Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Sexta é dia de vídeo cá no blog, dia que foi instituído em parte porque à sexta costumo estar cansado demais para pensar num post , como estou de férias, até tinha alguns temas, estive quase a pegar na dica da Dona Aranha e escrever um tratado sobre o orgasmo... mas ia ter que colocar uma bolinha vermelha no blog, também tenho uma receita de frango adiada desde há bastante tempo... enfim, hoje não faltavam temas. Por fim, decidi-me por uma coisa muito mais séria...e que até tem a ver com tudo isto.
Passou um ano sobre a adopção da nova lei do aborto, aquela que foi aprovada como consequência dos nossos "Sim". Hoje no Radio Clube havia um fórum sobre esse tema, e uma convidada (lamento, vinha a conduzir e não tomei nota do nome) que dizia que um ano depois, continua a haver aborto clandestino no nosso pais, e que um ano depois, continuam a haver mulheres neste pais que não sabem que existe uma lei que lhes permite abortar legalmente , e que há mulheres neste pais que quando querem abortar, continuam a dirigir-se aos vãos de escada, porque não sabem que se podem dirigir a um hospital e abortar em segurança.... COMO É POSSÍVEL ?
Dizia a senhora que diariamente há mulheres que ligam para a linha de apoio à mulher e que não sabem absolutamente nada sobre a nova lei do aborto nem donde se devem dirigir.... COMO É POSSÍVEL ?
Eu sempre fui pelo sim ao aborto porque entendia que a situação que vivíamos em Portugal era de uma hipocrisia extrema, porque todos os dias se faziam abortos em condições degradantes para as mulheres, porque morriam muitas mulheres em vãos de escada, porque independentemente da lei, todos os dias se faziam abortos neste pais e eu entendia que o facto de o aborto ser legal ia melhorar a situação.
Por favor, passou um ano, como é possível que existam mulheres que continuam a abortar clandestinamente?, como é possível que existam mulheres que não saibam que a lei entrou em vigor?, COMO É POSSÍVEL ?
É claro que é possível , é possível porque o verdadeiro problema deste pais está na desinformação, na deseducação , está em que os jovens chegam à idade adulta sem que ninguém lhes tenha falado seriamente sobre o assunto, porque sexo e tudo o que está à volta, neste pais é tabu. Eu lembro-me de estar no 3 ano do liceu na Venezuela e ter feito um trabalho sobre anticoncepcionais, de ter que investigar e fazer uma apresentação na aula. Depois cheguei a Portugal e era sempre o mais informado...porque ninguém, tinha ouvido falar do assunto seriamente... e continuamos assim.
Vamos ao Vídeo , há um blog que costumo frequentar que tem esta musica, que eu adoro, é fantástica e esta versão também
Jorge
De Jonathan Littel.
Maximilien Aue é um ex-oficial nazi, homossexual , apaixonado de forma obsessiva pela irmã gémea , educado num colégio católico donde é abusado pelos padres e pelos restantes estudantes. Um encontro homosexual fortuito num jardim faz com que termine nas SS alemãs, donde é um dos responsáveis pela solução final, a eliminação de todos os Judeus.
São 900 páginas em letra miudinha, é um livro frio donde são descritos com detalhe e pormenor os processos utilizados para matar milhões de seres humanos, as relações sexuais do protagonista com os amantes de ocasião, a forma como ele mata a mãe e o seu melhor amigo que o tinha levado a ser quem era e que lhe acabava de salvar a vida.
É um livro com muitas facetas: um livro politico, donde se discutem os pormenores do poder do Nacional socialismo; um livro psico-social donde se discutem as taras e manias sexuais, as obsesões e as culpas familiares; um livro histórico donde de discute em pormenor a segunda Guerra mundial e a escenção e queda do nazismo; é um livro Freudiano, donde se dicutem os sonhos do protagonista e os seus significados... 900 páginas dão para muito.
No geral, é um bom livro.... não aconselhável a pessoas impressionaveis, tem descrições brutais, crueis e inhumanas.
Sinopse da Editora:
As Benevolentes são as memórias de Maximilien Aue , um ex-oficial nazi, alemão de origens francesas que participa em momentos sombrios da recente história mundial: a execução dos judeus, as batalhas na frente de Estalinegrado, a organização dos campos de concentração, até a derrocada final da Alemanha. Uma confissão sem arrependimento das desumanidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, que provoca uma reflexão original e desafiadora das razões que levam o homem a cometer o mal.
Jorge
PS:Imagem retirada da internet
Domingo à tarde, num bar com esplanada numa praia do Algarve. Estou sentado na esplanada a ler o meu livro, as crianças brincam na areia.
Distrai-me do livro com a chegada de uma trupe, mãe e três filhos, eu diria 4, 5 e 7 anos. A senhora falava inglês com sotaque britânico, loira, mini-saia e olhos azuis turquesa.
O primeiro que me chamou a atenção foi que o miúdo do meio vinha a andar calmamente com a chucha (chupeta) na boca e um boneco que alguma vez tinha sido um macaco de peluche, com aspecto de ter sido arrastado de Inglaterra até aqui pelo chão, leia-se "a desfazer-se aos bocados", numa mão. A miúda tinha as unhas dos dedos dos pés e das mãos pintadas do mesmo vermelho sangue das da mãe, mas tinha a chucha na boca.
Sentaram-se na mesa do lado da minha, o miúdo do meio o primeiro que fez quando se sentou foi pousar a chucha em cima da mesa e pôr-se a chuchar o saleiro, depois, espalhou sal pela mesa, voltou a pegar na chucha e ia comendo sal da mesa com o dedo.
