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Incentivos à natalidade ou à imigração?

por Jorge Soares, em 10.08.09

Incentivos à natalidade?

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Um destes dias, e a propósito dos meus posts sobre o incentivo à natalidade (este e este), uma amiga perguntava-se se a ideia do incentivo seria boa ou má?, e se não seria só mais um motivo para muita gente se deitar à sombra do estado.  É claro que 200 Euros não convencem ninguém a ter filhos, talvez os 25 mil da Alemanha....

 

A propósito do meu primeiro Post, o António Dias, dizia o seguinte:

 

"200 euros para daqui a 18 anos é mesmo estúpido como incentivo à natalidade, o que só mostra o desespero de quem escreve e oferece coisas destas num programa eleitoral.

Mas eu penso que ainda menos inteligente é o próprio conceito de incentivo à natalidade numa altura em que a população portuguesa continua a aumentar e em que a população mundial, que é o que verdadeiramente importa, está cada vez mais perto dos sete mil milhões de pessoas(http://www.census.gov/ipc/www/popclockworld.html). Será que alguém pensa que há tão pouca gente que é necessário incentivar o nascimento de mais? Será que a espécie humana está em perigo de extinção e é necessário uma protecção especial?"

 

Sim e não, é verdade que a população do mundo não para de aumentar, e uma grande parte vive abaixo do limiar da pobreza, por outro lado, a população na Europa está cada vez  mais envelhecida, a população Portuguesa praticamente estagnou e só não começou a diminuir porque nos últimos 10 anos existiram duas grandes vagas de imigração, do Brasil e dos países de leste, como podemos ler nesta noticia  do iol Diário.

 

Fará ou não sentido o incentivo à natalidade?, olhando para o comentário do António, eu diria que não, mas se calhar, e atendendo à sobrepopulação do mundo e ao envelhecimento da população na Europa Ocidental, fariam sentido incentivos à imigração. O Envelhecimento da populaçao fará com que mais tarde ou mais cedo haja falta de mão de obra em Portugal e na Europa, primeiro a menos qualificada e com o tempo a restante, mão de obra que por outro lado será cada vez mais abundante nos países mais pobres e menos desenvolvidos.

 

Ou seja, alguém deveria dizer ao Sócrates, que em lugar de prometer uns trocos que serão utilizáveis algures no futuro longínquo, deveria pensar em dar condições à vinda de pessoas com vontade de trabalhar e de dar novas cores e novas ideias ao nosso já velho país.

 

É claro que eu sei que nem o PS nem ninguém se atreveria a uma "alarvidade" destas.... pelo menos agora, mas daqui a uns 30 ou 40 anos..... já veremos!!!!

 

Jorge Soares ( Quase de férias)

 

publicado às 22:02


10 comentários

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De DH a 11.08.2009 às 10:00

Tocas em dois pontos que para mim têm pouca relação um com o outro. Vamos por partes...

Como é que o estado pode dar algum incentivo à imigração se nem os próprios cidadãos têm algum incentivo a viver neste país? Eu sei o que pago de IMI para poder ter uma casa (que neste momento ainda é do banco onde fiz o empréstimo); sei que o estado me mantém a contrato há 13 anos (apesar de ser mão de obra altamente especializada); sei que quando tenho um filho ponho em causa a minha carreira, por causa dos meses de licença a que tenho direito e das baixas médicas por causa das doenças dos primeiros anos; sei dos problemas que existem nas escolas onde tenho os meus filhos por falta de investimento nesse sector; sei que se for hoje ao Hospital por causa de uma doença posso estar à espera várias horas sem ser atendida, e se tiver que ser operada então esperarei meses...

