogo estive a dar uma olhadela aos mails e a discussão entre os mais ferrenhos centrava-se entre não ir ao estádio ou ir e promover um festival de lenços brancos.
Infelizmente o desfecho do jogo levou mesmo ao festival de lenços brancos. Sei que o Porto não é um clube qualquer e que os treinadores não se mandam embora por dá cá aquela palha, mas tudo tem um limite e se é verdade que a equipa está em terceiro lugar, também é verdade que a jogar como hoje e com as condições anímicas que não se tem visto, não sei se os seis pontos de vantagem para o Estoril serão suficientes... e abaixo do terceiro lugar não há liga dos campeões para ninguém
O Porto não perdia no Dragão desde 2008, mas o pior nem é isso, o pior é que não se vislumbra a forma como com este treinador se poderá dar a volta ao texto.
E pensar que se desprezou completamente um treinador que ganhou um campeonato sem perder nenhum jogo nem em casa nem fora.. este ano até agora já vamos em quatro derrotas e ainda falta mais de um terço dos jogos.
Paulo Fonseca disse no fim do jogo que vai falar com o presidente... espero que seja uma conversa curta. Onde é que está mesmo o Vitor Pereira? Por cá nem é preciso falar inglês.
Jorge Soares
A decisão estava tomada. Ele se mataria naquela noite. Estava orgulhoso de si mesmo. Afinal, ia se matar pelo motivo certo. Pensou nos homens que conhecera e que haviam decidido tirar a própria vida. Motivo: falência, chifre, doença terminal. Não, ele não era um desses que se matam por dinheiro. Ou porque são cornos. Ou ainda porque não aguentam sentir dor. Ele era, por assim dizer, completamente normal.
Não deixaria um bilhete. Homens que deixam bilhetes são todos uns dramáticos. Morrem querendo deixar para trás uma dezena de culpados. A mãe que devia ter entendido os sinais; a esposa que não devia ter gastado tanto; a amante que não devia tê-lo trocado pelo garotão mais novo; os amigos que deviam ter oferecido um ombro em vez de deboche. Não, homens que escrevem palavras de adeus são vingativos. Sempre querendo semear o remorso, infernizar os vivos.
Ele morreria de forma muito digna. Morte com planejamento. Já tinha pagado até pelo caixão e pela cremação. E por uma corbeille grande, com faixa escrita e tudo. Uma corbeille... Mas afinal o que era a porra de uma corbeille? Não sabia. Alguma coisa que se usa em enterros, com certeza. E que é chique. Senão a mocinha da funerária não teria lhe vendido com tanto orgulho o pacote 3C Primeira Classe, ou 3C-PC, como era carinhosamente chamado. Bem, isso ele sabia explicar o que era. Um pacote 3C-PC significava caixão-corbeille-cremação. Aliás, essa tinha sido uma das razões que o haviam levado a escolher entre ser enterrado ou virar cinzas. Explica-se. É que havia dois pacotes 3C disponíveis. O de Primeira Classe, composto por caixão-corbeille-cremação, como já se disse. E o Executivo, ou 3C-E, oferecido com caixão-corbeille-cova. A propaganda impactante feita pela Boutique do Último Leito (sim, mortais, funerária é coisa do passado) contribuiu decididamente para a escolha. Do pó vieste, ao pó retornarás. Mas tu decides como, dizia o folheto com letra em negrito. Embaixo dos dizeres, duas fotos: em uma delas, um caixão sendo baixado à terra por homens circunspectos; na outra, uma urna de porcelana magnífica, nas mãos de uma pessoa sorridente. Na verdade, ele havia achado o sorriso um tanto excessivo. Mas a mocinha das vendas logo o fizera mudar de ideia. "Veja bem que é o sorriso de alguém feliz por poder levar consigo as cinzas da pessoa amada." Como é que ele não tinha pensado nisso? De um lado o chão frio e úmido dos vermes, de outro o frescor da porcelana acolhendo as suas cinzas. Tudo bem que essa frase também era da mocinha, mas serviu bem naquele momento de decisão.
