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Hospital

 

Imagem do Público

 

Há pouco na Antena 1, a  presidente da associação portuguesa de gestores hospitalares dizia que neste momento e em nome da lei dos compromissos tudo se atrasa. Para poupar nas despesas, atrasam-se ou reduzem-se os exames, atrasam-se as consultas, atrasam-se ou reduzem-se as cirurgias.

 

Isto tudo a propósito da doente do hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra)  que esteve um ano à espera de uma consulta e outro ano à espera de um exame, uma colonoscopia até finalmente lhe foi detectado um cancro, com todo este tempo de espera, o cancro evoluiu de tal forma que já não é tratável.

 

Ou seja, no fim, os atrasos, ou a lei dos compromissos, ou a austeridade do estado, ou o ministério da saúde, ou o governo, ou a Troika e as medidas que impôs, ou todos juntos, condenaram a senhora à morte.

 

Agora foi aberto um inquérito, há quem tente dar explicações, e quem peça responsabilidades mas a verdade é que nada disto irá servir para que o tempo possa voltar para trás e nada disto irá servir de consolo a quem foi retirada a esperança de ter uma cura.

 

Ficou célebre aquela frase do Primeiro Ministro "Vamos cumprir as metas custe o que custar", este é só mais um exemplo do que senhor queria dizer. 

 

A realidade é que o custe o que custar custou a vida a quem teve que esperar pelos atrasos dos hospitais, quantas outras vidas estará a custar todos os dias?

 

Há pessoas que esperam 24 horas para serem atendidas nas urgências dos hospitais públicos, há outras que passam dias seguidos nos corredores dos hospitais à espera de uma cama onde serem internados, é este o estado da saúde em Portugal... é este o verdadeiro significado daquele  "custe o que custar"

 

Gostava de poder perguntar ao senhor ministro se ele é capaz de enfrentar esta doente e olhos nos olhos dizer a quem resta pouco tempo de vida que os sacrifícios valeram a pena.... valeram a pena para quê e para quem?

 

Para o estado parece que tudo pode esperar... senhor primeiro ministro, senhor ministro da saúde,  infelizmente a morte não espera.

 

Jorge Soares

publicado às 22:16

adopção

Imagem da internet


Recebi da Mara o seguinte:


Olá a todos,

 

Lembram-se ainda dos motivos que nos faziam lutar pelos direitos das crianças? Pelo direito a uma família? Pela equidade dos distritos? Por uma serie de outros motivos também...

 

E por isto: Aos 12 anos ainda se é uma criança, e ainda se espera por uma família.

 

Que posso eu dizer sobre ela?


É uma menina, tem doze anos.


Nasceu na Guiné, veio para Portugal com 7 anos por motivos de saúde que estão agora controlados e vive há 4 anos numa instituição. Há 2 anos que tem como projecto de vida a adopção.


A segurança social não encontra candidatos para esta criança.


É uma menina que passou agora para o 5º ano de escolaridade, que investe na escola. É alta para a idade, mas é uma criança. Tem apenas 12 anos, brinca, vê desenhos animados, e precisa de uma família.

 

Se conhecerem algum candidato a adopção, alguém que queira conhecer o abraço desta menina, o afecto que ela tem para dar...

 

Partilhem, dêem o meu contacto, o vosso... se preferirem, ajudem-me a mim, e à instituição onde ela vive, a achar uma família para esta criança.

 

Mara

Contacto: maraliza5@hotmail.com


muita gente à espera, muita gente que desespera durante anos por partilhar o sue amor com uma criança, esta criança espera por alguém que esteja desejosa de a amar... por favor divulguem, ajudem esta criança a encontrar quem esteja disposto a amar.


Jorge Soares

publicado às 22:15

Os médicos e o respeito pelos doentes

Imagem de aqui

 

Sabendo a minha meia laranja que passei a adolescência num país tropical numa época em que não tinham inventado os factores de protecção para os bronzeadores e o protector solar mais utilizado era o creme Nívea, decidiu marcar-me uma consulta com uma dermatologista. O cancro de pele mata cada vez mais pessoas e todo o cuidado é pouco.

