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 Justiça

Imagem da Wikipédia

 

Justiça 

 

O termo justiça (do latim iustitia, por via semi-erudita), de maneira simples, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico de um acordo que objectiva manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal ( constitucionalidade  das leis) ou na sua aplicação a casos específicos (litígio).
 
Ainda não respondi aos comentários do post de quinta feira, sobre a justiça à americana, ando preguiçoso, mas li um a um, e fiquei a pensar. O conceito de justiça não pode ser algo pessoal, não pode haver justiça a la carte. É evidente que quem pratica um acto terrorista deve ser castigado, mas quando alguém aplica justiça, não pode olhar para a definição e aplicar só a parte que lhe convém e neste caso, os americanos claramente esqueceram a parte em que fala da forma legal. Haverá quem diga que para salvar mais vidas, os fins justificam os meios, mas não terá sido essa ideia que norteou quem efectuou os actos terroristas?
 
Desde o meu ponto de vista, não pode haver justiça quando descemos ao nivel de quem cometeu os crimes e nunca há justiça no olho por olho dente por dente, não, não sou partidário de dar a outra face, mas não devemos esquecer aquela parte que diz através da preservação dos direitos em sua forma legal, sob pena de sermos tão terroristas como os que queremos combater.
 
Isto para não falar nos milhares de inocentes que foram torturados em Guantanamo e que agora se tornaram em homens sem vida e sem pátria, ninguém conseguiu encontrar a culpa dos seus actos, mas também ninguém os quer receber.
 
Onde nos leva tudo isto?, hoje fez-se um referendo na Suiça para decidir se Mesquitas muçulmanas podem ou não ter minaretes, e segundo esta noticia do Público, o não venceu com 57% dos votos. Ainda segundo a mesma noticia existem 4 mesquitas com minaretes na suiça, quantas igrejas com cruzes e campanários existirão? E sendo um país de emigrantes, 20% da população não tem a nacionalidade, que será o que vão referendar a seguir?, o bacalhau na noite de natal dos portugueses?
 
Por cá também se querem fazer referendos, se calhar era bom que olhássemos para o resultado deste e tirássemos algumas conclusões.
 

O não aos minaretes na Suiça

Imagem do Público, cartaz do Não

 

 

publicado às 21:26

Conto:URIEL

por Jorge Soares, em 28.11.09

Mulher na praia

Imagem minha de Momentos e olhares

 

Há quanto tempo me deixaste, me abandonaste na areia ardente onde me deito, já no final da praia deserta? Consciente de como a tua ausência sempre me apunhala e mutila, lâmina a revolver-me o peito, remoendo na ferida que abre, na febre que provoca, tal como a aragem em brasa deste começo de tarde.

 

   Na grande inquietação transmitida pela tua ausência, ergo-me a procurar-te no momento em que sais da água, a lembrares a Vénus de Botticelli, enovelada ondulação do cabelo descobrindo a concha delicada das orelhas, o sol a encher-te de luz o verde dos olhos. Pelos ombros nervosos e ao longo das tuas costas, parecem escorrer pequenos diamantes em cascatas vagarosas, a tecerem uma teia tremeluzente em torno do corpo bronzeado: gotas lentas deslizam até às ancas, no retomar da queda a partir das pernas altas que o oceano mal dobou e eu polirei mais tarde com a minha língua. Sentindo nos lábios o sal da tua pele que dá guarida a novas inesperadas sombras, odores acres, ácidos e lívidos que não lembro e estranho. Conhecendo como conheço de ti o gosto macerado das uvas e o travo ruivo do pêssego.

  Clavículas como asas de anjo.

 

  Beleza cruel aprimorada pela imobilidade em que te deténs de súbito, a fazeres-me gemer de desejo, num anseio de posse que louvo e provo, no acerar inesperado da ponta aguçada da ameaça. "Beijar-te-ei sem pressa "- penso enquanto me imagino a beber-te o sabor do mar escondido na morna torpeza da tua nuca. Boca a descer em seguida num rodeio indolente, a tornear-te a cintura de cravo, afuselando o travo da tua barriga quando a ela chego e nela me detenho numa demora obsessiva que me impele a descer mais ainda pela penugem morena, tropeçando ou voando até às tuas virilhas. E aí desfaleço à mão vacilante da vertigem, que o anelo reabre, a exigir ser cumprido. 

