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Peixe com manjericão

 

Imagem da internet

 

Hoje é dia de receita, sim eu sei, estava tudo à espera que eu para aqui viesse bater no Sócrates... desculpem lá, mas eu não bato mais neste ceguinho... desta vez não. Passamos os últimos meses a dizer que era preciso cortar na despesa.. que era preciso cortar era a quem ganhava muito.. que era uma vergonha haver gente a ter duas e 3 reformas e a ganhar o salário por estar em cargos Públicos, que era preciso era cortar nos carros e nas ajudas de custo.... Pois, parece que esta vez eles decidiram fazer a vontade ao povo... fizeram isto tudo. É claro que o aumento do Iva vem por acréscimo... mas do meu ponto de vista não há milagres...e pelo menos por enquanto, o dinheiro não nasce das árvores. Quanto a mim tudo isto só peca porque vem pelo menos com um ano de atraso.

 

É claro que hoje veio tudo bater no ceguinho... mas eu gostava de ouvir do PSD, do BE, do PCP, do CDS, dos sindicatos e de todo o mundo que veio hoje criticar... era alternativas.. se estas medidas também não servem... quais são as alternativas?, o que fariam eles? Bater no ceguinho é fácil.... complicado é dizer qual a solução...e isso, eu não ouvi a ninguém. E já se fala de uma greve geral .. é mesmo o que o país precisa nesta altura para sair da crise.

 

Como dizia ao inicio, hoje é dia de receita... uma receita para a Bimby. Eu sei que há muito boa gente que não gosta de aproveitar os restos, mas cá por casa nada se perde, e muito menos em época de crise. Tínhamos no frigorifico restos das duas ultimas refeições de peixe, postas assadas no forno, vai daí decidimos inventar, Peixe com coentros.. ou seja, utilizar a receita do Bacalhau com coentros mas com peixe desfiado em lugar de bacalhau... já tinha desfiado o peixe quando descobri que afinal também não havia coentros cá em casa... mas havia manjericão e salsa... ora, peixe com manjericão fresco.

 

3 Postas de Peixe já cozinhado e desfiado

600 Gramas de batatas em cubinhos

50 Grs de Azeite

1 cebola

alhos

200 grs de água

Pão ralado

Molho bechamel

Manjericão fresco  (umas 10 Folhas)

Salsa Picada

Pimenta

Sal

 

Colocar o manjericão e a salsa no copo e picar 5 seg veloc. 5 (reservar)

Coloque a cebola o azeite e os alhos  no copo, pique 5 Seg, veloc 5, refogue 5 minutos, velocidade 1 a 100 Graus.

Junte as batatas e o sal, Programe 12 minutos/Varoma/ Velocidade colher invertida.

 

Escorra o liquido, junte o peixe o manjericão e a salsa, programe 5 minutos /100/ velocidade invertida.

 

Coloque num pirex, regue com o bechamel e polvilhe com o pão ralado. Leve ao forno a gratinar.

 

Eu não me tenho saído lá muito bem com os meu inventos culinários na Bimby... mas este ficou muito bem... o manjericão fresco dá um sabor picante e diferente ao peixe... para o gosto português é um sabor exótico... mas eu adorei. Para quem gosta de sabores mais tradicionais, pode sempre utilizar os coentros.

 

Jorge Soares

PS:Afinal terminei por falar mais do que queria do tema do dia... mas pelo menos não bati no ceguinho

publicado às 22:08

Portinho da Arrábida desde a Serra

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Hoje à hora do almoço falava-se de maravilhas naturais, da natureza e de praias, alguém se lembrou que eu sou de Setúbal e logo lembraram que o Portinho da Arrábida era uma das maravilhas naturais.... desataram-me a língua, até porque era algo sobre o que tinha pensado falar desde que estive de férias a norte e pude comparar a forma como são cuidadas as praias a zonas marinhas de Setúbal e dos lugares por onde andei.