 

A consulta estava marcada para as 9:30 e era aqui bem perto no Hospital de Santiago, como tenho o péssimo hábito de chegar cedo a tudo, às 9:15 já lá estava. Na sala de espera que é comum a várias especialidades havia meia duzia de pessoas, presumi que no inicio da manhã a coisa ainda não estivesse atrasada e que portanto não teria que esperar muito.

 

Às 9:32 vejo chegar uma  senhora que entrou directo para um dos gabinetes de consulta... não sei porquê, mas achei que era aquela a médica.. pelo meu prisma já estava atrasada dois minutos, mas pronto...

 

Às 9:40 chamam o primeiro paciente para aquele gabinete, não, não era eu, por entre a porta entreaberta consegui ver a mesma senhora já de bata vestida e pronta a atender os pacientes. Às 9:50 chamaram-me a mim, como tinha adivinhado, era mesmo aquela a médica que me ia atender.

 

Se há classe profissional que em Portugal não mostra o mínimo respeito pelos seus clientes, essa é a classe médica, eu não me lembro quando é que foi a última vez em que uma qualquer consulta minha, dos meus filhos ou da minha meia laranja, se iniciou à hora para a que estava marcada.

 

Esta vez eu até tive sorte, só tive que esperar 20 minutos, mas não deixa de ser um atraso considerável, se a minha consulta estava marcada para as 9:30 e havia outra antes, porque chegou a médica às 9:32?

 

O pior da situação é que já todos olhamos para esta situação como algo normal, ir a um médico privado e esperar uma ou duas horas para ser atendidos é o normal. E quanto mais conceituado e mais caro for o médico, maior é a espera.

 

Para mim isto não é normal, é uma falta de consideração pelos clientes que muitas vezes são obrigados a esperar horas em salas de espera minúsculas e sem condições, apinhadas de pessoas doentes, para além do abuso, isté é até perigoso para a saúde pública.

 

Porque não tem os médicos a menor consideração pelos seus doentes?, porque não chegam a horas ao inicio das consultas?, porque marcam mais consultas que aquelas que realmente conseguem fazer no horário previsto? Porque aceitamos tudo isto como algo normal?, afinal estamos todos a pagar a maior parte das vezes muito dinheiro, para sermos mal atendidos.

 

Jorge Soares

publicado às 22:31

Adoptar em Portugal..e o sonho vai morrendo

 

Ando há uns tempos a adiar o meu post mensal sobre a nossa espera, durante o verão a nossa esperança por um rápido desenrolar do nosso processo foi crescendo, as noticias eram animadoras.... até ao fim do verão... O verão passou, e nós esperamos. Esta semana a P. ligou para a segurança social de Setúbal, há um ano as perspectivas eram dois anos de espera, agora passou para três.. seria um balde de água fria... não fosse nós já estarmos habituados a este tipo de coisas.

 

Há pouco estava a ler este texto da Susana no blog  nós adoptamos e fiquei a pensar, em como se matam os sonhos. Porque a verdade é que à medida que o tempo vai passando, o sonho vai morrendo... os sonhos não morrem????!!!!... mas pouco a pouco vamos deixando de acreditar.... vamos tendo menos capacidade para sonhar.

 

O caso da Susana é muito especifico, ela quer uma criança até um ano, e todos sabemos que há muito poucas crianças com essas características, mas nós queremos uma criança até à idade escolar, sem descriminação de raça e deixamos claro que poderíamos aceitar uma criança com alguns problemas de saúde....

 

Entretanto a raiva vai crescendo dentro de mim cada vez que sei de mais um caso de alguém que se inscreveu depois de nós e recebeu uma criança com as características que colocamos.... é uma raiva que vai crescendo devagarinho... é claro que todos estes casos são em Lisboa, mas será justo que as pessoas de Lisboa passem à frente de todo o resto do país?