 

  A mesma vertigem que agora me invade ao ver-te emergir das ondas, com aquela hesitação quebradiça que desperta a ternura, mas que afinal é fruto da perversidade, a encobrir o susto, a insídia, a indizível apetência de negrume; indiferença distraída com que entras em mim, me colhes, me desfolhas enquanto te fito, e cada vez que me penetras enterras e retiras da minha existência a farpa, a faca, e escondes debaixo do travesseiro o veneno com que me injectas quando desmaio nos teus braços. Direito de sedução usado por ti com uma ambiguidade mestiça e revolvida, que de imediato ganha o traço e a demência duma insanidade recôndita, que muitas vezes se cruzam numa simulação de entrega, quando na verdade me matas, me enlouqueces, te afastas, partindo e regressando, indo e vindo numa cadência dúbia, para logo recuares, voltares a enredares-me, a algemar-me com a tecitura, meu amor, do encanto. Do teu encanto.

  Como eu te desentendo guardando-te! 

 

Agrura onde se aguçam tanto as rochas dos teus orgasmos como as pedras que me atiras e eu aceito, até me ofereço a elas neste emaranhado e entorpecente vício do teu corpo, à flor do pulso. Obsessão incontrolada de tocar-te, de arrebatar-te, de raptar-te. Adoecendo se me privas da tua presença, da tua preguiça, dos teus vagares, se me afastas dos teus limites, onde posso tomar-te e no mesmo movimento retomar-me, num acrescentado excesso do prazer de que me alimento. Sossobrando.

  Devorando o teu fulgor. 

 

  Um dia hei-de confessar-te como amo as luas das tuas unhas, quanto dependo dos teus longos dedos e me apetecem os teus joelhos, como me excitam os teus quadris estreitos de lápis-lazuli, quanto cobiço o langor do teu hálito de amêndoa, como me sobressaltam os teus tornozelos, quanto aguardo a noite das tuas pestanas a descerem-te na face, numa lembrança de flores mascarinas. 

 

  Destino que inventas na frieza, na indiferença, pois o que nos une é apenas iluminado pelo meu êxtase; sentimento ora vazio ora ameaçado pela tua presença, que me induz à escassez e à premonição, embora relutando diante da simples hipótese da tua perda. Na obstinação de amar-te, na determinação de ter-te, mas também em salvar-me, portanto em deter-te, em imobilizar-te. Ideia que me vem de repente: corda de linho e rendas a manietar-te nos lençóis enrodilhados, mancha nevada, ínvia, na quentura do quarto, onde detecto o teu suor de goivo no ar estagnado, no pano, nas paredes, nos desabrigados cantos obscuros. 

 

  Enquanto no brasido da praia continuo a seguir-te, olhar tenaz na tua devassa, à medida que atravessas o extenso areal de Agosto, arrastando contigo o resto do refrigério das ondas, até chegares à minha beira atrasando o andar; atardando-te, provocando-me com a tua nudez simultaneamente delicada e sumptuosa, que exibes num misto de impudor e de inocência. E só tarde demais reconheço o ligeiríssimo sorriso de descuido a roçar o desprezo dissimulado na comissura dos teus lábios cheios, a desafiares-me. Repto petulante a que não me esquivo, e só então entendo o vento frio que se levantou no instante preciso em que a incendiada brancura do fim da manhã se revolve, te envolve e explode, criando, sem que dês conta, um cerco de lume à tua volta. 

  Mas eu cego. Pelo tanto que desesperadamente me apeteces. 

 

  Ligeiríssimo zunido de estio, de onde partem as vozes que surgem do nada, rodopiando insistentes, persistentes, na minha cabeça. E em obediência às suas ordens, eu vigio-te, eu marco-te, eu persigo-te. Ocultando-me melhor, quanto melhor atento na tua imagem, jamais te perdendo de vista, como se em vez de amante fosse detective. E nessa solitária mistura, sigo os teus cheiros, escuto os teus pensamentos, antecipo os teus ruídos, avanço na direcção dos teus passos, adapto os meus pés despidos às pegadas dos teus pés descalços. 

 

  Soergo-me da areia onde me deito em desassossego, sento-me a tentar descobrir-te e, implacável, estilhaço a leve neblina que o calor entorna, e esqueço-me a reparar como flutuas quase adormecido no mar tranquilo, que te atordoa e te puxa, a fim de entregar-te à perdição das sereias. Mas de onde acabas por te afastar, relutante mas ágil, a esgueirares-te das nervuras da espuma, para surgires a contra-luz: corpo esguio, terno e hesitante, a aumentar sem piedade a minha sede. E quando te deténs sob a claridade equívoca, dou conta da rebentação das vagas miúdas, que numa ondulação mordida entre as tuas coxas delgadas, parecem esquivar-se a tocar o velo espesso, do qual conheço o cheiro intenso a bosque, a madeira verde e beladona esquiva. 

  Equívoca.

