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Aguentar aguentamos, mas é mesmo preciso?

por Jorge Soares, em 31.01.13
Fernando Ulrich
Imagem do DN
Ulrich: "Se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?"


É fácil dizer estas coisas quando estamos sentados em cima de uma almofada de dinheiro, para ele é fácil dizer estas coisas, as probabilidades de  ser afectado pela crise devem ser mais ou menos as mesmas que as de um comum mortal acertar no Euromilhões.

 

Ao contrário do que ele diz, deveríamos olhar para o exemplo da Grécia, não para mostrar até onde é possível ir com cortes e medidas de austeridade e sim para vermos que de certeza que este não pode ser o caminho, porque é um caminho que leva a uma economia completamente estagnada, a mais desemprego e a mais miséria.

 

É evidente que no limite aguentamos qualquer coisa, quem ganha o salário mínimo tem que viver, assim como quem está no desemprego, até os sem abrigo aguentam, mas será que é mesmo preciso?


 

 

Jorge Soares

publicado às 22:04

Mães que matam, de quem é a culpa?

por Jorge Soares, em 30.01.13

Eliana Sanches

Imagem do Facebook 

 

Ontem, na sequência de mais um caso em que duas crianças apareceram mortas presumivelmente envenenadas pela mãe, a RTP passou em revista os casos que no último ano levaram à morte de pelo menos sete crianças, todas às mãos da mãe.

 

Durante o fim de semana passado discutia-se aqui, aqui e no Facebook, se naquele caso em que a mãe se recusou a laquear as trompas após o nascimento do seu décimo filho, seria ou não justa a institucionalização das crianças. A maioria das pessoas terá visto a reportagem na televisão e ficou com a sensação de que haveria condições para que as crianças continuassem com a mãe, e que as crianças seriam inclusive bem tratadas.

 

Apesar das explicações da protecção de menores e dos relatórios da segurança social que diziam que não havia condições de higiene, que as crianças estariam muitas vezes sozinhas e que a mãe se recusava a cumprir com os acordos que fazia de modo a promover a melhoria de vida das crianças, as pessoas continuavam na maior parte dos casos a insistir no injusto da situação... sendo mais importante para elas o que aparecia na comunicação social que o facto de haver relatórios das entidades responsáveis que iam em sentido contrário. 

 

Segundo o que li em várias noticias, as duas crianças que agora apareceram mortas estariam sinalizadas pela segurança social devido à violência familiar e à instabilidade psicológica da mãe. As fotografias que vimos mostravam duas crianças bem alimentadas, bem vestidas e que apareciam sorridentes e felizes junto à mãe, à primeira vista uma família feliz... 

 

Havia uma ordem de entrega imediata das crianças ao pai que nunca foi cumprida, havia a ideia clara que as crianças estariam em perigo, a situação estava sinalizada pela polícia e pela segurança social, mas o certo é que hoje as duas crianças estão mortas e a culpa pelos vistos é só da mãe, então e o resto?

 

Porque morrem tantas crianças no nosso país vitimas de quem as deveria proteger?

 

Numa série de workshops sobre institucionalização de crianças em que participei, quando se falava do número exagerado de crianças institucionalizadas que existem em Portugal, um dos comentários mais comuns é sobre o facto de se dar muita importância ao biológico, os técnicos e os responsáveis dos centros de acolhimento referem quase sempre que se dão oportunidades a mais aos pais, que as decisões são sempre proteladas, isto faz com que a maioria das crianças passem a sua vida institucionalizadas.

 

Estando algumas das crianças de que agora falamos sinalizadas pela protecção de menores e pela segurança social, será que um pouco mais de zelo em alguns casos não faria com que algumas delas estivessem vivas?

 

Já perguntei no outro dia e hoje volto a repetir, o que é que é preferível?, que juízes e segurança social pequem por excesso e retirem as crianças às famílias mesmo que depois se prove que estas conseguem mudar e as possam receber de volta, ou que pequem por defeito e depois as crianças apareçam mortas muitas vezes às mãos de pais e familiares próximos?


