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Foi quase há um ano atrás que escrevi aqui e aqui sobre a retenção das crianças no mesmo ano e sobre a forma como o nosso sistema de ensino é  cada vez mais permissivo quando os alunos não atingem os objectivos, foi nessa altura que escrevi o seguinte:

 

Já disse aqui que o meu filho N. tem Dislexia e défice de atenção, para além de muita falta de confiança e auto-estima, chegamos ao fim do ano escolar e eu e a P. ponderamos se não seria melhor para ele ficar retido, não é bom para ele ser sempre dos ultimos da turma, fazer sempre pior e mais devagar que os outros, achamos que se ficasse retido teria oportunidade para amadurecer um pouco mais e ao voltar a ver tudo de novo interiorizar os conceitos e melhorar.

 

Na altura terminamos por ceder à opinião da professora e ele seguiu para o 4º ano. Como seria de esperar este ano as coisas não melhoraram, mais de 80 % das fichas vem com insuficiente, ele raramente consegue concluir qualquer ficha no tempo determinado e em lugar de melhorar as coisas vão piorando, porque quanto mais matéria se dá na escola, mais evidentes se tornam as lacunas do passado, isto apesar de todo o apoio extra que lhe damos cá em casa, na escola e inclusivamente  no ATL.

 

Está claro que uma criança que tem insuficiente em quase todas as fichas e trabalhos do 4º Ano não conseguirá ter sucesso num 5º ano em que se tem 11 disciplinas e onde não há tempo para estar a resolver lacunas que vem desde muito atrás. Se a isto acrescentarmos a dislexia e o défice de atenção, temos todos os ingredientes para o insucesso garantido. Por estranho que pareça, a única que não consegue entender isto é a professora. Falamos com ela e apesar de todos os nossos argumentos, ela insistia em que não, que ele não ficava retido.

 

Há algo de muito errado na nossa educação quando uma professora primária insiste em que um aluno deve transitar para o ciclo seguinte quando todos reconhecem, a começar por ela que classifica de insuficiente quase tudo o que ele faz,  que ele não adquiriu as competências necessárias para poder ter sucesso.

 

Um dos argumentos que ela utilizou foi o da auto-estima... aliás, cada vez que surge este assunto as pessoas falam da auto-estima, mas eu pergunto-me, será que é benéfico para a auto-estima de alguém passar o ano inteiro a ter insuficiente nos trabalhos? Ser sempre o ultimo a terminar as fichas? O que vai acontecer com a auto-estima do meu filho quando ele simplesmente não conseguir acompanhar sequer o ritmo das aulas?

 

Será que há alguém que ache que um aluno que não consegue cumprir os objectivos do 4º ano tem alguma hipótese de sucesso no 5º? E o que vai acontecer com a auto-estima dele quando ao fim do primeiro mês a escola concluir que ele não está preparado para ser um aluno normal e o passar para um currículo alternativo que marcará definitivamente todo o seu futuro escolar? Por vezes as pessoas não tem a noção disto, mas o que está em jogo é o futuro de uma criança, porque no momento em que ela passa para um currículo alternativo não há volta atrás e isso pode marcar toda a sua vida.. quanto a mim é algo importante demais para se decidir com base no facto de que queremos a criança feliz porque passou de ano.

 

Um dos principais problemas do meu filho, é a falta de maturidade, eu quero acreditar que com mais um ano, com a repetição de conteúdos que ele já viu, com o apoio certo, ele vai conseguir superar as dificuldades e chegar a um nível mínimo que lhe permita alguma hipótese de sucesso quando ele avançar para o nível seguinte... até posso estar errado e mais um ano pode não resolver nada... mas acho que é a nós pais que nos compete decidir isso.

