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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Tudo começou quando ela queria uma mana, na verdade tudo começou antes, mas até aquele dia eu não estava para aí virado, mas há apelos que são maiores que nós, apelos que são maiores que o coração, desde então passou mais de um ano e meio, passamos pela avaliação e neste blog falou-se muito sobre adopção...e o sonho foi crescendo, um sonho feito de alentos e desalentos, momentos altos e baixos.... agora o sonho cumpriu-se.
Chegamos no Domingo de Cabo Verde e connosco veio a D., uma menina linda e sorridente com uns olhos negros expressivos.
Cabo Verde é um país de pessoas simpáticas, um país de pessoas que sabem receber, mas é um país que está a muita distância dos padrões da vida ocidental que conhecemos e a que estamos habituados, um país em que as pessoas sobrevivem. Para terem uma ideia, o ordenado mínimo é de 9000 Escudos por mês, 90 Euros, mas dizia-me um dos taxistas que conhecia pessoas que viviam com metade disso.
Conheço várias pessoas que optaram pela adopção internacional e por Cabo Verde, já tinha ouvido várias histórias, mas nada nos prepara para a realidade que encontramos, há que passar pelas situações para as podermos sentir e entender... e acreditem, há coisas que são difíceis de enfrentar. Ver as condições em que a minha filha vivia tocou-me a alma e tocou-me muito mais saber que há muitíssimas mais crianças em piores condições.
Em Cabo verde os processos de adopção não funcionam como cá, não há segurança social que encaminhe as crianças, não há instituições onde elas estejam, na maior parte dos casos elas estão com a família, com os pais ou com familiares, ou com famílias que as ajudam, e vem directamente de uma família para a outra.
É evidente que em 99% dos casos não há registos de saúde, nunca há avaliações prévias, não há vacinas, não há nada, há uma enorme miséria, há crianças que chegam a Lisboa e vão directamente para o Hospital, tal era o estado em que se encontravam.
Felizmente a nossa D. é uma menina feliz e sorridente, que nos adoptou tão rápidamente como nós a ela, ela é a prova de que eu estava errado, afinal, os sonhos existem....e tornam-se realidades.
Jorge Soares