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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem da Internet
Num destes dias ao fazer Zapping fui parar ao Big Loser, aquele concurso onde entram bolas e pelo que eu vi, saiem galãs de cinema, juro, era o dia da final, restavam 3 finalistas e eu não queria acreditar no que estava a ver, um era o senhor ali da fotografia.. que na televisão parecia bem maior. Estavam ali 3 pessoas magras com óptimo aspecto, mesmo. Depois das apresentações, seguiram-se as pesagens... e aquilo era inacreditável.. dois dos concorrentes tinham perdido mais de 50% do peso, de 200 Kgs para perto de 90. Mas o que mais me impressionou foi o aspecto, ninguém perde mais de 100 Kgs e fica com aquele aspecto, porque a gordura queima-se, mas as peles ficam lá.... aquilo só pode ser treta.
O resultado de tudo isto foi que eu achei que se eles conseguiram perder 100 Kgs, eu devo conseguir perder ai uns 10 ou 15, para ficar mais ou menos no peso deles, ficou logo combinado que desde esse dia, dado que o meu joelho não está para Karaté e a alimentação cá em casa é bastante saudável, eu ia passar a andar uma hora por dia.. e acreditem ou não, tem-se cumprido... não, ainda não me pesei.
No dia a seguir comunicámos a decisão ao resto da família, foi mais ou menos assim:
-Meninos, a partir de hoje o papá vai andar todos os dias antes de jantar?
-Como?, então e quem vai cozinhar?
-Eu - diz a mamã
-Nãoooooooo, tem que ser o papá a cozinhar - Diz a mais velha
Gosto tanto da minha filha.... isto demonstra bem a qualidade dos meus cozinhados, certo?
Certo é que excepto nos dias em que a minha meia laranja dá aulas à noite, eu tenho ido todos os dias, uma hora em passo acelerado... os percursos escolhidos é que não têm sido lá muito inteligentes, vou para a baixa de Setúbal, Luísa Tody, Beira mar... estão a ver?, a zona dos restaurantes.
Sete da tarde, está tudo a cozinhar, andar faz abrir o apetite, e os cheiros.. peixe grelhado no carvão, choco frito, batatas fritas... há ali uma tasca na zona da Praça du Bocage que tem um cheirinho a bifanas... aquelas bifanas com imenso molho e que cheiram a mostarda .. uma coisa... passei por lá na volta, estava com uma fome danada.. juro que tive que fazer um esforço enorme para não entrar e pedir uma bifana e uma cerveja gelada.... desde esse dia mudei o percurso, não voltei a passar lá.
Diz a minha meia laranja que daqui até ao Verão fico nos trinques.... tenho é que passar a ir andar para a serra.. assim não dá...
Jorge Soares
Sobre o post de ontem, queria esclarecer o seguinte:
1- Eu sou desconfiado, o primeiro que fiz quando recebi o mail foi tentar investigar, ninguém é anónimo da internet, mesmo, portanto, o que posso dizer é que consegui confirmar algumas coisas, incluindo a real necessidade desta pessoa.
2- Sou pai adoptivo, também eu esperei e desesperei por ter um filho, neste momento haverá no espírito de muita gente a ideia de que estará ali a criança dos seus sonhos, isso não é verdade, primeiro porque lendo nas entrelinhas não me parece que seja desejo desta mãe entregar o seu filho, segundo porque EM PORTUGAL É ILEGAL A ENTREGA DE CRIANÇAS DIRECTAMENTE DE PAIS BIOLÓGICOS PARA PAIS ADOPTIVOS. Muita atenção a isto que é muito importante, a ideia é ajudar esta mãe, mas é bom que tenham isto claro.
3- Eu tenho o contacto de mail dela, que evidentemente não vou publicar aqui, para as pessoas que perguntam de que zona do país é, posso confirmar que é da zona de Lisboa, como não me sinto capaz nem tenho disponibilidade pessoal para centralizar a ajuda, vou disponibilizar via email o contacto dela a quem pretender ajudar, não será a melhor forma, mas é a que neste momento disponho, é evidente que todas as ideias são bem-vindas, e se alguém quiser pegar neste assunto de outra forma, força, apoiarei sempre.
Por fim, vou deixar aqui um excerto do mail que recebi esta manhã
"... mesmo com 17 semanas de gestação ouve alguém ontem que ainda me sugeriu o porque de eu não fazer um aborto, isto fora outras coisas, tenho medo do futuro,e mesmo assim tento nunca parar de lutar, o que eu mais queria era chegar ao fim da minha gravidez e poder levar o meu bebé comigo mas não sei como isso vai ser possível, a única pessoa que me tem dado algum conforto é a minha princesinha que no meio da inocência volta e meia me vem dar um beijinho na barriga ou uma festinha e diz o bebé da mãe ta aqui, também tenho medo de pensar que o meu bebé pode não estar bem. Mas apesar de todas as crueldades da vida ainda existem pessoas boas, na 6a feira recebi ca em casa umas calças de grávida não imagina o alivio que foi mas la está num momento em que todas as ajudas são bem vindas pra mim foi como se tivesse ganhado a lotaria,..."