Fez tudo sozinho. Não podia envolver no processo as secretárias, nem a família, nem os amigos. Não se imaginava dizendo "Eu gostaria da sua ajuda para organizar a minha morte". Não, eles não entenderiam. Como explicar que se mataria porque era feliz? Que não havia nada que já não tivesse feito na vida? Que tinha alcançado o que todos os homens desejam: a plena realização — e que, exatamente por isso, estava na hora de morrer?
Tudo em sua vida era perfeito. Tinha sido uma criança feliz, sem traumas. Um adolescente bem sucedido, bom aluno, cheio de amigos e namoradas. Adulto, tinha ficado rico. Muito rico. De um tipo de rico que não se vê, só se ouve falar. Antes dos 40 anos, já conhecia 24 países. Em 10 deles comprou propriedades luxuosas e estabeleceu-se em negócios diversificados. Casou-se com uma mulher linda e gostosa. Deus, como era gostosa! Mas não o bastante para impedi-lo de ter todas as amantes que quis, loiras, morenas, roliças, magras, negras, asiáticas. Mulheres discretas que sabiam como chegar e quando ir embora. Teve dois filhos. Lindos como a mãe. Inteligentes como ele. E até mesmo o divórcio foi feito sem mágoas. Separou-se da esposa enquanto ainda a achava bonita e excitante. Porque não queria permitir a si mesmo vê-la definhar com a idade. Porque não deixaria que ela se fosse quando já não a desejasse, ou quando não houvesse mais homens para cortejá-la. Ele a amava demais para esperar ao seu lado o desgaste da relação.
Tinha saúde. E como tinha. Os médicos repetiam a todo instante que ele era um exemplo de homem no cuidado consigo mesmo. Um dos filhos já estava ao seu lado nos negócios e o outro fizera sua própria fortuna. Eles o amavam e respeitavam. E haviam lhe dados netos. Crianças educadas, rosadas e bonitas.
Sem pendências, portanto. Vida perfeita. Podia morrer pelo motivo certo: plenitude. E na noite certa. Estrelada, silenciosa, cheia de uma brisa fresca com cheiro de bos... Bosta?! De onde vinha aquele cheiro de merda insuportável? Aquele fedor de embrulhar o estômago? Alarmado, pensou que nada, nada podia quebrar o clima perfeito da noite da sua morte.
Descendo as escadas com rapidez, saiu correndo, transtornado, pelo jardim meio escuro, buscando a fonte do cheiro fétido. Na pressa, tropeçou nos instrumentos deixados na grama pelos homens que haviam trabalhado à tarde na abertura do buraco da nova piscina. Uma piscina olímpica longa e funda. A topada o jogou para a frente com força e ele se sentiu voando até que estatelou-se em alguma coisa malcheirosa e gosmenta. E nada teria acontecido não fosse o azar de ter batido a cabeça em outro objeto qualquer deixado ali por descuido. Maldito objeto.
Enquanto morria, sentindo o cheiro de merda que, agora percebia, vinha da lama úmida que servia de chão ao buraco, e sem conseguir mover nem um único membro do corpo grande, lembrou-se de que não tivera tempo de escrever as instruções sobre o pacote 3C-PC para deixar sobre a cômoda. Lembrou-se também de que não havia escrito cartas ou bilhetes se despedindo, porque isso era coisa de homens dramáticos. Por fim, lembrou-se de que dissera à mocinha da Boutique do Último Leito para esperar até ser procurada por alguém com instruções. Não seria. E ele não seria cremado. E os vermes lhe fariam companhia. E ele ficaria na terra fria, ossos amontoados, distante de tudo o que amava, sem o frescor da urna de porcelana envolvendo suas cinzas.
