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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Queria ser escolhido.....
"Acordo bem cedo, mas gosto de ficar ali na cama a olhar para aquele espaço cheio de pessoas, e vazio de memórias... "Será que é hoje?" Não sei quem me ensinou esta frase, esta pergunta, mas sei-a de cor, repito-a todas as manhãs. A verdade é que não sei ainda acredito que o "hoje" pode chegar. "Será?"
Vivo nesta casa há 11 anos, no total dos meus 12. Tenho os colegas, as pessoas que cuidam de mim, a minha escola, mas... Falta-me algumas coisas. Queria um quarto só meu com coisas compradas para mim... Queria alguém se preocupasse realmente comigo, com as minhas notas e que parasse com a sua labuta só para me ouvir contar o que se passou no meu dia. Queria uma festa de anos, com bolo e presentes, com amigos, e quem sabe até com um palhaço? Queria poder jantar à mesa onde se contavam as novidades, historias e ensinamentos. Queria que me ajudassem a fazer os trabalhos da escola, que me ensinassem a andar de bicicleta, a construir pequenas coisas e a jogar à bola... Queria aprender o significado de preocupação, e de carinho. Queria saber o significado da palavra família, e o poder de um abraço. Queria tanto uma historia contada ao deitar, um abraço e um beijo de boa noite...
Sonho acordado com tudo isto, vejo-me a correr, a brincar e a sorrir num jardim grande de um casa bonita. Cada vez que vejo um casal a entrar pela porta penso: "Olá, estou aqui e sou um bom menino. Não me querem conhecer?" Mas depois sou puxado para a realidade... Há 11 anos que espero, que sonho, mas os dias vão passando, as pessoas vão entrando e saindo e ouço continuamente aquele sussurro: "Ele não, que é grande demais, queremos uma criança pequenina..." Esta frase já não me faz chorar como me fez, das primeiras vezes... Aceito-a agora com normalidade. Vou ficando aqui até que um dia decidam o meu futuro.
Cátia Azenha"
Retirei este texto do blog da Cátia, o Ticho , é um texto de ficção mas que reflecte a realidade de muitas crianças em Portugal, crianças que passam anos e anos à espera.... crianças que tem direito a uma família....
Na realidade as coisas não acontecem como na história, na realidade as pessoas não vão aos centros de acolhimento escolher as crianças, por norma a segurança social apresenta um caso de uma criança aos candidatos e só após estes aceitarem é que acontece o encontro, que muitas vezes nem é no centro de acolhimento. Mas a realidade das crianças entregues ao estado e esquecidas existe.
Pelo direito a uma família!
Jorge
Obrigado Cátia
Os que me seguem desde o inicio do blog, de certo que se lembram de um ou dois posts que escrevi sobre a professora do meu filho, das dificuldades pelas que passamos e do difícil que foi aceitar algumas situações. Com o tempo as coisas melhoraram, o N. aprendeu a lidar com a professora, ela foi aceitando as dificuldades de lidar com uma criança com problemas de dislexia e com baixa auto-estima, ambos se foram adaptando à situação e as coisas correram bem.
A ideia que tenho daquela professora é a de alguém que tem um método rígido, que é extremamente eficaz para as crianças "normais", mas que pode ser muito complicado para crianças mais "difíceis" ou com problemas. Mais que aquilo que eu acho, há duas ou três imagens que descrevem muito bem esta professora: Em primeiro lugar, quando falta alguma outra professora e distribuem as crianças pelas salas das colegas, nenhuma das crianças quer ir para a sala dela, as outras crianças tem terror a ir para lá. Por outro lado, eu não me lembro de chegar à sala e ouvir barulho ou desordem, as crianças estão sempre com atenção e em silêncio. Mas talvez a imagem que mais me marcou, foi uma frase da professora da R. no final do ano.... "Se os meus filhos vierem para esta escola e me perguntarem qual a professora que prefiro, eu prefiro a professora ....., não há ninguém que consiga ensinar e colocar ordem nos alunos como ela". Os outros professores tem inveja da ordem que existe na sala dela.