 

  À noite implorar-te-ei: "Vem, minha rosa da Índia..." -, paixão da minha paixão, que a ti te aperfeiçoa e a mim me derruba; me empurra na demanda de tudo por tudo querer demasiado: "Nunca me abandones!"- rogo-te em seguida, na certeza de estar a acontecer o contrário; fingindo submeter-me, dar-me, para melhor litigar, procurar o poço do teu fundo, à descoberta das tuas catacumbas e cisternas, dos teus escombros, das tuas fundações e caves escuras. Sem impedir a sofreguidão que impele a dureza vingativa que me incita a armar-te ciladas, a usar armadilhas para te aprisionar, minha raposa prateada, meu lobo desalmado. 

  Minha caça. 

 

  Tu deslumbras-me e metes-me medo pelo imenso poder que manténs sobre mim, abrigando-me e apartando-me, recolhendo-me e largando-me, com uma futilidade caprichosa, cruenta, amando-me para me negares. No esquecimento de como a minha antiga natureza geniosa me leva à rebeldia e à desobediência, à ruptura, na pressa de desprender-me, de libertar-me, a ganhar terreno para melhor me esquivar, desatar os nós corredios que deste na minha sorte, mapa de traições e clausura. A iludir a avidez pela tua magreza, pela tua palidez sombria, pela tua doçura de madressilva, pelo bistre das tuas olheiras, do cansaço que ao apaziguar-te afinal te cede às escarpas íngremes da minha cobiça, que acaba por te tornar objecto único da turva tentação do meu anseio. 

 

  Neste delírio, nesta alucinação, nesta desordem, neste rancor acrescido. A apropriar-me de ti através da morte, por não poder ser através da vida, enquanto te amordaço, te ato, amarro a nudez do corpo que lavo e aliso, embalo e acaricio. 

  Exigente. 

 

  Porque não pretendo somente a temperatura da tua pele, a tua carnação toldada, o licor da tua saliva, a melancolia de seda das tuas pálpebras, a ogiva das tuas lágrimas, a tua insustentável tristeza, a leviandade dos teus sonhos, a essência da tua nostalgia. Numa ambição desmedida, quero as tuas veias, a haste do teu pescoço quebradiço, quero a tua respiração opressa, o carmesim da romã do teu ventre, quero a imobilidade dos teus pulmões, a tua respiração silenciosa, quero o rubi derramado do teu sangue, o sopro vago da tua pulsação, quero a precariedade mórbida dos teus testículos, a rudeza almiscarada para sempre aquietada do teu pénis.

 

  "Dorme, minha orquídea brava" - murmuro em surdina, quando sem tremer deponho na palma côncava da minha mão o teu coração inerte. Com as suas pétalas escarlates, as suas folhas esmeralda, com as suas raízes de salitre. Um coração quebrado, que te arranquei do lado esquerdo do peito, por mim cortado, separado em duas meias partes. 

 

Maria Teresa Horta

 

Retirado de Ficções

publicado às 21:10

Guantanamo, quem é o heroi e quem é o vilão?

Imagem da internet

 

Tinha lido a noticia no Público, vai começar o julgamento do 11 de Setembro,  ontem estávamos a jantar e a ver o telejornal e o assunto apareceu, por entre imagens dos ataques com os aviões a embater nas torres, falaram do mentor de toda a operação,  da forma como estava preso em Guantanamo e de como foi interrogado e sujeito à tortura. 

 

Por momentos arrependi-me de estar a ver aquilo, um gráfico animado mostrava como o homem foi sujeito dezenas de vezes a uma tortura em que é colocado de cabeça para baixo e como esta é submergida num recipiente cheio de agua, ...dezenas de vezes.

 

Tinha lido sobre a polémica que o julgamento está a causar nos Estados Unidos, há quem queira que os culpados sejam julgados e condenados, há quem simplesmente pretenda que se esqueça todo o assunto, há familiares que clamam por vingança e outros que simplesmente querem seguir em frente. Imagino que haverá muita gente com medo que se comece a puxar o fio e se destape a panela dos horrores, não sei se haverá muita gente com vontade de ouvir o que realmente se passa em Guantanamo. Como se pode julgar alguém com base em testemunhos obtidos por meio de tortura?, como se pode querer justiça quando se tratam seres humanos, por muito culpados que sejam, daquela forma?

 

Voltando ao dia de ontem, os meus filhos estavam à mesa, fiquei admirado porque não sabiam do que se estava a falar, mesmo a imagem dos aviões a entrar pelas torres, tão familiar para nós, para eles era algo novo... é claro que é natural, eles tinham pouco mais de um ano quando aquilo aconteceu... já passaram 9 anos....e dizem que por cá a justiça é lenta.

