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.... resiliência ....

por Jorge Soares, em 30.05.13

Resiliência

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

Na Wikipedia define-se como:

 

A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico.

 

A American Psychological Association define resiliência como o “processo e resultado de se adaptar com sucesso a experiências de vida difíceis ou desafiadoras, especialmente através da flexibilidade mental, emocional e comportamental e ajustamento a demandas externas e internas” (APA, 2010, p. 809).

 

Sabbag (2012) a define como: "resiliência é competência de indivíduos ou organizações que fortalece, permite enfrentar e até aprender com adversidades e desafios. É uma competência porque pode ser aprimorada: reúne consciência, atitudes e habilidades ativadas nos processos de enfrentamento de situações em todos os campos da vida".

 

Traduzido por miúdos, estamos sempre a aprender, só não percebo porque é que tem tantas vezes que ser da pior maneira...

 

Jorge Soares

publicado às 22:18


Alguém me deixou a seguinte pergunta naquele post do outro dia em que uma mãe dava o seu testemunho


Tenho lido sobre estas situações e concordo com o que o Jorge e outros leitores defendem, que é o não desistir da criança porque o que elas precisam é de validar o nosso amor e a verdadeira vontade de lutar por elas enquanto filhos. Mas a questão que gostaria de colocar é como se passa por um processo destes quando já se tem um filho biológico, que é meu caso? Como se pode conciliar esta luta pelo amor de uma criança quando já temos outra, sem que esta se magoe e que guarde o melhor desta fase? Alguém passou por isto? Obrigada.


Definitivamente esta semana não é uma boa altura para responder a esta pergunta... mas eu vou tentar na mesma.

É claro que ter um segundo filho afecta sempre o primeiro, não há forma de que não afecte.. o coração não se divide, o amor não se divide, aumenta com cada filho que temos.. mas há coisas que não aumentam, o tempo por exemplo, ter um segundo filho implica sempre menos tempo e atenção para o primeiro, não há como fugir a isso.

É evidente que quanto mais problemático for um filho mais atenção requer de nossa parte e evidentemente isso implica sempre menos atenção para os outros, também não há como fugir a isso.

Cá em casa há três, tentamos ser equitativos e dar a mesma atenção, que quando nos pomos a pensar é sempre pouca, aos três, mas evidentemente isso nunca é possível e no fim há sempre alguém que é prejudicado... 

E por muito injusto que possa parecer quem tem menos problemas, quem tem mais segurança em si próprio,.. é quem tem direito a menos atenção, a menos apoio, não é que isso signifique menos carinho e amor, mas sem duvida nenhuma que significa menos atenção.

Depois há sempre os inseguros que fazem tudo para ser o centro das atenções, e cá em casa também temos disso... muito menos, há quem se especialize em monopolizar a atenção dos pais, mesmo que para isso tenha que fazer uma asneira atrás da outra....{#emotions_dlg.annoyed}

Eu sei, a pergunta era sobre filhos adoptados, mas o que eu disse antes aplica-se a filhos, não importa se são adoptados ou biológicos, isto é sempre verdade... e depois, como já disse muitas vezes, não há filhos biológicos e adoptados, há filhos.


Como se pode conciliar esta luta pelo amor de uma criança quando já temos outra?... simples, não se concilia, quando aceitamos que vamos ter outro filho temos que o fazer de coração aberto e a acreditar que somos capazes de fazer crescer o amor até ao ponto justo em que chega para todos.


Jorge Soares


PS:Peço desculpa a quem sente a falta das respostas aos comentários, estes tem sido tempos conturbados por cá, espero sinceramente voltar ao normal rápidamente... antes de ficar com todos os cabelos brancos

publicado às 22:46

Co-adopção e adopção por casais do mesmo sexo

Imagem do Dezanove


Não, não vi o prós e contras de ontem, desde aquela vez em que por lá se discutiram os prós e prós dos direitos de quem contra as leis e os tribunais tinha escondida a Esmeralda, deixei de ver tal programa. Também não preciso, tenho estado atento aos blogs e às discussões que por aí vão, e sinceramente quanto mais leio mais me admiro com a ignorância e o preconceito das pessoas.


