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Como agua para chocolate

Como a tantos outros blogs, não me lembro como cheguei ao Há vida em Marta, mas depois dessa primeira vez, tornou-se visita obrigatória. Estes dias e a propósito de este post e de um dos seus comentários, fiquei a pensar em como por vezes pode ser errada a imagem que temos de nós como país.

 

O comentário dizia o seguinte:

"A ideia de associar a culinária à literatura - ideia que eu penso terá começado com um livreco de Laura Esquível - é uma moda que resulta comercialmente, mas de resultados literários inevitavelmente abaixo de medíocres. No limite dos limites, sairá algo digno de Bulhão Pato. Olvidável, portanto."

 

Não me lembro quando li o Como Agua Para chocolate a primeira vez, devia ter uns 16 ou 17 anos, mas sei que depois de ver o filme  já o voltei a ler, e mal termine um dos 3 que estou a ler, vai de certeza ser o seguinte. É claro que não o acho um livreco, longe disso e deixei o meu comentário a expressar isso mesmo... e obtive a seguinte resposta:

 

".... 99,99% do que se publica são livrecos. Não é um fenómeno recente. Foi sempre assim. No séc. XIX, por exemplo, há milhares de tipos a escreverem romances. Quem sobreviveu? Eça, Camilo, Antero de Júlio Diniz, Almeida Garrett, Herculano e pouco mais.

E, no entanto, quem na época dissesse, por exemplo, que Pinheiro Chagas era um autor de livrecos seria atirado às feras. Afinal, não ganhou ele o grande prémio nacional de literatura a Eça de Queirós?

Acreditem: daqui a 100 anos, tirando um outro estudioso de bizarrias literárias do fim do séc. XX, ninguém fará ideia nenhuma de quem foi Laura Esquível e qual a sua obra. E não por uma injustiça que depois se reparará. Apenas porque a sua obra é olvidável.

Comprometamo-nos os três (eu, a Marta e o Jorge Freitas Soares) a passar por aqui daqui a 100 ou 200 anos e veremos se tenho ou não razão."

 

Os maias

Podem pensar o que quiserem, mas eu acho o Eça de Queirós um chato de primeira,  no liceu eu li Cem anos de solidão do Garcia Marquez, Dona Barbara de Romulo Gallegos e a cidade e os cachorros do Vargas LLosa, quando vim para Portugal para a universidade ouvia os meus colegas falar do sacrifício que tinha sido ler um resumo de Os Maias, fiquei curioso, arranjei o livro e li de seguida numa tarde..ok, achei razoável, depois disso li de seguida mais dois ou 3 do Eça... e terminei por me chatear, depois de ler o segundo ficou tudo previsível, eu conseguia saber o que ia acontecer nas paginas seguintes, porque os livros são todos iguais.

Eça de Queiroz é muito conhecido em Portugal, eu estudei na Venezuela, sempre fui um leitor inverterado, li dezenas de livro na adolescencia.... antes de chegar a Portugal, nunca tinha ouvido falar do Eça, aposto que se formos ao México ninguém nunca ouviu falar dele.

Daqui a 100 anos no México e na América latina continuará assim, ninguém terá ouvido falar dele, nem de outros autores portugueses.. excepção para o irreverente Saramago, não é em vão que se ganha um Nóbel da literatura, mas aposto que todos recordarão a Laura Esquivel.

Não sou nada de denegrir o que é nosso, mas é preciso ter consciência da realidade da nossa pequenês... e eu considero a maioria dos livros do Eça.. uns livrecos... mas a minha opinião não interessa para nada....e gostos, não se discutem.

 

Jorge Soares

PS:imagens da internet

publicado às 21:57


2 comentários

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De barrigacheiadefelicidade a 05.01.2010 às 13:25

Olá Jorge,
é a 1ª vez que cá venho e gostei mm muito!
vou voltar!
quanto a este post: Só li Eça na escola, nao consigo ler o cem anos de solidão (e já tentei mais de uma vez), gosto mais ou menos do llosa, mas muito mais da Laura esquível. Ou da Joanne Harris ou da Allende, por exemplo. E nao há livrecos, digo eu. Há gostos. Apenas isso!
Beijos
S.
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De Jorge Soares a 06.01.2010 às 22:23

Olá

Bem-vinda ao meu humilde cantinho.

Se procurares bem, vais ver que há uns dois ou 3 posts sobre a Isabel Allende.

Tens razão, não há livrecos... há livros, e melhores ou piores gostos.

Jorge

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