 

Depois, como explicamos a uma criança de 10 anos que há um sitio onde se colocam as pessoas de cabeça para baixo com esta dentro de um balde de água? Naquela imagem quem são os maus e quem são os bons? Como explicamos que aquilo se passou no país onde supostamente se defende a democracia no mundo?, como explicar algo em que eu próprio me recuso a acreditar? 

 

Se eu já não consigo entender quem são os bons e quem são os maus, como posso explicar?

 

Jorge Soares

publicado às 22:14

 Gritos mudos

Imagem minha do Momentos e olhares

 

Hoje é o dia internacional para a erradicação da violência doméstica, o ano passado morreram no nosso país 42 mulheres vitimas de violência doméstica, quase uma  por semana, este ano e até agora, morreram mais de 30 mulheres vitimas de violência doméstica, de quantas ouvimos falar?, basta que alguém morra vitima de um assalto para  ouvirmos falar do assunto durante semanas, porque não ouvimos falar destas mulheres que morrem às mãos das pessoas com quem decidiram partilhar a sua vida? porque é que a nossa sociedade que discute atá à exaustão temas como o do casamento homossexual, simplesmente decide olhar para o lado nestes casos?

 

O Crime de violência doméstica é considerado um crime público, qualquer pessoa pode fazer a denuncia quando suspeita  da existência de violência familiar, não olhe para o lado, não espere que seja tarde, denuncie!!!!!!! 

 

 

Gritos mudos

 

 

Neons vazios num excesso de consumo

Derramam cores pelas pedras do passeio

A cidade passa por nós adormecida

Esgotam-se as drogas p'ra sarar a grande ferida

 

Gritos mudos chamando a atenção

P'ra vida que se joga sem nenhuma razão

 

E o coração aperta-se e o estômago sobe à boca

Aquecem-nos os ouvidos com uma canção rouca

E o perigo é grande e a tensão enorme

Afinam-se os nervos até que tudo acorde

 

Gritos mudos chamando a atenção

P'ra vida que se joga sem nenhuma razão

 

E a noite avança, e esgotam-se as forças

Secam como o vinho que enchia as taças

E pára-se o carro num baldio qualquer

E juntam-se as bocas até morrer

 

Gritos mudos chamando a atenção

P'ra vida que se joga com toda a razão

 

Xutos e pontapés

  

 

No Público Online

 

A lista interminável


 

Jorge Soares

 

 

publicado às 16:33

Padre maroto!

Imagem da internet

 

A noticia já tem uns dias, eu só a descobri hoje no Ionline:

 

"A população de Celorico de Basto está dividida depois de o padre Rui, ordenado em Julho do ano passado, ter fugido com Fátima no dia em que a rapariga fez 18 anos"

 

Nos últimos tempos tem sido tema de discussão o sim ou não ao casamento entre homossexuais,  sendo que como já é seu hábito, a igreja toma posição, usando o púlpito, a comunicação social e os seus fieis,  como armas de uma luta que (espero eu) estará à partida perdida, o projecto de lei vai passar com os votos da esquerda.

 

A igreja é uma instituição secular que vive ligada a dogmas e tradições há muito ultrapassadas e do meu ponto de vista ganharia muito mais se em vez de vir para a praça publica discutir temas com os que não tem nada a ver, ninguém quer instituir o casamento religioso, decidisse olhar para o seu interior e ver porque é que estas coisas acontecem

 

Coisas como o celibato dos padres,  a ordenação de mulheres para exercerem o sacerdócio, ou forma como a igreja se relaciona com a sociedade, são temas que há muito deveriam ter sido discutidos. 

 

Este padre teve o cuidado de pedir autorização à família para casar com a pessoa que amava, teve o cuidado de renunciar aos votos sacerdotais, mas quantos há por aí que simplesmente se limitam a viver na hipocrisia e na mentira?

 

Quando será que a igreja decide olhar para estes casos e retirar as devidas conclusões?

 

Noticia da RTP

 

 

 

Jorge Soares

publicado às 21:09

Quando não sentir dores é mau ........

por Jorge Soares, em 23.11.09

 

A enfermeira e as minhas dores

 

Já passou um mês desde que me retiraram os poucos parafusos que tinha, como foi em ambulatório mandaram-me para casa com 10 dias de baixa e ordem para lá voltar passados 15 dias para retirarem os agrafos.

 

Pelo meio fui ao centro de saúde para fazer o penso e sai de lá com a indicação de que poderia tomar banho sem muitos cuidados, pois poderia molhar o penso.

