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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
No outro dia a minha colega a Ana, orgulhosa e algo irritada com o seu primeiro filho que está com 9 meses e que é uma daquelas crianças que acha que a melhor maneira de chatear os pais é não gostar de comer, dizia que a mãe e a tia dela achavam que o problema da criança era que tinha o ventre caído (sic).
O Ventre caído é o que lá para Trancoso utilizam para dizer que a criança está augada, que é como se diz na minha terra, lá para os lados de Palmaz, Oliveira de Azeméis. Na altura brincamos com ela e eu perguntei quando é que ela levava o filho à bruxa.
Não me lembro nunca de ter augado, quer dizer, quando já era adolescente, auguei algumas vezes, por algumas das minhas colegas que não me ligavam, mas isso é outra historia. Mas lembro-me de ter aí uns 7 ou 8 anos e o meu irmão ter augado, e de alguém ter ido lá a casa e talhar o augado ao rapaz.
Se calhar se eu perguntar à minha mãe ela diz-me como é que se faz a talha, que imagino será diferente em Trancoso e portanto não sei se será válido aos olhos da mãe da Ana, de todos modos, pesquisando um bocadinho na Net, encontrei o Blog Santa terrinha, mais ou menos explicam a coisa.
Já agora, dizemos que alguém está augado quando está com ideia fixa em alguma coisa, normalmente alguma comida que viu, lhe apeteceu e não pode provar ou comer, normalmente os sintomas são falta de apetite, apatia, falta de interesse, também se traduz por estar com cara de carneiro mal morto. Para além da talha, outra possível cura é enfartar-se naquilo que se está a desejar, o problema é que muitas vezes não se sabe o que é.... ou quem é. :-)
Já agora o dicionário da Porto Editora diz que a palavra existe mesmo, é o verbo augar, e augado é o seu particípio passado.
Quanto ao miúdo da Ana, acho que é muito pequeno para augar, e o meu irmão, apesar dos seus trinta e tal anos, continua a ser esquesito com as comidas.
Jorge
Hoje vou plagiar, um pedaço de um livro, encontrei isto noutro BLOG, mas este bocadinho de livro é tão grande, tão forte que decidi plagiar.
El hombre más sabio que jamás conocí, Fermín Romero de Torres, me había explicado en una ocasión que no existía en la vida experiência comparable a la de la primera vez en que uno desnuda a una mujer. Sabio como era, no me había mentido, pero tampoco me había contado toda la verdad. Nada me había dicho de aquel extraño tembleque de manos que convertía cada botón, cada cremallera, en tarea de titanes. Nada me había dicho de aquel embrujo de piel pálida y temblorosa, de aquel primer roce de labios ni de aquel espejismo que parecía arder en cada poro de la piel. Nada me contó de todo aquello porque sabía que el milagro sólo sucedia una vez y que, al hacerlo, hablaba un lenguage de secretos que , apenas se desvelaban, huían para siempre. Mil veces he querido regresar y perderme en un recuerdo del que apenas puedo rescatar una imagen robada al calor de las llamas. Bea, desnuda y reluciente de lluvia, tendida junto al fuego, abierta en una mirada que me ha perseguido desde entonces. Me incliné sobre ella y recorrí la piel de su vientre con la yema de los dedos. Bea dejó caer los párpados, los ojos y me sonrió, segura y fuerte.
Hazme lo que quieras – susurró.
Tenía diecisiete años y la vida en los labios.
In: ZAFÓN, Carlos Ruiz, 2001. La Sombra Del Viento. Barcelona: Ed. Planeta, 37.ª edición, 2004.
Fotografia tirada na fortaleza do Monte em Macau.
Jorge
Há uns dois ou três anos atrás estava eu a fazer zapping de rádio num parque de campismo das Astúrias, quando de repente passei por um som conhecido, uma musica da Mariza numa rádio espanhola, era a RDP lá do sitio e estavam a fazer uma entrevista à Mariza.
Uma longa entrevista em que a cantora fala da sua vida e da sua musica, confesso que para além de algumas das musicas, eu não conhecia absolutamente mais nada sobre a Mariza. Nesse dia e depois de uma longa e muito bem conseguida entrevista, fiquei a conhecer a Mariza, foi preciso ir para a Espanha para ficar a conhecer uma grande cantora do meu pais.
Hoje andava no You Tube à procura de alguma coisa sobre Setúbal para colocar aqui, quando me deparei com este magnifico vídeo da Mariza e do Rui Veloso
Hoje a minha filha Raquel, que tem 8 anos e é uma adicta à leitura, requisitou o seu primeiro livro na biblioteca da escola, como seria de esperar de alguém de 8 anos escolheu o livro pela capa.....podia ser pior. O nome do livro?, André e a esfera mágica, de Manuela Gonzaga.
