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Praxe

 

Imagem de aqui 

 

Dos mais de 60 comentarios ao meu post sobre as 24 matriculas do Dux de Coimbra, ler aqui, gostava de destacar este da Dulce:

 

Estudei em Coimbra, Licenciatura, Mestrado, Doutoramento. Junto com vida pessoal somo 3 filhos, um divórcio, 2 casamentos, 5 mudanças de casa, a construção de habitação própria, etc., etc. e trabalho há mais de 20 anos. 

24 anos é muito tempo, tal como o Jorge diz.

Estudei em Coimbra sei do que o José Silva está a falar. É-se obrigado a beber sim, senão a humilhação ou outras punições sobem de tom. Há raparigas violadas na primeira noite em que vão a "jantares de curso" e são embebedadas por um "veterano" qualquer. Somos todos obrigados a obedecer aos mais velhos, a servi-los, a fazermos coisas que não queremos fazer. 

Ser apanhado numa trupe e rapado é uma humilhação. No dia seguinte aparece-se nas aulas com o corte de cabelo que deu para fazer depois do rapanço e as humilhações continuam. A ideia original de manter os caloiros em casa depois de determinadas horas há muito tempo que se perdeu, é uma farsa.

A própria Queima das Fitas é um exagero de alcool e comportamentos impróprios até para uma pessoa sem nenhuma formação, quanto mais para pessoas a finalizarem a sua licenciatura. Não sei como há tolerância a isto a que chamam praxe.

E o que se tem passado nos últimos anos é demasiado grave para agora se vir defender uma prática que é responsável pela morte de várias jovens.

A praxe é um bullying com supostas regras que há primeira cerveja são esquecidas.

 

Para encerrar o assunto e em jeito de conclusão, gostava de dizer o seguinte:

 

Se lermos com atenção os comentários aos meus posts e a todos os outros, podemos tirar as seguintes conclusões:

1 - Em Coimbra, e de resto um pouco por todo o país,  há dois tipos de praxes, as  regulamentadas e supostamente controladas, já lá vamos ao supostamente,  e todas as outras.

2 - Em ambos os casos o objectivo será o mesmo, a integração e o conhecimento da universidade.

3- Para a maioria das pessoas que defende as praxes, só o que acontece de acordo com o regulamento é praxe, os abusos não são praxe, são outra coisa qualquer que deve ser punido não pelas universidades, associações de estudantes ou comissões de praxe, mas pelo estado, é para isso que existem leis.

4 - Em Coimbra supostamente existe um regulamento de praxes que impede os abusos, e até a praxe depois das 23:30, regulamento esse que pelos vistos contempla e permite a existência de algo que se chama Trupe, que mais não é que um bando de energúmenos que durante a noite e valendo-se da superioridade numérica, atacam cobardemente os caloiros aos que cortam o cabelo em contra da vontade destes. Podem ler este artigo de opinião do Público onde alguém relata a coisa em primeira pessoa.

A mim custa-me a entender como depois dos exemplos deixados pela Dulce no comentário acima, pela Golimix neste post, e por tanta outra gente em reportagens de televisão ou nos jornais, ou em outros blogs, continue a existir quem defenda a praxe quase como se de uma questão de fé se tratasse. Está à vista que os regulamentos da UC e das outras faculdades não passam de meras figuras de estilos e a realidade é muito diferente daquilo que se pretende pintar.

Ontem ouvi o DUX da Escola Superior Agrária de Coimbra, de onde supostamente saiu a fotografia do  meu Post e que segundo alguns dos comentários será famosa pelas praxes violentas, dizer numa das televisões que lá não se passa nada, a praxe deles consiste em fazer os caloiros apanhar uvas... eles também tem um regulamento e não há abusos... 


Parece que para a maioria das faculdades o facto das coisas acontecerem fora dos muros da universidade funciona como uma forma de desresponsabilização, como se caloiros e demais alunos deixassem de ser estudantes ao sair da porta da faculdade... além disso, é suposto as praxes serem uma forma de integração na universidade.

Concluindo, há coisas que não tenho duvidas:

Chamem-lhe o que quiserem, o que aconteceu no Meco tem a ver com praxes

As praxes são uma forma de bullying sim e está visto que as universidades não sabem, não querem ou não conseguem lidar com o assunto, pelo que terá que ser alguma entidade externa a faze-lo, já seja regulamentando e fiscalizando ou simplesmente proibindo-as.

