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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Primeiro foi o PS, depois foi este governo há pouco mais de um ano, das duas vezes a enorme discussão que se gerou à sua volta fez com que o projecto de lei fosse engavetado e quem o propôs saiu de cena de fininho. Agora voltou a aparecer basicamente a mesma coisa... como a coisa é a mesma e os argumentos até são os mesmos, deixo aqui o que escrevi da primeira vez em que se falo disto:
Basicamente do que se está a falar é que a partir de agora, todos nós independentemente de consumirmos ou não artigos digitais (música, filmes, séries, etc), vamos passar a pagar direitos de autor. Cada vez que compramos um computador, uma pen, um disco externo ou interno para o computador, um telemóvel, um ipad, um cartão de memória para a máquina fotográfica, qualquer coisa que sirva para armazenar bytes, uma parte do que estamos a pagar, vai para os direitos de autor.
Se pensarmos bem, isto nem é nada de novo, afinal Portugal é aquele país em que qualquer contador de electricidade paga uma taxa de radiodifusão tenha ou não ligado a ele um rádio... imagino que a seguir, e como nas pessoas deixaram de andar nas ex scuts, vão acabar com as portagens e passar a incluir um valor no preço de cada pneu que se venda, para que todos paguemos as auto-estradas... assim de repente é a mesma coisa.
É claro que eu não tenho nada contra a existência dos direitos de autor, a cultura só existe porque há pessoas com a capacidade criativa suficiente para converter ideias em obras de arte e essa capacidade deve ser recompensada, o que não me parece justo é que se tente resolver o problema criando uma lei cega em que todos pagamos independentemente de consumirmos ou não as obras taxadas.
Porque tem que pagar a empresa em que eu trabalho um valor para os direitos de autor se quando compra um servidor e/ou discos estes nunca serão utilizados para armazenar o que quer que seja sujeito a direitos e sim a informação de gestão da empresa? porque tenho que pagar direitos de autor quando compro um cartão de memória para a minha máquina fotográfica se o autor das fotografias sou eu?, será que posso ir a algum lado buscar a minha parte dos direitos de autor?.. é claro que não, eu só tenho direito a pagar.
Evidentemente o que vai acontecer é que vão subir os preços de tudo o que é material informático, o segundo efeito imediato, é que eu, que tal como tinha dito aqui até achava que fazer downloads piratas era crime, vou-me sentir legitimado para passar a sacar músicas e filmes da net como faz a maioria, afinal, eu até já paguei os direitos de autor..
Jorge Soares
Imagem de aqui
A guerra é um massacre de homens que não se conhecem em benefício de outros que se conhecem mas não se massacram."
Paul Valéry
A imagem acima, como muitas outras que mostram momentos de paz e amor entre israelitas e palestinianos andou o dia todo a circular pelo facebook e restantes redes sociais, por momentos parece que a guerra é só um assunto de políticos e militares, se pelos povos fosse não havia guerra.... é bonito sim senhor, mas estará sequer perto da realidade?
Em duas semanas chegou-se ao milhar de mortos, principalmente do lado palesteniano em que há todo um povo que para além de mais, não tem muito para onde fugir e que dificilmente poderá escapar à violência desatada.
A verdade é que os políticos, quem manda e faz a guerra, foram eleitos pelos mesmos povos que agora sofrem de um e outro lado as consequências do ódio e da raiva convertida em guerra sem quartel e sem tréguas.
Para muita gente o Hamas é só mais um grupo de terroristas, para uma grande parte dos palestinianos o Hamas é o depositário da última esperança de que alguma vez todo um povo possa voltar às suas casas e às suas terras de onde foram expulsos há três ou quatro gerações... há quem depois destes anos todos continue a guardar as chaves das suas casas há muito ocupadas ou destruidas pelos israelitas que agoram por lá vivem.
O governo de direita de Israel, liderado por Shimon Peres foi eleito democraticamente, nunca escondeu qual era a sua orientação com respeito aos territórios ocupados pelos palestinianos e esta politica terá sido mesmo um dos principais factores que o levou ao poder.
Há evidentemente quem queira a paz de um e de outro lado, mas duvido que alguma dessas pessoas admita uma paz com base na cedência de aquilo que para eles é um direito que nem admite discussão, muito menos a cedência nem que seja num milímetro.
Quem faz a guerra são os políticos e os militares, por trás deles há todo um mar de interesses instalados, mas por trás desta guerra há sem dúvida dois povos que de forma directa ou indirecta, também a escolheram... por muito que agora o tentem disfarçar por trás de bonitas e românticas imagens de amor e amizade.
