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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Hoje sobram as palavras, em Lisboa a policia arremeteu contra manifestantes, transeuntes, jornalistas, tudo o que apareceu à sua frente, no rescaldo há policias, manifestantes e jornalistas feridos.... parece ser esta a nova versão da democracia de Passos Coelho e deste governo....
Há quem insista que nós não somos a Grécia, não sei se somos ou não, mas que cada vez nos parecemos mais.. até na repressão do estado.. lá isso.
Esta noticia fez-me lembrar algumas das professoras do N., que se recusavam a acreditar nos diagnósticos de médicos e terapeutas e insistiam em o avaliar e tratar como aos colegas. Parece que agora é o estado que se recusa a aceitar que existem crianças com problemas...ou isso, ou se prepara para colocar um rótulo em quem tem más notas.... temo o que possa vir a seguir.
Actualmente as crianças são obrigadas a estar na escola até aos 16 anos, imagino que a seguir a esta medida virá uma que acabará com os currículos alternativos e os planos de recuperação, para que estar a investir em apoio e alternativas se depois os alunos chegam ao exame e são avaliadas com as mesmas regras? De que serve um plano alternativo se as exigências e forma de avaliar são as mesmas?
E qual o incentivo para enviar uma criança com necessidades especiais para a escola se à partida sabemos que esta será avaliada como se fosse normal, o que significará que na grande maioria dos casos a reprovação estará garantida?.. os pais enviam os filhos para a escola só para eles estarem ocupados?.. qual o incentivo ao esforço para uma criança destas?
Eu tenho um filho com Hiperactividade e dislexia, cá em casa sabemos em primeira mão o esforço que é necessário para manter as coisas a funcionarem, a luta diária com ele para que acredite que é capaz, as guerras constantes com escolas e professores para que não desistam dele... temo que com medidas como esta tudo será em vão, afinal parece que o estado que é quem deveria dar o exemplo para a integração, já desistiu do meu filho e dos muitos milhares de crianças que necessitam de apoio para que possam ter direito a uma educação digna.
E já agora, como é que se decide uma coisa destas a meio do ano, quando professores e alunos já estavam preparados para exames diferentes e com condições diferentes?
E foi precisamente no Dia Internacional da Síndrome de Down que saiu uma noticia destas.... deixo aqui as palavras da minha filha de 12 anos...
O simplesmente diferente
Não aguento,
não compreendo,
porquê julgar-me,
se só veem aquilo que não tenho culpa de ser,
porquê odiar-me,
sem sequer tentar perceber-me
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
O simplesmente diferente
Não aguento,
não compreendo,
porquê julgar-me,
se só veem aquilo que não tenho culpa de ser,
porquê odiar-me,
sem sequer tentar perceber-me
Estou cansada de procurar as parecenças
se o que nos torna especiais são as diferenças
Estou cansada de sofrer
pelo que vocês me acusam de ser,
fatigada de me esforçar,
para me fazer aceitar,
se nunca me irão conhecer
Não sou perfeita,
mas os outros poderão dizer que o são?
estou saturada de tentar ser,
o que odeio,
estou exausta de viver,
neste fútil mundo imperfeito,
onde o mais importante é desvalorizado
e o que não interessa é venerado.
o que os outros querem ver,
e quem isso não quiser aceitar,
Hoje é o dia internacional da poesia, eu deixo a minha homenagem à minha poetisa preferida .....
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Foi em Novembro de 2010 que eu aqui escrevi o seguinte:
O apadrinhamento civil nasceu há um ano atrás, ante a impossibilidade de fazer a justiça, a segurança social e o acolhimento funcionar a uma só voz e em prol dos benefícios das crianças, o Estado decidiu tirar um coelho da cartola, uma solução que fica a meio entre o acolhimento familiar e a adopção, que não é nem carne nem peixe e que supostamente deveria funcionar como a solução milagrosa para esvaziar os centros de acolhimento.