Em primeiro lugar a mim faz-me confusão como é que num país que tem uma constituição que diz expressamente que ninguém pode ser discriminado com base na raça, em credos, religiões, etc, tenha que existir uma lei para permitir ou não a adopção, afinal somos ou não todos iguais perante a lei?


Em segundo lugar, todo o mundo esquece que nesta lei estamos a falar de crianças que na prática já vivem com dois pais ou duas mães, são crianças que já estão inseridas naquelas famílias e que a única coisa que muda é que a relação passa a estar escrita, de resto não muda nada.


Mas mesmo que estivéssemos a falar de adopção normal, a questão aqui não tem a ver com adopção nem com a existência ou não de crianças para adoptar, tem a ver com direitos e com sermos todos seres humanos e cidadãos deste país. Se todos temos direito a votar, se todos pagamos os mesmos impostos, se somos iguais para tudo o resto, porque havemos de ser diferentes para a adopção?

Depois irrita-me profundamente quando alguém fala de família tradicional, o que é uma família tradicional? Aquilo que todo o mundo chama casal convencional não passa de uma questão cultural, se formos por aí então para além dos casais do mesmo sexo temos que proibir também a adopção por pessoas singulares ... e já agora retirar os filhos aos pais e mães solteiras ... e a todos os homossexuais, se não são bons pais de crianças adoptadas porque hão de ser de filhos biológicos?

A realidade é que tudo isto não passa de discriminação, dizer que alguém não pode adoptar porque tem gostos sexuais diferentes é a mesma coisa que dizer que não pode adoptar porque usa o cabelo comprido, ou roupas fora de moda, ou por ser do benfica. 

As pessoas devem ser avaliadas pela sua capacidade de amar e de educar, não pelos seus gostos, tudo isto é uma estupidez e não deveria ser precisa lei nenhuma para que alguém pudesse adoptar, porque como cidadãos, desde que cumpramos todos os requisitos, todos deveríamos ter esse direito.

Quanto à questão da escola e da maldade das crianças, é evidente que as crianças são más, mas também o são com quem é gordo, com quem usa óculos, com quem tira boas notas, mas isso não impede os gordos ou quem usa óculos de ir à escola.

Além disso, é tudo uma questão de educação, se educarmos as crianças para a diferença elas saberão aceitar a diferença, se as educarmos para a homofobia, elas serão homófobas.

Eu adoptei duas crianças negras, que tem pais brancos e uma irmã loira, é claro que na escola há quem se meta com eles por isso, eu devia fazer o quê? Devolvê-los porque são gozados na escola? Ou só deveria ter aceite crianças brancas para que não fossem gozadas por serem adoptadas?

Eu confio na minha capacidade de os educar na diferença e de ser capaz de os ajudar a conviver com essa diferença, porque é os homossexuais tem que ser diferentes de mim?


Jorge Soares

publicado às 22:05

Prémio Camões 2013 para Mia Couto

por Jorge Soares, em 27.05.13

Mia Couto

 

Imagem do Público

 

 

Os contos de Mia Couto são presença habitual aqui no blog, principalmente ao Sábado que é dia de Conto, sou um admirador da sua escrita e da sua forma de estar no mundo. Gosto especialmente dos seus livros de contos e dos seus poemas. Este é um prémio mais que mercido, que segundo o Juri foi entregue tendo em conta a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação estilística e a profunda humanidade”

 

Podem ler os contos de mia Couto, aqui

 

 

Demoro-me no outro lado de mim
porque me atrai
esse ser impossível
que sou
esse ser que me nega
para que seja ainda eu
Porque desejo esse alguém
que me invade e me ocupa
que me usurpou a palavra e o gesto
me fez estrangeiro do meu corpo
e me deixou mudo, contemplando-me.
Lanço-me na procura da minha pedra
no infindável trabalho
de me reconstruir
recolhendo os sinais do meu desaparecimento
percorrendo o revés da viagem
para regressar a um lugar inabitável.
Todas as vezes que me venci
não me separei do meu sonho derrotado
e, assim, me fiz nuvem
reparti-me em infinitas gotas
para que fosse bebido, vertido, transpirado
e voltasse de novo a ser céu
transparência de azul, harmonia perfeita
e poder regressar ao lugar interior
para me deitar, de novo,
no sangue que me iniciou.