Ajudar não custa... não fiquemos pelas intenções, quem pretender ajudar envie-me um mail para jfreitas.soares@sapo.pt, na resposta terá o endereço de mail desta mãe.
Jorge Soares
Vi as notícias na sexta feira e não queria acreditar, filas de horas para comprar o IPAD 2, o ultimo gadget da apple.. que custa entre 500 e quase 800 Euros. Hoje o Público diz o seguinte:
Alguém ouviu falar de uma crise?
Jorge Soares
A maioria das pessoas culpa os governos e os políticos da situação em que vivemos, na realidade eles tem culpa, mas não têm a culpa toda, primeiro porque quem os colocou lá fomos nós, nós que votamos por eles, e haverá muito pouca gente que não tenha votado no partido que ganhou em alguma das eleições dos últimos 30 anos, e é também culpa dos que cada vez mais decidem que não querem saber, os que não votam. Não votar é contribuir para que sejam elegidos os mesmos, não iliba de nada a ninguém.
Mas há muitos mais culpados, num destes dias num post da Suspeita que tinha o sugestivo título de A queda do Império, podíamos ler o seguinte:
"Então o senhor doutor advogado, profissional ao serviço da lei, para impor a dita e ajudar a implementar a justiça onde ela teima em não existir, cobra 60 euros sem recibo e com o dito 73,80 Euros!"
Um advogado que rouba ao estado, que nos rouba a todos para enriquecer ilicitamente. Já todos teremos passado ou ouvido falar em casos destes, médicos, dentistas, pequenos empreiteiros que fazem obras nas casas e que tem um preço com IVA e outro sem IVA, no outro dia ouvi uma história de alguém que fez uma piscina e que para além de não pagar o IVA das obras, até a água com que a encheram foi através de um esquema.
No outro dia fui tomar o pequeno almoço ao café da esquina, paguei quase 3 Euros mas reparei que na caixa registadora o valor foi 60 cêntimos.. mais um roubo, em IVA e IRC. Quantos de nós vamos a um restaurante e não pedimos factura?, a maioria das máquinas registadoras tem um sistema que permite a anulação do serviço, e é isso que acontece na maior parte dos casos, nós pagamos e o dinheiro entra todo por baixo da mesa... roubo, ao estado e a todos nós.
De quem é a culpa de tudo isto?, será dos políticos?, ou será nossa que deixamos que isto aconteça e na maior parte dos casos até somos cúmplices do roubo? Todo este dinheiro somado dava de certeza absoluta para acabar com a crise e para fazer deste um país de jeito.. mas somos nós que escolhemos, queremos continuar a roubar e/ou a pactuar com quem rouba, ou queremos um país de jeito?
Jorge Soares
Imagem de Sombras Azuis
Nunca antes havia observado a cidade por este ângulo. A torre do velho relógio parece que vai desprender-se da terra e ganhar os céus em queda livre. A lua, pendurada na ponta de um prédio, sai do meu campo de visão como se o cabo que a sustenta estivesse cedendo.
Não fosse esta uma posição tão desconfortável esperaria pelo nascer do sol. Visto desta forma deve ser ainda mais belo. Eu que nunca achei que estas coisas merecessem atenção, me via contemplando-as com estranha nostalgia.
Lá se vão minhas moedas! As chaves e os cigarros já haviam despencado antes. Observo-as em seu leve percurso até desaparecerem entre as árvores. Se eu precisar tomar um táxi, terei de encontrá-las mais tarde.
O ar gelado da noite começa a fazer os seus estragos; activa minha alergia e tenho dificuldades para respirar. A pulsação, mais forte a cada segundo, parece toda concentrada em minha cabeça.
Percebo, então, que meu sapato está frouxo e sinto que estou em apuros. Por isso que não gosto de usar meias finas, fazem o pé deslizar em contacto com o couro tornando fácil o descalçar. Quando os amarrei pela manhã, jamais imaginei uma situação como esta, senão teria dado um nó mais apertado, mas fico feliz por não ter escolhido o mocassin.
Os homens do Serginho-Boca-de-Grade, o Boca, estão lá em baixo garantindo o cumprimento da minha penitência. Sigo as ordens que me deram até que receba o sinal de que estou livre. O acordo não foi difícil, reconheci o meu erro e prometi afastar-me de Lola, definitivamente. Em troca, Serginho me pouparia desta vez, desde que eu permanecesse por um tempo reflectindo sobre meu erro. Exactamente o que eu fazia neste momento. Concentrei-me na minha sentença para não pensar nos sapatos.