 

Para fazer com que a professora aceitasse que ele vai repetir o ano foi necessário pegar nas fichas do ano inteiro e com base no que ali estava perguntar-lhe se ela achava que ele ia ter alguma hipótese de sucesso no 5º ano... ante as evidências ela teve que dizer que não..e no fim, reconheceu que se fosse filho dela fazia o mesmo que nós estamos a fazer.... Uma afirmação triste, é a este tipo de pessoas que entregamos os nossos filhos, a pessoas que colocam os objectivos pessoais e da escola antes dos dos nossos filhos. Pelos vistos é mais importante ter uma folha imaculada sem alunos repetentes que o futuro das crianças ..e vale tudo para atingir objectivos.

 

Pois eu prefiro ter o meu filho com a auto-estima mais baixa durante uns tempos para depois poder ter a esperança que ela possa subir com ajuda e trabalho bem feito, a que a tenha alta durante o mês das férias e depois baixa durante 11 meses e quiçá para sempre.

 

Jorge Soares

publicado às 21:15


31 comentários

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De su a 28.04.2010 às 00:00

de todos os professores primários que têm vindo a passar pela ATL, que trabalhamos directa e indirectamente, eu posso afirmar com certeza que só a dois deles eu entregava os meus filhos se os tivesse. é triste afirmar isto mas não lhes reconheço competência nem vontade de ensinar. A profissão de professor primário é, para mim, das mais importantes, são referências, portos seguros, pontes com o mundo e com princípios e ideais. É preciso fazê-la com muito amor e muito sentido de responsabilidade. A forma como vejo o ensino deixa-me muitas dúvidas. Cada vez ponho mais em causa se as crianças estão mesmo a aprender. E até digo mais: tem elas mais noção disso do que nós.
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 20:50

Olá Su

Infelizmente não podemos escolher os professores e como estão as coisas, é preciso muita sorte com a escola e os professores.. e é preciso estar atento. I

Beijinho
Jorge

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De DH a 28.04.2010 às 08:42

Olá Jorge.
Óptimo post, contra-corrente.

Decisões que se tomam em relação à vida daqueles que mais amamos e que ainda não decidem por si são sempre difíceis, muito mais quando se contraria o "sistema" e opiniões dos outros.

A minha mãe é professora do ensino básico (já apposentada). Quando o meu irmão frequentava o 4º ano (como o N.) pediu à professora dele para o reter um ano, contra vontade da professora.
O meu irmão é um homem prático. Sem nenhum curso de engenharia é muito mais engenheiro do que eu. Mas o ensino oficial muitas vezes não sabe aproveitar os talentos.
O meu irmão parou de estudar no 10º ano, sem nunca mais ficar retido nenhum ano. Hoje é fotógrafo (mais de publicidade e trabalhos para empresas privadas e entidades publicas) e adora o que faz.

Em relação à auto-estima, temos o problema de as crianças serem avaliadas apenas pelo desempenho escolar. Em casa tenho a M. que se adapta perfeitamente ao sistema de ensino, e o S. que não se adapta, apesar de ter QI acima do normal. O desempenho escolar é um entre muitos outros itens de avaliação. E há itens em que o N. é excelente. São esses que tu e a P. têm que realçar.

Beijinho
Dulce
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 20:58

Olá Dulce.

Existem muitíssimos exemplos de pessoas brilhantes que tiveram problemas na escola primária, pessoas que depois de repetirem um ano conseguiram superar as suas dificuldades e seguir em frente. .. por vezes é preciso dar tempo ao tempo para que as crianças se encontrem... e superem as dificuldades.

Quanto à auto estima, eu acho que muitas vezes é a auto estima dos pais que está em jogo, esquecem que o que está em jogo é o futuro das crianças que pode ser colocado me causa por uma questão de vaidade e pressão social.

