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A feira do livro

por Jorge Soares, em 31.05.15

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Imagem de aqui

 

Vai fazer vinte anos  que deixei de viver em Lisboa, apesar de lá ir todos os dias, nesses vinte anos não me lembro de ter ido uma única vez à feira do Livro.

 

Quando estava na Faculdade e vivia em São Bento, a feira ficava num dos percursos que costumava fazer a pé para casa, pelo que passava lá montes de vezes. O meu orçamento de estudante deslocado não dava para muito, pelo que a maioria das vezes só ia mesmo aos stands dos alfarrabistas e aos que tinha livros usados, mesmo assim todos os anos o número de livros comprados passava da dezena.

 

Hoje voltei lá, fui com a R. a leitora compulsiva cá de casa. Nada está muito diferente do que me lembro, inclusivamente os stands dos livros baratos estão no mesmo sitio... e foi por lá que comecei mesmo.

 

Antes de sair de casa a minha meia laranja recordou-me que não era para deixar lá o salário do mês, não era para comprar todos os livros que a R. queria ... nem todos os que eu queria, vá lá, um ou dois para ela e um ou dois para mim..

 

Como disse começamos pelos alfarrabistas, logo no primeiro Stand quando dei por mim já a R. estava com 3 livros na mão... mostrei-lhe o tamanho da feira e disse-lhe para escolher um... no segundo escolheu outro... e dois ou três stands depois já tinha outro...Ainda nem tínhamos entrado na Feira e já ela tinha esgotado o orçamento .

 

Antes de termos recorrido um quinto da feira já ela tinha 3 livros e eu outros três... comecei a ver a coisa mal parada. A partir de ali decidimos passar a ser mais selectivos, mesmo na feira os livros são (muito) caros e não há orçamento que aguente.

 

Estivemos 3 horas para cima e para baixo, no fim voltamos com 8 livros e uma agenda (oferta na compra de um dos livros)... e com uma enorme vontade de comprar muitos outros... pode ser que um destes dias nos saia o euromilhões....

 

A R. que adora livros e livrarias, adorou a sua primeira visita à feira. Eu encontrei quase a mesma feira de que me recordava dos meus tempos de vida em Lisboa, a vantagem é que agora a feira não é em época de exames e não vou ter que esperar para Agosto para ler os livros que comprei.

 

Fiquei com muita vontade de lá voltar... não sei se poderá ser este ano... mas de certeza que não vão passar 20 anos como desde a última vez.

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:44

Conto - A Luz de Delft

por Jorge Soares, em 30.05.15

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O que vou contar começou na semana após o Natal, ao chegar a casa, cerca das cinco da tarde. Depois de me pôr à vontade, preparei um copo de leite-com-chocolate morno, juntei um pacote de bolachas recheadas e fui lanchar para a sala, enquanto via televisão.
 
Foi já no fim do lanche que o vi: o carteiro de Pablo Neruda, como eu me lembrava dele no filme, estava mesmo atrás da rapariga que lê uma carta junto a uma janela aberta, na reprodução pintada de Vermeer, que tenho por cima da escrivaninha. Primeiro, fiquei estático, sem saber bem o que pensar. Depois, observei as bolachas e cheirei o leite-com-chocolate, mas pareceram-me em bom estado!
 
Levantei-me e mirei-o de perto. Estava com aquele ar ingénuo e satisfeito de quem finalmente sabe o que são metáforas. E parecia bem implantado na camada cromática, como se tivesse sido pintado ao mesmo tempo que a mulher. Esquecendo o anacronismo do vestuário, não ficava mal de todo no quadro. Aparentemente, tinha sido ele a trazer a carta à jovem holandesa de Vermeer.
 
“Bem”, pensei, “é melhor não dizer nada a ninguém, sem dormir sobre o assunto”. E foi isso que fiz no sofá, a meio de um diagnóstico delicado do Dr. House.
 
Quando acordei, a primeira coisa que fiz foi olhar para o quadro. O carteiro já lá não estava. Fiquei aborrecido. Frustrara-se a hipótese de mostrar o fenómeno aos amigos. Logo a seguir, fiquei preocupado. O que quer que tivesse perturbado a minha perceção devia estar em mim e podia ser um grave problema de saúde.
 
Resolvi fazer umas pesquisas na Net sobre alterações de perceção. Um site francês advertia que níveis elevados de açúcar no sangue podem provocar alucinações. Nessa noite, dormi mal.
 
No dia seguinte, via-se uma alcoviteira de Murillo assomando à janela, a falar com a rapariga da carta. E nos outros dias sucederam-se outras imagens de menor dimensão: um jarrão azul com flores, de Cézanne, junto à fruteira; uma joia a imitar Lalique no cabelo da jovem; o gato da Olímpia de Manet, sobre a tapeçaria; eu sei lá! Isto, apesar de eu ter começado a conter-me nas sobremesas e a lanchar só fruta fresca.
 
