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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
«Todos temos dentro de nós uma insuspeita reserva de força que emerge quando a vida nos põe à prova.»
Isabel Allende, A Ilha Debaixo do Mar
Comprei este livro no inicio do ano, ainda antes do terramoto, como já estava a ler 3, este ficou guardado, depois foi o terramoto e o Haiti entrou de um momento para o outro no nosso vocabulário do dia a dia de uma forma brutal e avassaladora.
Levo sempre um livro quando vou de viagem, foi este o que escolhi para levar para Cabo Verde... em boa hora, porque passei uma semana de enorme tensão e o livro funcionou como um escape.
Sou fã da Isabel Allende, acho que li tudo o que ela escreveu e cada um dos seus livros é uma nova descoberta, adoro a forma como nos envolve nas historias e no ambiente do livro.
Este não é um livro sobre o Haiti, é um livro sobre o povo do Haiti, mais que um romance é um livro de historia, que nos descreve o auge e a queda da mais rica das colónias francesas e a forma como de uma enorme mistura de culturas se tece o passado e o futuro de um povo.
O livro descreve a vida nas plantações de cana de Açúcar, o ouro branco das Antilhas, a forma como eram tratados os escravos, a forma como conseguem preservar algumas das suas tradições que darão origem ao Vudu que sobrevive até aos dias de hoje, a forma como das suas fraquezas fazem força e com elas enfrentam todo o poderio de uma nação europeia até a vergarem.
Como já disse noutro post, o Haiti foi a primeira nação a obter a sua independência na América latina, uma independência conseguida à custa de muito sangue, de muita vingança, de muita destruição que deixou marcas até ao dia de hoje... tudo isso é mostrado no enredo do livro através das vidas das personagens e da forma como vivem e morrem num meio que antes de mais, é sempre hostil e selvagem.
Em Suma, um excelente livro que está à altura de todos os outros desta autora.
Sinopse:
Para quem era uma escrava na Saint-Domingue dos finais do século XVIII, Zarité tinha tido uma boa estrela: aos nove anos foi vendida a Toulouse Valmorain, um rico fazendeiro, mas não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana, nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e a conhecer as misérias dos amos, os brancos. Zarité converteu-se no centro de um microcosmos que era um reflexo do mundo da colónia: o amo Valmorain, a sua frágil esposa espanhola e o seu sensível filho Maurice, o sábio Parmentier, o militar Relais e a cortesã mulata Violette, Tante Rose, a curandeira, Gambo, o galante escravo rebelde… e outras personagens de uma cruel conflagração que acabaria por arrasar a sua terra e atirá-los para longe dela. Quando foi levada pelo seu amo para Nova Orleães, Zarité iniciou uma nova etapa onde alcançaria a sua maior aspiração: a liberdade. Para lá da dor e do amor, da submissão e da independência, dos seus desejos e os que lhe tinham imposto ao longo da sua vida, Zarité podia contemplá-la com serenidade e concluir que tinha tido uma boa estrela.
Jorge Soares