Jorge Soares
Imagem de As coisas do mundo
É uma daquelas coisas que me deixa irritado, mesmo, tanto que andava à espera da oportunidade para falar aqui do assunto... foi hoje.
Foi por volta da hora do Almoço no Pingo Doce da Luísa Tody em Setúbal, feitas as compras e arrumadas na mala do carro, enquanto esperava que a minha meia laranja arrumasse o carrinho vazio, reparei como uma senhora após alguma indecisão e troca de ideias com quem ia ao lado, decide estacionar o carro no lugar reservado a deficientes que fica mesmo ao lado da entrada na loja.
Puxei do telemóvel e preparei-me para tirar uma fotografia para ilustrar o post, entre o pegar no telemóvel, desbloquear e encontrar o botão certo para disparar, já ela não estava ao lado do carro e até terminei por não tirar a fotografia. Entretanto a senhora e a sua acompanhante, que evidentemente não mostravam sinais de qualquer deficiência física e que até já tinham entrado na loja, foram avisadas por alguém do que eu estava a fazer.
Ela voltou para trás e o diálogo que se seguiu foi mais ou menos assim:
- O senhor estava a tirar uma fotografia ao meu carro?
- Por acaso estava.
- Então espere aí que eu vou tirar o carro dali e já conversamos.
Reparem, havia montes de lugares vagos no parque e ela sabia isso e também sabia que não podia estacionar ali, resta saber se teria retirado o carro se eu tivesse dito que não tinha tirado a fotografia. Foi estacionar a cinco metros dali e voltou cheia de genica.
- O senhor estava a tirar fotografias ao meu carro, tem que as apagar, se elas aparecerem em algum lugar eu meto-lhe um processo.
- A senhora é deficiente?
- Não, não sou, mas o senhor não pode tirar fotografias ao meu carro.
- Se não é deficiente sabe que não pode estacionar ali, além de uma questão legal, é uma questão de civismo.
- Eu meto-lhe um processo!
- Minha senhora, chame a policia que a gente resolve já o assunto da denuncia.
- O senhor não tem nada de fazer isso!
- E a senhora sabe perfeitamente que não pode estacionar ali!
- Olhe, o seu problema é falta de sexo, vá dar uma volta que isso passa!
-
- Pois, falta de sexo, arranje mulher que isso passa!
- No seu caso é falta de civismo mesmo, ou isso ou a senhora é deficiente mental e por isso estaciona ali.
Entretanto a senhora voltou para dentro da loja e eu continuei à espera da minha meia laranja.
Passado um minuto voltou, acompanhada do segurança da loja... achei aquilo tão surreal que passei a cancela do parque e parei, só para ouvir o que me ia dizer o segurança.
- Está aqui o segurança da loja, ele quer falar consigo.
- Então diga lá??!!
- O parque tem câmaras de vigilância e o senhor tirou fotografias
- Sim tirei, porque a senhora estacionou no lugar de deficientes e isso além de ilegal é uma enorme falta de civismo, o senhor quer o quê de mim?
- Eu nada, só vim porque a senhora me chamou
Entretanto a senhora não se calava e continuava com a ladainha de que eu não podia tirar fotografias... o vigilante ameaçou com chamar o gerente da loja e eu pedi que chamasse também a policia, como aquilo não nos ia levar a lado nenhum, meti-me no carro e vim-me embora, mas depois fiquei a pensar que devia ter esperado pelo gerente da loja, sempre ficava a saber qual era a posição do Pingo Doce sobre clientes que estacionam nos lugares reservados a deficientes mesmo quando há muitos lugares vagos no resto do parque de estacionamento.
Infelizmente em centros comerciais ou em qualquer outro parque de estacionamento, os lugares reservados a deficientes raramente estão livres, há muita gente que prefere estacionar ali que caminhar mais meia dúzia de metros, mesmo quando o parque é pequeno como acontece no Pingo Doce de Setúbal.
A senhora do caso que conto, para além de uma enorme falta de civismo tinha muita falta de educação e a julgar pela quantidade de vezes que ela repetiu a palavra sexo, das duas uma, ou se estava a oferecer, ou estava ela com muitíssima fome.
Evidentemente não podemos todos ser policias uns dos outros, mas há coisas que puxam pelo meu mau feitio, tal como no caso dos cãezinhos de que já aqui falei (ver aqui), se calhar se todos reagíssemos aos abusos viveríamos num mundo muito melhor e com mais civismo.