“Ah, que mulher maravilhosa era aquela! Loira de pele clara e lábios grandes. Um par de seios que me fez perder muitas apostas na noite em que ela se aproximou da mesa de póquer. Se ela não fosse mulher do Serginho… Mas valeu a pena. Lola é dessas mulheres pelas quais se arrisca tudo, apenas por uma noite de amor. E eu sou do tipo que aposta a própria vida pelo calor de uma bela dama. ‘Além do mais, o Serginho já estava com outra’ foi o que me disseram.”
Em contraponto, lembro dos conselhos de Valmor, prevenindo-me dos riscos que eu correria, fraquejando ante os encantos de Lola: “Passarinho que anda com morcego acorda de cabeça para baixo” dizia ele em tom de profecia. Não imaginava, no entanto, que a metáfora ganharia sentido tão literal.Para meu alívio, a turma que me vigiava lá de baixo, entrou num Opala preto que foi embora soltando fumaça.
Bem, este era o meu indulto. Com muito cuidado, alcancei uma das hastes que um dia suportaram o letreiro do antigo hotel e onde meus tornozelos estavam presos por uma alça de couro, libertando-me da incómoda posição. Quando colocava meus pés em base firme meu sapato esquerdo escapou de vez seguindo o mesmo caminho dos meus outros pertences. Não sei precisar quanto tempo passei ali, mas já era hora de ir para casa.
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Fiquei alguns dias sem aparecer no casino, esperando a poeira baixar. Não era do meu feitio ficar escondido feito caranguejo. Todos me respeitavam por isso. Inclusive o Boca, que já apagou gente por muito menos. Eu também tinha um certo cartel na mesa de póquer. O meu talento com as cartas já havia me livrado de muitas situações complicadas.
Aqui estou eu novamente. A mesa iluminada por uma lâmpada que pende do teto e fica a pouco mais de um palmo da altura de nossas cabeças e que torna a periferia obscura. A fumaça suspensa e a música executada pelo incansável pianista definem o ambiente. Da minha esquerda para direita, além do homem que controla a banca, estão: Ernesto, um jovem aventureiro, que esbanja dinheiro com sua pouca astúcia para o jogo; um gordo barbudo, que nunca vi antes, à minha frente; e o velho Nestor, que sempre encontra espaço nas mesas por trazer consigo belas acompanhantes mas que nem sempre voltam com ele para casa, especialmente nos dias em que ele tem uma má jornada.
Estou pronto pra limpar mais uma turma de otários quando vejo Lola pedir um Campari com gelo no balcão. Tenho em minhas mãos um horizonte aberto. O trio de damas pode me levar à Quadra ou ao Full House. A aposta inicial é alta e provocante. Enquanto analiso as reacções de meus oponentes, observo a minha fêmea, insinuante, acabar com seu drink e retirar-se pela porta dos fundos. Um jogador experiente como eu sempre deve saber onde estão todas as saídas de um clube clandestino. Em situações de emergência este recurso pode ser muito útil. A polícia já sabe que se vier, pegará somente os novatos. Em caso de confusão dentro do estabelecimento, conhecer o caminho mais rápido para a rua, também pode salvar a sua pele.
Recuo na aposta, passo a minha vez e peço licença para me retirar do jogo. Saio pelo andar de cima, sabendo exactamente onde encontrá-la. Um beijo ardente, e de táxi saímos pela avenida principal. A moça ordena ao motorista que rume em direcção à saída da cidade.
– Para onde vamos? – Perguntei eu.
– Para longe.
– Preciso pegar algumas coisas…
– Já estão no porta-malas.
– E o Boca?
– Está bem! – limitou-se a responder.
Bem morto! Vim a saber no dia seguinte. Com o punhal que ele usava para abrir suas correspondências enterrado em seu peito, jazia sobre a cama que um dia dividira com minha mulher. “Suspeita-se de assalto, pois, segundo informou seu contador, uma grande soma em dinheiro havia sumido de sua residência” estava nos jornais.
Retirado de No Porta-malas do meu Galaxie
Eu sou uma pessoa com mau feitio, é um facto, se há coisa que não faz parte da minha personalidade é comer e calar, sou dos que reclama, muitas vezes, principalmente quando sinto que os meus direitos estão a ser pisados, ou quando sinto que estou a pagar um serviço e este não corresponde ao que estava contratado... eu reclamo, e peço o livro de reclamações e já muitas vezes aqui escrevi sobre estas situações
Já aqui relatei vários casos com empresas privadas e organismos do estado, ontem falei do INEM, ainda que em si o post não era uma reclamação contra esta instituição, era uma chamada de atenção para uma situação que aconteceu e que teve como protagonista uma criança na escola.