Jorge Soares

publicado às 21:46

Afinal há corruptos e (pouca) justiça

por Jorge Soares, em 29.01.13

Maestro Graça Moura condenado a cinco anos de pena suspensa

 

O colectivo de juízes deu como provados os crimes de peculato e falsificação de documentos de que o maestro vinha acusado. A defesa de Graça Moura já anunciou que vai recorrer do acórdão para a Relação. .... Em 2003, uma auditoria revelou um rol de gastos pouco compagináveis com a natureza da instituição: camisas de seda, charutos e passeios de balão, mas também vestidos, cuecas de fio dental e até um frigorífico, comprado na Tailândia.


Para que será que um maestro precisa de cuecas de fio dental? não me parece que combinem lá muito bem com camisas de seda e charutos .. e com tantas lojas neste país para que ir comprar um frigorifico à Tailândia?

 

No total este senhor terá roubado 720 mil Euros, sim, porque para mim isto é roubar, e não é roubar ao estado, é roubar a todos nós, porque é dos nossos impostos que saiu o dinheiro de que ele se apropriou indevidamente, 720 mil euros é muito dinheiro e este faz  de certeza falta na saúde, na educação, em todos lados. 

 

Mas tudo isto é sinal do estado que temos, o senhor utilizava os cartões da orquestra metropolitana sem distinguir os seus gastos pessoais dos de representação, como se tudo fosse dele, e só deram pelo buraco quando chegou aos 720 mil Euros?...fantástico.

 

Pena suspensa para quem lesa o estado desta forma é pecar por defeito. Este senhor apropriou-se de bens do estado, falsificou documentos, por bem menos que isso há quem vá dar com os costados à prisão. .. mas pelo menos já se começa a fazer justiça, pouca, mas justiça.. veremos se de recurso em recurso, não deixam isto prescrever. 

 

Jorge Soares

publicado às 22:07

Duodécimos

Imagem dio Público

 

 

A lei dos duodécimos  foi publicada hoje, entre outras coisas diz o claramente que quem quiser continuar a receber os subsídios por junto sem ser em duodécimos, tem 5 dias úteis após a publicação para avisar por escrito a entidade patronal. Quem não o fizer receberá metade de cada subsídio em duodécimos e a outra metade antes de ir de férias e no natal.

 

Entretanto mal a lei saiu descobriu-se que há um erro e que tal como está escrita não poderá aplicar-se ao subsidio de férias... mas eu já ouvi o senhor ministro Álvaro a dizer que não senhor, não há erro nenhum e é para aplicar.

 

Imagino que cada um terá as suas ideias e a forma de ver estas coisas, eu tenho a minha e depois de cá em casa fazermos  contas e se estudar prós e contras, decidimos que queremos os subsídios por inteiro, nada de duodécimos.

 

Para quem quiser fazer as contas e ver o que mais lhe convém, pode ir ao site do Público fazer download do simulador, aqui

 

Jorge Soares

publicado às 19:26

Uma terrorista de trazer por casa

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Imaginem a situação: estão 3 crianças de 5 anos no recreio da escolinha, duas meninas e um menino. Vá lá saber-se porquê decidem brincar às lutas, meninas que gostam de brincar às lutas não é lá muito comum, mas estas gostam. A meio a brincadeira, talvez porque não gosta de lutar com meninas, talvez porque acha que elas estão a levar a melhor, o menino farta-se e diz que não quer brincar mais, mas as duas meninas estão-se a divertir e insistem em continuar... o menino não quer mesmo e desata a chorar... não sei como terminou a coisa, imagino que algum dos adultos que controlam o recreio tenha aparecido, e a brincadeira parou.

 

Este tipo de coisas acontece todos os dias no recreio da escola, crianças a chorar porque não querem brincar mais e outras a insistir para que a brincadeira continue, deve ser o pão nosso de cada dia em todas as escolinhas do mundo... reparem, a brincadeira terminou com o choro do menino, não houve feridos, nem marcas, nem sequelas... nada... bom, quase nada.