Entretanto, fui ao médico. Impôs-me uma dieta rigorosa sem açúcares e receitou-me uns comprimidos de lítio. Disse que devo ter uma predisposição genética visionária que foi potenciada pelos excessos da quadra natalícia. Para eliminar todos os fatores desencadeantes, aconselhou-me ainda a parar com quaisquer leituras sobre arte durante uns tempos. Certo é que, passadas umas semanas, deixei de ver imagens estranhas a perturbar o recolhimento da holandesa de Vermeer na leitura da sua carta.
 
Quando já dava por seguro que o meu problema estava sanado, certa manhã, dei pela falta da própria mulher do quadro. Calculam como fiquei! O coração acelerou-se e quase entrei em pânico. Se antes era açúcar, o que seria agora?!
 
Telefonei logo para o meu médico, que também se mostrou alarmado e me disse que eu, provavelmente, teria abusado da dieta. Mandou-me tomar imediatamente um pacote de açúcar dissolvido em água e que fosse ao consultório dele no dia seguinte. Tomei o que ele mandou e estaquei pensativo a olhar para o quadro deserto. Que intrigante a situação!
 
Então, reparei nuns pequenos vultos refletidos na vidraça do quadro, agora noutra posição. Eram-me familiares. Apesar de minúsculos, não deixavam margem para dúvidas – eram as silhuetas da holandesa desaparecida e do carteiro de Pablo Neruda, passeando de braço dado numa praça de Delft!
 
Instantaneamente, entendi todo o percurso de aproximação e sedução: o primeiro contacto, o recado influente, as flores, a prenda…
 
No dia seguinte, já não fui ao médico. Nunca mais lá voltei. Percebi que o amor é mais forte que quaisquer dietas ou comprimidos. E encontra sempre o seu caminho.
 
Joaquim Bispo

publicado às 21:13

Na FIFA no pasa nada!

por Jorge Soares, em 28.05.15

fifa_blatter_crisis.jpg

 

Imagem de aqui

 

O futebol é pródigo em criar figuras, na sua grande maioria o mais perto que estiveram do jogo foi nas tribunas vips dos estádios, mas estão sempre por perto quando se assinam contratos milionários já seja com jogadores ou com patrocinadores.

 

Blatter é o exemplo fiel destas eminências pardas, economista de profissão, não consta que alguma vez tenha sequer jogado futebol, mas teve o engenho suficiente para durante o consulado de João Havelange saber mover as peças de forma a em 1998 ser eleito o sucessor do brasileiro e manter-se no poder até agora.

 

O que acontece na FIFA não é de agora, desde há muito que a troca de influências e até a compra de votos principalmente na eleição dos países sede dos mundiais, são muito mais que um rumor, só é difícil de perceber como é que com tanta gente a comentar e a falar do assunto, só agora alguém decidiu tomar medidas.

 

Ontem a única opinião em contra do que está a acontecer na Suíça veio da Rússia, os dirigentes russos acusam os Estados Unidos de estarem a impartir justiça fora do seu país. Não será por acaso que a eleição da Rússia como organizadora do próximo mundial está no centro do furacão.

 

A escolha do Qatar como sede do mundial de 2022, um país sem estádios, sem futebol e com temperaturas no verão a rondar os 50 graus, é outro exemplo de como se fazem as coisas na FIFA. Para além do governo do Qatar e dos dirigentes da FIFA, ninguém acha que o mundial se deva jogar lá, mas o certo é que foi este o país eleito, e nem as provas de que os estádios e infra-estruturas estão a ser construídas com recurso a mão de obra escrava, conseguem convencer os todo poderosos senhores que mandam no futebol mundial de que há algo de errado.

 

Não acredito que  o timing escolhido pelas autoridades Suíças e Americanas para deter os suspeitos tenha sido inocente, as eleições da FIFA são amanhã, a prisão de vice presidentes e outros dirigentes destacados da cúpula do futebol mundial deveria ser um sinal claro para Blatter e sus muchachos.

 

Num mundo normal ante um escândalo como este Blatter, afinal o principal responsável, pediria a demissão e as eleições seriam adiadas até ao aparecimento de candidatos sérios, mas na FIFA e no futebol nada parece ser normal. Não só se mantém as eleições como continua a ser quase garantido que o senhor será reeleito e talvez com uma ou outra mudança de cara, vai ser difícil que quem está preso tome pose nos cargos, tudo continuará igual.

 

E há quem ache que estas coisas só acontecem por cá.