Passou um ano e meio e tal como era previsível, não há noticia de uma única criança que tenha saído da tutela do estado por esta via, mas ao contrário do que possa pensar Guilherme de Oliveira, isso não se deve à questão económica, nem a falta de divulgação da medida, deve-se sim a que tal como era de prever, quem quer adoptar quer filhos seus, não os quer partilhar com ninguém e muito menos com famílias que na sua maioria são disfuncionais e problemáticas. Convém recordar que a maioria destas crianças estão nos centros de acolhimento porque foram retiradas, muitas vezes à força, à família.
Mas o que realmente me chocou na noticia do Público, foi o facto de Guilherme de Oliveira acreditar que a questão se poderia resolver se pelo meio se metesse um subsidio. O coração, a vontade de amar, a vontade de criar e educar, não é algo que se possa comprar, ou se tem, ou não se tem.
É verdade que não podemos olhar para esta questão desde o ponto de vista da caridade, estamos a falar de crianças, de seres humanos que merecem todo o amor e carinho que se lhes possa dar e isso não se consegue com caridades, mas também não se pode ir para o extremo oposto, a solução não pode ser a compra de afectos... porque os afectos não se compram. Fico horrorizado só de pensar que se passem a entregar as crianças a pessoas que só as recebem porque com elas vem 300 ou 400 Euros por mês, e que na primeira contrariedade ou na primeira falha do subsidio, as devolvam sem pena nem agravo.
Está na altura que Guilherme de Oliveira e o estado reconheçam que esta solução não tem pés nem cabeça, a solução para as quase 10000 crianças institucionalizadas tem que passar em primeiro lugar por uma revisão das leis de protecção de menores, por uma revisão e adequação dos processos, não é admissível que as crianças passem anos e anos no Limbo porque há juízes e/ou centros de acolhimento que não atam nem desatam os seus processos. Em segundo lugar, por uma mudança de mentalidades em toda a sociedade, desde as famílias biológicas aos candidatos à adopção, passando pela segurança social...
Eu tenho dois filhos adoptados e um biológico, nem para o biológico nem para os adoptados precisei de incentivo financeiro, a minha vontade de amar, de ser pai, bastou-me... porque haveria alguém de precisar de um incentivo financeiro para distribuir afectos?
Jorge Soares
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Os comentários ao post sobre o filme de terror na Aula de inglês deixaram-me mais ou menos incrédulo, é que entre o blog e comentários em pessoa, contei pelo menos mais 4 casos de filmes violentos ou de terror em aulas ou em ambiente escolar, 3 deles em aulas de inglês... os professores de inglês tem alguma fixação por filmes de terror?... é que está-me a parecer que isto são casos a mais para ser coincidência.
Para quem acha que estamos a exagerar, aconselho vivamente que leiam o comentário da Abigaí, talvez fiquemos esclarecidos sobre a forma como este tipo de coisas pode afectar os nosso filhos.
Entretanto chegou-me o seguinte por mail:
...estava eu parada nos semáforos junto à Escola José Falcão quando uma fila de crianças, presumivelmente dessa escola e até prova em contrário, atravessava a passadeira, com o sinal verde como deveria ser…
Entretanto aparece o sinal vermelho para peões e momentos mais tarde (como é normal) o sinal verde para os automóveis. Porém, os adultos acompanhantes que deviam ser educadores e ensinar as crianças a parar ao sinal vermelho, não se deram a esse trabalho e continuaram a passar mesmo com o sinal vermelho como se fosse uma situação normal!
Eu parei e chamei à atenção dos professores e acompanhantes da má prática e do mau exemplo que estavam a dar!
Dois deles, um elemento masculino e um feminino viram-se para mim, reclamam da minha observação e imagine-se, desculpam-se com as crianças, dizendo que as crianças são inconsequentes!
As crianças são inconsequentes... nesse caso, para que raio servem os professores?, para que serve a escola? só para ensinar o aeiou? e simplesmente abdicam do resto?