 

Mia Couto 

 

Jorge Soares

publicado às 22:33

Um mundo de preconceito

por Jorge Soares, em 26.05.13

 

 

Há quem diga que as crianças são más, que não tem filtro e que dizem a verdade, as crianças não são mais que o espelho da sociedade em que vivem, são o reflexo do que vêem no mundo que as rodeia. Há vários vídeos como este no youtube, a experiência foi realizada por primeira vez em 1939 pelo psicólogo americano Kenneth Clark. Na altura reflectia o estado da sociedade  americana de meio do século passado. 


Este vídeo é de 2008, entretanto o teste  foi realizado em muitos outros países e o resultado não é muito diferente, vivemos num mundo de preconceitos.


Jorge Soares

publicado às 22:12

Conto - Santos Populares

por Jorge Soares, em 25.05.13
Santos populares

 

 

 

– Foi aqui que nasceu o António, em 1195, onde está agora esta igreja com o nome dele. – O homem, de cabelo crespo e barba, alargava o gesto enquanto caminhava. – Uma fidalga deu-o à luz a 15 de Agosto.

 

– Então, por que é que lhe fazem a festa a 13 de Junho: amanhã? – estranhava o companheiro, um homem de cabelo ralo e barba curta esbranquiçada.

 

– É o dia da sua morte aos 36 anos em Pádua. Aproveitou-se para dar cunho religioso a umas festas das colheitas que havia nesta altura. Mas esta noite é que são as grandes festas populares.

 

– Bonita igreja!

 

– O povo de Lisboa fez-lhe aqui uma capela, alargada para igreja no século XV. O terramoto deitou-a abaixo, mas foi reconstruída através de peditórios. Montavam tronos com a imagem dele, aí pelas vielas, e pediam umas moedas, como ainda hoje.

 

– Já era venerado!?

 

– Sim, e com razão! O António era um grande conhecedor das escrituras e um orador notável. No fim da vida tinha multidões a ouvi-lo e a crerem que fazia milagres. A fama era tão consensual que é, ainda hoje, o santo mais rapidamente canonizado: menos de um ano depois da morte.

O duo, embrenhado na conversa, ia descendo placidamente a Rua das Cruzes da Sé, enquanto a tarde caía, sem se aperceber de alguns olhares irónicos às suas roupagens.

 

– Ó, João, ele teve alguma formação? – perguntou o mais velho.

 

– Estás mesmo esquecido! Sim, estudou aqui na Sé até aos quinze anos e esteve mais uns três em S. Vicente de Fora. Depois passou sete anos em Santa Cruz de Coimbra onde foi ordenado sacerdote. O ensino lá era bom!

 

– Mas ele não era franciscano?

 

S. João encheu um pouco mais o peito semi-descoberto, sem suspirar.

 

– Pedro, ele ficou muito exaltado com a fé e o exemplo de cinco franciscanos que foram evangelizar os gentios de Marrocos e foram mortos pouco depois. Ele viu-os partir de Coimbra e viu chegar os seus corpos. Esse acontecimento representou uma viragem na sua vivência religiosa. Mudou-se para os Franciscanos e mudou também de nome, porque de batismo era Fernando de Bulhões.

 

– Ah, sim?! – O rosto de S. Pedro adquiria um vivo interesse nas palavras do companheiro.

 

Agora entravam na Rua de S. João da Praça, embrenhando-se em Alfama. Aqui e ali cheirava a manjerico e a sardinhas assadas.

 

– Rumou também ele a Marrocos mas adoeceu e acabou por ir parar a Itália.

 

– Bela terra! Bem, quando lá cheguei não era flor que se cheirasse, mas agora ninguém me tira Roma!

