De Lucas a 13.05.2012 às 01:15
Olá Jorge, que tal?
Sei que já lá vão uns anitos desde que escreveste este artigo, mas se calhar vais ser avisado do comentário e... bem, simplesmente preciso muito falar umas coisinhas ou duas sobre este tema.
Considero-me luso-brasileiro, mas para as outras pessoas, de maneira geral, sou "brasileiro" em Portugal e "português" no Brasil. Pena, isto revela um estado de coisas. Sou nascido brasileiro de uma família portuguesa que para lá emigrou e se misturou, como todos fazem, com brasileiros.Vivi lá 17 anos e eventualmente recruzei o oceano e morei em Portugal um bom tempo. Ainda sou jovem, nem 30 anos tenho, solteiro, e por isso acredito poder dar uma opinião bem recente e realista sobre essa questão da "feminilidade cultural", na falta de melhor palavras. Já diverti-me com e já namorei brasileiras e portuguesas, e tbm outras nacionalidades, e essas são as minhas impressões dentro de um maior contexto social e cultural:
Rotular toda uma categoria de pessoas (as mulheres portuguesas, ou as mulheres brasileiras) é estúpido e não faz justiça a uma multidão de indivíduos, MAS... pode ter um fundo de verdade se falarmos de UMA MÉDIA DE COMPORTAMENTO, um modelo que se repete com mais frequência aqui do que ali. Entendo que algumas leitoras se revoltem e não se identifiquem com o adjectivo "preconceituosa", mas talvez estejam a enteder esta característica de maneira muito estrita, sem olhar mais para dentro. Se não, veja: no Brasil se um estrangeiro, português, americano ou russo, abordar uma mulher num ambiente social (seja a praia, a universidade ou uma discoteca), seu status de estrangeiro não vai contar nem positivo nem negativo, dependerá dele ter uma boa conversa/abordagem. Perceber-se-á, claro, que se trata de um estrangeiro, talvez faça-se uma brincadeira inocente, mas nada mais passa pela cabeça (da maioria das mulheres. Estamos falando de uma média). Mas, da minha experiência, QUASE SEMPRE que abordo uma mulher em qualquer contexto social em Portugal, ao ouvirem minha pronúncia, as raparigas já se vestem de uma protecção, e na testa vem escrito: "atenção que este é brasileiro". Existe, sim, um preconceito se entendermos bem que isto quer dizer "um conceito feito antes de se conhecer alguém". Já tenho fama de safado, tarado ou seiláoquê sem nada que o justifique, e isso já é um grande handcap quando queres te ruma vida social de verdade, jovem e divertida. Isso é preconceito. Na verdade sou um gentleman, divirto-me com a companhia de uma mulher, mas ainda que divertido sempre cavalheiro, mas já existe todo um estereótipo formado em Portugal sobre homens que abordam mulheres desconhecidas, sobretudo se forem africanos ou brasileiros. Entendo que logicamente haverá mais preconceitos contra esses porque não foi o Japão ou o Canadá que foram colonizados, que falam português e que fornecem imigração, mas não é para justificar, é para mostrar, não é isso? Esta é a verdade: se não fores apresentado por alguém, um conhecido em comum, é praticamente impossível abordar uma mulher em Portugal enquanto desconhecido e estabelecer uma conversa que possa evoluir para qualquer coisa mais, sim ou não. Esta abertura é raríssima. No Brasil ou nos EUA, por exemplo (dois países onde morei), tudo dependerá do tipo e da qualidade da abordagem que faz, mas o facto de seres um desconhecido, um "estranho", não é um bloqueador social, de todo. Em Portugal, é. Minhas namoradas portuguesas, quando já estávamos em relação estável e tínhamos intimidade, disseram-me que ao me conhecerem julgavam-me um "safado", um "malandro", e que as amigas partilhavam a opinião. Pode ser engraçado de ler, mas na altura doeu-me. Não fiz nada que justificasse essa ideia, e elas próprias mo reconheciam agora, mas não mudou o facto de terem adoptado o estereotipo.
Que tal um teste na vida real? Ide a uma discoteca em Portugal. Muita dança, sorrisos, gente linda, álcool e dinheiro, mas excepto os casais já formados pouquíssimos são os que vão sair dali e talvez ter uma noite carnal com alguém educado e interessante que conheceu. Esta quantidade de pessoas é muito maior no estrangeiro. É errado fazer isso? Duas pessoas adultas, normais, independentes? É preconceito pensar que seria. Enquanto esse pensamento prevalece, as brasileiras são putas. É que falam português...