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Livro de reclamações?... para quê?

por Jorge Soares, em 12.04.09

Proibido Fumar?.. no Algarve não

 

Fui passar 4 dias ao Algarve, por norma só vou tão para Sul em épocas em que não há muito calor e sobretudo grandes confusões.. e claro que cada vez que lá vou, além de algumas cores mais para o bronzeado, traigo sempre que contar..  esta vez não podia ser excepção.

 

No Sábado o dia acordou meio farrusco,  bastantes nuvens e até alguns pingos... passageiros, que o sol por ali nunca anda muito longe. Chegamos a Portimão e o tempo não convidava muito à praia, pelo que optamos por um passeio pelo circuito pedonal que fizeram da parte de cima da Praia da Rocha. Passado um bocado decidimos tomar um café e entramos no primeiro sitio que não falava de  beans and bacon, que tinha aspecto de estar aberto e ter café expresso.

 

Mal entrei reparei no intenso cheiro a cigarro, a minha primeira ideia foi que tinha entrado num sitio onde era permitido fumar,  um rápido olhar em volta desfez as duvidas, lá estavam bem visíveis os anúncios vermelhos... Proibido Fumar. Ao lado de um desses anúncios estava sentado um senhor de cinzeiro na mesa e cigarro na mão, que conversava alegremente com uma senhora na mesa do lado... que também fumava.

 

Comentei para a empregada que nos servia os cafés que as leis no Algarve deviam ser diferentes do resto do país.  Ela lá me explicou que isso eram coisas da patroa.. que  ela deixava os clientes fumarem. Comentei que achava mal e que se os anúncios estavam lá deviam ser cumpridos.

 

Entretanto, o senhor que ouvia a conversa, puxou de outro cigarro e ficou a olhar para mim descaradamente. Aqui foi quando surgiu o meu mau feitio e pedi o livro de reclamações. A empregada chamou a patroa.. que adivinhem lá.. era a senhora que conversava com o dito senhor e que estava a fumar também.

 

A conversa foi surreal... mas terminou assim:

 

-Minha senhora eu quero o livro de reclamações.

-Na verdade eu não sei onde está.

-Não sabe?

-Não, não me consigo lembrar, quem tratava disso era o meu marido, ele faleceu e eu não me lembro onde ele o guardava.

-A senhora tem ali o anuncio do livro, eu quero reclamar, a senhora tem que me apresentar o livro.

-Sim, eu tenho o livro..mas não me lembro onde ele está.

-Nesse caso, eu vou chamar a policia.

-Chame!

 

É claro que ela não me conhecia, porque se conhecesse sabia que eu estava a falar a sério, passado uma meia hora eu voltei lá com a policia... e achava eu que entretanto o livro teria aparecido... engano meu. O certo é que o senhor se tinha mudado com os cigarros para a esplanada e os cinzeiros tinham desaparecido das mesas. Mas nem com a policia e a ameaça de multa a dobrar, o livro apareceu. O que apareceu foram muitas lágrimas e uma história de fazer chorar as pedras da calçada... e claro, ela não viu ninguém a fumar lá no café, a única que estava a fumar era ela... não sabia ela que eu tinha a máquina na mão e tinha registado em primeira mão a prova do crime.

 

Segundo o policia, casos como este são às dezenas, pelos vistos no Algarve alguns comerciantes acham que as leis que fazem lá por Lisboa não são para cumprir.. não conhecem é o meu mau feitio.

 

Mas o dia não se ficou por aqui... que ao jantar a coisa também foi de morrer a rir... bom, se não fosse triste.. mas disso falo noutro dia.

 

Jorge

 

 

publicado às 22:42


33 comentários

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De Algarvia a 15.04.2009 às 11:57

Este tipo de comentário só me dá é vontade de rir... Para não chorar, claro.
Em primeiro lugar, todo o país fala mal do Algarve mas é só haver uma ponte, um fim de semana prolongado e toda a minha gente vem por aí abaixo para este sítio tão mau, cheio de pessoas ignorantes que não sabem cumprir as leis e onde ainda por cima são maltratados. Eu quando sou maltratada em algum lugar, simplesmente faço uma cruz à porta e não torno a voltar. Portanto, quando lhe cheirou a tabaco, tinha um bom remédio: levantava o seu rabinho e ia para o café ao lado onde servem bacon and beans (pequeno-almoço típico algarvio. Sim, porque nós aqui somos tão ignorantes que nem sabemos o que é café nem leite). Podia ser que aí as leis fossem como na Inglaterra e o senhor já não se sentiria tão incomodado.
Em segundo, se o Algarve estivesse à espera que pessoas como o senhor viessem contribuir para o turismo da região, já tinhamos morrido todos à fome há muito tempo. O que os senhores cá vêm fazer é exactamente isto: estragar os pequenos negócios de quem tem uma porta aberta e luta para sobreviver. Fazer 300 ou 400kms para vir a um cafézinho no Algarve pedir o livro de reclamações é, realmente, de se lhe tirar o chapéu! Muitos parabéns ao senhor e ao seu mau feitio. Graças a si, nós, Algarvios, ficamos a saber para que servem os livros de reclamações.
Olhe, faça-nos mas é um favor: vá e não volte!

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