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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Fotografia minha de Momentos e olhares
A abelha que, voando, freme sobre
A colorida flor, e pousa, quase
Sem diferença dela
À vista que não olha,
Não mudou desde Cecrops. Só quem vive
Uma vida com ser que se conhece
Envelhece, distinto
Da espécie de que vive.
Ela é a mesma que outra que não ela.
Só nós - ó tempo, ó alma, ó vida, ó morte! -
Mortalmente compramos
Ter mais vida que a vida.
Ricardo Reis
Apr 19, 2009,Câmara: SONY DSLR-A350,ISO: 160,Exposição: 1/320 seg.,Abertura: 5.6,Extensão focal: 200mm
Um daqueles momentos que dá nome a este blog, há coisas que só vejo quando passo as fotografias para o computador, eU foquei e fotografei a flor e a abelha maior, a outra foi um bónus da natureza, nem me lembro de a ver por lá.
Detalhes de uma primavera que já esteve em flor
Setúbal, Abril de 2009
Fotografia minha de Momentos e olhares
Quinto Poema do pescador
Eu não sei de oração senão perguntas
ou silêncios ou gestos de ficar
de noite frente ao mar não de mãos juntas
mas a pescar.
Não pesco só nas águas mas nos céus
e a minha pesca é quase uma oração
porque dou graças sem saber se Deus
é sim ou não.
Manuel Alegre
Fim de tarde em Setúbal
Monumento ao Pescador, Setúbal
Março de 2009
Mar 22, 2009. Câmara: SONY. Modelo: DSLR-A350. ISO: 100. Exposição: 1/125 seg. Abertura: 9.0. Extensão focal: 55mm. Flash utilizado: Não
Fotografia minha de Momentos e olhares
O paraíso é por ali. eu vou por aqui. aprendi que afinal há paraísos.
não há paraísos.
aprendi a dizer que não há.
há.
é profunda a verdade. tão verdade que não há mentira.
ninguém mente.
tanto como o paraíso.
o paraíso é a palavra mais mentirosa do universo.
como a verdade. dimensional. metafórica. onda de abuso na violência da palavra - verdade. que não existe como forma. fórmula que os idiotas usam para esconder a cara.
afogam-se nela. triunfantes.
a maçã não existe.
articulo a palavra. abro as vogais. fecho o medo.
a verdade não existe. impetuosa. chata. segura. com efeito, não creio.
vamos lá ver o paraíso. eva. adão. não.
dê-me um gin-tónico.
Bandida. (Incluído no seu livro Apoplexia, pág.78)
Fotografia minha de Momentos e olhares
Sou um palhaço pobre
De alma e coração
Salto
Tropeço
Arremesso
Como à mão
Faço mil diabruras sem ter onde cair
E mesmo quando salto...
E mesmo se tropeço...
De que vale lamentar meu coração a partir?
Sou um palhaço pobre!
Só me importa o teu sorrir!
Buster Keaton
Fotografia tirada na rua do Chiado em Novembro de 2008
Jorge Soares
Fotografia minha de Momentos e olhares
El silencio del mar
brama un juicio infinito
más concentrado que el de un cántaro
más implacable que dos gotas
ya acerque el horizonte o nos entregue
la muerte azul de las medusas
nuestras sospechas no lo dejan
el mar escucha como un sordo
es insensible como un dios
y sobrevive a los sobrevivientes
nunca sabré que espero de él
ni que conjuro deja en mis tobillos
pero cuando estos ojos se hartan de baldosas
y esperan entre el llano y las colinas
o en calles que se cierran en más calles
entonces sí me siento náufrago y sólo el mar puede
salvarme
Mario Beneddeti
O escritor uruguaio Mario Benedetti morreu hoje na sua casa de Montevideu, informou a família. Deixa mais de 80 obras: romance, poesia e conto. No ano passado publicou "Testemunha de um mesmo" e em Setembro disse aos jornalistas que estava a terminar um livro de poesia chamado "Biografia para encontrar-se", escreve o site da televisão brasileira Globo.
Praia do Meco, Sesimbra, Novembro de 2008
Jorge Soares
Fotografia minha de Momentos e olhares
NECESITO del mar porque me enseña:
no sé si aprendo música o conciencia:
no sé si es ola sola o ser profundo
o sólo ronca voz o deslumbrante
suposición de peces y navios.
El hecho es que hasta cuando estoy dormido
de algún modo magnético circulo
en la universidad del oleaje.
No son sólo las conchas trituradas
como si algún planeta tembloroso
participara paulatina muerte,
no, del fragmento reconstruyo el día,
de una racha de sal la estalactita
y de una cucharada el dios inmenso.
