Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem Minha do Momentos e Olhares
É dificil
Hoje acordei, e senti-me sozinho
Um barco sem vela, um corpo sem ritmo
Amanheci e vesti-me de preto
Um gesto cansado um olhar no deserto
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vês
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Adormeci, sem te ter a meu lado
Um corpo sem alma, guitarra sem fado
Um sonho na noite e olhei-me ao espelho
Umas mãos de criança num rosto de velho
Quando todos vão dormir
É mais fácil desistir
Quando a noite está a chegar
É difícil não chorar
Eu não quero ser
A luz que já não sou
Não quero ser primeiro
Sou o tempo que acabou
Eu não quero ser
As lágrimas que vês
Não quero ser primeiro
Sou um barco nas marés
Pedro Abrunhosa
O Pôr do sol da minha infância... o tempo passa, tudo passa, a natureza continua ali...
Alviães, Palmaz, Oliveira de Azemeis, Aveiro
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
À noite,
Há fadas pelo céu,
Gigantes como eu,
Cuidado!
Há sombras na janela,
Peter Pan dança na estrela,
Não acordes na viagem.
Conta-me uma história
De tesouros e luar,
És capitão da Areia,
E pirata de Alto Mar
Agora,
As cortinas têm rostos,
São fantasmas bem-dispostos,
Cuidado!
O Super-homem está a caminho,
Traz o Panda e o Soldadinho,
Fecha os olhos e verás.
Às vezes
Há dragões que têm medo
E é esse o seu segredo,
Cuidado!
Vivem debaixo da cama,
Brincam com o Homem-aranha,
Vais levá-los no teu sono.
Conta-me uma história
De tesouros e luar,
És capitão da areia,
E pirata de alto mar
Conta-me uma história
Onde eu entro devagar,
És capitão da areia
Diz-me onde me vais levar
Pedro Abrunhosa
Capitães da Areia
Cambados, Galiza, Espanha
Agosto de 2010
Imagem Minha do Momentos e Olhares
No entardecer dos dias de Verão, às vezes,
Ainda que não haja brisa nenhuma, parece
Que passa, um momento, uma leve brisa...
Mas as árvores permanecem imóveis
Em todas as folhas das suas folhas
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão,
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria...
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem!
Fôssemos nós como devíamos ser
E não haveria em nós necessidade de ilusão ...
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida
E nem repararmos para que há sentidos ...
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo
Porque a imperfeição é uma cousa,
E haver gente que erra é original,
E haver gente doente torna o Mundo engraçado.
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir ...
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Fim de tarde de um daqueles dias de verão .....
Playa Montalvo, Portonovo, Galiza
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Ser criança
Ser criança
é ter esperança
É ter a alegria
de viver o mundo.
É ter uma chave
uma chave para o futuro.
É viver no mundo de imaginação.
É encarar o mundo,
é tê-los nas mãos.
É olhar o mundo
de maneira diferente.
É sonhar é viver ,
É ser diferente.
Raquel Soares
10 anos
Praia do Carvalhal, Grândola, Setúbal
Julho de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Pedra a pedra a estrada antiga
sobe a colina, passa diante
de musgosos muros e desce
para nenhum sopé;
Do Poema Estrada de Fogo de Fiama Hasse Pais Brandão
Castelo de Almourol, Vila Nova da Barquinha,
Setembro de 2010
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
– Casava com um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
– (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
– Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
– Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
Álvaro de campos
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Te convido a creerme cuando digo futuro
si no crees mi palabra, cree el brillo de un gesto
Cree en mi cuerpo, cree en mis manos que se acaban.
Te convido a creerme cuando digo futuro
si no crees en mis ojos, cree en la angustia de un
grito
cree en la tierra, cree en la lluvia, cree en la
savia.
Hay veinte mil nuevas semillas en el valle desde ayer.
Hay restos de desesperados, hay el hombre y la mujer.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Hay un país en rocas y ruinas bajo otro país de pan
hay una madre que camina codo a codo con su clan.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Hay cuatro niños ahora mismo sonriendo en una plaza
y en las trastienda de una bala un militar que no ha
dormido
Y aquella linda muchachita vuelve a recortar su saya
sí es importante desde un niño hasta el largo de un
vestido.
Los fierros se fundieron ya
hay paciencia hay que dar más.
Yo te convido a creerme cuando digo futuro.
Sílvio Rodrigues
Setúbal, Maio de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Madrigal
Estando contigo me olvido de todo y de mí;
parece que todo lo tengo teniéndote a ti,
y no siento este mal que me agobia y que llevo conmigo.
arruinando esta vida que tengo y no puedo vivir
Eres luz que ilumina las noches de mi largo camino
Y es por eso que frente al destino no quiero vivir.
Una rosa en tu pelo parece una estrella en el cielo,
y en el viento parece un acento tu voz musical.
Y parece un destello de luz la medalla en tu cuello
al menor movimiento de tu cuerpo al andar.
Yo a tu lado no siento las horas que van con el tiempo,
ni me acuerdo que llevo en mi pecho una herida mortal.
Yo contigo no siento el sonar de la lluvia y el viento,
porque llevo tu amor en mi pecho como un madrigal.
Popular Latinoamericana
Praia de Albarquel, Setúbal
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
Eu bem sei que te chamam pequenina
E ténue como o véu solto na dança,
Que és no juizo apenas a criança,
Pouco mais, nos vestidos, que a menina...
Que és o regato de água mansa e fina,
A folhinha do til que se balança,
O peito que em correndo logo cansa,
A fronte que ao soffrer logo se inclina...
Mas, filha, lá nos montes onde andei,
Tanto me enchi de angústia e de receio
Ouvindo do infinito os fundos ecos,
Que não quero imperar nem já ser rei
Senão tendo meus reinos em teu seio
E súbditos, criança, em teus bonecos!
Antero de Quental, in "Sonetos"
Ponte de Lima
Agosto de 2010
Jorge Soares
Imagem Minha do Momentos e Olhares
No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore…
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança…
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão…
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança…
Corrigido por um louco!
Mário Quintana
Ponte de Lima
Agosto de 2010
Jorge Soares