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Adopção

 

Sei que há muita gente que se pergunta porque é que ainda não falei do caso da Alexandra, a menina que foi com a mãe para a Russia,  os temas familia de acolhimento e adopção são recorrentes no blog e ao contrario do que já alguém comentou, este caso não me passou ao lado.

 

Ando há uns dias para pegar no assunto, ainda não o fiz por vários motivos, um dos quais foi a troca de comentários em que participei no Cheiro a  Pólvora e que me deixou a Pensar, a Carla Cruz, acusou-me de estar a defender as famílias adoptantes  e não as crianças... ora, isto é algo grave, e tive que ler, reler, olhar para trás e pensar. Não me parece que isso seja verdade.

 

Durante estes dias tenho lido e até comentado vários posts que falam do assunto, tirando o post de hoje do Cocó na Fralda, a maioria das pessoas limita-se a criticar a decisão do juiz, eu também critico, a lamentar que a criança tenha sido entregue à mãe, eu também lamento, e a achar que a criança devia ter ficado com a pretensa "família de acolhimento"... ora, aqui está a parte em que discordo completamente.

 

Para começar, aquele casal não é uma família de acolhimento, as famílias de acolhimento recebem as crianças da segurança social e são controladas por esta, esta criança foi entregue ao casal por um amigo da mãe, ninguém explicou porquê, ou a troco de quê, simplesmente foi-lhes entregue.

 

Isto só por si constitui uma ilegalidade, as crianças não podem ser simplesmente entregues a pessoas, não é o caso, mas e se em vez de a tratarem bem, eles a maltratassem?, ou a vendessem, ou ela simplesmente desaparecesse?, afinal, ninguém sabia que ela estava com eles, tudo foi feito às escuras e contra a lei. 

 

Vamos lá ver, eu não digo que a criança não estava melhor com eles que com a mãe, de certeza que estava, o que eu digo, é que não podemos permitir que este tipo de coisas aconteça, porque estabelece uns péssimos precedentes, se este tipo de coisas passar a ser legal, vamos ter muita gente que em lugar de adoptar, vai passar a ir ali à esquina, arranja alguém que lhe trafique uma criança, ou que rapte uma para si, ou vai ao Brasil e numa das favelas compra um bebe, ou.... depois, basta esperar uns anos, ir ao tribunal e chamar a comunicação social para fazer uma telenovela, já vimos isto várias vezes... veja-se o caso Esmeralda que é exactamente igual a este.

 

Queremos ter um sistema paralelo de adopção em Portugal com compra e venda de crianças?, se a resposta é sim, avisem-me, que eu desisto já do meu processo de adopção e vou ali à esquina arranjar uma criança.

 

Acho que já contei isto aqui, quando estava no meu primeiro caso de adopção, alguém me tentou convencer a entrar por um esquema destes, alguém que até estava em posição de me arranjar uma criança, alguém que me tentou convencer que ir por esses caminhos era muito melhor que estar anos à espera para adoptar. Evidentemente, fiz-me o desentendido e passei a evitar essa pessoa, a vida dos meus filhos tem muito valor para mim como para os fazer passar por esquemas destes.... Sim, estou a falar a sério, este tipo de coisas acontece mesmo...e muito mais vezes que aquelas que queremos aceitar.

 

Portanto Carla, eu não olhei para o lado, também a mim me marcaram as lágrimas da Alexandra, também a mim me chocou a atitude parva da mãe a bater na criança na televisão, também a mim me chocam estas coisas, só que eu acho que o que se está a fazer, todos estes pedidos para mudar a lei, todo este barulho em favor das familias de acolhimento, é de quem não está por dentro das coisas, de quem não viu todas as perspectivas.

 

Estas coisas só vão mudar quando a segurança social passar a fazer realmente o seu papel, quando as leis forem cumpridas e as crianças deixarem de passar anos em acolhimento quando existe um tempo máximo para isso na lei, quando os juizes deixarem de dar primazia à família biológica, quando os centros de acolhimento fizerem o seu trabalho como deve ser.....e claro, quando as pessoas deixarem de entrar em esquemas para ter filhos que afinal não são seus.

 

Entetanto, em nome da Missão criança e após uma troca de mails com o Rui Martins colaborei na elaboração do texto  de uma petição online que diz o seguinte:

 

Por uma alteração legislativa que impeça que as crianças estejam mais de 6 meses em famílias de acolhimento e que, logo, os Tribunais não as retirem a estas ao fim de vários anos

 

Por favor vão lá assinar, é aqui:

 

http://www.gopetition.com/online/28059.html

 

Jorge Soares

PS:Agora podem bater à vontade, é para isso que existe o blog, para trocar ideias, e há muita gente com ideias.

publicado às 21:27


58 comentários

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De Mia a 28.05.2009 às 00:07

olá, Jorge!

Só uma perguntinha, pode ser?? Se não pode, aqui vai na mesma. LOL

6 meses?? porquê 6 meses? Ok, eu percebo que quanto mais tempo ficar a criança ao cargo das familias de acolhimento, mais laços afectivos se criam.Ok...
Mas, se bem percebi essas familias existem para receber crianças que não podem ser adoptadas (uma vez que os progenitores não abdicaram dela ou dos seus direitos ou, ainda, demonstram interesse na criança.) è certo que essas crianças são recebidas e tem-se a esperança que os pais consigam "endireitar a sua vida" até terem condições de as reaver. Agora, o que me faz um pouco de confusão...é... acho 6 meses pouco tempo para uns pais toxicodependentes se reabilitarem, acho pouco 6 meses par quem perdeu tudo na vida (tipo emprego... casa...dividas), ou simplesmente quer sair da pobreza mais dura. Fico a pensar... e depois dos 6 meses? A criança passa a ser "adoptavel"? vai para um centro de acolhimento e passa a ser mais uma das muitas esquecidas? ou simplesmente, conhece outra familia de acolhimento e depois outra, e depois outra.... criando um extrutura emocional e afectiva muito pouco solida da criança.

Bjokinhas
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De Jorge Soares a 28.05.2009 às 00:14

Pergunta pertinente Mia, muito pertinente, 6 meses é o tempo estipulado por lei.... não há soluções perfeitas... eu também não gosto dos seis meses... mas também não gosto de um ano..e já vimos o que acontece ao fim de mais que isso.... não sei...

Tu sabes perfeitamente que estás em tua casa... não precisas de pedir autorização... és sempre bem vinda e podes dizer o que te apetecer.

Beijinho
Jorge

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