Que me lembre nos mais de 20 anos de escolaridade só encontrei um professor que impunha este respeito nos alunos. No 9º ano eu estava numa turma verdadeiramente terrível, a meio do ano e depois duma enorme confusão num teste, mais de metade da turma esteve com uma semana de suspensão. Mas havia um professor que respeitávamos tanto que mal ele entrava na sala, todos nos púnhamos de pé e nunca havia a menor complicação nas aulas dele. Há pessoas que tem o dom de se fazerem respeitar, este era uma dessas pessoas, era o professor de biologia e não me lembro de que alguém tenha tido negativa na disciplina dele.
Jorge
PS:imagem retirada da internet
Para mim o facto de viver em sociedade significa que os meus direitos terminam exactamente onde começam os das pessoas que me rodeiam e evidentemente espero que o resto do mundo se comporte assim quando olha para mim. Dito isto, a mim faz-me alguma confusão que a discussão da lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo levante tanta poeira. Do meu ponto de vista, a pessoa com quem nos queremos casar é algo do foro pessoal, quando eu me casei com a P. só lhe perguntei a ela se queria casar comigo, porque só ela e a mim nos interessava o assunto, não me passou pela cabeça perguntar a mais ninguém e muito menos que haveria uma lei que permitiria ou não o casamento.
A orientação sexual das pessoas é algo pessoal, algo que só diz respeito a ela e aos seus parceiros, até porque quando falamos de sexo é muito difícil falar do que é ou não normal, basta uma simples pesquisa no google para encontrarmos muitos exemplos de orientações sexuais que incluem pessoas de sexos diferentes e que para a maioria são completas aberrações. A igreja católica acha que não é normal a utilização dos principais métodos anticonceptivos... então e se um destes dias se lembrarem de impedir o casamento de quem os utiliza?
Cada um deveria poder casar com quem bem entender, independentemente de sexo, raça ou religião, desde que ambos estejam de acordo e o façam de livre vontade, o que é que temos a ver com isso? O que estamos a discutir não é o casamento, é a discriminação, o facto de discriminarmos ou não alguém pelo simples facto de ter gostos diferentes dos nossos.
Somos um país com uma mentalidade mesquinha, um país de virtudes publicas vícios privados e sabem que mais, há muita gente por aí que deveria ter vergonha.
Como dizia o post de ontem... Nada tienen de especial....
Jorge
Imagem retirada da internet
Recordo uma madrugada em que ouvi esta musica na Radio Renascença, O Zé candeias tinha um programa entre as cinco e as seis da manhã que o Sr. António, que todas as segundas feiras me dava boleia da santa terrinha para Lisboa, ouvia religiosamente. Era a época em que haviam musica proibidas nesta emissora.... e ainda estou para acreditar como é que esta passou.....
Nada tienen de especial
dos mujeres que se dan la mano
el matiz viene después
cuando lo hacen por debajo del mantel.
Luego a solas sin nada que perder
tras las manos va el resto de la piel
un amor por ocultar
y aunque en cueros no hay donde esconderlo
lo disfrazan de amistad
cuando sale a pasear por la ciudad.
Una opina que aquello no está bien
la otra opina que qué se le va a hacer
y lo que opinen los demás está demás.
Quien detiene palomas al vuelo
volando a ras del suelo
mujer contra mujer.
No estoy yo por la labor
de tirarles la primera piedra
si equivoco la ocasión
y las hallo labio a labio en el salón
ni siquiera me atrevería a toser
si no gusto ya sé lo que hay que hacer
que con mis piedras hacen ellas su pared.
Quien detiene palomas al vuelo
volando a ras de suelo
mujer contra mujer.
Una opina que aquello no está bien
la otra opina que qué se le va a hacer
y lo que opinen los demás está demás.
Quien detiene palomas al vuelo
volando al ras del suelo
mujer contra mujer.