 

Estava eu na festa de natal da escolinha quando atrás de mim, uma senhora se começa a referir de uma forma muito pouco simpática sobre a D. De inicio fingi que não ouvia, mas como a coisa continuava e já estava a roçar o racismo e a falta de educação, o meu mau feitio veio ao de cima e não me pude conter.

 

- Olhe, desculpe lá, mas o pai da menina de quem a senhora está a falar está aqui, porque é que não me diz isso directamente?

- O senhor é o pai?

- Sim, sou!

- A sua filha bate no meu filho e a culpa é sua que não lhe dá educação.

 

Não vou repetir aqui a conversa toda, para a senhora, a minha filha é a vilã da escola, bate em tudo o que mexe e a culpa evidentemente só pode ser minha. É claro que o filho dela é um anjinho que nunca bateu em ninguém, é uma vitima da D.

 

A coisa aqueceu e só não passou a vias de facto quando o pai, marido da senhora se vira para mim e diz: "A sua filha não tem educação e se o senhor não lha dá, dou eu!", porque eu me lembrei que estava no meio de uma festa de natal. Decidi sair dali, não sem antes avisar o senhor que se livrasse sequer de chegar perto da minha filha.. porque aí a coisa podia mesmo terminar muito mal.

 

Convém lembrar que estamos a falar de crianças de 5 anos, pelos vistos há pais que acham mesmo que tem em casa os santinhos..e há crianças que para além de mariquinhas, são queixinhas.

 

Imaginem só o que teriam feito estas pobres almas se o filho lhes chegasse a casa com um corte na testa feito por um pião, como me chegou um destes dias a D.?

 

Continuo a achar que isto é um problema da escola e é a escola que tem que resolver, mas há muita gente por aí que vai ter muitos problemas na vida se acha que tem um filho perfeito, e que as brincadeiras de criança se resolvem com discussões de adultos... porque para além de discutir comigo, a senhora fez a mesma cena com a mãe da outra menina. 

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:47

Arménio Carlos, o sindicalista cor de rosa

Imagem do CM

 

"Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do Banco Central Europeu, outro da Comissão Europeia e o mais escurinho, o do FMI, e já se fala em mais medidas de austeridade”, afirmou o líder sindical no palco montado no Rossio" - Arménio Carlos na manifestação de professores.

 

Quando um dos meus filhos chega a casa com queixas de comentários mais ou menos racistas por parte dos colegas na escola, nós costumamos dizer para eles lhes retribuírem com " e tu és cor de rosa"

 

Já não bastava a confusão que por aí vai na educação do nosso país, para agora termos sindicalistas cor de rosa com comentários parvos a roçar o racismo.  E com tantos professores na manifestação, ninguém deu um bocado de educação cívica a este senhor?

 

Jorge Soares

publicado às 22:26

Conto - Na Fila

por Jorge Soares, em 26.01.13

Na fila

Imagem de aqui


Encontraram-se no aeroporto.

- Você por aqui?
- Coincidência boa.
- Semana passada, fila do consulado americano, certo?
- Era eu mesma, atrás de você. Muito prazer: Rosana.
- Muito prazer: Leo. Conseguiu o visto?
- Consegui. Na verdade, não estava ali por causa de visto.
- Como assim? Você é como eu? Gosta de filas?
- Sou antropóloga. Estudo o comportamento das pessoas em filas. A passividade, a indiferença, a ansiedade, o respeito, o desrespeito, fila tem de tudo.