Jorge Soares
Joaquim Bispo
Retirado de Samizdat
Imagem do Público
A detenção de Ricardo Salgado foi noticia em pelo menos dois dos principais jornais espanhóis online e imagino que terá tido eco em muitas outras publicações pelo mundo inteiro. Não é todos os dias que ouvimos falar da detenção de um banqueiro e muito menos de um que até chegou a ser convidado a comparecer em conselhos de ministros.
Não sou dos que acham que todos os banqueiros são ladrões, os bancos existem porque o mundo precisa deles, são um negócio e os negócios existem para servir quem deles precisa e para dar lucro a quem teve a capacidade de os montar. É claro que os bancos e quem os dirige tiveram a sua quota parte de culpa na crise, tal como a tiveram os políticos e até todos nós que os elegemos.
Ricardo Salgado era até há uns dias atrás uma figura poderosa, havia (há?) muita gente a depender dele ou pelo menos do dinheiro que estava ao seu alcance, da politica ao futebol passando pela industria, muito poucos dos poderosos deste país não tinham ligações mais ou menos próximas ao BES e/ou à família Espírito Santo.
Hoje o senhor foi detido, interrogado durante horas e teve que pagar a módica quantia de 3 milhões de Euros para poder preparar a sua defesa em liberdade. Curiosamente a sua detenção estará relacionada com o caso Monte Branco, caso pelo qual já tinha sido investigado e na altura ilibado.
Imagino que o descalabro do grupo Espírito Santo terá deixado à vista muito lixo que estava escondido debaixo dos tapetes financeiros, mas ficamos sempre a pensar, o que terá mudado desde a altura em que se concluiu que o senhor era inocente até agora?
Poderão ter mudado muitas coisas, mas uma é evidente, Ricardo salgado deixou de ser "o gajo que manda nisto tudo", o banqueiro que até aparecia nos conselhos de ministros, no momento em que se percebeu que o GES era um gigante com pés de barro Ricardo Salgado passou a ser um cidadão comum e até passou a poder ser preso.
Eu sei que entre outros Daniel Oliveira já fez esta pergunta, é uma pergunta que nos fazemos todos, com os mesmos indícios que se conhecem agora, Ricardo Salgado teria sido detido e sujeito a uma caução de 3 milhões de Euros há dois ou três meses atrás? Eu quero na justiça portuguesa e portanto quero acreditar que sim.... mas também sei que sou muitas vezes sou lírico.
Esperemos é que a justiça à portuguesa não apareça de novo e a montanha não dê em mais um rato do tamanho do que deu com os senhores do BPN.
Jorge Soares
Imagem do Facebook
Num comentário ao Post de ontem (Ver Aqui) alguém me acusava de ser Anti Judeu, está enganado, não sou anti Judeu, nem pró palestiniano, sou sim contra a violência, sou sim contra as injustiças e sou contra quem não tem memória histórica e faz aos outros o que não gostou para si, e sou contra todos os responsáveis, de um e outro lado, pelas mais de 600 mortes que já aconteceram desde que começou a escalada de violência na Faixa de Gaza
Jorge Soares
As imagens que nos entram pela casa dentro são aterradoras: pânico, morte, destruição, bairros inteiros destruídos, escolas e hospitais atacados por tanques de guerra, centenas de mortos, milhares de feridos, milhares e milhares de pessoas em fuga... Pessoas que para além demais não tem para onde fugir, o que era o seu país é neste momento o Estado de Israel e o que resta da Palestina está a pouco e pouco a ser destruído e anexado pelo Exército israelita.
Todos sabemos, porque faz parte da história antiga e da moderna, como tudo isto começou, não sei nem quero saber se a culpa deste novo capítulo que se está a escrever com sangue e morte é do Hamas ou do exército israelita, sei que todo este ódio e violência não levam a lado nenhum, só geram mais ódio que por sua vez irá algures no futuro gerar mais violência e sinceramente não consigo perceber o que ganha Israel com tudo isto.
O que a simples vista me quer parecer é que durante todos os séculos em que viveu sem pátria e disperso pelo mundo, o povo judeu aprendeu muito pouco sobre humanidade, só alguém que não tem memória e consciência do seu passado pode pretender para outros povos o que de muito mal lhe aconteceu a si no passado.
Para além do ódio a condenação e o desprezo de muita gente, o que ganha Israel com toda esta violência desatada?