Mecano - Mujer contra mujer
Jorge
O post sobre o sexo no confessionário foi um dos que mais visitantes atraiu aqui para o jantar, parece que o tema fetiches é popular.... pensando bem, se calhar o tema sexo é que é popular.... mas eu hoje vou voltar a falar de fetiches... ou seja de sexo :-)
Acho que todos estaremos de acordo em que a imaginação é um dos principais ingredientes quando se trata de sexo, quem diz imaginação diz fantasia. O que será que leva alguém a ter um fetiche?, uma tara?, uma mania? uma fantasia?, por norma os fetiches tem a ver com experiências, com situações que já vivemos e que nos deixaram marcas positivas, boas recordações, situações a repetir ou a explorar. Há pessoas que pensam tanto numa determinada situação que viveram, que só voltam a sentir-se realizadas se a repetirem, depois há quem decida levar essas experiências mais além e experimentar algo mais..... e há até quem só consiga ter relações sexuais satisfatórias em determinados lugares ou situações. Mas há quem leve tudo isto ao exagero, vejamos a seguinte noticia do Sol:
"Um homem e uma mulher morreram na província sul-africana de Mpumalanga (a leste de Pretória) ao serem atropelados por um comboio de mercadorias. O casal estava a fazer sexo em plena linha férrea"
Diz a noticia que eles ignoraram completamente os avisos do maquinista do comboio e continuaram como se nada fosse. Desculpem lá, mas por muito bom que estivesse a ser.... havia sempre a hipótese de deixar o comboio passar e repetir... talvez não, talvez fosse um daqueles casos em que só conseguiam ter prazer com o perigo eminente da chegada do comboio. Eles não viveram para contar.... mas pelo menos morreram felizes!
Jorge
PS:imagem retirada da internet
Há coisas que simplesmente me deixam parvo, hoje alguém me deixou parvo e além disso conseguiu tirar-me do sitio, conseguiu irritar-me mesmo, ..... e confesso que se calhar me excedi, mas há pessoas que não merecem mais, vejamos:
Em Maio quando montaram a cozinha, eu disse que tinham errado as medidas e que o frigorifico não cabia. Foram medir o frigorifico, segundo eles havia 3 milímetros de cada lado, portanto.... Em Julho quando nos mudamos, verificamos que eu tinha razão, aquilo estava mal. Eu mudei a 16 de Julho, passou o tempo, eles encerraram em Agosto e no inicio de Setembro começamos a chatear. Que sim, que vinha resolver durante a semana a seguir... passou uma semana, duas, e a conversa era sempre a mesma. Hoje, liguei eu... para uma conversa de parvos, vejamos.
-Estou a ligar por causa da cozinha.
-Sim, eu já falei com a sua esposa e disse que íamos aí quando pudermos.
-Desculpe, mas isso é o que dizem desde há dois meses.
-Pois, mas ainda não deu
-Bom, eu quero saber quando é que resolvem o problema.
-Quando pudermos.
-Desculpe mas eu quero que marquem um dia e uma hora.
-É quando pudermos.
-Andamos nisto há meses, e eu estou a ficar chateado...
-O senhor está chateado porquê?, mas que país é este em que vivemos?, o senhor está chateado, eu não acredito, o senhor liga para aqui chateado?
Vejam, bem, o senhor ficou indignado, porque eu estou chateado porque ando há meses para resolver um problema que ele criou...... confesso que me passei, saltou-me a tampa quando ele me repetiu duas vezes a a pergunta "Que pais é este?".
Vejamos, ele está há dois meses para resolver o problema, cada vez que ligamos é na semana a seguir de certeza, não cumpre, mas ele é que fica irritado porque eu exijo que cumpra com as obrigações dele...digam lá, não é caso para perguntar:
-Que país é este?
E sabem que mais, ligou para o Eng. da obra a fazer queixinhas de mim.... pena que eu não gravei a chamada, porque dava um belo sketch para os apanhados. Por certo, disse que estava cá terça feira às nove da manhã, alguém quer apostar?
O mundo não pára de me surpreender!