 

Gosto muito de Setúbal, gosto muito de viver em Setúbal, gosto muito das pessoas de Setúbal, mas isso não me impede de ter olhos na cara. O Portinho da Arrábida foi declarado maravilha natural, agora é necessário que alguém, não sei se a Câmara de Setúbal, se o parque natural, se o ministério do Ambiente, faça algo para dar a esta maravilha natural um pouco de dignidade... porque neste momento, não a tem. E não, não é só o Portinho, é toda a zona de praias entre Sesimbra e Setúbal.

 

Se repararem bem, em toda esta zona, não há uma única praia com bandeira azul, e não há porque simplesmente as praias para além da areia e das águas com aspecto tropical, não têm absolutamente mais nada, não há apoios de praia decentes, infra-estruturas,  casas de banho, não há onde estacionar, não há nada.

 

A Praia do Creiro, a maior da zona da Arrábida e a que está mais perto da Maravilha natural, não tem um único sanitário, quer dizer, tem, uma enorme casa de banho que é a mata do parque natural. Há 3 restaurantes e até concessionários na praia, mas não há quem se digne a construir um apoio de praia decente e com sanitários, nem quem se encarregue de caçar as matilhas de cães que se passeiam livremente assustando os turistas, nem quem se digne a limpar a praia ao fim do dia, nem....

 

A praia da Figueirinha no mês de Junho é um mar de crianças, é a praia de eleição de todas as escolas e colégios de Setúbal e arredores e até de Lisboa, mas não tem uma única casa de banho pública.

 

No outro dia em Albarquel, naquele dia em que fomos voar papagaios, à saída da praia havia um senhor a espalhar comida para os muitos gatos vadios que por ali andam, na rampa de acesso à praia, comida para gatos na rampa onde as pessoas costumam andar descalças durante o dia..

 

Esta eleição como maravilha natural pode ser uma excelente oportunidade de promover toda a zona a nível turístico, mas para isso há muito a fazer, muito mesmo.

 

Eu sei que estamos a falar de um parque natural... mas se não queremos turismo de massas nas praias, então fechem-se os acessos, restrinjam-se  as entradas... não podemos dizer que é parque natural e  portanto não se pode mexer uma palha, e depois permitir que durante o mês de Agosto toda a serra se converta num gigantesco parque de estacionamento que vai do Outão até ao Portinho e mais além. Se queremos turismo, se podemos ter turismo na Arrábida, então criem-se condições dignas para isso, como estão as coisas é uma vergonha.

 

Eu estive a Norte, em Caminha, em Vila Praia de Âncora, no Moledo... e a comparação é penosa, e estamos a falar de locais em que há condições para ir à praia durante dois meses.. as praias da Arrábida tem pessoas e condições durante pelo menos 6 meses...  Em Maio em Albarquel a praia estava cheia de gente e a areia tinha todos os detritos que vieram com o rio durante o Inverno... porquê?

 

Como disse neste Post acho esta história das maravilhas naturais uma treta.... e é mesmo.

 

Jorge Soares

publicado às 21:30

ARTIGO 128º – Dever de obediência

por Jorge Soares, em 27.09.10

Obediência por decreto

 

Imagem minha do Momentos e olhares

 

Recebido hoje por mail ..e copiado para aqui sem autorização (Obrigado Sandra)

 

Para aqueles pais que, à beira de um ataque de nervos, já não conseguem arranjar argumentos (antigamente era mais fácil…)

MÃE: VAI JÁ ARRUMAR O TEU QUARTO.
FILHO: Não vou!
MÃE: Tens de ir! Eu estou a mandar!
FILHO: E porque é que tenho de fazer o que tu dizes?
MÃE: Está no Código Civil Português, ARTIGO 128º .


(ARTIGO 128º – Dever de obediência)
" Em tudo o quanto não seja ilícito ou imoral, devem os menores não emancipados obedecer a seus pais ou tutor e cumprir os seus preceitos. "

 

A minha meia laranja diz

 

VOU IMPRIMIR , AUMENTAR E AFIXAR NA PORTA DO FRIGORIFICO!!!!