 

– Os ideais franciscanos estavam então a atrair vocações e foi o próprio Francisco de Assis que nomeou o António para ensinar Teologia em Bolonha. Também esteve no sul de França onde ganhou fama a converter heréticos.

 

Já havia muita gente nas ruas mas ainda se andava bem. Chegaram a um pequeno largo onde estavam montadas duas esplanadas. S. João olhou a procurar mesa e virou-se para S. Pedro:

 

– Sentamo-nos?

– Sim, sim! Já descansava um bocadinho.

Instalaram-se, pediram caldo verde, sardinhas e vinho tinto.

– Estou impressionado! – S. Pedro avaliava o fluxo de gentes na rua.

 

– E ainda não viste nada! Nesta noite, há arraiais e bailaricos em todos os bairros e faz-se uma competição de danças marchadas. Há muita coisa para organizar. Foi por isto que ele pediu desculpa e se despediu de nós tão cedo. E amanhã há uma cerimónia em que casam, ao mesmo tempo, dezenas de pares de noivos, porque o António ganhou fama de casamenteiro. As solteiras fazem-lhe promessas, se o António lhes arranjar noivo. Quando isso não acontece é que é o diabo! Algumas vingam-se e viram-no de cabeça para baixo ou roubam-lhe o Menino. – S. João não se continha e ria divertido a imaginar a cara de enfado de Santo António quando lhe acontecia tal percalço. – Os pedidos são tantos e, às vezes, tão difíceis de atender, que nem com milagres!

 

S. Pedro acompanhava-o no riso em notas mais graves.

 

– Também ouvi dizer que fez carreira militar…

– Essa é a mais engraçada! No século XVII, um regimento de Lagos tomou-o como protetor e incorporou-o. E alguns anos depois promoveu-o a Capitão. Aquando das Invasões Francesas, foi promovido a Tenente-Coronel. Gratidão castrense!

 

Uma aparelhagem começou a tocar uma música popular.

 

– Tratam-no bem na arte? – S. Pedro ia tentando comer as sardinhas sem meter parte das largas mangas no prato.

– Sim. Geralmente tem o Menino ao colo e um livro. Também costuma ter um lírio. Às vezes, tem o Menino sobre o livro, ou sentado ou em pé. Outras vezes representam-no a pregar aos peixes.

 

A música fizera aumentar a vozearia e era difícil ouvirem-se.

– Aos peixes? Isso não foi aquele padre jesuíta, António Vieira, não é?

 

– Sim, mas foi inspirado na pregação do António aos peixes, perto de Pádua. Aliás, já o Francisco de Assis falava aos «irmãos pássaros»!

 

Acabada a refeição, incorporaram-se na enchente de povo que percorria Alfama a comemorar o Santo António. Foi um erro. A progressão era difícil, os mantos de ambos enredavam-se nas outras pessoas, levavam empurrões e as sandálias não os protegiam das pisadelas. Num encontrão mais agressivo, S. Pedro voltou-se, de olhos raiados. S. João agarrou-o, gentil mas firmemente. Olhou-o nos olhos e disse-lhe muito sério:

 

– Pedro, tem calma! Já passámos por coisas piores, se ainda te lembras!

S. Pedro acalmou, mas resolveram sair rapidamente do meio daquela turba.

Apanharam um táxi e S. João foi acompanhar S. Pedro ao aeroporto. Abraçaram-se:

– Dá cumprimentos ao Chico. Diz-lhe que vou visitá-lo assim que acabarem as festas por aqui.

 

Depois, rumou à estação do Oriente para apanhar o comboio para o Porto. Ainda tinha três horas de viagem pela frente. Felizmente, não tinha pressa, que as festas em sua honra eram só no fim do mês.

 

Joaquim Bispo

Retirado de Samizdat

publicado às 22:04

Palhaço

Imagem de aqui 

 

Miguel Sousa tavares naquele seu jeito de dizer o que pensa sem pensar muito nas consequências disse ao Jornal Económico que: "o pior que nos pode acontecer é um Beppe Grillo, um Sidónio Pais. Mas não por via militar. Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva. Muito pior do que isso, é difícil”. 