Como esperam estes professores ensinar o que quer que seja aos seus alunos se nem se acham capazes de ensinar algo tão simples como: Devemos esperar pelo sinal verde para atravessar a rua? Agora o civismo não faz parte da educação escolar? também é verdade que só consegue ensinar civismo quem o tem... e a julgar pelo exemplo, isso é algo que estes claramente não tem.
Nos países hispânicos da América latina e aqui ao lado na vizinha Espanha, para os professores é utilizada a palavra maestro, que traduzido à letra significa mestre. Um mestre é um individuo que com o tempo e a educação adquiriu um conhecimento numa determinada área, que utiliza para orientar e transmitir aos seus pupilos. Era bom que alguém recordasse esta definição a muitos destes professores, eles para além de mais, devem ser mestres, educar também se faz pelo exemplo.
Por certo, a professora de inglês da minha filha ficou ofendidíssima com os alunos, ela confiou neles e já a meteram em problemas... acho que alguém lhe vai ter que explicar em que é que ela errou....
Jorge Soares
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Então olhou para mim. Pensava que olhava para mim pela primeira vez. Mas então, quando se virou por trás do abajur, e eu continuava sentindo sobre o ombro, nas minhas costas, seu escorregadio e oleoso olhar, compreendi que era eu quem a olhava pela primeira vez. Acendi um cigarro. Traguei a fumaça áspera e forte, antes de fazer girar a cadeira, equilibrando-a sobre uma das pernas posteriores. Depois disso a vi ali, como havia estado todas as noites, de pé junto ao abajur, me olhando. Durante breves minutos não fizemos nada mais que isto: olhar-nos. Eu, olhando-a da cadeira, equilibrando-me numa das pernas traseiras. Ela, em pé, me olhando, com uma das mãos, comprida e quieta, sobre o abajur. Via as pálpebras iluminadas como todas as noites. Foi então que lembrei o de sempre, quando lhe disse: "Olhos de cão azul". Ela me disse, sem tirar a mão do abajur: "Isso. Já não o esqueceremos nunca". Saiu da órbita suspirando: "Olhos de cão azul. Escrevi isso por todas as partes”.
Vi-a caminhar em direção à cômoda. Vi-a aparecer na lua circular do espelho, olhando-me agora no final duma ida e volta de luz matemática. Vi-a continuar me olhando com seus grandes olhos de cinza acesa: olhando-me enquanto abria uma caixinha revestida de nácar rosado. Vi-a passar pó-de-arroz no nariz. Quando acabou de fazer isso, fechou a caixinha e voltou a ficar em pé e andou novamente em direção ao abajur, dizendo: "Temo que alguém sonhe com este quarto e mexa nas minhas coisas"; e estendeu sobre a chama a mão comprida e trêmula, a mesma que estivera esquentando antes de sentar-se em frente ao espelho. E me disse: "Você não sente o frio". E eu lhe disse: "Às vezes". E ela me disse: "Você deve senti-lo agora". E então compreendi por que não tinha podido ficar sozinho na cadeira. Era o frio o que me dava certeza da minha solidão. "Agora o sinto", disse. "E é raro, porque a noite está quieta. Talvez o lençol tenha rodado". Ela não respondeu. Começou a se mexer em direção ao espelho e voltei a girar sobre a cadeira para ficar de costas para ela. Embora sem vê-Ia, sabia o que estava fazendo. Sabia que estava outra vez sentada diante do espelho, vendo minhas costas, que haviam tido tempo para chegar até o fundo do espelho, e serem encontradas pelo seu olhar, que também havia tido o tempo justo para chegar até o fundo e regressar antes que a mão tivesse tempo de iniciar a segunda virada — até os lábios que estavam agora pintados de carmim, da primeira virada da mão em frente ao espelho. Eu via, à minha frente, a parede lisa, que