- Também sou um observador do ser humano. Escrevo livros de bolso ordinários. Olho para as pessoas e fico imaginando um monte de histórias.
- Sabia que até as Olimpíadas de Pequim não existia fila na China?
- Li sobre isso. Imagina. Uma muvuca de chineses querendo entrar no coletivo de uma vez só.
- E você? Vai viajar para onde? Leonardo, não?
- Infelizmente o Leo é de Leovaldo, mas deixa pra lá. Vou viajar para lugar nenhum. Vou até o check-in e volto.
- Eu também tenho essa mania. Achei que era a única doida no mundo. Encontrei minha alma gêmea.
- Olha aquele executivo apressadinho. Vai comer o celular.
- E aquela ali, com cara de artista plástica deprimida. Que tal?
- Aquele tem cara de mágico de festa de criança.
- Onde?
- Atrás do baixinho, tipo corretor de seguros e bandeirinha nas horas vagas. Está de óculos escuros porque levou um soco do atacante. Impedimento mal marcado.
- Ih …aquela acabou de botar botox.
- É, Rosana, a boquinha arreganhada não nega.
- Ali. A mulher riponga com criança no colo querendo furar fila. É mole?
- Não vai colar. O menino deve ter uns dez anos. A Janis Joplin esperta vai voltar pro fim da fila.
- Ôpa! Chegou a nossa vez. Meia volta!
- Sai você na frente, Rosana, por favor.
- Obrigada pela gentileza. E agora, vai para onde?
- Banco e você?
- Previdência.
- Essa é das boas. Ótima fila.
- São pessoas idosas, curvadas e humildes, carcomidas pela vida, sem esperança, sem futuro, só passado. Me sinto bem quando estou perto delas.
- O que você faz, distribui sanduíches?
- Converso. Aliás, ouço mais do que falo. O que essas pessoas querem é atenção, falar com alguém, reclamar, resmungar, contar suas vidas.
- Boa menina. Invejo seu espírito generoso. Mudando rumo da prosa, topa um cinema à noite? Tem um novo do Woody Allen.
- O filme é bom, já vi. Mas a fila é ótima.
- Combinado.

Rosana chega esbaforida.

- Desculpe a demora, Leo. Passei em uma noite de autógrafos. Fila com vinho branco vagabundo.
- Relaxa. A lotação está esgotada. Só na última sessão.
- Maravilha. Temos fila de sobra.
- E depois, boa menina?
- Fila de restaurante!
- Topo! Tem um japa que inaugurou ali na praça. Restaurante da moda. Vive cheio.
- É esse.

Leo consegue falar com a recepcionista com cara de gueixa.

- Mesa para dois, por favor.
- Cinquenta minutos de espera, senhor.
- Sem problema. Pode colocar meu nome no fim da fila.

Rosana está embevecida.

- Você é o máximo, Leo.
- Temos todo tempo do mundo.
- Coitado daquele sujeito sozinho. Sabe, tenho uma dó danada de quem numa sexta-feira sai para jantar sem ninguém.
- Que nada, Rosana, ele vai encher a carranca de saquê e mexer com a garçonete nissei. O sushiman, que tem caso com a garçonete, vai passar a faca na orelha dele. E servir com shoyo no papel laminado.
- Você é mau, Leo. Me mata de rir.
- Olha o casal ali. Ela impaciente, ele com cara de saco cheio. Não trocam uma palavra.
- Por que se arrumam e saem para jantar com essas caras amarradas? Casamento arrastado. Não tem mais assunto. Nem para brigar.
- Mas jantar fora sexta-feira é sagrado.
- Pois é, amigo. Tem louco para tudo.
- Ao contrário dos entediados, aquele casalzinho não para de se beijar.
- Também reparei, Leo. Beijos demorados, intensos. Só de olhar, fico excitada. Por que não vão direto para um motel?
- O que você disse, boa menina?
- Sei lá…beijos intensos… excitada… motel… sei lá.
- Você me deu ideia. Depois de uma barca de afrodisíacos japoneses…
- Assim, sem mais nem menos?
- Por que não? Sexta-feira os motéis estão cheios. Fila automotiva que não acaba mais. Dá tempo de sobra pra gente se conhecer.
- Você e seus argumentos. Temos muita fila para pensar no seu caso.

O carro para. Os dois recostam o banco e se viram um para o outro.
Ela tira a sandália, dobra as pernas, subindo acidentalmente a saia.