Com dois pre-adolescentes lá em casa. Estamos mesmo, mesmo a precisar!!!

 

Conhecendo eu os dois pré-adolescentes de que aqui se fala.... tenho sérias dúvidas que isto resolva o que quer que seja... mas quem sabe.

 

Jorge Soares

publicado às 22:04

Discriminação e  racismo

 

Imagem do Tangas Lésbicas

 

É de Albert Memmi a seguinte definição de racismo: “O Racismo é a valorização generalizada e definitiva, de diferenças reais ou imagináveis, em proveito do acusador e em detrimento da sua vítima, a fim de justificar os seus privilégios ou a sua agressão”.

Pretende Memmi deixar claro que “não se nega a diferença, condena-se é a sua utilização contra alguém”.

 

As frases acima foram-me deixadas pela Abigai no post da passada quarta feira, ando desde esse dia para voltar ao assunto, a constipação que entretanto me deitou abaixo e algumas dúvidas sobre a melhor forma de dizer o que me vai por dentro fizeram que fosse adiando... bom, é hoje...

 

Algures no início dos anos noventa era Domingo, devia ser perto da meia noite e como tantos Domingos, o autocarro deixou-me no Campo das Cebolas, coloquei o saco ao ombro  e meti-me a caminho da Rua do Poço dos Negros .. a pé. Ainda na Rua da Alfândega antes de chegar  à praça do comércio sou abordado por um fulano:

 

- Não me dás um cigarro?

- Não fumo - é claro que continuo a andar

- Arranja-me lá uma moeda .. - Aqui o fulano tenta colocar-me a mão no braço, coisa que impedi com um safanão.

- Também não tenho moedas

 

O fulano chateou-se, não gostou, eu segui em frente, ele disse qualquer coisa em voz alta e do outro lado da rua alguém lhe respondeu... eram ambos ciganos... eu continuei a andar, ele ficou a olhar para mim e a resmungar entre dentes, mas não me seguiu.

 

No dia a seguir contei isto a alguém, a pessoa virou-se para mim e disse:

 

- Tás tramado, ele nunca mais esquece a tua cara..e se te apanha..

 

Na sexta feira seguinte quando fui apanhar o autocarro de volta para a terra ao mesmo Campo das Cebolas, ele andava por lá.. não sei se me viu ou não, eu não me escondi.. se calhar aquele não era um dos da memória prodigiosa.

 

Do que tenho lido por aí, meio país tem histórias com ciganos, cada uma pior que a outra, eu só tenho esta.. não me acobardei, não dei a moeda e não me chateei....

 

Vou ter a ousadia de copiar aqui uma parte de este post do Arteocioso

 

" Na sala existem três cartazes bem visíveis a pedir SILÊNCIO.

As ciganas conversam animadamente, em voz alta, como se estivessem num casamento, ou qualquer outra festa, e os miúdos (cinco) fazem piruetas pelos corredores e cadeiras.

O mal-estar respira-se no ar mas ninguém se atreve a protestar, até que um doente pede silêncio porque ninguém ouve as chamadas para as consultas e como as ciganas não lhe ligasse dirigiu-se à segurança.

Esta com delicadeza, quase a pedir desculpa, solicitou às ciganas que conversasse em voz baixa. Obteve o resultado inverso, o barulho aumentou e a matriarca, como quem saca uma pistola, pegou no telemóvel e simulou uma chamada falando mais alto – Ó Maria estão a chamar-nos ciganas e peixeiras (mentira), são racistas, temos boca é para falar! Uma clara provocação.

Estou no corredor ao lado do grupo e aponto à segunda mais velha o cartaz que pede SILÊNCIO. Responde-me – Não sei ler.

