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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Hoje recebi mais um mail do História Devida da Antena 1... mas já falarei disso, entretanto estive a ouvir o programa onde leram a minha historia do menino valente e lembrei-me que deixei a meio a saga do meu casamento, que tinha começado naquele post que falava de pedidos de casamento.
Naquela altura a igreja cá do sitio era num pavilhão pré-fabricado, que para além de igreja servia de sala de catequese e de salão paroquial, na parede havia desenhos feitos pelas crianças. É claro que quando lá fomos dizer que nos queríamos casar, e que nos queríamos casar ali, receberam-nos de braços abertos, em todos os anos de vida da igreja tinha sido celebrado um casamento antes do nosso. As pessoas querem-se casar no que eles acham que é uma igreja a sério, não num salão pré-fabricado a servir de casa do senhor. Não houve problemas de datas nem exigências de nenhum tipo, foi entregar os documentos obrigatórios e escolher a data, 16 de Dezembro.
Nunca existiu um noivo mais descontraído que eu, levantei-me, fui buscar o bolo e levar ao restaurante, passei o resto da manhã por ali. O dia era de chuva. A igreja era ao virar da esquina, à hora marcada lá estávamos, eu e os poucos convidados: pais, irmãos, padrinhos e um ou dois amigos, que nem eu nem a P. gostamos de confusões.
Passado meia hora eu continuava descontraído e na conversa, o padre é que já deitava fumo com o atraso da noiva, lá fora chovia, muito. Ela terminou por chegar com quase uma hora de atraso, mas chegou. Lá começou a cerimonia, a meio a chuva era tanta no telhado de lusolite, que mal se ouvia o que o padre dizia, casamento molhado casamento abençoado, não é o que costumam dizer?... o nosso foi bem molhado.
Depois lá fomos para o restaurante, lá chegados, mais uma originalidade, éramos poucos, duas mesas corridas, uma para os pais... outra para os noivos, os padrinhos e os irmãos.
A meio da tarde lá parou de chover e até deu para o meu irmão nos tirar umas fotografias.
Tínhamos a viagem de lua de mel marcada para o dia seguinte a meio da manhã, decidimos ir passar a noite de núpcias na Ericeira, naquele hotel que está mesmo junto ao mar. Estava uma noite de nevoeiro.. bem romântica, chegamos cedo, jantamos e fomos para o Hotel.
É difícil explicar o que senti quando nos mostraram o quarto, era algo de outros tempos... não, não era no bom sentido, parece que tudo aquilo tinha sido retirado directamente dos anos 40, o quarto estava limpo, mas o resto do hotel era algo indescritível, acreditem ou não, conseguíamos ver as nossas pegadas no pó da alcatifa do corredor... estou a falar a sério.
Passados 5 minutos já nós nos interrogávamos porque é que não tínhamos ficado em casa, bem mais quente e aconchegante que aquele quarto sórdido. Mas já lá estávamos, restava aguentar.
Lá nos deitamos, afinal era a nossa primeira noite de casados, por volta das 11 da noite o insólito aconteceu, pareceu-nos que alguém batia à porta
- Jorge, estão a bater à porta.
-Não estão nada.
...
Passados uns momentos voltaram a bater.... levantei-me, vesti qualquer coisa e fui abrir a porta, era um dos empregados (???) do hotel.
-Desculpe, vim entregar os cabides!
Jorge Soares