Para o mais velho veio um leite com chocolate, que rapidamente ele entornou para a mesa, a mãe foi buscar um pano, ele ficou sentado impávido e sereno , a ver o leite com chocolate a cair da mesa para os calções e as pernas, enquanto ia bebendo directamente da mesa com os dedos para a boca.
Aqui foi quando a P. se virou para mim e disse: e queixamo-nos nós dos nossos!
Jorge
PS:Fotografia minha.... tirada mais ou menos da mesma esplanada de que falo acima.
Ontem na viagem de regresso vinha a ouvir o Radio clube, o tema do dia era outro, mas no fim, tudo se resumia a "Os nossos impostos", já que essa foi a frase que mais escutei durante aquelas mais de duas horas de viagem.
Começou pelas noticias, segundo esta noticia , um cidadão português foi detido no Peru na posse de três quilos e meio de cocaína que planeava trazer para Portugal. Mas a noticia não era essa, a noticia era que o rapaz estava indignado porque ninguém do governo Português o tinha contactado para lhe dar ajuda..... Desculpe?, o fulano foi apanhado a traficar droga, coisa que confessou, e pretende ajuda? ajuda para quê?
Alguém comentava que não era com os nossos impostos que iriam pagar um advogado ao senhor...... nem mais, digo eu.
A seguir o tema era o financiamento das campanhas eleitorais, com a participação dos ouvintes. O mote geral das participações era que o estado não tinha nada que financiar as campanhas e que os partidos deveriam arranjar maneira de se financiarem. Não consigo estar de acordo, por dois motivos:
Sou dos que acham que os pequenos partidos são importantes, e tem que sobreviver. Dito isto, está claro estou de acordo com a actual lei, e que não acho que utilizar os nossos impostos para garantir o funcionamento da democracia representativa, seja das piores coisas.
Jorge
Lá fora o tempo era o que podem ver na imagem, dentro do carro, no banco de trás, a conversa era mais ou menos assim:
-Fonix , dá cá isso!
-N. isso é asneira, não podes dizer asneiras!
-Não é nada!
-É é, isso é uma asneira.
-Não é nada, isso era antes, agora já não é!
-Mamã, é uma asneira, não é?
Cá à frente eu conduzia e sorria entre dentes, a mãe lia e estava distraída .... a conversa continuou:
-Não é pois não mamã? agora já não é asneira?
-haaaa , não é asneira o quê? - Diz a mãe!
-Fonix , a R. diz que é asneira, mas já não é, isso era antes!
A esta altura já eu sorria, estava-me a lembrar dos não sei quantos posts que li sobre a palavrinha e a ideia dos CTT de a escolherem. A mãe olhou para mim com ar de interrogação.
-Bom, eu não sei se é asneira, mas na duvida é!, não podem dizer!
Eu fiquei na duvida, o N. tem razão?, agora já não é asneira?, e antes era? quem me tira a duvida?
Jorge
PS:Fotografia tirada pela P de dentro do carro.... e choveu a sério!
Sexta é dia de video cá no blog
Estava a ouvir Nina Simone, mas são tantas, que não me decidi, fica para outra altura, vou-me repetir, porque adoro esta musica.....
E com isto, o blog vai para férias.. quer dizer, eu vou para férias, o blog fica.....até um dia destes.
Jorge
Escrevi este post em Novembro, inspirado por uma noticia que falava de um cozinheiro que tinha sido despedido de um hotel porque confessou que era portador de HIV, o vírus da Sida.
Nos meus 45 minutos diários de Loures para Setúbal ao fim do dia, costumo ouvir muitas vezes o programa Historia Devida que passa na Antena 1, para quem não sabe, é um programa em que são lidas historias enviadas pelos ouvintes, naquele dia eu decidi enviar uma versão do Post . Enviei, e esqueci o assunto, hoje recebi um email, dizia o seguinte:
"Obrigada por ter participado no programa «A história devida».
A sua história foi seleccionada e vai ser lida em antena pelo Miguel Guilherme na terça-feira, dia 8 de Abril.
Pode ouvi-la às 17h20, 21h20 ou 03h20, na Antena 1, da RDP"
Vou-me repetir, mas acho que merece, a minha historia vai estar na Radio.
O quebra cabeças de arame, ou, A vida dificil dos portadores de HIV
Algures no ano 1992 ou 93, estava eu na loja da Valentim de Carvalho no Rossio... acho que já não existe, e acercou-se a mim um jovem, teria mais ou menos a minha idade, tinha um alicate e arame de cobre na mão, enquanto falava ia moldando o arame. Disse o nome, e que era portador do HIV, falou-me do vírus, e das dificuldades que sentia, ele e os portadores da mesma doença, para poder viver na nossa sociedade.
No fim da nossa conversa, ele tinha moldado um quebra-cabeças de arame, e disse-me que era para mim, não custava nada, mas que agradecia se eu o pudesse ajudar com algum dinheiro, não era fácil a vida para ele, não conseguia arranjar emprego.
Eu era um estudante deslocado em Lisboa e sem muitas posses, ofereci-lhe 500 Escudos, e algumas palavras, para a média eu era uma pessoa informada sobre o assunto, disse-lhe isso e algumas outras coisas, lembro-me de no fim lhe ter apertado a mão e senti que ele
ficou surpreendido, comovido, percebi que ele não estava à espera de aquele aperto de mão.
Ora isto foi em 1992 ou 93, na altura não existia a informação que existe agora, não sei o que terá acontecido com aquele ser humano, como não sei o que aconteceu com o quebra-cabeças de arame, de vez em quando lembro-me dele. Estamos em 2007, passou muito tempo, vivemos na era da informação, do google , todos deveríamos saber que é o HIV,
infelizmente não é assim.
Jorge Soares
Setubal