Enquanto o sereno descia sobre o seu corpo imóvel, pensou em como gostaria de processar aquela empresa maldita, aqueles operários relapsos. Se ele não morresse, talvez ficasse paralítico. E teria que depender das pessoas e contratar enfermeiras e reformar a casa. Todas as casas. Em 10 países. Se ele não morresse, e ficasse paralítico, se tornaria incapaz para o trabalho, para o sexo. Se ele não morresse, veria, em poucas horas, aquele jardim repleto de policiais colhendo evidências, confiscando os objetos malditos. Se ele não morresse...
Ainda pensava nas possibilidades quando policiais e paramédicos chegaram para salvá-lo, na manhã seguinte. Agora sim. Infeliz, miserável, incompleto, não tinha mais nenhum motivo para querer morrer. Era, finalmente, dono de uma vida imperfeita.
Cinthia Kriemler
Imagem: O Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci
Retirado de Samizdat
Continuamos à Espera é uma campanha de Educação para o Desenvolvimento e para a Cidadania Global, centrada nas temáticas da Saúde Sexual e Reprodutiva, Justiça Social, Igualdade de Género e Oportunidades e baseada nos Direitos Humanos.
Uma campanha sensibilização e acção que parte de uma chamada de atenção para as situações de profunda discriminação e desigualdade que continuam a existir em qualquer parte do mundo e face às quais não podemos ficar indiferentes nem a aguardar que os tempos e a mudança de mentalidade resolvam.
É da iniciativa de organizações portuguesas da sociedade civil: P&D Factor – Associação para a Cooperação e Desenvolvimento, CCC- Associação Corações com Coroa, AJPAS – Associação de Intervenção Comunitária, Desenvolvimento Social e Saúde e Oikos – Cooperação e Desenvolvimento.
Continuamos à Espera pretende INFORMAR, INSPIRAR, MOBILIZAR e AGIR em torno da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 com vista à promoção e defesa de um ambiente social e político favorável ao exercício dos direitos humanos em igualdade de todas as pessoas, sobretudo as mais invisíveis e que mais facilmente estão em situação evitáveis de vulnerabilidade, pobreza, doença e exclusão: as raparigas e as mulheres.
Continuamos à espera de ver as pessoas no centro das políticas e agendas de desenvolvimento e assegurar que todas as pessoas, sobretudo as mulheres e as adolescentes, têm acesso à informação, aos serviços e à protecção de que precisam para ter uma vida segura, saudável e gratificante.
Apesar dos compromissos assumidos na Declaração do Milénio (que definiu em 2000 os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio -ODM- assinada pela totalidade dos países então existentes), revisões e documentos posteriores, Continuamos à espera de ver as pessoas no centro das políticas e agendas de desenvolvimento e assegurar que todas as pessoas, sobretudo as mulheres e as adolescentes, tenham acesso à informação, aos serviços e à protecção que precisam para ter uma vida segura, saudável e gratificante.
Continuamos à Espera é um movimento que apela a um papel mais interveniente e activo na construção da Agenda de Desenvolvimento Pós 2015 que atenda aos Direitos Humanos e às desigualdades mais gritantes e que são esquecidas:
• A saúde sexual e reprodutiva (saúde materno- Infantil, planeamento familiar, saúde de adolescentes, prevenção do VIH e Sida, parto e maternidade segura;
• A educação das raparigas (que promova o conhecimento, a manutenção no sistema de ensino e formação, que previna os casamentos precoces e forçados, a gravidez adolescente, a mutilação genital feminina, a violência e a discriminação);
• A igualdade de género e de oportunidades (que assegure a participação e reconhecimento dos contributos políticos, sociais e económicos das mulheres); e
• A justiça social que, no respeito pelos direitos humanos, promova e defenda o trabalho digno, a protecção social e o empoderamento como essenciais ao desenvolvimento das pessoas, das famílias, das economias e do mundo.
Todas as informações em:
http://www.popdesenvolvimento.org/continuamosaespera
https://www.facebook.com/continuamosaespera
Fonte Oikos
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E de repente parece que voltamos 20 anos para trás quando o ódio, a violência e a morte varreram os Balcãs, a antiga Jugoslávia era uma herança da União Soviética, um país construído e mantido de forma artificial apesar das diferenças que existiam entre os habitantes de cada uma das regiões.