 

Não me vou estender... só deixo aqui um comentário da mesma Susana

 

"Mais uma vez, ontem vi na SIC no novo programa da Fátima Lopes 2 mulheres que adoptaram crianças uma com 19 mêses e outra com 15 dias. Como é possivel adoptar uma criança com 15 dias? Então não nos dizem que até a criança ter o processo resolvido leva cerca de um ano? A Srª que adoptou a criança de 19 mêses esteve 4 anos à espera, a outra não sei porque não ouvi a reportagem desde o inicio. Ao ver estes testemunhos ainda me sinto mais revoltada e desmotivada."

 

Não há maneira absolutamente nenhuma de que alguém receba pela via legal, uma criança de 14 dias..... será que não há quem investigue estas coisas?

 

 

Porque 

não vens agora, que te quero 

E adias esta urgencia? 

Prometes-me o futuro e eu desespero 

O futuro é o disfarce da impotência.... 

 

Hoje, aqui, já, neste momento, 

Ou nunca mais. 

A sombra do alento é o desalento 

O desejo o imite dos mortais.

 

Miguel Torga

 

Jorge Soares

publicado às 21:45

A Espera, o primeiro ano ....

por Jorge Soares, em 08.06.09

Adopção

 

 Vai fazer um ano do primeiro post de a espera, e começava assim:

 

 

"Ontem foi o dia zero, dia da entrega da documentação na Segurança Social, é curioso, passaram 10 anos desde que iniciamos o primeiro processo de adopção, mas por incrível que pareça, pouco mudou. O local é o mesmo, e ainda que a P. tenha achado que as coisas melhoraram, a mim pareceram-me ... iguais, nem mais nem menos, exactamente iguais. Como é natural, nós mudamos, 10 anos é muito tempo nas nossas vidas, agora não há a ansiedade do primeiro filho, nem a angustia de enfrentar o desconhecido.... agora somos espertos nisto e sabemos o que aí vem.

 

Bom, passou um ano, não mudaram muitas coisas, os meus filhos cresceram, hoje olho para eles e não sei se aquela conversa sobre a mana seria possível, o tempo das crianças é muito diferente do nosso, eles crescem muito rápido...

 

Passado um ano não há muito para dizer, depois de recebermos o certificado da segurança social o que se seguiu foi o silêncio, cada vez tenho mais a certeza que tomamos a decisão acertada quando nos decidimos pela adopção internacional, talvez assim os meus filhos consigam ter a mana que tanto desejam em tempo útil.

 

Um dos objectivos deste blog é também o de informar, de vez em quando há alguém que chega ao blog e me envia um mail, hoje recebi um de esses mails, alguém que está a pensar iniciar um processo de adopção e que entre outras coisas me pergunta o seguinte:

 

.......

Mas o que gostava mesmo era que , se tivesse disponibilidade, me explicasse o que vamos esperar em todo este processo.

Como correu o seu? Quanto tempo durou (ou dura) o seu processo. O que se segue após a entrega do questionário e todos os outros documentos? E após as 3 entrevistas?"

 

Apesar de todas as criticas que faço à segurança social eu sempre encorajei as pessoas, a adopção é um acto de amor e de egoísmo, todos temos direito a amar e a querermos ser pais, sempre respondi a todos os mails e sempre o tentei fazer com pensamento positivo... mas não é fácil.

 

Como está a ser o meu processo? a ultima vez que perguntamos, supostamente havia 13 pessoas à nossa frente, isto para uma criança até aos 5 anos e sem escolha de raça, 13 pessoas são anos de espera, muito tempo, tempo demais. Como está a correr o processo?... como responder a esta pergunta?.... que significa o absoluto silêncio por parte da segurança social?... não sei.... mal, acho eu... ou bem, afinal só passou um ano.

 

O que se segue após a entrega da documentação, são as entrevistas, por norma e se os documentos não ficarem esquecido em cima da secretária de uma qualquer responsável, antes dos seis meses obtém-se o certificado, normalmente os processos duram menos de seis meses. Depois disso é a espera, que podem ser meses, soube há algum tempo que entregaram uma criança com todas as características que colocamos a um casal que se inscreveu depois de nós, ou anos, 2, 3, 4.. quem sabe?. Tempo, muito tempo, tempo demais.

