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A crioula que meus olhos beijaram a medo

por Jorge Soares, em 28.02.10

Mulher de Cabo Verde, Cidade da praia, Plateau

Imagem do Momentos e Olhares

 

O lugar é a Praça Alexandre Albuquerque, no Plateau, podia ser uma praça qualquer numa qualquer cidade de Portugal, no centro há uma fonte com agua a correr, há canteiros com flores, bancos de ferro com assentos e espaldares de  madeira daqueles que vemos em tantas das nossas praças, árvores a toda a volta, há até um posto de Turismo num dos cantos. Nos bancos de madeira  ou sentados na fonte há gente com computadores portáteis, deve haver Wireless gratuito. Mas há algo que a distingue das nossas praças, debaixo das árvores há quem faça pela vida, dois ou três engraxadores, jovens que vendem agua e refrigerantes conservados frescos em gelo, crianças que vendem doces, senhoras que vendem bolachas em pacotes coloridos,....  ela estava entre eles, sentada frente a uma pequena mesa com bijutaria...  a fazer pela vida.

 

 

Vida

 

A crioula que meus olhos beijaram a medo

perdeu-se na confusão de um porto francês

 

Ela sorria continuamente, erguendo no seu riso uma canção extraordinária.

 

Não foi um romance de amor

nem mesmo um pequeno segredo entre ambos.

 

Somente, quando Ela falava ao pé de mim, eu sentia:

um aprazível devaneio

pela maravilha escultural duma Mulher Perfeita.

 

Depois,

a Vida separando Nós-Dois

a confusão, os ruídos, os braços agitando-se

e o vapor levando para outros mares, 

outros portos, 

a graça, o mistério, o perfume e os cantares 

da crioula que meus olhos beijaram a medo 

no tombadilho daquele vapor francês. 

 

  (Clima, 1963)

 

Onésimo Silveira

 
Cidade da Praia, Cabo Verde
Fevereiro de 2010
 
Jorge Soares

 

publicado às 22:01


8 comentários

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De Existe um Olhar a 02.03.2010 às 23:31

Olá Jorge
Gostei deste texto, talvez por me fazer lembrar outros tantos rostos que tenho apreciado por esse mundo fora e que nos transmitem uma sensaçãol de bem estar, de paz, de beleza pura e inocente. Rostos anónimos que apesar de não serem capas de revista, são o que de mais genuíno se pode encontrar.
Gente que luta, que faz pela vida e que mesmo na pobreza nos fazem pensar quão exigentes nós somos com tudo, quando ao nosso lado alguém se contenta com tão pouco.
Beijos
Manu

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