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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e Olhares
Todos sabemos que não vai ser fácil, mas não se esqueçam de ser felizes, em 2013 ou em qualquer outro ano
Jorge Soares
Imagem do Pontos de Vista
Não vai ser fácil, mas vamos todos tentar fazer por isso?
O meu desejo de ano novo para todos os que por aqui costumam passar é esse, nunca desistas de procurar a felicidade!
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Na noite de 31 de Dezembro Tristão acorda em sobressalto. Sonhava com um carrossel de cores quando um estrondo lhe atravessou a cabeça fazendo-o erguer da cama grande.
Tudo naquele quarto lhe parece grande e estrangeiro, paredes, portas, armários, mas o que sente não é exactamente medo. Mais uma saudade das cores do sonho. Ali, agora, tudo escuro e enevoado, como nos sonhos falsos dos filmes. Ele vira-se, desce da cama. Um miúdo de três anos e meio com uma cara clara e grandes, espantosos, olhos pretos.
No corredor, quadros com imagens de caça. Tristão pensa como são feios os rostos sem sobrancelhas dos cavaleiros. Para não ver mais nenhum, olha para baixo enquanto anda. Os pés descalços na madeira fria. Quando encontra uma porta, empurra-a.
A meio da sala, dá conta de ir a chorar baixinho. Esperava encontrar alguém depois da porta, mas não há ninguém. Nem a mãe, nem o pai. E, à medida que vai avançando para a outra porta, adensa-se o medo estremunhado no coração do miúdo. Por um lado, o choro ecoando naquele espaço. Por outro, o terror das coisas, tão quietas e imprecisas. A cadeira fora do lugar, o cinzeiro sujo. Tristão sente que, agora acordado, está dentro de um lugar muito mais vago e nevoento do que antes, quando sonhava. Um lugar vago e escuro e nevoento que é tal e qual um pesadelo.
Outra porta: luz, música. Homens com laços debaixo do queixo, mulheres com pescoços nus. Mostram-se espantados e alegres ao verem-no, mas são maus actores. E a luz é violenta, e alguém dá uma gargalhada grossa, e há o estrondo de bombas lá fora. Tristão não chora mais. Está em pânico, olhos perdidos. Vai atirar-se para o chão e enrolar-se sobre si próprio, fechado a qualquer palavra ou gesto, repetindo para dentro "não, não".
Mas o mordomo da empresa de organização de eventos vale o seu peso em ouro. Pousa a garrafa de champanhe, pega no miúdo. Sorri aos convidados e sai com ele para a janela, para ver o fogo-de-artifício. "Estás a ver? É isto o barulho", diz-lhe.
E Tristão serena porque pensa que aquelas cores explodindo na noite são tão parecidas com as do sonho, tão parecidas, que afinal talvez seja aquilo a "realidade".
Jacinto Lucas Pires
Retirado do DN
Imagem minha do Momentos e Olhares
Reparei nesta flor no dia em que chegamos, um ponto de cor quente no meio das cores frias do inverno, o primeiro que pensei foi em como é que ela conseguiu sobreviver e estar assim viçosa nesta altura.... no dia a seguir tudo estava branco e coberto de geada, tudo à volta estava gelado, mas ela continuava lá... um ponto laranja no meio de um mar de branco gelado.
Póvoa Dão, Viseu
Dezembro de 2011
Jorge Soares
Imagem de aqui
Em Montserrat, uma pequena localidade perto de Valência, Espanha, a crise levou a que a autarquia retirasse os fundos para o transporte escolar, como a necessidade aguça o engenho, um grupo de mães decidiu despir-se de preconceitos e literalmente, despiram-se para aparecerem num calendário erótico e assim recolherem o dinheiro suficiente para garantir que os seus filhos não tivessem de ir a pé para a escola.
Começou por ser uma forma de chamar a atenção para a forma como o estado estava a cortar nos fundos para a educação, mas a verdade é que neste momento as senhoras já conseguiram garantir o aluguer de um autocarro para os próximos 3 meses e as expectativas são que desta forma se consiga pagar o transporte para o ano inteiro.
Por cá há quem se dispa em manifestações contra a crise... mas há sem dúvida iniciativas muito mais inteligentes.
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Também já ali estive assim, só, a tentar enganar a tristeza da solidão com a quietude do rio e a beleza do pôr do Sol, foram incontáveis as vezes que a caminho do quarto onde costumava morar, me sentei ali a ver o vai vem dos barcos e o voo das gaivotas. É sem dúvida o meu lugar preferido de Lisboa.
Já não recordo a última vez que lá estive ou sequer lá passei, hoje fomos lá com os miúdos, havia uma enorme multidão, muitíssimos turistas e até um grupo de música brasileira... mas há coisas que não mudam, o voo as gaivotas, a serenidade do Tejo e pôr do sol magnifico.
Cais das Colunas,
Lisboa, Janeiro de 2012
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Adeus
É um adeus ...
Não vale a pena sofismar a hora!
É tarde nos meus olhos e nos teus ...
Agora,
O remédio é partir discretamente,
Sem palavras,
Sem lágrimas,
Sem gestos.
De que servem lamentos e protestos
Contra o destino?
Cego assassino
A que nenhum poder
Limita a crueldade,
Só o pode vencer a humanidade
Da nossa lucidez desencantada.
Antes da iniquidade Consumada,
Um poema de líquido pudor,
Um sorriso de amor,
E mais nada
Miguel Torga
Uma solitária folha de cerejeira que resistiu mesmo até aos últimos dias do Outono.
Portalegre
Dezembro de 2011
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
A pálida Luz da Manhã de Inverno
A pálida luz da manhã de inverno,
O cais e a razão
Não dão mais 'sperança, nem menos 'sperança sequer,
Ao meu coração.
O que tem que ser
Será, quer eu queira que seja ou que não.
No rumor do cais, no bulício do rio
Na rua a acordar
Não há mais sossego, nem menos sossego sequer,
Para o meu 'sperar.
O que tem que não ser
Algures será, se o pensei; tudo mais é sonhar.
Fernando Pessoa
Poesias inéditas
Chegou o inverno
O Sado e o céu em Setúbal
Jorge Soares
Imagem minha do Momentos e Olhares
Outro natal,
Outra comprida noite
De consoada Fria,
Pois é isso, que seja um bom natal para todos vós
João Só & Abandonados, a todos um bom natal
Jorge Soares