era como outro espelho cego, onde eu não a via sentada às minhas costas, mas imaginando onde estaria, se no lugar da parede tivesse sido colocado um espelho. "Estou vendo você", disse-lhe. E vi, na parede, como se ela tivesse levantado os olhos e me visto de costas na cadeira, ao fundo do espelho, com o rosto voltado para a parede. Depois vi-a abaixar as pálpebras, outra vez, e ficar com os olhos quietos no seu sutiã, sem falar. E voltei a lhe dizer: "Estou vendo você." E ela voltou a levantar os olhos do sutiã. "É impossível", disse. Eu perguntei por quê. E ela, com os olhos outra vez quietos no sutiã: "Porque você tem o rosto voltado para a parede". Então eu fiz girar a cadeira. Tinha o cigarro apertado na boca. Quando fiquei de frente para o espelho, ela estava outra vez junto do abajur. Agora tinha as mãos abertas sobre a chama, como duas asas abertas de galinha, sendo assada, e com o rosto sombreado pelos próprios dedos. "Acho que vou me resfriar", disse. "Esta deve ser uma cidade gelada”. Voltou o rosto de perfil e sua pele de cobre vermelho se tornou repentinamente triste. "Faça alguma coisa contra isso", disse. E ela começou a tirar a roupa, peça por peça, começando por cima; pelo sutiã. Disse-lhe: "Vou me virar para a parede". Ela disse: "Não. De todas as maneiras você vai me ver, como me viu quando estava de costas". Mal tinha acabado de dizer isso e já estava despida quase por completo, com a chama lambendo-lhe a comprida pele de cobre. "Sempre tinha querido ver você assim, com o couro da barriga cheio de buracos fundos, como se houvessem feito você a pauladas". E antes que eu me desse conta de que minhas palavras se tinham tornado torpes diante da sua nudez, ela ficou imóvel, esquentando-se na órbita do abajur, e disse: "Às vezes creio que sou metálica". Manteve o silêncio por um instante. A posição das mãos sobre a chama mudou levemente. Eu disse: "Às vezes, em outros sonhos, pensei que você é apenas uma estatueta de bronze num canto de algum museu. Talvez por isso sinta frio". E ela disse: "Às vezes, quando durmo sobre o coração, sinto que o corpo fica como um ovo, e a pele como uma lâmina. Então, quando o sangue me bate por dentro, é como se alguém me estivesse chamando com os nós dos dedos na barriga, e sinto meu próprio som de cobre na cama. É como se fosse assim como você diz: de metal laminado". Aproximou-se mais do abajur. "Teria gostado de ouvir você", disse. E ela disse: "Se alguma vez nos encontrarmos ponha o ouvido nas minhas costelas, quando eu dormir sobre o lado esquerdo, e me ouvirá ressonar. Sempre desejei que você alguma vez fizesse isso”. Ouvi-a respirar fundo enquanto falava. E disse que durante anos não tinha feito nada diferente disso. Sua vida estava dedicada a me encontrar na realidade, por meio dessa frase identificadora. "Olhos de cão azul." E na rua ia dizendo em voz alta, que era uma maneira de dizer à única pessoa que teria podido compreendê-la:
Gabriel Garcia Marquez
Retirado de Releituras
Imagem minha do Momentos e Olhares
O texto seguinte foi retirado do Energia a mais, é a carta de uma mãe para a escola do seu filho, é um texto duro, é comprido e custa a ler... a mim custou-me, no fim ficou-me uma sensação de revolta, tristeza e muita raiva... há coisas que esta mãe conta que já aconteceram com o meu filho, de algumas já falei aqui... outras ainda não aconteceram... mas podem muito bem acontecer....
Tenho imenso respeito por quem quem é professor, mas há coisas que não tem nome...
«Carta à escola e professores do meu filho, A.(...)
Estou desiludida, triste e magoada com a forma como alguns professores têm tratado o meu filho dentro da escola.