Beijinho
Jorge

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De Leamar a 28.04.2010 às 09:32

Definitivamente, estou de acordo contigo. Ficar retido não deve ser vergonha para ninguém...Aprender e apreender matéria é algo que varia de pessoa para pessoa. Mas o que é importante é aprender mesmo. A aprendizagem não é nenhuma maratona. Quem chega primeiro ou em segundo ou em último...não importa! Importa é chegar...e aprender!
Este é um dos graves problemas do nosso sistema de ensino...E até dos próprios pais. Sim, porque há pais que querem à viva força que os filhotes transitem de ano apenas para se sentirem realizados e orgulhosos. Mesmo que a aprendizagem saia manca... Por acaso, muitos pais começam desde o nascimento dos filhos a "competir" com os filhos dos outros:
- "O meu filho teve o primeiro dente aos x meses"
- "O meu foi ainda antes"
- "O meu filho já fala desde que tem um ano...é muito inteligente"
- "O meu ainda começou mais cedo"
- "O meu filho já não usa fraldas desde..."
- "O meu também...e de noite também não"
...
É claro que na escola querem que os seus filhos sejam os primeiros em tudo, os mais espertos, os mais inteligentes etc. Vale tudo para que se ache isso!
A vida não é uma corrida, não há pressa, cada um tem o seu ritmo, nem todos têm de ser os melhores. Já repararam que na tentativa de fazer o melhor dos filhos muitos pais lhes tiram aquilo que eles têm de melhor??...a inocência da infância! Põe-se as crianças no inglês, na dança, na música,etc...um monte de actividades na esperança de serem alguém melhor... que nem lhes dão tempo para brincar...assim tipo crianças!
Espero que o N. ultrapasse as dificuldades...porque o ensino deveria ser isso mesmo: um "instrumento" para nos ajudar a ultrapassar as nossas dificuldades e realmente aprendermos algo. Se chegarmos à meta pretendida...Óptimo! Se não...temos de ter mais tempo para o fazer. E não é desgraça nenhuma...é antes uma dádiva podermos fazê-lo. Porque com isso estamos a contribuir para uma melhor formação de um indivíduo que poderá ser brilhante um dia...mas no seu ritmo! Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Beijinhos.
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De DH a 28.04.2010 às 10:10

Muito bem escrito!
Dulce
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De maria a 28.04.2010 às 21:24

Parabéns pela sua análise e pela forma como fez o comentário. Penso exactamente o mesmo.
Fui professora primária durante 33 anos e doeu-me muitíssimo deixar os meus meninos mas... teve de ser! Adorava o que fazia!
Conheço o N, estou plenamente de acordo com a posição dos pais e acredito nas possibilidades desta criança. Apesar da baixa auto-estima, (a palavra REFORÇO não fez parte dos recursos utilizados pela professora e é tão importante para ele!...) o N é um menino com capacidade de aprendizagem, com muitos conhecimentos sobre temas que lhe interessam( é só pegar nesses temas e fazer um trabalho multidisciplinar).
O N. ainda não tem estrutura psicológica nem adquiriu as competências essenciais para suportar a mudança de Ciclo. Mais um ano no 4ºano,dar-lhe-á a possibilidade de ter a experiência de ser capaz de fazer o mesmo que os colegas, e isso será para ele bastante motivador. Eu acredito nesta criança linda e ternurenta.
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:12

Olá

Obrigado pelas simpáticas palavras...

Jorge
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De Leamar a 30.04.2010 às 17:53

Adorei a parte "dos meus meninos"...Tão terno...Tomara que a minha bebé tenha uma professora assim! Na pré-primária e educadora e as auxiliares são excelentes...
Espero que no decurso da vida escolar da minha filhota possa vir a dizer o mesmo.
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 20:59

Humm.. eu já te disse que devias ter um blog?... devias mesmo.

Beijinho
Jorge
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De Leamar a 30.04.2010 às 17:46

Percebo muito pouco disto para me aventurar...
Até porque não tenho assunto...
Aqui lembro-me de certas coisas porque tu puxas pelos temas! Vou limitar-me a comentar-te...posso?? Bem sei que sou um "cadinho" extensa...
But that's me!!...Uma fala barato. Melhor, uma escreve barato:)
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De Jorge Soares a 02.05.2010 às 21:55

Podes e deves.. os teus comentários são sempre acertados e nunca estão demais...