 

Jorge Soares

publicado às 22:39


4 comentários

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De Quarentona a 03.02.2014 às 10:12

Está visto que por muito que se argumente (e eu li muito bons argumentos) em defesa daquilo que é mais do que Praxe, é um modo de estar e uma vivência única, chamem-lhe uma religião, seita ou que quiserem, mas o espírito academista é muito mais do que praxar caloiros, as pessoas só veem aquilo que querem ver!!!! Violações???!!!! Obrigam pessoas a beber até cair????!!!! Como???!!! Com uma pistola encostada à cabeça, ou com uma catana escondida debaixo da capa???!!!E os caloiros são obrigados também a ir aos jantares de curso???!!! É que nem vale a pena comentar... espanta-me como ainda não se lembraram de dizer que os estudantes, escondidos debaixo das suas capas negras, se dedicam a assaltar com grande violência, os incautos que se atrevem a sair à rua depois das 19h00...
Está-se a misturar tudo, como o José Silva diz e bem, tudo o que for atentados à integridade física e/ou psicológica configura crime público e como tal deve ser denunciado junto das entidades, porque não atuam as pessoas que se sentem lesadas???? Porque não denunciam as pessoas que têm conhecimento desses crimes???? Têm medo de putos na casa dos 20 anos, que sendo alegados bandos de malfeitores, serão, com toda a certeza, os médicos, professores, advogados, juízes, engenheiros, arquitetos, muito respeitados e até (muitas vezes, exageradamente venerados) pelos que agora criticam tão duramente a sua conduta! As pessoas comportam-se de acordo com os valores que lhes são transmitidos em casa... não vale a pena, tentarmos responsabilizar a Praxe por determinados comportamentos, se não fosse a Praxe seria outra coisa qualquer. Somos todos responsáveis por não ensinar as nossas proles a respeitar os outros e por não denunciar o que deve ser denunciado!
Eu respeito quem não aceite a praxe, admito que há muito abusos, mas não é a praxe que os estimula, são as pessoas que não destinguem praxe de cretinice, custa-me é que não tentem ver um bocadinho mais além... e não tenho mais nada a dizer sobre o assunto...
Uma boa semana para todos.
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De golimix a 03.02.2014 às 19:23

(...)
7º - Somos todos responsáveis por não ensinar as nossas proles a respeitar os outros e por não denunciar o que deve ser denunciado? (tal como disse)
Somos sim! Por mim falo, que também calei muitas situações!
E eu ensinarei o meu filho a mandar alguém que lhe ordene para lamber relvam deitar-se no chão, a despir-se, a a ajoelhar-se, ... ensinarei a mandá-lo para aquele sítio que a gente sabe e a denunciar as situações que devem ser denunciadas! E nós também o deveríamos fazer! A começar pela polícia que se vê um cidadão normal a ser sujeito a ordens berradas e ser mandado ajoellhar e a fazer outras parvoíces intervém e se for com um tipo de traje académico e um caloiro já nada faz! Parece que esta palermice já se incutiu nas mentes das pessoas tais como tantas outras ao longo da nossa história!

E para finalizar, pedindo desculpa pelo longooo comentário, também eu respeito quem a praxe! Mas esta já há muito que, na sua grande maioria, não integra, não tem piada e deixou de ser a ideia engraçada que originalmente, penso eu, que deveria ser.

Quanto aos muitos abusos existentes, nada mais são do que actos cretinice, praticados por cretinos que se valem da praxe para actuar e a transformarem nisto que agora tanto discutimos.

É triste, mas parece-me, infelizmente ser a verdade. Pelo menos a que meus olhos vêm. E para já ainda tenho uma visão normal.
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De Quarentona a 03.02.2014 às 21:08

Ena... está mesmo chateada com a Praxe! Não vou desconstruir os seus argumentos, até porque concordo com grande parte deles, mas não creio que a solução passe apenas por exterminar a Praxe! A UC foi elevada a Património Imaterial da Humanidade, e a Praxe faz parte do DNA da Instituição, não se pode desassociar uma da outra! Sou pela reconstrução da Praxe Coimbrã, voltando a incutir-lhe o espírito original! Esta é tão original, que o seu Código prevê a Praxe até aos professores "caloiros" que ensinam pela primeira vez nas suas faculdades? Quem vivenciou a vida académica de uma forma saudável e sem traumas, como eu, vai-se debater sempre pela preservação da Praxe Coimbrã, disso não tenho dúvida! Boa noite
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De golimix a 05.02.2014 às 18:22

Nota-se muito?

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