Sempre fui defensora dos professores, afinal são eles que nos ensinam a ser adultos, que ensinam os futuros políticos, engenheiros, doutores, carpinteiros, electricistas e todas essas profissões tão dignas que farão com que o nosso mundo funcione e melhor…
Eu tive professores assim, que me faziam sentir feliz e segura dentro da escola, que me motivavam e elogiavam, que salientavam os meus pontos positivos e ajudavam a aceitar e ultrapassar os negativos…
Que tinham como objectivo a inclusão, o respeito mútuo mas acima de tudo o amor pelo ensino e pelos seus alunos, o prazer de ensinar e a capacidade de fazer a diferença.
Quando o meu filho iniciou a vida escolar fiquei feliz, ele sempre foi um menino inteligente e perspicaz…muito activo, é verdade, mas sempre com resultados excelentes…talvez porque também teve o privilégio e a sorte de ter professores excelentes!
Sempre senti que havia algo de diferente com o André, nunca o escondi e várias vezes pedi ajuda à escola e aos professores para estarem atentos e verem se viam o mesmo que eu, tanto é que o André teve a sua primeira avaliação psicológica na escola aos 8 anos e a partir daí nunca mais deixei de tentar “descobrir” o que se passava com o meu filho!
Desde que iniciou o segundo ciclo tudo se complicou…passou a ser mais ansioso, desorganizado e desmotivado, auto-estima baixa, crises de choro, acompanhadas muitas vezes de cólicas, vómitos e até diarreia!
Na minha inocência de mãe, achava que eram apenas desculpas para não ir à escola e sempre, repito : SEMPRE o obriguei a ir à escola, mesmo quando ele me liga da casa de banho da escola a chorar e a implorar: “ Mãe, por favor tira-me daqui, tu não sabes o que seu sofro!” – nunca o fui buscar e, apesar de ficar arrasada por dentro e com o meu coração apertado, sempre o obrigo a ir à aula e lhe desligo o telefone…
Agora dou por mim a pensar que contribuí para isto tudo, que não protegi devidamente o meu filho!
Outras mães teriam ido imediatamente à escola, discutiam com os professores e protegiam os seus filhos…eu não, limitei-me a acreditar que ele era o culpado de tudo – pois a verdade é que ele não consegue mesmo estar quieto e assumo que se me faz perder a mim a cabeça, melhor fará perder a cabeça de quem não o “pariu” como eu e não o ama como eu, de quem não se habituou já a ser mais tolerante como eu…venceu-me pelo cansaço…admito…
Tantos recados na caderneta, tantas queixas do A., SEMPRE O A.
Eu própria acabei por permitir que o rotulassem…porque não gritei, não briguei, não o defendi, não exigi!
Mas eu não sabia tudo, ele não me conta, podem não acreditar, mas como ele acha que eu estou sempre “do lado dos professores”, deixou de me contar…e como a primeira vez que eu reclamei em relação ao Senhor Professor de Música, ele ainda foi mais penalizado, humilhado e maltratado na sala de aula, passando a ter sempre negativa, independentemente daquilo que faça na aula a ir mais vezes para a rua ou simplesmente a não o deixarem entrar na aula, ficando à porta um tempinho e só entrando mais tarde que os colegas, vai-se lá saber porquê! Sei estas coisas porque os colegas me contam…
Então deixei de ir à escola, impotente e com a esperança que ele recuperasse o interesse que tinha tão grande em aprender. Sim, ele ADORAVA a escola, absorvia tudo…e era feliz lá.
Agora não é, tem sofrido humilhações e maus tratos psicológicos, situações graves que o têm afectado imenso, que o fazem sofrer e estar revoltado…perdeu a confiança e eu também.
Era suposto o meu filho estar em segurança dentro da escola, não ser vítima de ninguém, muito menos de professores!
Era suposto eu estar despreocupada e não ter necessidade de escrever esta carta à escola a pedir, como MÃE : POR FAVOR, NÂO MALTRATEM O MEU FILHO!!