Depois de ler 60 paginas e de uma queixa da professora de musica, de que ela passou a aula a ler o livro em vez de estar com atenção à lírica, ela chegou a casa chateada, é que apesar de ser interessante, a capa e o nome não tem nada ver com a historia, grande frustração, porque é que as pessoas inventam capas para os livros que não tem nada a ver com a Historia? Boa pergunta, não acham?
Assim de repente, e para além de La sombra del viento, que convenhamos é um nome estranho, consigo-me lembrar de Cem anos de solidão, do Garcia Marquez, ou de a Voz dos deuses de João Aguiar, ou de O nome da Rosa de Umberto Eco, tudo livros fabulosos...e com nomes estranhos.
Jorge
Dizia-me uma boa amiga que durante as ultimas férias se tinha lembrado de mim, tinha lido um livro que a tinha feito lembrar-se de mim, antes que ela disse-se qual, já eu estava a dizer o nome, La sombra del viento, de Carlos Ruiz Zafon.
Confesso que eu nunca tinha ouvido falar de este autor, a minha mulher comprou o livro em Valência e eu levei para Macau, comecei a ler no Aeroporto em Lisboa, mas uma viagem de 13 horas até Hong Kong toda feita de noite não dá para ler muito. Voltei a pegar no livro 3 ou 4 dias depois, quando o Jet Leg começou a passar. Quando entrei no livro já não o consegui largar, é uma historia fantástica, que se passa na Barcelona da época de Franco, onde se fala de livros, de historias de amor, da inocência perdida e de aprender a viver com a vida.
Um livro fantástico que aconselho vivamente e que em Português se chama A sombra do vento.
Jorge
Esta semana não comprei o Sol, comprei o DN, é mais barato, também não foi preciso, o fim-de-semana noticioso foi pautado pelas declarações do Procurador-geral da Republica, Pinto Monteiro, neste Jornal.
Segundo o site do SOL, O Procurador-Geral da República afirmou que em Portugal as escutas telefónicas «são feitas exageradamente» e manifestou «profundas dúvidas sobre a proibição da publicação» dos seus conteúdos, como define o novo Código do Processo Penal, admitindo que o seu próprio telemóvel pode estar sobre escuta.
Em Portugal o PGR é responsável pela direcção global do Ministério publico, o ministério publico é o único com poderes para ordenar escutas....de donde concluímos que o PGR não tem controlo sobre o ministério publico e não sabe o que este anda a fazer. Isso ou além do ministério publico mais alguém anda a ordenar escutas. Mas nesse caso ele não deveria ordenar ao ministério publico, que ordenasse à policia, que investigasse quem anda a fazer escutas ilegais?
Pelo que ouvi, o homem fez aquelas afirmações com base em ruídos estranhos que o telefone fazia....já pensou em comprar um telemóvel novo?
Das duas três, ou temos um PGR incompetente, ou há escutas ilegais, ou o homem é paranóico, chamem o Mulder e a Schully.
Jorge
O que e o jantar
Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto, conhecido popularmente como Pablo Neruda. Poeta chileno. (1904-1973).
Pablo Neruda - De Vinte poemas de amor y una canción desesperada
Poema XX
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos".
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la queria.
Como no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oir la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocio.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso és todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuanto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.
E a tradução
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.
Para ir de Macau para Hong Kong é necessário mais ou menos uma hora de Jet Foil, mas é como passar de um mundo para outro, algo assim como passar do Martim Moniz para o Colombo, ou Almada Fórum.
A imagem com que fiquei foi, além dos milhares de táxis vermelhos e do frenesim incrível, a de um gigantesco centro comercial de luxo, donde podemos encontrar tudo, de todas as marcas e tudo excessivamente caro.
Mas eu só lá estive umas horas......
Jorge
O que e o jantar
Pelos vistos, no Algarve bastam 80 Euros e um dia da sua vida, é o preço a pagar pela felicidade, pelo menos é o que diz nesta noticia.
Lendo com mais detalhe, afinal o preço da felicidade são 1500 Euros e 180 Horas para o curso básico. Ainda segundo a noticia, «Trata-se de perceber o que nos leva a ter determinados comportamentos e adoptar estratégias para alterá-los, desde que sejam um impedimento para a realização de objectivos»
Para ser sincero, se eu tivesse 180 horas livres e 1500 Euros para gastar no Algarve, de certeza que não seria num curso a aprender a ser feliz.
A ser feliz não se aprende na escola, aprende-se na vida.....ainda que a escola possa ser parte da vida.
Falando de felicidade, vejam esta fotografia:
Na parte antiga da Taipa, ali perto do Santos e do Galo, tipical portuguese food que eu não aconselho, estava esta placa, mais que uma rua, é um pequeno beco, ainda mais pequeno que o Beco da felicidade, será que os chineses sabem escolher as devidas proporções da vida?
É isso, 1500 Euros e 180 dias no Algarve, e mais de um termina num beco....sem saida!.
Jorge
O que e o jantar.