A «festa» continuou até ao final das consultas. Por duas vezes tive de ir à Secretaria perguntar se já me tinham chamado para a consulta e aproveitei para informar que estava uma «orquestra» na sala. Com ar resignado a emprega respondeu-me que sabia. Certamente, os cerca de 50 ou 60 doentes que aguardavam a sua consulta, não ficaram a simpatizar com as ciganas."

 

Para além da atitude das ciganas, o que está errado aqui?... muitas coisas.

 

Em primeiro lugar, tenho a certeza absoluta que se em lugar de ciganas fossem outras pessoas a fazer barulho os outros utentes não teriam aceite a situação com tanta calma. Em segundo lugar, para que servem os seguranças nos hospitais?, para que está lá um segurança se depois não é capaz de fazer o seu trabalho?... tem medo das ciganas?.. desculpem lá, mas quem tem medo não é segurança.. E os funcionários do Hospital?, porque não exigem que se cumpram as regras? Não se querem chatear?. é isso? Ora aí está o problema principal, ninguém se quer chatear, são os brandos costumes.. somos um país de brandos costumes...

 

Estes dias alguém me contava que os funcionários da segurança social são ameaçados para que não verifiquem os dados e atribuam sempre o valor máximo dos subsídios.. o que fazem eles?, denunciam a situação?, fazem queixa das ameaças?... não, claro que não, não estão para se chatear... e afinal o dinheiro nem é deles. Pois não, o dinheiro não é deles.. é de todos nós.

 

Pelos vistos meio mundo tem queixas dos ciganos, a verdade é que ninguém está para se chatear, são os brandos costumes.. e as coisas passam impunes.. porque as pessoas não se querem chatear... e depois generalizam.. e de algumas pessoas mal formadas que se aproveitam da cobardia dos outros, passam a ser todos iguais.

 

A culpa é dos brandos costumes, do não me quero chatear, de o dinheiro nem é meu, de até a policia tem medo deles... ora...façam favor de meter os brandos costumes por onde bem entenderem.. OK?

 

Jorge

publicado às 21:23

Conto: O derradeiro eclipse II

por Jorge Soares, em 25.09.10

O derradeiro eclipse

 

 

Continuação do conto o Derradeiro Eclipse de Mia Couto, primeira parte aqui

 

.....

 