Não o vou permitir mais, nunca o devia ter permitido! Mas como podia eu saber? Como podia eu imaginar sequer que um professor, neste caso até são mais iria discriminar desta forma o meu filho?
Então fala-se tanto de EDUCAÇÃO INCLUSIVA e estão a excluir o meu filho?
Apenas porque não o compreendem? Porque não sabiam lidar com a situação? Porque ele é diferente e dá mais “trabalho” que os outros?
O Professor de EVT dava-lhe sempre 2, agora passou para 1 ?!
Ele tem os trabalhos na pasta, eu até acho que estão muito bons tendo em conta a dificuldade que ele tem a nível de motricidade e destreza manual, que é típico em crianças com PHDA (hiperactividade com défice de atenção)…
1 é para quem não faz NADA! 1 é para lhe dizer tu não vales nada, para o desmotivar e lhe “destruir” a auto-estima! 1 é para o chumbar!
Não vou permitir…CHEGA! O ano passado foi igual com EVT e Musica, teve sempre 2 e no final do ano passou com 3! Para quê? Porque o maltrataram o ano todo para depois lhe darem o 3?
Nem merece nota pelo esforço? Por tentar? Até lhe deram negativa em trabalhos que fez comigo!
Considero isso um “ataque” ao meu filho e agora, depois de tantos relatórios e psicólogos, sim, porque o meu filho anda no psicólogo, eu ainda não desisti dele, nem vou desistir ao contrário do que estes professores fizeram, depois de toda esta caminhada venho a saber que afinal o meu filho sofre de maus tratos na escola?
Também fiquei a saber o nome do problema dele PHDA…afinal o meu filho não é um mal-educado, afinal e não sou “uma tonta que devia dar mais educação ao meu filho em vez de tanto mimo”, como disse a professora de Inglês/Português…
Afinal estávamos TODOS errados…também assumo a minha culpa, pois fiz muita asneira antes de descobrir o que passa com o meu filho, mas também fiz uma promessa: Vou fazer tudo o que me for possível para que ele volte a ser feliz na escola e a recuperar o gosto por aprender que ele tinha.
Mas para isso preciso de ajuda, não posso andar a medicar o meu filho e ir às consultas de psicologia se depois o continuarem a maltratar na escola.
Senhora professora de EVT: NÂO QUERO mais o meu filho na arrecadação a fazer cópias e tabuadas! De pé, encostado ao lavatório toda a aula? Quem lhe deu esse direito? E ainda foi dizer ao meu filho que quer marcar um dia para falarmos sobre o facto de a senhora achar que o meu filho não FAZ NADA nas aulas de EVT?
Ainda pretende assustá-lo mais? Porquê? Decidiu entrar em “guerra” com uma criança?
É ridículo…ele tem 11 anos e os professores supostamente são os adultos dentro da sala de aula e como tal devem ser os primeiros a dar o exemplo, a mostrarem valores…como podem exigir respeito de uma criança depois de o maltratarem e de o humilharem?
Se ele está a fazer cópias e tabuadas é normal que não faça trabalhos de EVT…Mas marque o dia que eu terei muito gosto em ir visitar a arrecadação para ver como a senhora teve a coragem de humilhar e descriminar o meu filho dessa forma! Uma professora? Se os professores de EVT não estão em condições psicológicas de dar aulas que metam baixa ou atestado e que fiquem o lugar disponível para professores interessados em ensinar!
Estes professores têm prejudicado a vida e a saúde do meu filho, ao ponto de ele vomitar e ter cólicas antes destas aulas!
Agora já têm um diagnóstico, agora cabe a vocês senhores professores decidirem se vão continuar a prejudicar o meu filho ou se aceitam que erraram, como eu também já aceitei. Se estão dispostos a começar de novo e a colaborarem na minha luta pela recuperação da felicidade e auto-estima do meu filho e ajudá-lo a acreditar que os professores não vão voltar a tratá-lo mal.