 

Tudo na adopção é aleatório.... tudo menos a vida das crianças e a nossa esperança.

 

Jorge Soares

publicado às 21:49

A espera:O que mudaria na adopção em Portugal?

por Jorge Soares, em 20.02.09

 

todos diferentes...todos iguais

http://img138.imageshack.us/img138/8826/3multi6id2.jpg

 

Esta semana foi meio complicada por estes lados, aconteceu um pouco de tudo, desde uma miuda que espetou um alfinete num pé até ao osso, até um carro que decidiu não pegar mesmo....  

 

A meio da tarde reparei que a Mieepe me deixou um prémio lá no Mieepe Koud, recebi o recado aqui e fui lá espreitar, fiquei meio sem jeito e completamente sem palavras..... com isto:

Jorge - um homem que luta por direitos que tanto me tocam: a Adopção

 

Obrigado Mieepe, eu costumo dizer que as pessoas que adoptam são especiais..... pessoas como tu e a Susana, fazem-me pensar que as adoptadas também.

 

Ao fim da tarde, enquanto esperava o reboque, a P. contava-me que ligou para a Segurança Social de Setúbal, passou mais uma semana e o nosso relatório para a adopção internacional que está pronto há um mês e já deveria estar a caminho de Cabo Verde, continua em cima da secretária da responsável para assinatura.... um mês para assinar um relatório? Agora percebo porque recebemos no fim de Janeiro, um documento que tinha data de Novembro. A responsável da segurança social de Setúbal demora meses a assinar um simples documento...e entretanto as pessoas esperam....e o que é pior...as crianças esperam.

 

No Sábado passado estive em Sesimbra numa conversa sobre adopção promovida pelo Bloco de esquerda, a dada altura uma das pessoas perguntou o que mudariamos nos processos de adopção para que as coisas funcionassem.....a minha resposta foi imediata.... AS PESSOAS. O problema da adopção me Portugal está em primeiro lugar nas pessoas, nas assistentes sociais, nos responsáveis da Segurança Social, nos responsáveis dos centros de acolhimento, nos juizes de familia.....

 

O problema não está na lei, nem na burocracia, ao contrario do que as pessoas pensam, o processo de adopção é uma coisa simples e lógica, ... mas é evidente que não há lei ou processo simples que resista a assistentes sociais que continuam a falar  dos seus candidatos e das suas crianças, ignorando completamente as listas nacionais. Não há lei que resista a responsáveis que demoram meses a colocar uma simples assinatura num documento. E sobretudo, as crianças continuarão institucionalizadas a vida toda enquanto toda esta gente dê primazia às familias biológicas, mesmo que estas se estejam a marimbar para os filhos e não apareçam nunca.

 

Talvez a minha seja uma luta inglória e um pouco egoista, afinal eu estou a lutar pelos meus filhos,.... mas faço o que posso, pelo menos enquanto me restarem blogs e letras...e a vocês que me leem, vos restar paciência para me aturar.

 

Jorge

 

publicado às 22:14

A espera:E o tempo passa

por Jorge Soares, em 11.02.09

Crainças

 

Não devem ter reparado, saltei o mês de Janeiro, o mês passado não houve post sobre a nossa espera, quem leu este post deve lembrar-se que tínhamos pedido uma reunião com as técnicas para esclarecer algumas coisas, eu liguei numa quarta-feira e ficaram de me ligar até sexta para me dizerem quando era reunião, passou muito tempo, na verdade eu continuo à espera que me liguem. Depois de esperarmos mais de um mês decidimos fazer uma queixa para os serviços centrais,... que teve efeitos imediatos, finalmente marcaram a reunião para meados do mês de Janeiro, dois meses depois daquela quarta-feira.

 

Da reunião não reza a história, saí de lá com a ideia que deveria gravar estas conversas, tais foram as contradições com o que nos tinham dito antes, mas enfim... Entregamos a documentação para o inicio do processo de adopção internacional, e claro, perguntamos pelo certificado da adopção nacional, que de acordo com a lei deveria ter sido emitido num prazo de seis meses, e já lá iam quase oito. 