Jorge
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De Essência a 28.04.2010 às 09:56

Concordo plenamente com tudo o que escreveste. O meu R. até ao 4º ano sempre teve notas razoáveis. A partir do 5º as coisas complicaram-se. O ano passado, em que andava no 7º foi o descalabro, mas lá com a ajuda de apoios da escola e nosso em casa, passou de ano, mas com algumas reticências. Chegando ao 8º no 1º periodo comprovou-se que não estava preparado para este ano com 8 negativas ia ser muito complicado. Lá voltou o apoio suplementar da escola e o nosso e neste 2º periodo recuperou a maior parte das negativas tendo tido 2. Não sei como vai acabar o ano, agora tenho a certeza que se as notas dos testes não foram no mínimo satisfaz, eu tb não vou permitir que ele transite de ano sempre com uma perna atrás. Haver vamos no que isto vai dar.

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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:04

Olá

É isso mesmo, cada ano que passa as coisas vão sendo mais difíceis, porque as lacunas que vem de trás vão-se acumulando e a aprendizagem vai sendo mais difícil.. cabe-nos a nós pais ter atenção para evitar que isto aconteça.

Jorge
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De cigana a 28.04.2010 às 10:48

É uma decisão difícil, principalmente porque é preciso desafiar a vontade do teu filho e da prof., mas acredito que seja a decisão mais acertada.
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:06

Olá

Sim, é uma decisão difícil e é preciso lutar contra a escola e os professores.. mas não duvido que é a decisão certa
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De C.M. a 28.04.2010 às 21:10

Quem dera que todos os pais tivessem a tua consciência. Normalmente, os pais vêm à escola dizer que o filho tem más notas porque o professor não se esforça, nao que saber dele. Raramente aceitam que o filho tem mesmo dificuldades só superáveis com muito apoio que (infelizmente) a escola não sabe dar. Isto para não falar nos meninos sem problemas que simplesmente não ligam nenhuma.Há pais que insinuam que pagam ( como sabes, trabalho num privado) e que por isso o filho tem de passar. Em muitos conselhos de turma analisamos casos de miúdos que devem reprovar tal como o teu fiho, porque não aguentam o ritmo e precisam de amadurecer. Mas para fazê-lo é uma burocracia tal e cria tantos problemas que nem sempre estamos dispostos a isso. Tenho pena, mas é assim que se passa. E no ano seguinte, lá temos nós nas nossas turmas alunos que sabemos bem que estão fracassados à partida e sabemos que o seu sucesso depende muito pouco de nós. E devíamos ser capazes de ajudar, mas a maior parte das vezes, não conseguimos.
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:21

Olá

Entre os professores como em todas as profissões haverá melhores e piores profissionais, mas os pais não se podem simplesmente descartar das suas responsabilidades. Há muita gente que acha que basta enviar as crianças para a escola e ela vem de lá educada e formada... a educação dá-se em casa, a formação dá-se na escola, mas é um trabalho que deve ser seguido pelos pais com muita atenção. As crianças não são todas perfeitas e é bom que nós como pais aceitemos isso.

Jorge
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De libel a 28.04.2010 às 21:55