Apenas pretendo saber: o meu filho está realmente seguro na vossa escola? Acho que ele merece um pedido de desculpas por parte destes professores e merece ser avaliado correctamente e com justiça, pois existe muita diferença entre os “favoritos” e os “indesejados” e uma coisa eu garanto : não o vou permitir mais!
O meu filho merece uma avaliação justa e merece ser bem tratado dentro da escola e a partir do momento em que foram informados do diagnóstico dele tinham “obrigação moral” de olharem para as avaliações dele e verem o tão injustos que têm sido, tanto no desempenho escolar, como no comportamento, pois ele não está quieto porque não consegue mesmo, se bem que agora que está medicado e tenho a certeza que isso já está a mudar!
Tirem o rótulo ao meu filho de mal-educado, não o descriminem mais e por favor ajudem-me a faze-lo feliz e a voltar a acreditar que as pessoas erram, mas que também assumem que erraram e sabem pedir desculpa por isso…
Apenas quero agradecer à professora e directora de turma F. R., pois sei que nunca desistiu do A., ele respeita-a, confia em si e vê-a como uma amiga.
Agradecer também à Psicóloga P. P. que apesar de tanto trabalho tem sido o meu apoio.
Obrigada!
(...), 7 de Março de 2012»
Imagem da internet
A minha mais velha tem definitivamente uns professores muito originais no Liceu, depois do professor de Educação física que decide fazer aulas de recuperação, agora foi a professora de inglês que decidiu inovar.
Não sei bem a propósito de quê, talvez não tivesse nenhuma aula preparada ou simplesmente naquele dia não lhe apetecia dar aula, combinou com os alunos que em lugar da aula, veriam um filme, que filme?... bom, um que os alunos escolhessem. Há filmes disponíveis na biblioteca da escola, alguém estaria encarregado de ir lá buscar um que todos gostassem. Ora, deixar a escolha do filme aos alunos não é lá muito inteligente, podiam por exemplo ter escolhido O crime do Padre Amaro, ou um do Almodôvar.. convenhamos que para a aula de inglês não daria muito jeito... na indecisão alguém foi a casa buscar este: SAW - Enigma Mortal.
Podia ser pior, em lugar de um filme de terror podiam ter escolhido um pornográfico, se calhar tinha passado, se passou um de terror para maiores de 16 anos, porque não poderia passar algo mais picante?
Convém dizer que estamos a falar de uma turma do sétimo ano, com crianças que andam entre os 12 e os 13 anos, a professora não só deixou a escolha do filme aos alunos, como não se deu ao trabalho de verificar se o escolhido seria apropriado ou não para a idade das crianças.
Eu não me lembro quando consegui ver o primeiro filme de terror, mas tenho a certeza que já andava na universidade e ainda hoje se puder evitar não vejo, ora a minha filha entre outras coisas também herdou isso de mim, mal se apercebeu o que ia passar, simplesmente saiu da sala e não voltou... a professora ou não se apercebeu... estaria atenta ao filme, ou não se deu ao trabalho de questionar, ou simplesmente não se importou com a saída da aluna.
Há coisas que me custam a entender, não me lembro de ir para a escola ver filmes, não consigo entender como é que se troca uma aula pelo visionamento de um filme comercial, não entendo porque é que a professora deixa aos alunos a escolha do filme e muito menos posso entender como é que esta não verifica o tipo de filme que vai passar e se este é apropriado para a idade dos seus alunos.
Já fizemos seguir por escrito a reclamação para a directora de turma... vamos ver no que isto vai dar, mas uma coisa é certa, garanto que esta não vou deixar passar em claro, é que se não fazemos nada, a seguir pode vir o Garganta Funda.