 

O certificado chegou finalmente um destes dias, e vejam lá, vinha com data de Novembro... há coisas incríveis, porque em Dezembro elas tinham-nos dito que estava atrasado e que não sabiam quando ia estar pronto, agora chegou com data de Novembro. 

 

Para a maioria das pessoas a chegada do certificado é um marco, ficam aptas a adoptar, para mim não significou nada, depois dos últimos desenvolvimentos já interiorizei que a adopção nacional é uma miragem, depois do meu telefonema, das minhas questões e da queixa para os serviços centrais, elas nunca nos vão escolher para adoptar uma criança... também não importa muito, neste momento o nosso foco é fazer andar o processo de adopção internacional...  a mana dos meus filhos vai vir de algures no mundo.

 

 

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

 

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

 

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar...

 

Alberto  Caeiro

In Guardador de rebanhos

 

publicado às 22:15

Adoção

Imagem retirada da internet

 

Há alturas na vida em que o silêncio é um peso que paira sobre nós, não, não estou a falar do silêncio do mundo, estou a falar do meu silêncio, um silêncio cúmplice e que pesa sobre mim como uma enorme nuvem de tempestade..... a solução... tentar esquecer.

 

Há umas 3 semanas atrás, após uma conversa cá em casa em que olhamos para o panorama da adopção em Portugal e concluímos que a mana que os meus filhos querem, vai chegar quando eles já não se lembrarem de que estão à espera dela, decidimos ligar para a Segurança Social, em primeiro lugar para questionar o facto de que já deveríamos ter recebido o certificado, e em segundo lugar para tentar marcar uma reunião para avançarmos com o processo da adopção internacional.

 

Fiz o telefonema, questionei uma série de coisas e reclamei com algumas das respostas, no fim, pedi para ser marcada uma reunião, já que queríamos esclarecer as coisas e avançar com o processo de adopção internacional. Que sim, que marcavam a reunião....  mas que tinha que ser com a responsável do departamento de adopções. Isto foi uma quarta, ficaram de me ligar até sexta.... ainda estou à espera, e já passaram mais de 3 semanas.

 

Ligaram sim para a P., a questionar o que se passava comigo que estava a alterado. Eu sei que tenho mau feitio, mas juro que não fui indelicado com a senhora, limitei-me a perguntar e a reclamar, com modos, quando as respostas não faziam sentido. Mas a senhora achou que eu estava alterado...... sim, estava, e estou, mas acho que perguntar não ofende, e está nos meus direitos ter direito à informação sobre o meu processo... ou não?

 

O certo é que desde então andam a engonhar, arranjam sempre uma desculpa e não marcam a reunião, ou é porque alguém está de férias, ou porque a chefe está ocupada, ou....

 

Já percebi, fiquei marcado, e se elas nem querem marcar a reunião, vão-me atribuir uma criança é nunca. Infelizmente, elas tem a faca e o queijo na mão, só elas tem o poder de atribuir ou não as crianças, e não há lista que valha, porque elas podem simplesmente alegar que não encontraram uma criança com as características que indicamos, ou que outra pessoa qualquer é mais adequada que nós.... e como ninguém controla, ninguém verifica porque há pessoas que recebem crianças em meses e outras que não recebem em anos....  elas são deus...e nós estamos condenados ao purgatório...da espera eterna.

 

É evidente que o que me apetece é reclamar, exigir, gritar ao mundo a minha indignação, falar, por mim e por todas as outras pessoas que estão na minha situação.... mas sei que isso vai ter um preço, porque mesmo para a adopção internacional, são elas quem trata do processo...e se decidem demorar quase um mês para marcar uma reunião,......

 

Sinto-me estranho, porque por um lado penso que não deveria ter feito aquele telefonema, que não devia ter questionado, porque isso colocou em causa os meus sonhos e os da minha família, por outro lado penso que o silêncio é cúmplice, é pactuar, é aceitar que elas brinquem aos deuses com a vida das pessoas... e apetece-me gritar, reclamar, exigir!... há alturas na vida em que é muito difícil decidir entre viver ou limitar-me a existir!