Cumpridos os compridos amores Justinho se estira na cama, consolado. Fecha os olhos, menino após o seio. Depois, olha para cima e é fulminado por uma visão: dois homens flutuam de encontro ao tecto. Estão redondos, insuflados como balões.
- “Mulher quem é aquilo?
- “Que aquilo?”
Levanta-se em gesto de lamina e se espanta ainda mais ao reconhecer os desditosos ditos. E quem eram? O padre e o feiticeiro. Esses mesmos a que Justinho confiara a guarda de sua esposa. Esses mesmos estavam ali perspregados no tecto.
- “Vocês, logo vocês?
- “Marido, está falar com quem?”
Gaguejadiço o marido aponta o tecto. A mulher acredita que ele está em ataque de religiosidade, aspirando proximidades com o céu. Justinho insanou-se, epiléctrico?
Acera ainda correu atrás do tresloucado marido. Mas o homem, de venta peluda, se eclipsou pelo escuro. Nem demorou: voltou com testemunhas. Fez introduzir uns tantos no quarto e apontou os autores do flagrante. Os outros ficaram, parvos da cara, sem nada vislumbrarem. Só Justinho via os voáveis amantes de sua mulher. E lhe explicam o padre e o feiticeiro não são possíveis ali Eles se ausentaram em breve excursão à cidade. Todos os viram partir, todos lhes acenaram à saída do machimbombo.
Os vizinhos lhe asseguram os bons comportamentos de Acera. Despedem-se, cuidando de o seguir, doente que estava o viajante. Dava até azar ter um desvairado daqueles no lugar. Mesmo o enfermeiro reformado lhe trouxe uns comprimidos de arrefecer o sangue. Justinho aceitou ficar estendido, a apurar descansos. Dava forma à cabeça, ajustava o pensamento à existência.
E todos e tanto insistiram que ele deixou de ver gente suspensa no tecto. Aos poucos se libertou das visões, manufacturas de suas ciumeiras. Noites há em que, de sobressalto, se levanta. Escuta risos. O padre e o feiticeiro se divertem à sua custa? Escuta melhor: não é gargalhada, é um pranto, um pedido de socorro. Incapazes de descer, os homens aprisionados no tecto lhe pedem uma aguinha, migalha de entreteter fome e sede. Os pobres já são só ar e osso.
A voz de Acera o traz à realidade: “venha marido, se deite. Se acalme. Não quer dormir comigo? Durma em mim, então. Não me quer atravessar? Me use de travesseiro. Isso, descanse, meu amor”. E o tempo passava, compondo semana e mais semana. Justinho não melhora. Mais e mais escuta as lamentações dos dois que agonizam dentro das suas paredes.
Até que, uma noite, ele acordou estremunhado. Não eram já os gemidos dos moribundos mas uma estrangeira acalmia. Olhou por entre o escuro e viu Acera vagueando, o pé pedindo licença ao silêncio. O marido nem se mexeu, desejoso de decifrar a misteriosa deambulação da mulher. Então ele viu que Acera subia para um banco e, com um cordel, amarrava o padre e o feiticeiro pela cintura. E assim, atados como balões, ela os transportou para fora de casa. No quintal, Acera limpou no rosto do padre uma lágrima e beijou a face do feiticeiro. Depois, largou os cordéis e os dois insufláveis começaram a subir pelos ares, atravessando nuvens e extinguindo-se no céu e nas pupilas espantadas de Justinho Salomão.
Nessa noite, os habitantes da vila assistiram à lua se obscurecer naquilo que viria a ser um derradeiro e permanente eclipse.

 

Mia Couto em Contos do Nascer da terra

Retirado de Contos de Aula

publicado às 20:48

O Outono da vida

por Jorge Soares, em 24.09.10

Outono

 

Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para
que continues me olhando.


Pablo Neruda

publicado às 23:46

as asneiras devem ou não vir no dicionário?

 

Ontem fui buscar o N. à escola, foi a primeira vez este ano, a saída das crianças é basicamente caótica, o passeio é estreito, a porta é pequena e os pais amontoam-se... no meio da confusão é quase um milagre que pais e crianças se consigam encontrar.

 

De repente no meio da confusão, nem sei bem a propósito de quê, começo a ouvir um senhor aos gritos, olho para trás e vejo um marmanjo a sair de um BMW e  com muitos maus modos, a dirigir-se a um senhor que claramente podia ser seu pai e que de certeza era avô de uma das crianças. O que se seguiu foi uma amostra do melhor (ou pior) vernáculo, aqui e ali misturada com empurrões e ameaças de porrada ao senhor de idade. Tudo isto em frente de uma escola primária e com dezenas de crianças a olhar embevecidas para o (degradante) espectáculo...

 

Hoje fiquei a pensar se este senhor não será um daqueles pais que aqui em Setúbal ficaram tão indignados porque o dicionário que a escola recomendou (ver noticia) para os seus rebentos, vem com as palavras todas... vernáculo incluído.. Não deve ser, porque esta escola é de outro agrupamento..   Como a notícia teve honras de telejornal e tudo, podem ver aqui,  passou enquanto estávamos a jantar,  o N. disse logo:

 

- Qual é o problema?.. o nosso também tinha!

 

Ora lá está, o dicionário dos meus filhos é completo.. como deve ser, porque as palavras existem todas, e com cenas como a que descrevi acima, é melhor que eles as ouçam e tenham onde ir consultar.... será que nenhum dos pais dos colegas dos meus filhos deu pela coisa... ou esta zona da cidade será menos púdica?