 

Cavaco não gostou e mandou abrir processo na PGR, parece que Pela lei chamar-lhe Palhaço é um crime de ofensa à honra do Presidente da República, punível com pena até três anos.


Entretanto Miguel Sousa Tavares já pensou melhor no assunto e reconheceu que efectivamente se excedeu..... quanto a mim ele devia ser processado é por todos os palhaços de circo, é que quer-me parecer que eles é que foram verdadeiramente insultados.

 

Jorge Soares

publicado às 15:38

Um homem sem paísImagem retirada de Charquinho

 

Ouvi a noticia hoje de manhã na antena 1 PSD quer dar nacionalidade portuguesa a netos de emigrantes, segundo o PSD, há no Brasil milhares de pessoas que por terem pelo menos um dos avós portugueses, poderão com a aprovação da sua proposta passar a ser portugueses.

 

Na mesma noticia podia-se também ouvir o seguinte:

 

Para além desta proposta, os deputados vão discutir os projectos do PCP e do Bloco de Esquerda, que defendem que se deve dar a nacionalidade portuguesa aos filhos de imigrantes que nascem em Portugal. A maioria vai chumbar estes planos da Esquerda.


Não tenho nada contra a atribuição da nacionalidade portuguesa a quem o solicitar e cumpra os requisitos necessários, mas alguém me explica qual é a lógica de se apresentar uma proposta de lei que atribui a nacionalidade a milhares de pessoas a quem o país não lhes diz nada e recusar a nacionalidade a pessoas que na maior parte dos casos nasceram em Portugal e não conhecem outro país além deste?

 

Como queremos construir um país se começamos por excluir uma boa parte das pessoas que nascem nele?

 


Em todo o mundo estrangeira!

Toda a vida peregrina!

Vede se há mais triste sina:

Ser rica, e não ter um lar!

Sempre a lenda do Ashevero!

Sempre o decreto divino!

Sempre a expulsar-me o destino ....

 

(Do poema A judía de Tomás Ribeiro)

 

Jorge Soares

publicado às 22:00

Adopção, ao cuidado de todos os candidatos

por Jorge Soares, em 22.05.13

Filhos

 

A propósito do post de há dois dias em que se falava da devolução de crianças, a Ana (muito obrigado) em resposta àquela mãe, deixou o seguinte comentário:


Em 2009 chegaram os meus filhos, também pela via da adopção, na altura o meu filho tinha apenas 5,5 anos e a minha filha tinha 2 anos. O meu filho com apenas 5,5 anos, bateu-me a mim, a todas as professoras que encontrou pelo caminho durante os 6 meses seguintes, pintou o cão da escola, bateu em quase todos os colegas da escola, arrancou inúmeros cabelos ás professoras, arrancou-me cabelos a mim, partiu coisas em casa, disse várias vezes que queria era estar na instituição, que lá é que tinha os amigos/as dele, etc.etc . Podia contar muito mais, mas acho que estes exemplos chegam. Desistir do meu filho nunca! Ele era mau por fazer isto e não gostava de nós? Não!


O meu filho é e sempre foi um doce, ama-nos acima de tudo, lembra-se da outra mãe? Claro que sim, falamos disso sempre que ele precisa, mas eu sei que ele me ama muito e não é porque o diz mas porque eu o sinto. Ele fazia todas aquelas coisas para nos testar, para nos levar até aos limites, para ver se também esta nova família o iria deixar novamente a ele e á irmã.

Cara Madalena, não corrigimos estes comportamentos dando todos os presentes que o meu filho queria, corrigimos aplicando regras desde o primeiro dia, aplicando castigos quer na escola quer em casa sempre que necessário, foi um primeiro ano de intensa luta entre nós, a escola e ele.

Quantas vezes me apetecia abraça-lo e tinha que o castigar? Quantas vezes lhe disse que fizesse o que fizesse mal, nós agora éramos sempre a família dele e gostávamos sempre dele e ele tinha que acreditar nisso. Não lhe consigo dizer quantas vezes foram, mas uma coisa posso garantir que não passa em 3, 4 ou 6 meses! Levou um ano ou mais até que o meu filho melhorasse radicalmente o seu comportamento!

