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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Há muito que não falo de um livro.... também quem costuma reparar ali para os livros da barra lateral pode ver que os livros que lá estão são os mesmo há muito tempo... é verdade, tenho descuidado as leituras, os blogs, as fotografias, os miudos....são muitas coisas....
Tenho pendente o meu comentário à adopção por homossexuais...e as minhas respostas ao amigo Rolando do Entremares, mas ainda não assentei as ideias todas... já lá irei.
Vamos ao livro? Comecei a ler este livro no Hospital do Outão, num dos dias em que estive horas para ser atendido na consulta.... uma manhã à espera deu para ler quase metade. Não sou de abandonar livros a meio..mas confesso que este não me seduziu. Li algures que este foi o livro da transição da fase Inglesa para a fase Francesa da Joanne Harris e se não me engano era o unico que não tinha lido desta autora.
É um livro estranho, violento, um retrato gótico da Inglaterra Victoriana, uma história fria e forte. Henry Paul Chester é um artista vitoriano cujo passado esconde um segredo terrível que deixou marcas profundas nele próprio e na sua arte. A sua obsessão em pintar raparigas jovens e "inocentes" vai conduzi-lo a Effie, uma menina de nove anos, que passa a usar como modelo. Mas além de a utilizar como seu modelo exclusivo educa-a para mais tarde ser a sua mulher. Anos depois, Effie e Chester casam e é precisamente neste momento que a relação entre ambos azeda. Henry não aceita que Effie cresceu, que já não seja uma menina de traças e bibe e que reclame o seu papel de esposa e de mulher. Henry quer mantê-la numa redoma de vidro, quer só e sempre uma menina, tenta por isso mantê-la drogada e longe de tudo o que a faz sonhar, os seus livros, a poesia que ela adora. Effie procura então consolo junto de um rival de Chester, o inescrupuloso Moses Zachary Harper, que vai dar asas á sua imaginação e com quem cria uma enorme cumplicidade. Mas não vai ser ele a confortá-la e sim Fanny Miller, a dona de um bordel, que revê na doce Effie a filha assassinada dez anos antes. Juntas tentam e conseguem desvendar o sinistro passado de Henry Chester e tramam um sinistro plano para o desmascarar. No entanto o uso da magia, dos opiáceos, não vão dar exactamente ao rumo que traçaram e o fim é ainda mais tenebroso, cruel e surreal do que alguma vez se poderia imaginar. Apaixonante, violento e ao mesmo tempo terno, só mesmo Joanne Harris para o escrever, e aqui está a contradição, por um lado impossível ligá-lo a chocolate, por outro a sua extrema sensibilidade.
Demorei quase meio ano a retomar a leitura....e reconheço que a ultima parte conseguiu atrair aminha atenção...... é um livro com uma atmosfera diferente, Para quem leu Chocolate ou A praia roubada, poderá ser um livro estranho...mas não deixa de ser um bom livro.
Jorge