 

É claro que se em lugar de Setúbal, fosse um agrupamento de escolas do Porto, não havia problema nenhum.. por lá as crianças aprendem o que significam todas estas palavras muito antes de aprender a ler...como ficou mais ou menos claro, nos 43 comentários a este meu post : Feitio ou falta de educação?

 

Ainda a propósito disto, no outro dia num daqueles programas de rádio sobre futebol, alguém defendia o Carlos Queiroz e a sua já famosa frase... dizendo que não havia problema nenhum naquele palavreado, que no norte era assim que as pessoas se cumprimentavam..... há pois..!

 

Já agora, vocês o que acham, as asneiras devem ou não aparecer no dicionário das criancinhas?

 

Jorge Soares

PS:Eu hoje ia voltar a falar de ciganos.. ia mesmo, quando dei por mim o post ganhou vida própria e deu nisto.... mas não pensem que se safam!

publicado às 21:38

Em Portugal ninguém é racista

Imagem da internet

 

O assunto está em cima da mesa há algum tempo, por um ou outro motivo ainda não foi tema cá no blog, o que não quer dizer que não o tenha seguido de perto.

 

A mim mais que o acto claramente Xenófobo, demagogo  e ainda por cima ilegal do governo Francês, chocou-me o que vou lendo na blogosfera e nos comentários às noticias nos jornais. A Maioria das pessoas começa os posts ou comentário com "Eu não sou racista"... invariavelmente continua enumerando um a um todos os males que vêm ao mundo só porque há um cigano por perto e também quase invariavelmente termina com, o governo português devia fazer o mesmo que o francês.

 

A maneira como vemos a comunidade cigana em Portugal tem uma componente quase cultural , as últimas 4 ou 5 gerações deste país cresceram a ouvir dizer que os ciganos eram o papão. Quando não comíamos a sopa, era o cigano com quem nos ameaçavam, quando queriam que ficássemos em casa, era o cigano que roubava as criancinhas, quando nos portávamos mal.. os ciganos. Tudo isto deixa marcas no nosso subconsciente e contribui para que se olhe de lado para toda uma comunidade... ante tanta animosidade e desconfiança o que faz todo este povo?.. termina por se encerrar cada vez mais em si mesmo, com os seus e as suas tradições.

São por natureza nómadas, quando terminam por assentar tem dificuldades em viver em comunidade, vivem na desconfiança de quem os rodeia .. criam guetos que nós alimentamos, ainda agora foi criada numa das escolas públicas uma turma só para crianças ciganas..dificilmente tem acesso a empregos decentes, são explorados.. terminam por se marginalizar... será culpa só  deles?

Em França os ciganos que estão a expulsar são Romenos, imigrantes recentes, a comunidade cigana do nosso país vive por cá há muitas gerações, são todos portugueses, filhos de portugueses, netos de portugueses, tão portugueses como cada um de nós... não tem nada a ver com a imigração... já agora, quem os quer expulsar, mandava-os para onde?

 

Hoje no Expresso, o Daniel Oliveira conseguiu expressar perfeitamente aquilo que penso sobre a maneira como em Portugal gostamos de generalizar, vou deixar aqui as suas palavras:

 

 

Quero deixar aqui claro que não sou racista. Não me deixo é calar pela hipocrisia do politicamente correcto. E quem pode negar que os ciganos roubam, vivem à conta do Estado, não cumprem as leis e não querem trabalhar? Que batem em médicos e professores, andam armados e traficam droga? Que casam as filhas com 12 anos e só as metem na escola para receber o rendimento mínimo?

 

Não sou racista. Mas como pode o politicamente correcto dizer que os muçulmanos em geral e os árabes em particular não professam uma religião violenta, não são intolerantes e não desrespeitam os direitos das mulheres? Que não simpatizam com o terrorismo? Que não querem destruir a forma de viver do Ocidente? Que não abusam da nossa tolerância?

