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Sobre a adopção em Cabo Verde

por Jorge Soares, em 28.03.10

Crianças de cabo verde

 

Nós por cá tudo bem, a D. continua uma menina comilona e bem disposta mas esta semana entrou na fase das birras, não gosta de ser contrariada e quando o é, lá mostra o seu mau feitiozinho... há por aí quem diga que é do nome, que há por aí outras D. que também são assim... não, não são teimosas, são persistentes... pontos de vista.

 

Uma das coisas que mais me tem perguntado é se ela estava numa instituição... não, não estava, em Cabo Verde há muito poucas instituições, e que eu tenha conhecimento, nenhuma das crianças que foram adoptadas por portugueses veio de uma instituição. A D. estava com uma família amiga.... amiga da família dela que não tinha condições para a ter.

 

As adopções em Cabo Verde tem muito pouco a ver com o que estamos habituados por cá, cá por norma as crianças estão institucionalizadas e é decretado um projecto de vida que passa pela adopção. Em Cabo Verde são as famílias que ante a impossibilidade de criar os filhos com um mínimo de dignidade e condições, decidem entregar as crianças para adopção.

 

Para isto dirigem-se ao tribunal e dizem que as querem entregar. E as crianças continuam a viver com a família até que ocorre a audiência e o juiz decide entregar a confiança judicial aos candidatos a adoptar. E são os pais, ou em casos como o da D., as pessoas que tratam das crianças, quem as entrega a quem as vai adoptar.

 

No outro dia falava com uma amiga que adoptou uma criança cá, por sinal uma menina com a idade da D. e também mulata, e ela dizia-me que não seria capaz de passar por uma situação destas. Acredito que não. A nós a D. foi-nos entregue no escritório da advogada, mas muitas vezes a entrega é feita pelos pais e ocorre em casa das crianças, com os irmãos, os amigos, os vizinhos, a presenciarem.

 

Não é uma situação fácil e muito menos quando as crianças já tem 4 ou 5 anos e já sabem o que se está a passar. Imaginem o que é retirar uma criança do seu ambiente natural, da sua família.. é difícil de imaginar, e muito mais quando sabemos que as crianças não são vitimas de maus tratos, nem de abandono... No fundo, é um acto de amor, a maior parte destas crianças vem de famílias com 8, 9, 10... já soube de um caso de uma mãe que entregou o seu vigésimo filho... mas as pessoas tem dignidade...e amor pelos filhos, não tem é efectivamente condições para os criarem.. e decidem que elas estarão melhor com alguém que tenha condições a amor para lhes dar.

 

Jorge Soares

publicado às 22:30


17 comentários

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De Mafalda a 19.04.2011 às 14:35

Não sei se me conseguem esclarecer um ponto sobre adopção em Cabo Verde. Para enquadrar, sou uma pessoa singular com um processo de adopção nacional à mais de 1 ano, sem preferência por raça, sexo, idade até aos 8 anos (mas em aberto). Neste momento não existem crianças dos 5 aos 10 anos sem problemas muito graves físicos ou mentais disponíveis para adopção em Portugal, de acordo com a última conversa com o centro de adopção distrital. Eu tinha um processo a correr em simultâneo para Cabo Verde (já que aceitam pessoas singulares), mas as psicólogas informaram-me que regra geral as crianças não falam português e não são feitos relatórios médicos (havendo grande probabilidade de terem SIDA). Na altura anulei o processo, mas desde então tenho pesquisado e não tenho encontrado grande informação. Será que é possível haver ilhas em que exista o mínimo de organização e façam testes médicos? Onde posso me dirigir para esclarecer melhor estes pormenores técnicos de país para pais?
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De Jorge Soares a 19.04.2011 às 15:08

Mafalda

Podia-me dizer a que distrito pertence?

Quanto às crianças, não sei onde foram as psicologas buscar a infiormação de que existe grande probabilidade de as crianças terem sida, conheço muitos casos, dezenas mesmo, que vieram de Cabo Verde, não conheço nenhuma que tenha sida.

É claro que estamos a falar de um país e de pessoas sem condições, mas é perfeitamente possivel fazer exames, é uma questão de tratar o assunto com o advogado,

É verdade que as crianças não falam Português, a minha filha não falava, mas percebem, e as crianças aprendem a falar num instante, não me parece que isso seja impedimento para adoptar.

De todos modos, aconselho-a a ler este post em que falo da adopção em Cabo Verde: http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/281964.html

Jorge Soares
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De Mafalda a 19.04.2011 às 16:14

Olá,
Obrigada pela resposta rápida. Eu pertenço ao distrito do Porto, mas os processos depois de aprovados vão para a base de dados nacional (começou este ano).
Bem, já vi que nem toda a informação que obtive do Centro de Adopções é 100% fidedigno, mas eu também deveria ter me informado melhor antes de ter tomado uma decisão.
De qualquer forma não existe impedimento de submeter novo processo.
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Olá, <BR>Obrigada pela resposta rápida. Eu pertenço ao distrito do Porto, mas os processos depois de aprovados vão para a base de dados nacional (começou este ano). <BR>Bem, já vi que nem toda a informação que obtive do Centro de Adopções é 100% fidedigno, mas eu também deveria ter me informado melhor antes de ter tomado uma decisão. <BR>De qualquer forma não existe impedimento de submeter novo processo. <BR class=incorrect name="incorrect" <a>Obg</A> . Mafalda

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