Mas assim como reclamo quando sinto que fui maltratado, também acho que se devem reconhecer os bons exemplos e os bons serviços, hoje fiquei muito surpreendido quando recebi o seguinte email:
"Exmo. Senhor Jorge Soares,
Boa tarde,
Teve o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) conhecimento da denúncia publicada no seu blog, na data de hoje, com o título «Como cuida o estado da saúde dos nossos filhos na escola?».
Neste sentido, vem o INEM questionar sobre a possibilidade de nos informar relativamente ao dia e hora aproximada em que a ocorrência relatada teve lugar.
Efectivamente, todas as reclamações/denúncias são devidamente analisadas neste Instituto, pois essa é uma das formas que temos para melhorar continuamente a qualidade dos serviços prestados.
Muito obrigado."
O INEM utiliza uma funcionalidade do google que os avisa cada vez que algo é publicado com a palavra INEM.. e na posse dessa informação dão-se ao trabalho de tentar perceber o que aconteceu, mesmo quando o que eu escrevi não é uma denuncia ou uma reclamação directa, nem podia ser, dado que o que contei não se passou comigo.
Desde aqui dou os meus parabéns ao INEM, é um exemplo que deveria ser seguido por muitas gente, por muitas empresas, por todo o estado e são atitudes como esta que me fazem pensar que ainda restam coisas positivas neste nosso país.
De minha parte tentarei obter a informação que me pedem de modo a ajudar no que for possível.
Jorge Soares
Contaram-me isto a semana passada, foi algo que aconteceu com um filho de uns colegas de trabalho, por vezes custa-me a acreditar que estas coisas aconteçam mesmo... infelizmente acontecem
Numa escola do primeiro ciclo de Setúbal uma criança magoa-se num pé, apesar de não haver sangue a criança não consegue apoiar o pé no chão e tanto a professora como as auxiliares suspeitam que possa haver fractura.
Ambos os pais trabalham em Lisboa pelo que na melhor das hipóteses demoram entre 45 minutos e uma hora em chegar à escola. Posto isto, decidem ligar para o 112.
Como não há sangue nem fractura exposta o Inem não se desloca à escola nem se encarrega do transporte da criança para o hospital, terá que ser a escola a tratar do assunto.
Todas as crianças tem um seguro escolar que os pais pagam no início do ano, este seguro não paga táxi para transportes de crianças ao hospital, logo, esta terá que ir para o hospital de transportes públicos, o que neste caso implicaria apanhar dois autocarros... recordam-se que no início eu disse que a criança não conseguia apoiar o pé no chão e que se suspeitava de fractura?...
Eu já parti um pé, estava a uns 20 metros da estrada e não consegui andar um passo, tiveram que ser os bombeiros a carregar-me até à ambulância... ora, o estado, ou o INEM, ou o empresa responsável pelo seguro escolar, querem que uma criança que pode ou não ter o pé partido apanhe dois autocarros para chegar ao hospital... alguém me explica a lógica de tudo isto?
É da saúde dos nossos filhos que estamos a falar.... porra!
Jorge Soares
Acho que sobram as palavras
Jorge Soares
Imagem do Público
Haverá muita gente que está feliz, finalmente o Sócrates disse basta, na verdade não me parece que exista motivo algum para estarmos felizes, esta crise politica vai trazer consigo mais desconfiança por parte de quem tem dinheiro para financiar o nosso país e essa desconfiança vai ter um custo enorme para todos nós.
Como estavam as coisas já era complicado que conseguíssemos seguir em frente sem ajuda do FMI ou da união europeia, agora será quase certo que seja mesmo necessário apelarmos a essas instituições, o custo a pagar por essa ajuda vai fazer com que estas medidas propostas agora pelo governo pareçam brincadeiras de criança... basta olhar para o que aconteceu na Grécia e na Irlanda após a entrada do FMI. Toda a oposição votou contra este PEC, o próximo governo sairá desta oposição, veremos como explicam depois que vão aplicar estas medidas e muitas mais, todas a penalizar o país.
Haverá eleições daqui a pouco tempo, foi há pouco que toda uma geração acordou para o facto de estar à rasca, agora toda essa geração terá oportunidade de mudar o seu futuro, porque é nas eleições que neste país se fazem as escolhas, a abstenção nas últimas legislativas esteve perto dos 40%, veremos como será nas próximas e veremos sobretudo se esta geração, que como o resto do país está à rasca, vai querer continuar à rasca ou vai criar as condições para que as coisas mudem mesmo. Veremos o que vale realmente esta geração.
Jorge Soares