 

Não sou racista. Mas há alguém que não veja que são quase sempre os africanos que nos assaltam nas ruas, que entram aos magotes nos comboios da linha de Sintra e palmam tudo o que encontram? Que querem andar com bons ténis e para isso não hesitam em ficar com o que não lhes pertence? Que não sabem governar os seus próprios países e é por isso que emigram aos milhões?

 

Não sou racista. Mas não reparam que os chineses nos enchem o mercado de produtos baratos, destroem a nossa economia e o comércio tradicional e nunca se integram na sociedade nem têm qualquer contacto com os portugueses? Que eles sim, é que são racistas?

 

Eu não sou racista. Mas ao ler os parágrafos anteriores, que repetem as certezas populares que por aí se ouvem, misturando generalizações, mentiras e verdades, sempre na ânsia de encontrar o Inferno nos outros, não serei obrigado a concluir que, com excepção dos brancos, o mundo é composto por criminosos e parasitas?

 

Sei que a ironia passa mal. Esperemos que desta vez passe tão bem como as alarvidades que por aí se ouvem. E tão bem como esse mito que diz que Portugal é um país de brandos costumes que sempre conviveu bem com a diversidade. Este país onde toda a gente "até tem um amigo preto" que lhe serve de álibi que prove a sua tolerância para depois poder dizer tudo o que lhe venha à cabeça.

 

Daniel Oliveira

 

Não, em Portugal ninguém é racista... a maioria das pessoas tem é dificuldades em lidar com o que é diferente... inferior, dizem eles.

 

Jorge Soares

publicado às 21:31

Brincos

 

Antes de mais um disclaimer, não gosto de piercings, para além de que acho a maioria muito inestéticos, tenho consciência de que a vários níveis são perigosos para a saúde de quem os utiliza.

 

Li a noticia ontem no Expresso e o titulo dizia o seguinte:

 

Professor proibido de usar piercings recorre ao Tribunal

 

"Um professor de educação física colocado no Centro Educativo dos Olivais, em Coimbra, foi impedido de usar "piercings" nas aulas pela direção deste estabelecimento da Direcção-Geral de Reinserção Social, uma decisão que vai contestar em tribunal.

...

O professor em causa, de 31 anos, usa diariamente numa orelha "uma pequena argola e mais dois adornos de tamanho reduzido", tendo sido intimado pela diretora do Centro Educativo, Ângela Portugal, para remover as peças durante as actividades escolares."

 

Primeira dúvida, qual a diferença entre um piercing na orelha e uns brincos?, será que se a argola e os pequenos adornos fossem numa orelha de uma senhora seria considerado um piercing?. De certeza que não impedem as senhoras  de entrar na escola com  brincos, até era capaz de apostar que a senhora directora os utiliza (utiliza mesmo, ver aqui)  Agora reparem lá na menina da fotografia no cimo do post, aquilo será um brinco ou um piercing?

 

Segunda dúvida, qual a influência de um pequeno brinco, vá lá piercing, na orelha no desempenho do professor? será ele mais capaz de ensinar ou de impor disciplina pelo facto de utilizar um piercing? Se não é bom professor com piercing, de certeza que não será melhor sem ele.

 

A desculpa de que se os alunos não podem utilizar ele também não, quanto a mim não se aplica, existe uma fronteira que distingue o aluno e o professor, essa fronteira define-se por algo que ou se tem ou não se tem, a capacidade de impor respeito. Se impedimos o professor de usar brinco porque os alunos também não podem utilizar, então temos que proibir que os professores fumem dentro da escola, que as professoras utilizem saias curtas, que tenham tatuagens, e um largo etc.

 

Até há bem pouco tempo havia um banco que não contratava mulheres para os balcões, banco que foi acusado e criticado por ter administradores machistas e que discriminavam, pensei que a nossa sociedade teria evoluído e que esse tipo de atitudes tinham ficado para trás.. engano meu, pelos vistos de evolução nada, só visões retrógradas do mundo ..e discriminação.