 

Quando voltei ao Hospital 15 dias depois, era evidente que molhar o penso não tinha sido boa ideia a ferida estava com um aspecto pavoroso. Lá decidiram não retirar os agrafos, receitaram antibiótico e ordem para  regressar uma semana depois. Passado esse tempo a coisa não estava com melhor aspecto, mas o médico achou que estava na altura de retirar os agrafos e a enfermeira lá retirou. Fiquei com metade da ferida aberta e com um aspecto de fugir.

 

Hoje, um mês depois da operação, voltei lá. Era a mesma enfermeira, retirou o penso, ficou a olhar para a cicatriz e chamou o médico. Nos entretantos foi limpando a ferida..  a conversa foi mais ou menos assim:

 

-Está a doer?

-Não

-Mas não lhe dói ou está a fazer-se de forte?

-Bom, eu costumo ser resistente à dor, mas a verdade é que não me dói.

-Isso é mau, eu não gosto de feridas que não doem.

-,,,???!!!!! - estão a ver o meu ar aparvalhado?

 

Entretanto ela descobriu que os pontos internos não tinham sido absorvidos e dedicou-se a retirar a linha..e eu a olhar.

 

-Se a ferida tivesse curado, como é que isso saia?

-Sabe, era suposto serem absorvidos pelo seu organismo, mas eu suspeito que a linha foi comprada ali na loja chinesa da esquina...e depois acontece isto.

-...???!!!!!! agora estão a ver o meu ar aparvalhado?

 

Entretanto chegou o médico, após falarem sobre a ferida e a linha que ainda lá estava, ele pediu uma espátula e decidiu mexer, abre de um lado, corta do outro, raspa aqui, corta mais... aqui foi quando começou a doer e a enfermeira lá ficou feliz!

 

Mais conversa, o médico voltou às suas consultas e a enfermeira começa a fazer o penso, e aqui, eu começo a sentir calor, passados uns segundos escorria suor em bica, mais uns segundos e comecei a sentir que já não me segurava nos braços e que o mundo se estava a tornar distante. Mesmo quando ela estava a terminar, decidi pedir água, ela olhou para mim, devia ser tal a minha cor que de imediato me mandou deitar e não me deixou sair dali até ter a certeza que eu me segurava em pé.

 

Já me tinha acontecido algo parecido quando tirei os agrafos o ano passado, tal como contei no post Os agrafos, na altura achei que o facto de não ter tomado pequeno almoço explicava a situação, hoje a meio da manhã, antes de ir para o hospital,  a médica do trabalho tinha-me medido a tensão e  estava normal, é claro que o facto de não ter almoçado pode explicar algo... Nunca fui nada impressionável com estas coisas.... devo estar a ficar velho.

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:48

Livro:Xamã, Noah Gordon

por Jorge Soares, em 22.11.09

Xamã, Noah Gordon

 

As minhas idas semanais ao Hospital do Outão na sequência da retirada dos parafusos do meu tornozelo, se por um lado não tem servido de muito para que o raio do tornozelo se termine de curar, por outro lado, tem servido para colocar as leituras em dia, e nada melhor para ler num hospital que livros que falam de médicos e de medicina.

 

Robert J. Cole é um médico escocês que é descendente directo de uma linhagem de médicos que se iniciou na idade media, motivos políticos levam a quem o jovem médico se veja de um momento para o outro numa longa viagem até à América do inicio do século XVIII. Depois de tomar contacto com o mundo infame em que vivem os emigrantes Europeus no jovem país, o Dr. Cole decide levar os seus conhecimentos às novas fronteiras que estavam a ser desbravadas.

 

Este livro conta a historia do Dr. Cole e da sua família na América da conquista, a forma como se implantou a civilização numa América virgem e selvagem, a forma como as terras foram sendo conquistadas aos nativos, é também tratada a guerra civil, os seus motivos e a forma como por vezes membros da mesma família se tornam em inimigos.

 

Robert Jefferson Cole é o filho mais novo do Dr. Cole, depois de uma doença e ainda criança Robert fica surdo, no livro é retratada a forma como a família enfrenta a surdez da criança e a luta pela vida que o jovem trava até conseguir ser um brilhante estudante de medicina e um ainda mais brilhante médico. Pelo caminho ele está ao cuidado de uma mulher nativa americana, uma Xamã de uma das tribos que habita as pradarias onde o Dr. Cole se instala, que se encarrega de transmitir ao Jovem Cole alguns conhecimentos ancestrais que em mais de uma ocasião lhe vão salvar a vida.

 

Este é o segundo livro de uma trilogia de este autor, em que o Primeiro foi O Físico, e o Terceiro é um livro que estou a ler e que na edição que eu tenho se chama Opções mas que aparentemente mudou o nome para as escolhas da Dr.. Cole.