Jorge Soares
Imagem da RTP
Foi em Chaves, mas podia ter sido em muitas outras localidades do interior do país e até em algumas do litoral, no Sábado uma mulher de 79 anos sentiu-se mal em plena rua em Chaves, chamado o INEM, os médicos contactaram o hospital de Chaves que recusou a doente já que desde o início do ano não dispõe do serviço de cardiologia. De seguida foi contactado o hospital de Vila Real que também recusou a doente por não dispor de vagas. Tudo isto enquanto a senhora estava a ter um ataque cardíaco em plena rua.
Entretanto foi transportada para o hospital de Chaves onde dada a gravidade do ataque cardíaco se decidiu que tinha mesmo que ir para Vila Real, foi chamado o helicóptero para fazer o transporte, este chegou quando a idosa já tinha falecido duas horas depois do primeiro alerta.
As poupanças na saúde tem um preço, neste caso o facto de não haver cardiologia em Chaves pagou esse preço na forma de uma vida humana.
Como é que se encerra um serviço num hospital sem garantir que os mais próximos tem capacidade suficiente para atender todos os casos? Quando em Vila Real dizem que não aceitam uma emergência cardíaca porque não há vagas, esperam o quê?, que transportem o doente para o Porto?, para Bragança?, para Braga?... e por acaso um doente cardíaco pode esperar até chegar de Chaves ao Porto?
Haverá de certeza muitos outros casos como este por todo o país, casos que custarão muitas mais vidas, quem assume as responsabilidades?, onde estão os que decidiram que ao retirar a cardiologia de Chaves esta senhora não podía viver? vão asumir as suas responsabilidades neste caso?...será que era disto que o Primeiro ministro falava quando disse "Vamos cumprir as metas custe o que custar"? quantas vidas humanas estão encerradas nesta frase?
Jorge Soares
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A Suíça é o país dos referendos, ademocracia é levada quase ao extremo, há uns tempos referendaram a diminuição dos impostos, ontem foi uma proposta dos sindicatos que pretendia aumentar o período de férias de quatro para seis semanas.
Acreditem ou não, tanto a proposta para diminuir os impostos, como a do aumento das férias, saíram derrotadas, sendo que no referendo de ontem o não ganhou com 66 % dos votos.
Se bem se lembram por cá Passos Coelho e os seus ministros começaram a ser vaiados precisamente quando se anunciou que não havia tolerância de ponto no Carnaval para ninguém, e será de certeza muito mais vaiado quando disser que também não há na Páscoa.
A maior diferença entre dois países é sem dúvida nenhuma o seu povo, evidentemente nenhum governo português teria a infeliz ideia de referendar uma diminuição de impostos, não conheço ninguém que não ache que paga impostos a mais... mesmo que na realidade paguemos menos que em muitos outros países. Referendar o aumento em 50% os dias de férias?... mas alguém dúvida do resultado mesmo que fosse só um dia de aumento?
Um dos motivos que as pessoas alegaram para votar não foi o facto de que isso poderia colocar em causa os seus ordenados, as pessoas tem a noção de que as pequenas empresas, 90% das empresas do país, teriam muitas dificuldades em sobreviver depois de uma medida como esta..a isto eu chamo ter consciência da realidade, eles pensam sabem que para terem emprego e bons salários tem que haver empresas capazes de os pagarem..
Os Suíços trabalham 42 horas por semana, festejam seis feriados nacionais, nós trabalhamos 40 horas, tínhamos 14 feriados e estamos muitos chateados porque vão passar a ser 10... a produtividade é uma palavra muito em voga, há muita gente que tem dificuldades em perceber porque é que se repete tanto que somos um país de baixa produtividade... eu nem acho que seja assim tão difícil de perceber, basta olhar para a forma como nós olhamos para estas questões... certo certo, é que Portugal nunca será a Suíça e nós nunca seremos suíços....
Outras das coisas que foi referendada ontem foi a criação de um Drive In sexual ... o sim ganhou... por cá como seria?
Veja a Notícia da RTP:
Jorge Soares