A questão do incentivo à natalidade (já expressei a opinião sobre isso) para mim não se relaciona de forma directa com o excesso de população mundial nem com incentivos à imigração. Cabemos cá todos, mas teremos concerteza de re-pensar a nossa forma de viver neste planeta. O incentivo à natalidade decorre da preocupação do envelhecimento da população europeia. Eu vivo com esperança o nascimento de uma criança, não vejo de forma nenhuma que ela possa vir roubar o pão que neste momento eu ponho no meu prato e no dos meus filhos. Eles trazem a resposta para os problemas do futuro, é isso que eu sinto. Façamos nós o nosso melhor e eles farão também as sua parte.
Boas férias
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De Jorge Soares a 13.08.2009 às 00:17

Olá

Estou de acordo contigo, na situação actual, uma grande parte da população terá poucas condições para querer viver por cá.

Talvez seja verdade que cabemos cá todos, agora uma coisa é certa, na forma como estamos distribuídos neste momento, haverá alguma dificuldade em alimentar correctamente toda a população. Quanto a mim, a resposta imediata aos problemas de fome e pobreza que já alastram pelo mundo terá que passar por uma redistribuição da riqueza e por uma redistribuição das pessoas.

Portugal é um país muito pequeno, nós somos muito poucos e se compararmos o que se passa por cá com o que se passa em outros lugares do mundo, a verdade é que até vivemos muito bem....o que não quer dizer que não existam problemas e coisas que se consigam melhorar.

Jorge
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De Sandra Cunha a 11.08.2009 às 13:20

Oi Jorge,

Eu concordo totalmente com o António no que diz respeito aos incentivos à natalidade e concordo totalmente contigo no que diz respeito aos incentivos à Imigração.

Não concordo com o comentário anterior. Não. Não cabemos cá todos. Basta estar um pouco atento ao que se passa à nossa volta - estou, evidentemente, a falar em termos globais já que para mim não faz sentido falar destas coisas em termos de parcelas de planeta. O planeta está a rebentar pelas costuras, cada vez a esperança de vida é maior e cada vez nascem mais crianças (não nos países ocidentais, claro, mas o planeta não se interessa nada com isso). As catástrofes ambientais sucedem-se e os recursos escasseiam e por este andar vão mesmo terminar. Isto, lamento informar, não é inesgotável. Pode ser sustentável, mas com a população mundial a crescer cada vez mais, é impossível!

Portanto, eu acho que para além de necessitarmos de políticas urgentes para abrandar a natalidade temos mesmo de apostar na redistribuição mundial e isso significa exactamente políticas de incentivo à imigração dos países com excesso de população e altas taxas de natalidade para os países envelhecidos. Só a ignorância, a xenofobia e o racismo é que travam este modelo de evolução.

Beijos
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De DH a 11.08.2009 às 15:02

Claro que não cabemos cá todos se quisermos comer carne todos os dias; se quando formos às compras optarmos por produtos embalados e que nem sequer são feitos no nosso país (eu tento ir à praça ou directamente a quintas pedir que me vendam directamente); se formos todos os dias para o trabalho em viatura própria com um único ocupante; se quisermos ter a nossa casa a 22ºC no Inverno para podermos andar de manga curta, e a 20ºC no Verão para não abafarmos; se continuarmos a aquecer esplanadas; se não tentarmos deixar este mundo um pouco menos poluído do que o encontrámos.

Conheces uma história que se chama "The Man Who Planted Trees" (originalmente "L'homme qui plantait des arbres"). Lê ou ouve, é pequena e líndissima.

Claro Sandra, claro que eu e a Sandra cabemos... mas será que somos capazes de olhar um bocadinho para lá do nosso próprio umbigo? Esta para mim é a verdadeira questão...

A frase que define aquilo que tento viver desde há uns anos é "choose to live simply so that others may simply live", só respondi porque este tema me é demasiado caro.
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De Sandra Cunha a 12.08.2009 às 02:43

DH ,

Infelizmente a grande maioria das pessoas no mundo nem sequer está consciente da ameaça da poluição do planeta e da escassez de recursos. Dos que estão, uma parte não se interessa e não quer deixar de olhar para o seu umbigo. Os poucos que restam e se preocupam vão fazendo o que podem.