 

Éste é sem duvida um excelente romance histórico que trás até nós páginas da história americana narradas de uma forma sublime.

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:06

Conto:Mulher De Mim

por Jorge Soares, em 21.11.09

Mulher de mim, Mia Couto

 

Naquela noite, as horas me percorriam, insones ponteiros. Eu queria só me esquecer-me. Assim deitado, não sofria outra carência que não fosse, talvez, a morte. Não aquela, arrebatante e definitiva. A outra: a morte-estação, inverno subvertido por guerrilheiras florações.

O calor de Dezembro me fazia desaparecer, atento só à extinção do gelo no copo. A pedrinha de gelo me semelhava, ambos nós transitórios, convertendo-nos na prévia matéria de que nos havíamos formado.

Nesse enquanto, ela entrou. Era uma mulher de olhos lisos que humedeciam o quarto. Vagueou por ali, parecia não acreditar em sua própria presença. Seus dedos passeavam pelos móveis, em distraído afecto. Quem sabe ela sonambulasse, aquela realidade lhe fosse muito fictícia? Eu queria avisar-lhe que estava enganada, que aquele não era seu competente endereço. Mas o silêncio me alertou que ali estava a decorrer um destino, o cruzar das fatais providências. Então, ela se sentou na minha cama, ajeitou seu delicado lugar. Sem me olhar, começou de chorar.

Nem me guiei: já as minhas carícias se desenrolavam em seu colo. Ela se deitou, imitando a terra em estado de gestação. Seu corpo se me entreabria. Mais fôssemos, no seguinte, e chegaríamos a vias do facto. Mas, nos avanços, me tremurei. Vozes ocultas me seguravam: não, eu não podia ceder.

Mas a estranha me atentava, descendo do seu decote. Seu peito me espreitava, subornando meus intentos. As lendas antigas me avisavam: virá uma que acenderá a lua. Se resistires, merecerás o nome da gente guerreira, o povo de quem descendes. Nem eu bem decifrava a lendável mensagem. Certo era que ali, naquele quarto, se executava a prova de mim, o quanto valiam meus mandos.

Porém. Por artes da intrusa, eu desaparecia, intermitente, da existência. Me irrealizava. E quando me apelava, rumo à razão, nem sequer eu chegava a meu cérebro, o austero juiz. Por causa a voz dessa mulher: lembrava o murmurinho das fontes, a sedução do regresso a dantes quando não havia antes. Ela me queria meninar, conduzir-me às primitivas dormências. Avemente, se ninhou em meu peito. Procurava em mim espelho para o suave luar? Deixei-me, sem estatura. Aqueles círculos negros, seus olhos redondos de não terem fim, me surgiam como dois soluços, fossem partes de mim, saudosos, que me espreitassem.

Ela contou sua história, seus episódios. Variantes de verdade, me davam o doce gosto do fingimento.

Me apetecia o infinito tal igual as crianças que sempre perguntam: e depois?

Mas a estranha notou em si uma ausência. Devia ir. Prometeu que regressava logo. Já, o mais tardar. No umbral da porta, soprou um beijo a modos de antiquíssima esposa. Saiu, penumbrou-se.

Não sei o quanto demorou. Talvez umas tantas noites. Ou escassos instantes. Nem sei. Porque adormeci, ansioso por me suprimir. Doeu-me acordar, malvorei-me. Nesse custo, entendi: acordar não é a simples passagem do sono para a vigília. É mais, um lentíssimo envelhecimento, cada despertar somando o cansaço da inteira humanidade. E concluí: a vida, ela toda, é um extenso nascimento.

Então, me recordei do antecedente sonho, sabendo da verdade que só ela em delírio se revela. Afinal: os mortos, os viventes e os seres que ainda esperam por nascer formam uma única tela. A fronteira entre seus territórios se resume frágil, movente. Nos sonhos todos nos encontramos num mesmo recinto, ali onde o tempo se despromove à omniausência. Nossos sonhos são senão visitas a essas vidas outras, passadas e futuras, conversa com nascituros e falecidos, na irrazoável língua que nos é comum.

Os vindouros, esses que aguardam por corpo, são quem mais devíamos temer. Porque deles sabemos o quase nada. Dos mortos ainda vamos recebendo recados, afeiçoamo-nos a suas familiares sombras. Mas o que não suspeitamos é quando a nossa alma se compõe desses outros, transvisíveis. Esses, os pré-nascidos, não nos perdoam o habitarmos o luminoso lado da existência. Eles congeminam as mais perversas expectâncias, seus poderes nos puxam para baixo. Pretendem que regressemos, teimando-nos em sua companhia.

