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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do DN
De manhã na revista de imprensa da Antena 1, a propósito da capa do Correio da manhã, falava-se de um "Arrastão no centro de Lisboa". Está visto que os jornalistas(??) deste Jornal(??) estão cada vez mais esclarecidos. O suposto arrastão afinal foi um infeliz episódio de violência em que alguém tentou defender o seu trabalho e a sua vida da violência gratuita de um bando de energúmenos.
Durante o dia à medida que iam circulando os vídeos, a internet e as redes sociais por vezes são mesmo úteis, fomos percebendo melhor o que se passou, e segundo o DN o que se passou pode resumir-se assim:
"Peguei na faca de cortar kebab (espetada de carne) e tive de me defender. O que mais eu podia fazer? Um deles pegou na pistola ainda dentro do restaurante, outro tinha uma faca."
Já fomos um país de brandos costumes, agora somos um país cada vez mais igual a muitos outros, este tipo de coisas não deve acontecer, infelizmente acontece, segundo li alguns dos agressores foram identificados, espero sinceramente que se faça justiça,
Mas há outras coisas que me chamaram a atenção na reportagem do DN, coisas como esta:
"Podem escrever aí que eu desconto para Segurança Social, para tudo, e ainda não tive a autorização de residência do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)."
Somos um país estranho, Mustafa trabalha, tem um negócio próprio, paga impostos, paga a segurança social, cumpre com os seus deveres de cidadão como qualquer outro cidadão, como qualquer outra pessoa tem deveres e pelos vistos cumpre-os, mas isso não lhe dá direitos.
Portugal vende vistos sem fazer muitas perguntas a quem tem dinheiro e quer arranjar uma porta de entrada para a Europa e para o ocidente, mas é incapaz de reconhecer os direitos a quem para cá vem com vontade de trabalhar e de construir coisas.
Mustafa é Curdo, tem um restaurante em Lisboa, tem direito a ser agredido por energúmenos, mas não tem direito a um visto de residência para poder trazer a sua família para junto de si, para o país que escolheu para poder ter uma vida.
Já fomos um país de brandos costumes, agora somos um país de parvos costumes.
Jorge Soares