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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Não sou dos que passo a vida a insultar o Sócrates, ou a dizer que eles não estão lá a fazer nada e que se deviam ir embora, já vivi o tempo suficiente para já ter sido governado por estes e pelos outros e para saber que ou mudam muitas coisas, ou dificilmente irá para lá alguém melhor... até porque se há pessoa de quem não gosto, essa pessoa é a Manuela Ferreira leite. Mas confesso que hoje ao fim da tarde quando ouvia as notícias na rádio.. me apeteceu insultar alguém.. aliás... insultei mesmo!
"O Serviço Nacional de Saúde não vai pagar às farmácias a comparticipação dos medicamentos que forem substituídos pelo genérico sem autorização do médico. O anúncio foi feito esta manhã pela ministra da Saúde que revelou ainda que todas as receitas substituídas contra a vontade do médico vão ser devolvidas às farmácias."
Isto é em primeiro lugar uma vassalagem ao lóbi dos médicos e dos grandes laboratórios farmacêuticos, e em segundo lugar é um insulto a todos os Portugueses.
Eu trabalho numa empresa que produz substâncias activas para medicamentos, é uma empresa que exporta 100% da sua produção, portanto não me venham acusar de estar a defender o meu emprego, simplesmente sei do que falo. Os genéricos são medicamentos que existem há muito tempo, muito antes de chegarem a Portugal já estavam completamente difundidos em muitos países, sendo que em muitos deles cobrem a maioria do mercado dos medicamentos, nestes países o normal é a pessoa utilizar genéricos e não marcas.
O que é um genérico e de onde surge? A maioria dos princípios activos é descoberto pelas grandes multinacionais que investem muitos anos e muitos milhões em investigação, quando descobrem um produto que tenha aplicação comercial, seguram a patente do processo e garantem que durante alguns anos mais ninguém consegue comercializar o seu produto. Quando está a chegar o fim do o fim do período de protecção, algumas outras empresas, como a que me dá emprego, gastam tempo e recursos para descobrir um processo de fabrico que no final garanta a obtenção do mesmo principio activo a um preço competitivo, dentro das normas de qualidade e segurança exigidas pela lei. Nem sempre se consegue, mas quando isso acontece, nasce mais um medicamento genérico.
Para terem ideia do controlada que é esta indústria, posso dizer que para além de todas as autoridades nacionais de qualidade e saúde, a empresa em que trabalho é auditada pelo FDA americano e pelas autoridades de alguns outros países.. para além dos clientes, que por norma são outras multinacionais. Por norma há duas ou três auditorias por semana.
Como disse, a empresa onde trabalho exporta 100% da produção e não produz medicamentos comerciais, mas imagino que todas as industrias terão os mesmo tipos de controlos... que garantem a qualidade dos medicamentos. Agora, alguém me explique com base em quê um médico pode dizer que eu não posso comprar um genérico e tenho que pagar o dobro por um medicamento de marca que se calhar até foi produzido no mesmo sítio.
Senhora ministra, senhores do governo, senhores médicos, não gozem com as dificuldades do povo, não brinquem connosco.
Jorge Soares