Lo que antes me enseñó lo guardo! Es aire,
incesante viento, agua y arena.
Parece poco para el hombre joven
que aquí llegó a vivir con sus incendios,
y sin embargo el pulso que subía
y bajaba a su abismo,
el frío del azul que crepitaba,
el desmoronamiento de la estrella,
el tierno desplegarse de la ola
despilfarrando nieve con la espuma,
el poder quieto, allí, determinado
como un trono de piedra en lo profundo,
substituyó el recinto en que crecían
tristeza terca, amontonando olvido,
y cambió bruscamente mi existencia:
di mi adhesión al puro movimiento.
Pablo Neruda
Poemas del Alma
Portimão, Abril de 2009
Jorge Soares
Fotografia Minha de Momentos e olhares
Por detrás de cada flor
há um homem de chapéu de coco e sobrolho carregado.
Podia estar à frente ou estar ao lado,
mas não, está colocado
exactamente por detrás da flor.
Também não está escondido nem dissimulado,
está dignamente especado
por detrás da flor.
Abro as narinas para respirar
o perfume da flor,
não de repente
(é claro) mas devagar,
a pouco e pouco,
com os olhos postos no chapéu de coco.
Ele ama-me. Defende-me com os seus carinhos,
protege-me com o seu amor.
Ele sabe que a flor pode ter espinhos,
ou tem mesmo,
ou já teve,
ou pode vir a ter,
e fica triste se me vê sofrer.
Transmito um pensamento à flor
sem mover a cabeça e sem a olhar
De repente,
como um cão cínico arreganho o dente
e engulo-a sem mastigar.
António Gedeão
Obra Poética
Edições João Sá da Costa
2001
Fotografia Minha de Momentos e olhares
Deus
Às vezes sou o Deus que trago em mim
E então eu sou o Deus e o crente e a prece
E a imagem de marfim
Em que esse deus se esquece.
Às vezes não sou mais do que um ateu
Desse deus meu que eu sou quando me exalto.
Olho em mim todo um céu
E é um mero oco céu alto.
Fernando Pessoa
Fotografia na entrada do Hospital do Outão
Setúbal, Novembro de 2008
Imagem de aqui
Na verdade eu nem sou grande fan do Homem, também é verdade que ainda não li a maioria dos seus livros, e dos que li, ou adorei ( O evangelho segundo Jesus Cristo) ou não gostei por aí além (Todos os nomes) problema o meu e dos meus fracos gostos, quem sabe e daqui a uns tempos retomo a leitura ... mas não queria deixar de partilhar este texto... fantástico
Um Rei Assim, José Saramago
O rei assim é o sr. D. Duarte de Bragança, pessoa medianamente instruída graças aos preceptores que lhe puseram logo à nascença, mas que, não obstante, detesta a literatura em geral e o que escrevo em particular, primeiramente porque considera que no Memorial do Convento lhe insultei a família e em segundo lugar porque a dita obra é, de acordo com o seu requintado linguajar de pretendente ao trono, uma “grande merda”. Não leu o livro, mas é evidente que o cheirou. Compreende-se, portanto, que, durante todos estes anos, eu não tenha incluído o sr. D. Duarte, de Bragança, note-se, na escolhida lista dos meus amigos políticos. Não me importo de levar uma bofetada de vez em quando, mas a virtude cristã de oferecer ao agressor a outra face é virtude que não cultivo. Tenho-me desforrado apreciando devidamente as qualidades de humorista involuntário que este neto do senhor D. João V manifesta sempre que tem de abrir a boca. Devo-lhe algumas das mais saborosas gargalhadas da minha vida.
Isso acabou, a monarquia foi restaurada e há que ter muito cuidado com as palavras, não vão aparecer por aí, redivivos, o intendente Pina Manique ou o inspector Rosa Casaco. Como que restaurada a monarquia? perguntarão os meus leitores, estupefactos. Sim senhor, restaurada, afirmou-o quem tem as melhores razões para dizê-lo, o próprio pretendente. Que já não é pretendente, uma vez que a monarquia acaba de ser-nos restituída pelo drapejar da bandeira azul e branca na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Os moços do 31 da Armada (assim os escaladores se designam a si mesmos) têm já o seu lugar assegurado na História de Portugal, ao lado da padeira de Aljubarrota de quem se desconfia que afinal não matou castelhano nenhum. Não é o caso de agora, A bandeira esteve lá durante alguma horas (haverá um monárquico infiltrado na Câmara para ter impedido a retirada imediata?), pretende-se averiguar quem foram os autores da façanha, e isto acabará como sempre, em comédia, em farsa, em chacota. O sr. D. Duarte não tem estaleca para exigir na praça pública, perante a população reunida, que lhe sejam entregues a coroa, o ceptro e o trono.