- Pronto. Quarenta minutos até pegar a chave da suíte.
- Melhor impossível, Leo.
- Acho engraçado ver os carros saindo.
- Reparou? Saiu um casal de óculos escuros. Uma hora da manhã. Pode?
- Lá vem mais um. Ó, é a mulher quem dirige.
- Vai ver que ela é quem paga o motel. Safado.
- Olha no retrovisor, Rosana. O casal de trás não para de gesticular. Estão brigando?
- Nada mais reconciliador que um motel.
- Ou não. Vão entrar e brigar até ela enfiar o garfo na jugular dele. Ela vai esconder o corpo no porta mala e sair sozinha cantando pneu.
- Olha lá. O carro da frente. O cara também está sozinho. Cadê a mulher?
- A mulher está com a cabeça abaixada, Rosana. Não dá pra ver. Repara como o braço dele sobe e desce.
- Meu Deus, como sou tolinha!
- Tolinha… tolinha… que nada! Você deve ter uma fila de caras rastejantes, um atrás do outro, esperando a vez.
- Eu, hein? Acho que você nem tem fila. Tem uma muvuca igual na China, só de fêmea sedenta se estapeando, se pisoteando, para ver quem chega primeiro.
- Fêmea sedenta é bom. Gosto disso.
- Precisa falar assim? Tão pertinho da minha boca?
- Pre-ciiiii-sa, vem cá, fê-me-a se-den-ta.

Enfim.
Foi Rosana quem retomou a palavra. Aos suspiros, ao pé do ouvido.

- Hummmm beijo gostoso, abraço gostoso, mão gostosa, gosto gostoso.
- Desconfiava disso desde a fila do consulado, boa menina.
- A fila andou.
- A minha ou a sua?
- A nossa! Olha pra frente, Leo! Não tem ninguém. O cara de trás está piscando farol.
- Inveja.
- Stress.
- Gente maluca.
- Não sabem aproveitar a vida.

E ali mesmo, na cancela do motel, encostaram o carro no recuo da calçada à meia luz, deixando passar uma fila imensa de casais convencionais
e apressados. Nem se perturbaram com os olhares curiosos.


José Guilherme Vereza


Retirado de Samizdat

publicado às 21:35

mãe4.jpg

 

A propósito do post de ontem e do caso em que o tribunal mandou retirar sete dos dez filhos, por primeira vez fui expulso de um grupo do Facebook,  alguém me inscreveu num grupo que pretende que os filhos sejam devolvidos à mãe. Tentei explicar que o que esteve por trás da retirada não foi o facto de a mãe não ter querido laquear as trompas e sim os restantes factores... mas não vale a pena, as pessoas olham para o que querem ver..e quando ficaram sem argumentos para me contradizer, expulsaram-me. Gostava de saber se quem quer que devolvam as crianças, também vai arranjar um emprego para a mãe e uma creche para as filhas e netos da senhora?.. sim, porque entretanto, hoje numa das noticias diziam que uma das filhas, uma criança com13 anos, já tinha tido um filho.

 

Tenho uma pergunta para o mundo, o que é que é preferível, que juízes e segurança social pequem por excesso e retirem as crianças às famílias mesmo que depois se prove que estas conseguem mudar e as possam receber de volta, ou que pequem por defeito e depois as crianças apareçam a boiar no rio Douro vitimas de negligência e maus tratos como já aconteceu?

 

Jorge Soares

publicado às 23:32

Miguel Calhaz


Miguel Calhaz nasceu na Sertã em 1973 e é licenciado em Contrabaixo/Jazz pela Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Instituto Politécnico do Porto. Além da carreira a solo, o músico integra os projectos Popxula, Quartinto, Trilhos e Os Cantautores.


Vídeo de Abril Murchou

 

 

 

Letra

Quando os sonhos já não te acordam a sorrir
Que luas te anoitecem, que nuvens te escurecem,
Que ventos e que chuvas ainda estão para vir?...

 

Muitos dias passaram depois do adeus,
Em que vila morena é que o povo ordena,
Quem ficou a sonhar os sonhos que eram teus?

 

Não sentes uma dor fechada, por ter ficado inacabada
A planta onde surgia um lugar melhor?

 

Passaram-se anos numa espera, de que valeu essa quimera,
Se a mesma lenga-lenga se vai ouvir de cor?