O que invejam eles, os vindouros? Será o não terem nome, não respirarem a límpida luz? Ou, como eu, sentirão receio que alguém percorra as suas vidas antes deles? Duvidarão que essa antecipação os torne menos possíveis, como se gastos por um prévio original?

Pois eu, no instante, invejava as ambas categorias: os mortos, por se aparentarem à perfeição dos desertos; os nascituros, por disporem do inteiro futuro.

Sentado sobre lençóis engelhados, olhava a recente luz do dia, suas trôpegas poeirinhas luminosas. Pela janela me chegavam os sons do trânsito, a cidade satisfeita com suas rápidas desordens. Me veio a saudade, não das sobrenaturais crenças mas das outras, infranaturais, nossas calcaladas convicções animais. Não era a humana nostalgia que me assaltava. Porque a saudade dos homens é toda do presente, nasce do amor não cumprir, na hora, os seus deveres. Minha tristeza era outra: vinha de ter tocado aquela mulher. Me sentia com a despesa do arrependimento. Que infracção eu cometera se o desejo despontara apenas na flor dos dedos?

Me levantei, procurando algum descuido. Mas aquele quarto me desprotegia, me orfanava. Porque, no visto das coisas, a gente vai transitando do útero para a casa, cada casa não sendo senão outra edição do ventre materno. Como um pássaro que sempre e sempre tecesse o ninho, o seu, para suas futuras nascenças e não das crias. Aquela mulher me lembrava que aquela casa, afinal, não me dava nenhum acolhimento.

Espreitei pela janela, vi a mulher chegando. Veio-me ao pensamento a suspeita, certeira, que ela não era mais que um desses seres vindouros, enviado para me retirar do reino dos viventes. Sua tentação era essa: levar-me ao exílio do mundo, emigrar-me para outra existência. Em troca eu lhe daria a carícia, em matéria de corpo, isso que apenas os viventes logram possuir.

Precisava pensar rápido: ela gozava a vantagem de não precisar de consultar a razão. Eu devia encontrar, súbito, a saída do momento. Me chegou por via de intuição: em qualquer lugar deveriam de existir os assassinos dos mortos, justiceiros dos pré-nascidos. O que eu precisava era convocar um desses matadores para suprimir não a vida mas a suspeição daquela mulher. Sendo a pergunta: onde encontraria um desses matadores, como instigar a sua repentina aparição? Porque tudo urgia, ela vinha chegando, seus passos já superavam as escadas.

Que fazer, se nenhum tempo me restava? Matá-la eu, de corpo e sangue? Serviria só se ambos estivéssemos em sonho, coisa que eu não parecia. Ela era uma enviada, com encomendado serviço de me buscar, levar-me para onde tudo é ainda futurível.

Ela entrou, eu estremeci. A intrusa surgia agora com maior beleza, cada vez mais deusa, requerendo a total devoção de um crente. Me adveio um recurso, tábua que a onda traz. Lhe disse:

- Te adivinho ainda pequena, ontem de antes. Recordas-te?

Ela se afligiu, atingida. Por momentos, lhe faltou o peito, ela toda se inspirou. Os nascituros estão isentos de memória, seu primeiro choro está ainda por despontar. O medo dela me dava argúcia, eu me ajudava enquanto a via chegar-se ao espelho. A estranha se contemplou despindo, sorrindo na pétala de cada gesto.

Só finges, nem te vês, lhe disse, mais dono de mim. Ela desistiu de si mesma, veio até ao leito, me tocou. Chamou por meu nome, docemente. Passou o dedo por meus lábios.

- Tu não entendes.

Sorria com mágoa. Minhas frágeis habilidades lhe haviam feito ofensa. Contudo, me perdoava. O sereno sorriso lhe regressara.

- Tranquila-te, eu não te venho buscar.

O que vinha fazer, caso então? Porque tanto mais ela se senhorava mais eu me inquietava. A enviada prosseguiu:

- Não percebes? Eu venho procurar lugar em ti.

Explicou suas razões: só ela guardava a eterna gestação das fontes. Sem eu ser ela, eu me incompletava, feito só na arrogância das metades. Nela eu encontrava não mulher que fosse minha mas a mulher de mim, essa que, em diante, me acenderia em cada lua.

- Me deixa nascer em ti.

Fechei os olhos, em vagaroso apagar de mim. E assim deitado, todo eu, escutei meus passos que se afastavam. Não seguiam em solitária marcha mas junto de outros de feminino deslize, fossem horas que, nessa noite, me percorreram como insones ponteiros.