É pena que uma tão gloriosa acção vá acabar assim. Mas como, no fundo, sou uma pessoa cordata, amiga de ajudar o próximo, deixo aqui uma sugestão para o sr. D. Duarte de Bragança. Crie já uma equipa de futebol, uma equipa toda de jogadores monárquicos, treinador monárquico, massagista monárquico, todos monárquicos e, se possível, de sangue azul. Garanto-lhe que se chega a ganhar a liga, o país, este país que tão bem conhecemos se ajoelhará a seus pés.
Jorge Soares( em contagem decrescente)
Eu sei que disse que ia de férias, mas também disse que ainda faltavam 3 dias..e que poderia acontecer algo que me fizesse voltar... bom, aconteceu este comentário do Antonio Dias, o comentário dele é pertinente e o assunto não deixa de ser interessante... comecei a responder na caixa de comentários e terminei aqui... na caixa de posts... até porque quem sabe e não há por aí algum ou alguma antropóloga que queira ajudar a fazer luz.
Diz o António o seguinte:
"Acho que já disse isto dezenas de vezes, mas aqui vai mais uma. Tomando como facto que há mesmo pessoas a mais no mundo (ver http://en.wikipedia.org/wiki/Ecological_
1. Tomar medidas para voluntariamente reduzir a população mundial. Isto iria requerer uma coordenação de todas (ou quase) nações do mundo, iria levar alguns anos, dependendo das medidas adoptadas, e teria sempre como resultado que a população iria envelhecer. Porque é que uma população voluntária e controladamente envelhecida é um problema é uma coisa que ainda não consegui compreender.
2. Reduzir a população à força. Isto tem resultados muito mais rápidos... mas menos controlados. Ou seja, os efeitos laterais deste método podem atingir os seus executores.
3. Dizer que esta visão é pessimista, que ainda há lugar para muito mais gente ou que o excesso de população é apenas no terceiro mundo (esquecendo que a Europa é o continente mais sobre-povoado). Ou seja, enfim, deixar tudo correr como está e continuar com o velho esquema de pirâmide (http://pt.wikipedia.org/wiki/Esquema_em
O que eu acho lamentável é que a espécie humana escolherá esta última opção, apesar de ser provavelmente a primeira neste planeta que tem o discernimento para perceber isto e os recursos para o evitar."
António, Porque é que uma população voluntária e controladamente envelhecida é um problema?
Eu acho que é, por vários motivos, vejamos:
-Infelizmente o mundo não vive numa sociedade global, os recursos não estão distribuídos uniformemente e para conseguir sobreviver e alimentar os seus habitantes, cada país tem que conseguir produzir já seja os bens alimentares ou a riqueza para os poder adquirir. Quanto mais envelhecida for a população, menos produtiva se torna, até que chega a um ponto de rotura em que a parte da população que consegue produzir não o consegue fazer de forma a conseguir alimentar quem já não produz... e não, não estou a falar de reformas e coisas dessas, só estou a falar de capacidade de produzir.
Reduzir a população à força não é um conceito novo, há décadas que a China com a sua politica de um só filho o tenta fazer, não conheço o suficiente como para poder expressar uma opinião sobre os resultados desta politica, pelo que li, os objectivos foram conseguidos em alguns meios urbanos mas ninguém sabe o que se passa na China Rural..e de resto, eles já são mil e trezentos milhões e continuam a crescer... na China e em todos lados.
É claro que há soluções mais drásticas... mas acho que ainda não estamos o suficientemente desesperados para isso.
Quanto ao ponto 3, partilho da tua opinião, de facto, no estado de evolução tecnológico e de capacidade de produção em que estamos, dificilmente haverá capacidade para alimentar de uma forma equilibrada toda a população actual, o que não quer dizer que no futuro não aconteça uma de duas coisas: a evolução nos leve a um estágio em que exista uma maior capacidade de produção, ou, como muito bem dizes, a própria natureza na sua constante tendência para o equilíbrio se encarregue de colocar tudo no seu devido sitio, já seja através da mão humana ( e aqui podemos voltar à redução à força ou não) ou através de uma qualquer gripe (uma a sério, não esta)
Até agora a evolução humana e a distribuição da população ao longo do planeta, foi feita numa procura incessante de melhores condições, há algum tempo que atingimos um estágio em que já ocupamos o planeta inteiro e foi a comida que se passou a deslocar....se calhar está na altura de recomeçar... e ou muito me engano, ou não haverá quem pare este movimento.
E agora... volto para a preparação das férias.
Jorge Soares