Olá Jorge,
Estou de acordo contigo, acontece que a minha filha teve uma primária muito variada em termos de professores, um em cada ano, logo, de cada vez que iniciava um ano, iniciava também o conhecimento professor/aluno, não existiu nunca continuidade para que houvesse possibilidade de constatar as difilculdades que o aluno já sentia e trazia de trás...entendes??...Penso que seria a razão essencial para se entender o tal benefício da dúvida e o apelo à auto estima do aluno, devido à falta de conhecimento e experiência de anos anteriores. Ainda assim, derivado aos resultados pouco notáveis de ano para ano, que apenas eu tinha conhecimento ( apesar de os relatar), insisti para que ficasse retida na 4 ªclasse, pois era preferível a ter que enfrentar um 5º ano com mudanças radicais em termos de disciplinas e horários, não estando mínimamente preparada. Inclusive mencionei o facto de ela ter entrado com 5 anos e estar muito a tempo de recuperar. Mesmo assim com resultados mínimos a professora resolveu que seria melhor ela passar e acreditar que ela iria dar conta do recado. Com muitas dificuldades tem passado de ano, até porque como sabes o 5º , 6º são básicos, o 7º já começa a complicar e agora no 8º vai ficar concerteza, pois as bases não as tem e tem vindo a arrastar esta situação desde a primária. Não estou preocupada com o facto de ela ficar retida no 8º ano novamente, mas sinceramente teria preferido que repetisse uma 4ªclasse, até mesmo porque a nível da auto estima que tanto apregoam, penso que quanto mais tarde mais embaraçoso é para eles.
Mas quem pode e quem manda são eles, nós é que suportamos os custos das explicações extra e dos livros e todo o acompanhamento que precisam, pois a certa altura já não importa a auto estima, mas sim os bons resultados que a tanto custo nos são impostos, recaindo toda a responsabilidade nas nossas costas.

Beijokas

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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:26

Olá Libel

A verdade é que não podemos aceitar que quem manda são eles, os filhos são nossos e as decisões também devem passar por nós... e por isso nós vamos fazer tudo para impor a nossa vontade.. como estão as coisas a escola recusa-se a aceitar as suas responsabilidades, nós não podemos abdicar delas também.. até porque como dizes, um filho sai muito ..e nós devemos ter uma palavra a dizer.

Jorge
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De Miss Pepper a 28.04.2010 às 22:42

É curioso que temos um caso semelhante ao teu lá no colégio. Uma menina cuja mãe tmabém é prof., veio pedir-nos para reter a filha. A miúda tem algumas dificuldades, falta de auto-estima e maturidade, ritmo de trabalho lento, etc. A princípio isto surpreendeu-nos pois geralmente vêm pedir para passar, não querendo saber se os miúdos se aguentam ao 5ª ano ou não. O que interessa é passar.
Vamos ver o que se irá passar mas efectivamente ela não está capaz de ir para um 5º ano pois há muitas lacunas e competências ainda a ser trabalhadas.

BEijokas!
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De Jorge Soares a 29.04.2010 às 21:28

Olá

A escola deveria ser a primeira a impedir que crianças que não adquiriram as competências pudessem seguir em frente... mas por incrível que pareça, neste momento os pais tem que andar a mendigar e a travar guerras para que as crianças fiquem retidas ... há algo de muito errado nisto tudo.

Jorge
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De Abigai a 29.04.2010 às 08:59