 

 

Mia Couto, Cada Homem é uma Raça

Retirado de Contos de Aula

publicado às 20:51

A vida é feita de momentos, .....

por Jorge Soares, em 19.11.09

A vida é feita de momentos

Não, esta não é da internet, é minha mesmo, do Momentos e olhares  

 

....... alguns são apagados, levados pelas ondas da vida, outros ficam, perduram na nossa memória e fazem de nós o que somos, olhares, vivências, recordações e saudade!

 

Ando numa fase de pouca inspiração, já tenho que me esforçar para escrever aqui e tenho de me esforçar muito mais para comentar nos blogs. Já houve um tempo em que conseguia fazer um post de qualquer coisa, ....  

 

Já disse aqui mais que uma vez que não sou pessoa de grandes sonhos, não consigo imaginar o amanhã nem pensar muito no futuro, por outro lado, quando decido dar um passo, é um passo firme e é para chegar ao destino. Infelizmente nem todos os caminhos dependem só de nós, e há neste mundo muito quem nos impeça de andar.

 

Foi há um ano atrás que escrevi sobre ... Viver ou limitar-me a existir, na altura era raiva o  que me fazia andar, breve vou estar de novo nesse dilema, hoje, um ano depois, sinto que é a descrença o que se tem vindo a instalar,  cada vez mais sinto que não há nada que se possa fazer, a vida é como é.... acho que esta vez me vou calar mesmo.... há uma altura na vida em que tomamos consciência do lugar no mundo que ocupamos não é?

 

Hoje tenho a noção que não fui talhado para mudar o mundo, por vezes temos que fazer opções e tomar decisões e não é por isso que somos melhores ou piores, somos simplesmente humanos e portanto sujeitos a um limite, limite que devemos saber traçar, respeitar e fazer com que os outros respeitem...faz parte da vida....e de viver, de resto, a vida é um momento.

 

Eu sei... isto não faz muito sentido.... desculpem lá... o Jorge volta dentro de momentos.

 

Jorge Soares

 PS:E pensar que quando comecei a escrever ia falar de fotografia...

publicado às 22:06

 

Windows protegido

 

Vamos lá tentar desanuviar um pouco o ambiente, este blog está a ficar muito serio, vamos lá voltar à faceta de serviço público, a ver se voltam os comentários, que anda tudo muito calado.... falemos de informática, e de vírus.

 

Eu sei que o ideal era todos termos linux, ou uns macs de ultima geração, mas a verdade é que 90% dos utilizadores de computadores tem Windows, e estão portanto sujeitos ao melhor e ao pior deste sistema operativo. E não há nada pior que um computador com um Windows desactualizado, não importa qual a versão,  por favor, se tem windows, se quer ter o seu computador com um mínimo de segurança, vá e actualize-o, se ele não está actualizado pode poupar o dinheiro do antivírus (se é que alguém o compra!)

 

A semana passada passei 3 dias às voltas com um computador, era uma máquina com 4 ou 5 anos, que tinha um programa com uma dúzia de linhas que o único que faz é pegar em ficheiros PDF e enviar por fax ou por mail. Na altura pediram muitos milhares de Euros para uma solução que enviava as encomendas directamente para os fornecedores, aqui o je resolveu a questão com umas horas de investigação e umas poucas linhas de código.

 

Como em sistema que funciona não se mexe, nem nos lembrávamos que aquilo existia, pelo que há uns dois anos que não era feito o update do Windows, como a semana passada entrou um vírus na rede, adivinhem onde foi cair direitinho?, pois é, lá mesmo, isto apesar do antivírus. Quando as compras começaram a gritar que os fornecedores não estavam a receber as encomendas, eu bem tentei remediar a questão, mas não houve maneira de voltar a fazer aquilo funcionar, tal a forma como o Vírus se instalou. A solução foi instalar num novo computador, mas não imaginam a odisseia, era tudo tão antigo que fazer aquele modem funcionar num computador actual foi obra.

 

Há poucos dias duas amigas (habituais leitoras aqui do cantinho por certo), estavam com problemas de vírus, o primeiro que perguntei foi :Tens o windows actualizado?, não!, ambas passaram as passas do Algarve.

 

Conselho de informático, actualizem o windows, ele até tem uma opção para se actualizar sozinho, vão lá e configurem, eu sei que há quem diga que as actualizações tornam o sistema mais pesado, mas acreditem, não há nada torne o computador mais lento e pesado que um vírus qualquer, e não há antivírus que lhes valha. 

 

Isto não quer dizer que não devem ter anti-vírus, é claro que devem, mas é tão ou mais importante ter o sistema operativo da Microsoft em dia.

 

Jorge Soares

 

 

publicado às 21:39

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