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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Acho que nunca aqui se falou de óculos, o que não deixa de ser estranho, isto porque dos 5 que moramos cá em casa, 4 usamos e para além de que bem que podíamos ser sócios da óptica, não somos mas consta-me que eles gostam mesmo muito de nós, há histórias que dariam não para um post, mas para um blog inteirinho só sobre o assunto.
A história que lhes quero contar hoje começou há dois anos atrás, quando as férias em lugar de nas nossas adoradas Astúrias, foram na Galiza.
No fim de um dia qualquer demos pela falta dos óculos do N. ao contrário da irmã mais velha, que nunca sabe onde está nada, o N. é quase o nosso amuleto da sorte, não só sabe onde costumam estar todas as suas coisas, como normalmente sabe onde estão ou podem estar as coisas do resto da família.. ainda não percebi se tem memória fotográfica, mais jeito para procurar, ou simplesmente tem muita sorte, mas o certo é que quando falta algo, todo o mundo pergunta ao N. se ele viu... e normalmente viu.
Naquele dia ele não tinha visto os óculos, depois de revirarmos a tenda o carro e meio parque de campismo, ele lá se lembrou que a última vez que os tinha visto tinha sido na praia. Já não me lembro se naquele dia voltamos à praia ou não, mas no dia seguinte fomos.. é claro que encontrar uns óculos na areia da praia é mais ou menos como encontrar uma agulha num palheiro... e evidentemente não encontramos nada. Também perguntamos no bar da praia, em vão.
No dia a seguir voltamos à praia e por descargo de consciência voltamos a perguntar no bar...e voilá, alguém tinha encontrado uns óculos enterrados na areia....
Este ano as férias foram mesmo nas Astúrias, num dos muitos dias em que andamos a vaguear de praia em praia, fomos parar a uma enseada cheia de gente, a praia era bonita e a água era de um azul turquesa e uma transparência que convidava ao mergulho... era quase tudo perfeito, excepto que em lugar de areia a praia era de seixos e por muito convidativa que fosse a água, era um suplicio chegar até ela..estivemos uns cinco minutos e decidimos procurar outro poiso.
Quando chegamos à praia seguinte demos pela falta dos óculos do N. nem ele se conseguia lembrar de os ter trazido, nem ninguém de o ter visto com óculos... ele achava que não... Ainda recorremos à máquina fotográfica, mas não havia imagens com ele de frente, concluímos que deviam ter ficado na tenda e dispusemos-nos a gozar as delicias do sol e da água quente do Mar Cantábrico.
Ao fim do dia e depois de revirarmos a tenda e o carro, concluímos que aquela vaga lembrança que ele tinha de tirar os óculos na praia e os colocar no boné, tinha sido mesmo o que tinha acontecido e a aquela hora estes estariam algures a rebolar entre as ondas na praia dos seixos.
Por descargo de consciência no dia a seguir passamos de novo pela praia e no bar fomos perguntar se alguém teria "encontrado unas gafas en la playa"... e por incrível que pareça os óculos estavam lá à nossa espera.
O N. é mesmo o rapaz com mais sorte do mundo.
Jorge
Imagem de aqui
O anuncio acima não é o original, que à hora em que lá cheguei já tinha sido corrigido e os outros conhecimentos, que pelos vistos se referiam aos conhecimentos pessoais da Vera Pereira e não a outros conhecimentos profissionais ou intelectuais, já tinham sido retirados. A imagem é de uma replicação num dos muitos sites de emprego que referenciam o site do IEFP.
Também não tem nada de novo, todos sabemos que neste país o primeiro factor para conseguir um emprego é mesmo a cunha e quem não as tem, nas condições em que está o país está mesmo lixado com F grande.
De saber que é assim que o país funciona, estas coisas já não chocam, mas não deixam de me irritar profundamente, e irrita-me muito mais ler que “A situação identificada é perfeitamente normal, enquadra-se nos procedimentos previstos e estipulados para as ofertas de emprego apresentadas com o propósito de as empresas formalizarem candidaturas à medida Estímulo 2012”, segundo o Público, foi esta a explicação dada por Fátima Cerqueira, directora de comunicação do IEFP.
É verdade que a oferta de emprego é para uma instituição privada, e evidentemente esta instituição pode escolher quem bem entender para os seus quadros, mas o anuncio foi publicado porque esta instituição se está a candidatar a um programa de incentivo de empregos, programa que é pago pelos nossos impostos.
Se realmente a instituição já tem alguém para o lugar, porque é que se publica o anuncio online? O anuncio serve para quê?, Para colocar um monte de gente a enviar currículos para nada?, Para que os funcionários do IEFP tenham que fazer e estarem a olhar para currículos e candidaturas que na realidade não servem para nada? Para as estatísticas?, para que a IEFP diga que o programa está a funcionar?
Tudo isto pode ser normal e até legal, mas será moral? Com que imagem ficamos da IEFP e dos programas de incentivo ao emprego?