Jorge
O dia começou cedo, tinha que estar no centro de saúde de Setúbal às 8 da manhã para tentar uma consulta com a médica de família. Para quem ia para lá sem consulta marcada, eu estava preparado psicologicamente para estar lá a manhã toda e parte da tarde. Erro meu, cheguei às 8 e pouco passava das 9 quando de lá saí. A médica foi simpática e não colocou nenhum problema com a baixa e a funcionária administrativa que me atendeu a seguir foi de uma eficiência extrema. Mal me viu com a perna engessada mandou-me entrar, na verdade eu tinha a senha seguinte, mas ela não sabia, marcou a próxima consulta, alterou os dados para a nova morada, deu todas as explicações necessárias, simpatia e profissionalismo extremos, nada que ver com aquela imagem que temos do funcionalismo publico.... se calhar tem a ver com o sotaque latino.... parece que há esperança para este país… mesmo que venham do lado de lá do atlantico
O resto do dia foi chato, isto de estarmos o dia todo em casa sem muito para fazer tem piada quando não é possível. Assim, não tem piada nenhuma, vão por mim, é uma chatice a sério. Não sabem a vontade que tenho de ir por aí e ver o Outono a chegar, as folhas a cair, ir ver o mar... ainda por cima chove no país todo, há inundações por todo lado e aqui não cai uma gota, a ultima chuva que vi foi nos Açores no dia em que caí. Já disse aqui que eu gosto de chuva?.. eu gosto de chuva.
Ainda por cima passei o dia todo a trautear manham manham, a culpa é da Xana, (amiga, não há mal que dure cem anos!) que me deixou este vídeo:
Isto fica mesmo no ouvido :-)
Jorge
PS:Imagem retirada da internet
Quem se lembra da Miss Piggy?, ou do Fozzie o aprendiz de comediante?, ou do Rowlf o cão pianista? dos dois velhos mordazes e maldizentes? ou do terrivel cozinheiro sueco? Já passaram 30 anos desde os ultimos programas desta fantástica série, imagino que a maioria de vocês nem terá ouvido falar do assunto, eu passado todo este tempo ainda consigo trautear a Musica.
Eles são Os Muppets ou os Marretas na versão Portuguesa, uma série fantástica que fez parte do meu imaginário e vão voltar, em filme e novos programas. Podem ler a noticia no Diário de noticias.
Entretanto para recordar ou para quem não conhece, aqui estão eles:
Entretanto, hoje começa o Outono...e eu nem dei pelo verão :-(
Jorge
PS:Imagem retirada da internet
"Querida Mãe,
Quero viver contigo, Estou farta de viver com o Pai. Não é que tenha acontecido alguma coisa ruim, porque há muito tempo que nada de ruim acontece ,só que fico farta dos seus modos. De me preocupar com ele, de me preocupar com a bebida e de me preocupar com as drogas e de me preocupar com o que vai acontecer com o nosso dinheiro e de me preocupar se se vai meter de novo em sarilhos e de me preocupar com o que me vai acontecer. Quero viver contigo..... "
Quando terminei de ler A Criança que não queria falar fiquei com vontade de saber o que aconteceu com aquela criança. Era uma histórica verídica de uma menina de 6 anos, uma mente brilhante que estava no inicio da vida, a história não poderia terminar ali. Efectivamente a historia não termina ali e a continuação está em a Menina que nunca chorava.
Entre as estadas do pai na prisão e nas clínicas de reabilitação, Sheila vai crescendo entregue ao estado, entre centros de acolhimento e famílias temporárias, é apesar de tudo uma criança normal que consegue dar a volta e seguir enfrente, sempre.
Aos 13 anos volta a reencontrar Torey, por estranho que pareça, pouco se lembra de aquela turma que viria a mudar a vida dela, lembra-se da professora mas de pouco mais. Ambas vão reencontrando aquele passado e lutando com os fantasmas que perseguem Sheila.
Sheila é uma adolescente que se converte num adulto precoce, cresceu sozinha e solitária sem conhecer o amor dos que a rodeiam e a sonhar com encontrar a mãe, tem uma visão do mundo muito própria e por vezes irrealista.
O livro tem partes chocantes, porque nos mostra alguns pormenores da cultura americana que para nós são impensáveis, a forma como vêem a adopção e o acolhimento de crianças de um modo que achei completamente leviano, o modo com tratam os problemas das crianças e adolescentes, etc. Por outro lado, mostra-nos a forma como os fantasmas do passado perseguem as crianças que foram abandonadas, Sheila nunca desiste de tentar encontrar a mãe, sonha com ela e com o momento em que se irão encontrar.
"Querida mãe,
A vida está a ser boa para mim. Tenho um grande emprego e o meu próprio apartamento e um cão chamado Mike. Desculpa, já não penso muito em ti. Quero faze-lo, mas não tenho tempo. É pena que nunca me tenhas conhecido. Penso que terias gostado de mim.
Com amor Sheila"
Jorge