Hoje (passaram apenas 4 anos), não temos uma queixa da escola, todos os dias ele tem que nos dizer que nos ama, que todo o coração dele é meu, que tem o melhor pai do mundo, que não se vai casar porque quer viver sempre nesta casa com os pais….(até já brincamos com ele, que se não sair para a casa dele até aos 30 anos saímos nós!!!!!!)

Cara Madalena, nós não temos que pagar sessões de psicoterapia para que os nossos filhos gostem de nós, temos que pagar um pedopsiquiatra para ajudar os nossos filhos a lidarem com o sofrimento deles e também para nos ajudarem a nós. Estas crianças, os meus filhos e as suas filhas o que mais querem é ter a certeza que vocês (nós) vão estar sempre aí para as apoiarem e amarem.

Agora deixo esta pergunta no ar : e se eu, durante os 6 meses do período de pré adopção tivesse desistido dos meus filhos? Acredite que também foi terrível! Nunca tal nos passou pela cabeça mas se tivesse acontecido, hoje não teria ao meu lado os Melhores Filhos do Mundo, com todas as preocupações que já nos deram e que sabemos que ainda vão dar! E o que teria sido dos meus Filhos com o peso de mais uma família a desistir deles?

Peço desculpa Jorge, por ocupar o seu espaço desta forma, mas não ficava bem comigo mesma se não apelasse à Madalena que deve procurar ajuda, existem pedopsiquiatras maravilhosos, mas não desista de amar estas duas crianças!


Ana

 

Um texto para reflectir,  um texto que deveriam ler todos os candidatos à adopção e todas as pessoas que alguma vez pensaram em adoptar, é claro que nem todos os casos são assim, mas acreditem em mim, não há casos fáceis. E não, adoptar bebés não minimiza os problemas, nós adoptamos um bebé com um ano e basta procurar neste blog a palavra hiperactividade para se perceber como nada é  fácil, mas não há a mínima dúvida, o amor pode sempre mais que qualquer tipo de problema.

 

Ana, não tem que pedir desculpa, eu é que agradeço as suas palavras.

 

Jorge Soares

publicado às 21:15



Confesso a minha ignorância, não me lembro de até hoje ter ouvido falar de Raquel Varela, dei-me ao trabalho de ir ao google, onde podemos encontrar o seguinte:




E a coisa continua, o currículo é impressionante, mas efectivamente há algo que não consta por lá, bom senso. É claro que eu também sou contra os salários de miséria que se pagam por cá ou noutros países, ainda um destes dias aqui falei sobre o Bangladesch e a forma como as grandes multinacionais se aproveitam dos salários de miséria e do trabalho quase escravo para nos fazerem chegar a última moda a preços de saldo. Mas será que a pergunta mais inteligente que se pode fazer a um jovem de 16 anos que acaba de criar o seu emprego e ser produtivo para o país é sobre isto?


Qual era  finalidade da pergunta?, dizer ao jovem que ele tem que acabar com o negócio porque quem cose as t-shirts ganha o salário mínimo?, uma coisa é pedir a uma multinacional que ganhe uns milhões a menos e se preocupe mais com a situação social dos locais para onde desloca a produção, outra coisa  é tentar fazer passar por irresponsável a um jovem que tem iniciativa e a garra suficiente para fazer pela vida apesar da situação do país e dos seus 16 anos. 


Não era de esperar que o Martim, um jovem do Secundário conseguisse entrar num debate sociológico. Ele teve uma ideia e colocou-a em prática... e tem vontade de continuar, e isto é ser empreendedor, para que tentar cortar ou minimizar o sonho?


E não, não queremos um país nivelado por baixo, não queremos ser o Bangladesch da Europa, todos queremos um país com salários, condições de vida e de trabalho, justas, mas há que ter a noção do momento e da realidade e está à vista que apesar dos muitos títulos e do longo currículo na área, esta senhora não tem nem uma coisa nem a outra.


Jorge Soares

publicado às 21:29

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