Jorge Soares
Vídeo: Trying to survive on deserted streets of Gaza - BBC News
Imagem algures do Facebook
Confesso, nunca tinha ouvido falar da senhora deputada Catarina Marcelino, apesar de que ela até foi eleita pelo distrito de Setúbal, são os defeitos do nosso sistema eleitoral.
A imagem acima andou o dia todo a rondar pelo Facebook, não dei grande importância, eu escrevo com erros no Facebook, escrevo muitas vezes com erros no mail e nos dias em que estou a despachar e o corrector do Sapo não anda nos seus dias, dou erros aqui no Blog... Ao fim do dia fiquei intrigado com o insistir da coisa e fui ver o porquê de tanto barulho.... fiquei esclarecido quando percebi que Catarina Marcelino é deputada, é do PS e é apoiante de António Costa.
São estes os perigos do Facebook, quando eu apesar dos avisos do browser escrevo um erro no Facebook, haverá uma ou duas pessoas que esboçam um sorriso, às vezes há uma ou outra alma caridosa que me avisa (muito obrigado) dos erros que escapam ao dicionário do SAPO, mas a coisa não passa a mais, eu não sou deputado nem figura pública e poucos se importam se depois de todos estes anos ainda meto palavras em castelhano pelo meio dos textos.
Quando se é figura pública e se escreve um texto como o que vemos acima, evidentemente a coisa não pode passar em claro e vai haver muita gente que se vai aproveitar da situação.
A senhora deputada esclarece num post do seu Facebook, que diga-se de passagem também tem alguns erros, que sofre de dislexia... eu tenho um filho disléxico, entendo as dificuldades na escrita de Catarina Marcelino, o que já não entendo é que tendo ela consciência dessas dificuldades e sabendo que tudo o que publicar será analisado por quem não gosta dela, não tenha o cuidado de passar por um corrector ortográfico o que coloca na internet. A maioria dos browsers tem verificação automática e sublinha a vermelho os erros ortográficos, se não tem esta opção activa, sendo disléxica deveria ter.
Evidentemente a dislexia e as dificuldades em escrever correctamente não impedem ninguém de ser deputado e de fazer um bom trabalho na representação de quem a elegeu, mas neste caso a dislexia não explica tudo. A Catarina Marcelino foi neste caso vitima, para além da doença, da sua falta de cuidado e dos perigos do Facebook.
Jorge Soares
Imagem de aqui
Se não podes vencê-los, une-te a eles, deve ter sido este o pensamento de Evo Morales e dos deputados Bolivianos que aprovaram uma lei que permite o trabalho infantil a partir dos 10 anos de idade.
O trabalho infantil é uma realidade na Bolívia, há mais de 500 000 crianças que trabalham nos mais variados sectores da economia, desde o a economia informal até ao duro trabalho nas profundezas das minas. A anterior lei que regulava as condições de trabalho no país só permitia o emprego de crianças a partir dos 14 anos, a que acaba de ser aprovada pelo parlamento boliviano e promulgada pelo vice presidente Alvaro García, baixou a idade legal para se trabalhar para os 10 anos sobe o pretexto que esta lei se adequa mais à realidade do país (??).
Ou seja, como não conseguem combater a precariedade e a realidade de haver crianças a trabalhar à vista de todos, a solução não é fazer aplicar a lei, a solução é inventar uma lei que torne o ilegal em legal.
A Bolívia é certamente um dos países mais pobres da América Latina, 55% da população é de origem indígena e Evo Morales, que é o primeiro e único presidente da América Latina que não é descendente de Europeus e sim dos aborigenes que viviam no país antes da chegada de Colombo à América, foi eleito principalmente com os votos desta parte da população. Uma das suas primeiras afirmações após tomar posse foi: "Os 500 anos de colonialismo terminaram e a era da autonomia já começou."
Para quem tem uma ideia do nível de vida da maior parte da população boliviana, esta afirmação faz algum sentido, mas a julgar por leis como esta que acaba de ser aprovada, ou como aquela ideia de fazer girar os relógios ao contrário de que falei aqui, não sei se Evo e os governantes bolivianos fazem ideia do que é o melhor para os seus concidadãos, alguém me explica de que forma estas medidas podem contribuir para melhorar o nível de vida da população do país, seja esta nativa ou descendente de europeus?.
Um país só se começa a mudar com a educação do seu povo, afastar as crianças da escola para que estas comecem a trabalhar aos 10 anos de idade não me parece que vá contribuir minimamente para dar um melhor futuro nem às crianças nem ao país.
E o mundo olha para o lado e finge que no pasa nada!
Para quem percebe Castellano:
Jorge Soares