Olá Jorge,
Confesso que tenho alguma dificuldade em comentar este teu post, por me encontrar numa situação similar mas com prognósticos diferentes. Na minha opinião, ninguém melhor do que os pais (os que se interessam e preocupam, claro!), para avaliar as competências e dificuldades dos filhos, maturidade, auto-estima, etc.
Se é tua convicção que repetir o 4º ano é benéfico para o N., acho que de facto deves fazer todos os possíveis para fazer valer a tua opinião. E, realmente, passar para o 5º ano apenas para não ficar mal no currículo da professora ou nas estastísticas da escola, é simplesmente ridículo, mas isso acontece frequentemente. A professora do G., há 4 anos atrás, reteve uma criança por entender que não tinha bases para avançar mais, os pais recorreram, a professora teve imensas burocracias e problemas a resolver e a criança acabou por transitar para o 5º ano. É frequente os pais acharem que os filhos devem passar mesmo sem ter adquirido os conhecimentos necessários e atitudes dessas também levam os professores a evitar fazer o que é correcto.
O caso do meu G. talvez seja diferente, não sei... Eu própria questionei-me muitas vezes, a professora também. Considero-o uma professora excepcional, muito interessada, empenhada e excelente. O G. tem hiperactividade com défice de atenção, dislexia e défice de compreensão. Está abrangido pelo despacho normativo 50/2005, com plano de recuperação elaborado pelo agrupamento / professora /encarregado de educação, tem acompanhamento de uma pedo-psiquiatra (particular), da psicóloga educacional do agrupamento uma vez por semana e tem uma professora de apoio na sala de aulas 3 vezes por semana. A medicação resolve o défice de atenção. No início de Abril a pedo-psiquiatra resolveu alterará-la na tentativa de conseguir melhores resultados e maior concentração. O resultado foi incrível, todos notaram apesar de não ter informado ninguém, não se nota mais atenção, mas muito mais responsabilidade, e mais anímo para estudar, mais concentração, até parece mais crescido. Mas controlar a hiperactividade e o défice de atenção não tráz conhecimentos... o que o prejudica acima de tudo é o défice de compreensão e dificuldades na memória curta.
Todos sem excepção, são de opinião de que deve transitar, apenas eu e a professora tivemos dúvidas. Está demonstrado que em casos idênticos, o 2º ciclo é uma mais valia pela curta duração das aulas, pela mudança constante de sala e pela diversidade de professoras. Só conheço um caso em particular, e hoje está no 1º ano da faculdade sem nunca ter reprovado. Sei que vai ser uma luta difícil, mas tenho que confiar na equipa que tão bem tem cuidado dele. Desde que iniciou este acompanhamento, quer na sede do agrupamento, na escola ou em casa, tenho notado uma grande evolução, apesar das notas insuficientes.
No último teste de estudo do meio e sendo uma disciplina em que basta decorar a matéria, conseguiu uma nota fantástica, a primeira desde sempre, 83%! Passei a véspera a rever a matéria toda, no dia, a caminho da escola fiz o mesmo. Ele sabia a matéria toda, estava eufórico e feliz e consegiu uma nota fabuosa. Passado dois dias já nada sabia... Repetir um ano não lhe iria trazer mais conhecimentos mas provavelmente mais frustrações.
Desculpa ter uma opinião contrária à maioria, cada caso é um caso e estou certa que ninguém melhor do que tu para avaliar o que é melhor para o teu filho e estou certa que tomaste a decisão correcta.
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De P. a 29.04.2010 às 14:17

Como eu te invejo a ti e ao teu filho por terem a sorte de contarem com uma professora que compreende a problemática da hiperactividade e dislexia.
Talvez se o N. tivesse tido uma professora assim, hoje passado 4 anos, as coisas tivessem num ponto diferente.

Patricia
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De Jorge Soares a 03.05.2010 às 21:21

Olá

Em primeiro lugar, faço minhas as palavras da P., a forma como os professores olham para este tipo de alunos é muito importante... o teu filho tem uma professora como deve ser, alguém que se preocupa e tenta formar... nós não tivemos essa sorte.

Acredito que entendas que fazes o melhor para o teu filho, assim como nós pensamos que estamos a fazer o melhor para o nosso, são sempre decisões complicadas e difíceis de tomar... e só o futuro poderá dizer se tomamos ou não as decisões acertadas.

Obrigado pelo teu comentário.. é da troca de opiniões e experiências que vamos aprendendo..e há sempre outras formas de olhar para a vida.

Jorge
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De José Barros a 29.04.2010 às 12:01

Caro

A auto-estima constrói-se e não é passando de ano sem competências, pois só vai piorar no ano seguinte.
Tenho dificuldade em compreender estes professores. Parece que não percebem nada do assunto quando deviam perceber.
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De Jorge Soares a 02.05.2010 às 21:45

Sim, é difícil entender estas coisas...

Obrigado pelo comentário

Jorge

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