 

E quando te dás conta já tudo caiu,
Que luta continua, que morte sai á rua,
E em que primeiro dia o Maio amadurece Abril?

 

E se uns impérios caem que outros vão surgir,
“Que trovas vão avante?”, pergunto ao vento errante,
Se mudam os tempos a vontade é de fugir...

 

Não sentes uma dor fechada, por ter ficado inacabada
A planta onde surgia um lugar melhor?

 

Passaram-se anos numa espera, de que valeu essa quimera,
Se a mesma lenga-lenga se vai ouvir de cor?

 

Não sentes uma dor fechada, por ter ficado inacabada
A planta onde surgia um lugar melhor?

 

Passaram-se anos numa espera, de que valeu essa quimera,
Se a mesma lenga-lenga se vai ouvir de cor?

 

Podem ouvir mais de Miguel Calhaz, aqui

Jorge Soares 

publicado às 20:57

Pode o estado mandar esterilizar alguém?

por Jorge Soares, em 24.01.13

mãe4.jpg

Imagem do Expresso

 

A noticia já tem uns dias, o tribunal de família mandou retirar a uma mãe sete dos seus dez filhos, as crianças estão institucionalizadas e em principio irão para adopção, a noticia do Público não diz, mas eu já tinha lido algures que a senhora é muçulmana e casada (???)  com um senhor da mesma religião que para além dela é casado (???) com outras três mulheres. Acresce que a senhora está desempregada e o único rendimento com que conta é o abono dos filhos que por junto não chega aos 400 Euros.

 

A decisão do tribunal é baseada nas dificuldades económicas da família e no incumprimento, ao longo de anos, de algumas das medidas previstas no acordo de promoção e protecção de menores de que esta estava a ser alvo. Entre estas encontra-se a melhoria das condições da habitação, o procurar emprego e provar que está a ser seguida no hospital para proceder à laqueação das trompas.

 

Acho que não restam dúvidas a ninguém sobre os fundados motivos para a retirada das crianças, ninguém consegue manter uma família de 11 pessoas com 400 Euros, o cerne da questão é que um dos motivos invocados pelo tribunal é o facto de a senhora se recusar a laquear as trompas

 

Segundo esta noticia do Sol, e segundo declarações da senhora: "O que o juiz me disse foi que tínhamos de deixar em África os nossos hábitos e tradições e que aqui tínhamos de nos adaptar"

 

A questão aqui não é se é justo ou não o terem retirado as crianças, não estou a ver como é que nas condições financeiras e sociais desta família as crianças poderiam estar melhor com a mãe que institucionalizadas ou adoptadas., além disso a senhora ainda é jovem e ao ritmo que leva, quem sabe quantos filhos terá daqui a cinco ou seis anos?

 

A questão é se algum Juiz, ou alguma lei em Portugal, podem obrigar esta mãe a laquear as trompas.

 

Conheço várias pessoas que pela forma como vivem a religião católica são contra a utilização dos métodos contraceptivos, todos tem mais que três filhos e normalmente estes resultaram de falhas dos métodos naturais que utilizam e portanto são "acidentes" de percurso. Será que alguém aceitaria que um juiz obrigasse estas famílias católicas a utilizar a pílula ou algum método mais seguro que o da temperatura? É claro que não!

 

Eu acho que a senhora deveria laquear as trompas, assim como acho que os discípulos de Jeová deveriam aceitar transfusões de sangue, ou que todas as pessoas deveriam vacinar os seus filhos, é tudo uma questão de bom senso, mas uma coisa é achar, outra muito diferente é acreditar que exista algo na lei que faça as pessoas irem contra as suas convicções.

 

Não vejo nada de errado no facto de terem retirado as crianças, não estou a ver como é que sem nenhum rendimento além dos abonos, sem uma habitação condigna onde possam viver pelo menos 11 pessoas e sem que a mãe mostrasse vontade real ou condições de vir a arranjar emprego, estas crianças poderiam ter uma vida normal.  Vejo tudo errado na razão invocada.

 

Jorge

publicado às 22:38

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