Na Ucrânia não há diferenças étnicas ou religiosas, por isso é mais difícil de entender o que nos entra todos os dias pela casa dentro, há dois dias eu dizia que o país estava à beira da Guerra Civil, neste momento o que se vive é uma guerra de facto, dos protestos violentos passou-se a uma guerra aberta com vitórias e derrotas e até com territórios conquistados e perdidos... e com dezenas de mortos.
Enquanto em Kiev dezenas de pessoas de um e de outro lado morrem vitimas da violência, cá fora as opiniões também se radicalizam, a União Europeia decreta sanções ao governo e a Rússia apelida de terroristas aos opositores... se calhar esta dicotomia de opiniões ao mais alto nível ajudem a explicar o que se está a passar, mas de certeza que não ajudam nada quem em Kiev dá a vida por aquilo que acha que é o melhor para o futuro do seu país.
No meio deste jogo de interesses o único certo é que quem sofre e quem morre é o povo.
Vejam o seguinte vídeo:
E de repente percebemos que a guerra voltou á Europa.
Já agora, isto é um blog, o meu blog e eu tenho opinião e não tenho nada que me mostrar ou que ser imparcial.
Jorge Soares
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"O Tribunal considerou que a cumulação no mesmo referendo das duas perguntas propostas dificulta a perfeita consciencialização, por parte dos cidadãos eleitores, da diversidade de valorações que podem suscitar, sendo susceptível de conduzir à contaminação recíproca das respostas, não garantindo uma pronúncia referendária genuína e esclarecida"
Tal como previsto o tribunal constitucional chumbou as perguntas apresentadas pelo PSD para o referendo à co-adopção, não vou discutir aqui se tudo isto foi premeditado ou não, mas de que parece, parece.
Esperemos que o PSD não insista no erro, que a lei que foi inicialmente aprovada pela maioria dos deputados sejam finalmente promulgada e que de uma vez por todas se encerre este assunto que não tem pés nem cabeça.
A constituição portuguesa garante a igualdade e os direitos de todos os cidadãos, a adopção está consagrada na lei, existem normas e regras para a avaliações dos candidatos à adopção, devem ser essas as normas e regras a aplicar em TODOS os casos, tudo o resto é homofobia e discriminação.
Jorge Soares
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Um destes dias ante as imagens terríveis que chegavam da Síria via televisão, a minha filha mais velha perguntava-me porque é que aquilo acontecia e porque é que os outros países deixavam.... confesso que tive alguma dificuldade em lhe explicar, talvez porque mesmo a mim me custa a entender.
Hoje ao ver as imagens que nos vão chegando desde Kiev lembrei-me dessa conversa. A Ucrânia caminha a passos largos para uma situação parecida com a da Síria, com a agravante de que a Ucrânia é muito maior que a Síria, na Europa só a Rússia é maior, e há evidentemente interesses muito mais complicados e delicados que na Síria.
Recordemos que tudo isto começou quando o governo afecto aos interesses Russos, se negou a assinar com a União Europeia um tratado que servia de preparação para a entrada do país na União.
Na Ucrânia a luta não é pelo poder, é principalmente uma luta de interesses, de um lado está o governo que defende os interesses da Rússia e do outro está a oposição e uma parte do povo que defendem uma aproximação à união Europeia.
Da forma como as posições estão extremadas, dificilmente haverá uma saída que não envolva um banho de sangue e enquanto policias e manifestantes se enfrentam na praça da liberdade de Kiev, a União europeia e a Russia esforçam-se em culpar-se mutuamente pelo que está a acontecer.
A Ucrânia tem 44 milhões de habitantes, não é um pequeno país do norte de África ou do médio Oriente, o que quer que venha a acontecer nos próximos dias terá de certeza efeitos no resto da Europa, esperemos que sejam efeitos positivos e que eu não tenha que voltar a explicar à minha filha o motivo porque há milhares de pessoas a serem massacradas sem que ninguém faça nada.
Jorge Soares