 

Jorge

publicado às 21:34

A espera:De volta à dura realidade

por Jorge Soares, em 10.11.08

Triste realidade

 

Depois da ultima entrevista em que ficamos muito animados, fazia falta algo que nos fizesse voltar à realidade, à triste realidade que nos mostrou que afinal as coisas poderão não ser tão cor de rosa e que nos últimos 8 anos não tinham mudado assim tanto.

 

A convite da associação Bem Me queres, participamos num encontro de reflexão para pais e candidatos à Adopção que se realizou no Seixal. O objectivo era a partilha de ideias e de experiências entre pais e candidatos. Mais que como candidatos estávamos ali como pais para partilharmos a nossa experiência com os futuros pais. Para nós serviu principalmente para nos fazer descer à terra.

 

Durante aquelas quase 3 horas eu revi-me nas experiências daqueles candidatos, especialmente nas queixas e nas angustias de quem está há anos à espera e se sente maltratado pela segurança social. Passaram 8 anos desde aquele dia em que o N. nos entrou pela casa dentro, mas naquele encontro ao ouvir as pessoas falarem, ao ouvir as queixas, eu revi-me 8 anos atrás. Porque eu passei por aquilo e na altura senti-me assim

 

Por vezes temos a falsa sensação de que as coisas funcionam melhor, que as assistentes sociais são mais humanas e que fazem o seu trabalho como deve ser... pura ilusão. Na verdade as pessoas continuam a sentir-se maltratadas, esquecidas, em alguns casos coagidas a aceitar situações que à partida tinham posto de parte. Nada mudou, e a triste conclusão a que chegamos, é que as coisas não mudam porque as pessoas não mudam e todo o processo continua a depender de pessoas e das suas ideias, e não há lei que mude isso.

 

O choque foi tal que no mesmo dia a P. se inscreveu no grupo de mail da adopção internacional e algo que para nós seria uma solução para daqui a uns anos, se tornou uma hipótese muito real.

 

Infelizmente as coisas não mudam.

 

Jorge

PS:Imagem de Isabel Gomes da Silva, retirada de aqui:

http://olhares.aeiou.pt/triste_realidade/foto1028435.html

publicado às 21:22

A espera:Oficialmente....à espera!

por Jorge Soares, em 09.10.08

Crianças

 

Hoje foi finalmente o dia da primeira entrevista, na altura achamos um pouco estranho que em Julho marcassem a entrevista para Outubro,  agora não parece assim tão estranho, desta vez tinham feito mesmo o trabalho de casa, a psicóloga é a mesma do primeiro processo e lembrasse muito bem de nós. Para nosso espanto despacharam hoje todo o processo, as 3 ou 4 entrevistas habituais, ficaram resumidas a esta, duas horas de conversa franca e agradável encerraram o assunto. Teremos que esperar que chegue o bendito certificado de aprovação, mas segundo elas já estamos na lista....resta portanto esperar que algures apareça a nossa menina.

 

Evidentemente não vou contar aqui tudo o que se falou, na realidade falou-se mais de adopção, de candidatos e de crianças, que de nós e do nosso processo. Ficamos a saber que para as nossas condições o tempo de espera poderá ir até dois anos, evidentemente existem muitíssimos candidatos à nossa frente, só que segundo elas, 95% desses candidatos querem exclusivamente crianças brancas até 3 anos, não há candidatos que aceitem crianças de cor, o que nos coloca imediatamente no topo da lista, nós não colocamos restrição de raça.

 

Há sempre coisas que causam aflição quando se fala destes temas, o racismo das pessoas, a discriminação, as famosas listas nacionais que afinal não existem, mas sobretudo, as crianças devolvidas, sim, porque há quem devolva crianças..... haverá coisa mais cruel que abandonar novamente uma criança que iniciou  a sua vida sendo abandonada? mas disto, falarei outro dia... somos um país de gente racista e sem escrupulos....sem dúvida.

 

 

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

 

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

 

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

 

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência não pensar...

 

Alberto  Caeiro

In Guardador de rebanhos

 

Jorge

Imagem retirada da internet

 

publicado às 21:55


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