Cá em casa também não comemos carne todos os dias. Nem peixe. Eu nem sequer como carne! Tentamos não gastar luz nem água desnecessariamente. Somos contra as piscinas. Sempre que trabalhamos em Lisboa usamos os transportes públicos (excepto quando não há!). Fazemos desde sempre a separação do lixo. Entre tantas outras coisas.

Tudo isto vai fazer diferença? Não.

Apenas faz com que não nos sintamos tão mal e oferece-nos a ilusão de que somos melhores ou mais conscientes ou seja o que for mais do que os outros. Tudo isto são no entanto apenas gotas num oceano e pensar que conseguiremos juntar muitas gotas e fazer uma revolução é utópico e ingénuo.

Os seres humanos não o farão. Mas a Natureza encarregar-se-á disso. Felizmente!
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De DH a 12.08.2009 às 21:17

Eu também sou vegetariana:) e... ainda não perdi a Esperança, continuo a acreditar que faço a diferença, e ao educar as duas crianças que tenho em casa seremos mais a fazer a diferença. Somos as duas conscientes, Sandra, mas... eu ainda acredito e vou morrer a acreditar que seremos capazes de "dar a volta"... Mesmo que muitas vezes dê comigo a chorar revoltada pela indiferença de tantos.
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De Inês a 11.08.2009 às 15:30

Eu acho que os incentivos têm de passar por dar às pessoas condições de vida para que elas possam ter filhos: nunca mais de 8 horas de trabalho; trabalhos perto de casa; creches públicas em condições; licenças de maternidade e paternidade que permitam o acompanhamento de crianças, etc etc etc. Vejo longe esse dia..
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De Jorge Soares a 13.08.2009 às 00:28

Olá Inês, sem dúvida, os incentivos terão que passar por aí, melhorar as condições de vida das pessoas para que estas possam pensar em ter filhos.

Beijinho
Jorge
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De António Manuel Dias a 11.08.2009 às 23:01

Acho que já disse isto dezenas de vezes, mas aqui vai mais uma. Tomando como facto que há mesmo pessoas a mais no mundo (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Ecological_footprint ou http://www.footprintnetwork.org/newsletters/gfn_blast_0610.html ) temos três hipóteses de sair daqui:

1. Tomar medidas para voluntariamente reduzir a população mundial. Isto iria requerer uma coordenação de todas (ou quase) nações do mundo, iria levar alguns anos, dependendo das medidas adoptadas, e teria sempre como resultado que a população iria envelhecer. Porque é que uma população voluntária e controladamente envelhecida é um problema é uma coisa que ainda não consegui compreender.

2. Reduzir a população à força. Isto tem resultados muito mais rápidos... mas menos controlados. Ou seja, os efeitos laterais deste método podem atingir os seus executores.

3. Dizer que esta visão é pessimista, que ainda há lugar para muito mais gente ou que o excesso de população é apenas no terceiro mundo (esquecendo que a Europa é o continente mais sobre-povoado). Ou seja, enfim, deixar tudo correr como está e continuar com o velho esquema de pirâmide (http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquema_em_pir%C3%A2mide ) em que é baseada a economia capitalista global. O resultado será deixar os processos naturais de controlo de populações actuarem o que, trocado por miúdos, quer dizer que não haverá recursos para todos e uns morrerão por falta deles e outros lutando por eles até que a população chegue a um equilíbrio sustentável.

O que eu acho lamentável é que a espécie humana escolherá esta última opção, apesar de ser provavelmente a primeira neste planeta que tem o discernimento para perceber isto e os recursos para o evitar.
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De Zé da Burra o Alentejano a 27.11.2009 às 11:40

As empresas industriais (e depois as outras) estão a deslocar-se para oriente enquanto que cada vez serão precisos menos trabalhadores para se produzir o mesmo em virtude da informatização e da automatização em todas as áreas de trabalho. Assim, todos nós sabemos qual será o futuro mais que provável das crianças que estamos a trazer agora ao mundo: O DESEMPREGO! É uma desgraça! e só nos continuamos a reproduzir ainda apenas por imperativo de instinto animal.

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