 

Jorge Soares

publicado às 21:37

Adopção: Candidatos rejeitados, o que fazer?

por Jorge Soares, em 19.09.10

Adopção, candidatos rejeitados

 

O tema "Candidatos rejeitados" foi falado muitas vezes nas conversas sobre adopção, de entre o meu grupo de conhecidos, mesmo entre os mais de 200 inscritos no grupo Nós adoptamos, nunca se ouviu falar de candidatos à adopção rejeitados no processo de avaliação. A sensação com que ficávamos é que todo o mundo é aprovado, é claro que depois há aqueles candidatos que esperam anos e anos e nunca acontece nada, basta que nunca seja entregue uma criança para que a rejeição que não o foi no papel o seja de facto.

 

De há uns tempos para cá, começamos a ouvir falar de uma nova variante, os casos em que simplesmente as candidaturas não são aceites, pessoas com doenças crónicas, pessoas que vivem em união de facto há mais de 4 anos mas que decidiram casar-se entretanto, etc. Esta última situação  levou a que fosse entregue uma petição na assembleia da república pela Associação Meninos do Mundo para a revisão da lei.. petição que o PS chumbou.

 

Esta semana recebi o seguinte comentário no blog Nos adoptamos:

 

"Sempre sonhei ser mãe. Depois de longos e penosos tratamentos para o conseguir pela via biológica, pensamos em adoptar. Depois de termos sido sujeitos a testes psicotécnicos e a uma visita domiciliária em que a assistente social nos revelou que reuníamos todas as condições sociais e económicas para ter filhos fomos a uma entrevista em que a psicóloga os disse que o nosso pedido havia sido indeferido, porque a adopção surgia nas nossas vidas pela impossibilidade de ter filhos pela via biológica. Ficamos estupefactos. Haviamos sido rejeitados. Não desejámos mais do que uma criança com 4, 5, 6 anos e proporcionar-lhe um projecto de vida. Estamos numa encruzilhada. quem recorrer??? Ajudem-nos por favor."

 

A segurança social não deixa de me surpreender, já tinha ouvido muitas coisas, mas isto é de bradar aos céus. Desde logo, eu diria que pelo menos 90% das pessoas que eu conheço e que já adoptaram ou que querem adoptar, fazem-no porque não consegue ter filhos biológicos, ora, se tivessem sido avaliados por estas senhoras,... tinham sido todos rejeitados... A verdade é que se este critério fosse utilizado por todas as equipas de adopção do país, haveria um décimo das adopções e não havia listas de espera em lado nenhum.. é claro que haveria muito mais crianças institucionalizadas e se calhar eu em lugar de 3, teria só um filho.

 

O que se pode fazer neste caso? em primeiro lugar, há que exigir que tudo isto seja colocado por escrito, tanto a aceitação como a rejeição dos candidatos só é válida após ter sido comunicada por escrito. O que eu faria no imediato, logo após a entrevista com a psicóloga, seria pedir uma reunião com o responsável distrital pelas equipas de adopção  e aparecia com um advogado. A presença de alguém que conhece as leis costuma fazer milagres nestes casos.

 

Se após esta reunião e a intervenção do advogado a decisão se mantiver, ela é passível  de recurso, recurso que é discutido em tribunal, duvido muito que dada a realidade da adopção em Portugal, algum tribunal pudesse dar razão a uma coisa destas.

 

A segurança Social joga muitas vezes com o sofrimento das pessoas, candidatos que já passaram por um penoso e muitas vezes longo percurso nos tratamentos para a infertilidade, e que são sujeitos a decisões destas, terminam por desistir, o ser humano tem um limite para o sofrimento. Mas é muito importante que estas coisas sejam tornadas públicas e denunciadas, os funcionários da segurança social não são deuses, não podem brincar assim com as vidas das pessoas.. sim, porque só podem estar a brincar, como é que a impossibilidade de ter filhos biológicos pode ser motivo para rejeitar uma candidatura?.. não pode!

 

Jorge Soares

publicado às 21:31

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