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Não parece nada, mas estou de volta, eu estou cá, hoje até já voltei ao trabalho, mas na realidade o que sinto é que parece que a minha mente se recusa a voltar ao ritmo normal.. à vida...estou aqui há meia hora a tentar debitar meia dúzia de letras e está complicado... não é que não tenha tema, tenho até vários de que queria falar, mas alinhavar 4 ou 5 palavras para que formem uma frase que diga algo coerente.... não está fácil...
Bom, desisto, por hoje, só vou dizer.. estou de volta. já lhes falarei das férias, dos campings, do excepcional verão que tivemos este ano nas Astúrias... agora vou ali olhar para as mais de 1300 fotografias que tirei e ver o que se aproveita...
Jorge Soares
PS:Acabo de descobrir que o Sporting perdeu em casa com o Rio Ave, isto está-se a compôr
Imagem minha do Momentos e Olhares
Recomeçar
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga
Os meus passos sobre a areia molhada
Praia do Carvalhal, Grândola, Setúbal, Outubro de 2011
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
"Viver é apreciar tudo o que a Vida oferece..
A Vida é feita de momentos..
Momentos bons... Momentos menos bons...
Viver é saber agarrar cada momento
E dele retirar toda a magia..
Viver é lutar por fazer de todos os momentos,
Momentos mágicos..
A Vida é um caminho longo
Onde tudo depende de nós...
Cada um tem o seu caminho a perseguir...
Cada um tem o seu caminho a descobrir..."
Mafalda Veiga (??)
Fim de tarde em Troia
Outubro de 2011
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Identidade
Preciso ser um outro
para ser eu mesmo
Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta
Sou pólen sem insecto
Sou areia sustentando
o sexo das árvores
Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro
No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço
Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"
Faro de Busto
Luarca, Astúrias, Espanha
Agosto de 2011
Imagem minha do Momentos e Olhares
Eu gosto da praia
à hora das gaivotas
Quando a maré desce
E tudo fica mais calmo
Quando o sol dourado
despenteia o teu cabelo
e um só sorriso teu
desfaz o meu pesadelo
Tens os pés na areia
e um olhar sobre as ondas
por muito que os estendas
não quero que te escondas
Sabes o mar é bruto
mas pode ajudar
a ter outra vez
vontade de gostar
ao longe desfaz-se
a linha do horizonte
e tu já voltaste
desse sitio onde foste
protege os teus ombros
com o meu braço esquecido
e um só sorriso teu
e eu já não estou perdido
eu gosto da praia
à hora das gaivotas
à hora das gaivotas
eu gosto da praia
eu gosto de ti
Tim
Ouvir
Imagem minha do Momentos e Olhares
Encantamento
Quantas vezes, ficava a olhar, a olhar
A tua dôce e angelica Figura,
Esquecido, embebido num luar,
Num enlêvo perfeito e graça pura!
E à força de sorrir, de me encantar,
Deante de ti, mimosa Creatura,
Suavemente sentia-me apagar...
E eu era sombra apenas e ternura.
Que inocencia! que aurora! que alegria!
Tua figura de Anjo radiava!
Sob os teus pés a terra florescia,
E até meu proprio espirito cantava!
Nessas horas divinas, quem diria
A sorte que já Deus te destinava!
Teixeira de Pascoaes, in 'Elegias'
Praia da Roca, Castanheira de Pêra
Junho de 2011
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
uando Setembro chegar…
Quando Setembro chegar o verão terá acabado e o amanhecer virá me acordar, apressado.
Não mais haverá folhas secas caídas ao chão, pois as cores, antes tímidas, voltarão em puro êxtase, bailando num festival deliciosamente provocante.
Quando Setembro chegar o sol estará pleno, iluminando os mares do meu mundo.
Uma brisa suave teimará em bater de leve em meu rosto, desajeitando meus cabelos húmidos e pesados. Um aroma antigo se fará presente, trazendo consigo a quietude do meu ser.
Quando Setembro chegar serei embalada por uma música e por alguns instantes deixarei de respirar. Em órbita, minha razão terá sido arrancada de mim por algo que não pretendo explicar.
Teremos tempestade.
Ventania.
Um doce fechar de olhos.
Um meio sorriso preso nos lábios.
Quando Setembro chegar correrei ao encontro dos sentidos. Ao abrir uma janela descobriria um novo cheiro, ao escancarar uma porta um novo gosto. Na intimidade de um toque, desvendaria um olhar.
Uma onda de felicidade atingirá todo meu corpo. Alegria em forma de espuma nos pés, contentamento em forma de grãos de areia nas mãos. Não haverá nuvens no meu céu.
Quando Setembro chegar eu serei todas as estações do ano…
(Autora: Ludmila Guarçoni)
Borboleta Zebra "apanhada" no jardim aqui à volta do prédio em Setembro do ano passado.
Setúbal, Setembro de 2010
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Os homens não se medem pelos poemas que leram, mas talvez fosse melhor. O que é a fita métrica comparada com algo intenso? Há poemas que explicam trinta graus de uma vida e poemas que são um ofício de demolição completa: o edifício é trocado por outro, como se um edifício fosse uma camisa. Muda de vida ou, claro, muda de poema.