 

Jorge Soares

publicado às 22:39

Mas qual é o problema dos pensos higiénicos?

por Jorge Soares, em 26.05.15

 

De caminho para casa apanhei a R. no Liceu, quando chegamos ela foi logo ter com a mãe a queixar-se que tinham acabado os pensos higiénicos, a minha meia laranja ia-se passando:

 

- Mas tu vens da rua com o teu pai e vens-me dizer a mim que não há pensos? Porque é que não pediste ao pai e ele passava no minimercado contigo e compravam?

- Eu pensei que tu ias comprar 

- Eu?, mas tu vens da rua com o teu pai, porque é que haveria de ir eu?

- ... Mas 

- Daqui a bocado quando fores para o vitória, vamos comprar.

 

Entretanto a minha meia laranja andava às voltas com os trabalhos de casa dos mais novos e pediu-me para a levar ao Vitória, com o recado de passar algures a comprar os pensos higiénicos.

 

Como há uma bomba de gasolina ao lado do Vitória, parei o carro em frente ao estádio, ela quis logo esquivar-se, mas eu disse-lhe que nem pensar, que ela tinha que ir comigo, a conversa foi mais ou menos assim:

 

- Então mas vamos lá?

- Sim, vamos, tu e eu!

- Mas eles dão-nos um saco não dão?

- Um saco?, um saco para quê?

- Para trazer os pensos pela rua?

- Mas claro que não, agora não dão sacos, além disso qual é o problema dos pensos?

- ... pois... são pensos 

 

Ela estava mesmo encavacada e eu já me estava a rir...

 

- Deixa lá, se tu não os queres trazer eu trago, achas que há algum problema com isso? 

 

Chegamos à loja e ela a custo lá conseguiu escolher uns, evidentemente fui eu que tive que ir à caixa pagar e que os  tive que levar de volta até ao carro... mas fartei-me de gozar com ela.

 

Juro, não consigo perceber qual é o problema das pessoas com os pensos higiénicos, até porque não é a primeira ou a segunda vez em que pelas conversas percebo que há um enorme pudor à volta do assunto. Eu não tenho nem nunca tive problemas nenhuns, já aconteceu mais que uma vez a P. ligar-me para que eu passe no supermercado para os comprar e eu vou sem problema nenhum...

 

Acho que tenho que ter um conversinha sobre o assunto com os meus filhos... ainda duvido que a teimosa da R. queira ouvir falar do assunto.... por vezes penso que apesar da idade, eu sou mesmo o mais novo desta casa.     

 

Jorge Soares

publicado às 22:48

Hiperactividade - o primeiro passo é aceitar!

por Jorge Soares, em 25.05.15

A Hiperatividade é uma condição física que se caracteriza

pelo sub-desenvolvimento e mau funcionamento de certas partes do cérebro.

Retirado de aqui

 

 

Não é a primeira e não será de certeza a última vez, mas nunca deixa de me fazer impressão, há uns dias num grupo do Facebook  onde se fala da hiperactividade, uma mãe vinha partilhar as suas preocupações e pedir ajuda a outros pais... só que começava a explicação com: "vocês desculpem mas eu não acredito nesta doença"

 

Estou habituado a ler e ouvir muitas vezes essa frase, principalmente vinda de: Quem não tem filhos e acha que tudo não passa de birras e falta de educação que se fossem eles os pais se resolveriam facilmente com  castigos e/ou com palmadas. Ou de professores que acham que tudo não passa de desculpas dos pais para o comportamento dos filhos que não souberam educar.

 

Há uns tempos também no facebook tive uma troca de ideias com uma mãe, no infantário, ante as atitudes e o comportamento do seu filho,  tinham-na aconselhado a levar o miúdo a uma consulta de avaliação. 

 

Evidentemente a senhora negava-se, ela concordava que o miúdo não era uma criança "normal", mas de forma alguma o levaria alguma vez à consulta... segundo ela o que a criança precisava era de amor e mão firme, ninguém a ia convencer que o miúdo tinha alguma doença e ia alguma vez precisar de tomar medicamentos.

 

Na altura dei por mim a pensar que eu também tinha passado por essa fase, também eu passei muito tempo a recusar-me a aceitar que o meu filho tinha um problema e que esse problema estava muito para além do que eu conseguiria resolver... 

 

Mais tarde ou mais cedo todos terminamos por cair em nós e perceber que o problema existe mesmo e que tem que ser tratado por médicos e especialistas, o problema é que no entretanto fazemos da nossa vida, da dos nossos filhos e da restante família, um inferno.

 

Eu demorei dois ou três anos a aceitar que não era por ficar sem prendas, por ficar de castigo durante semanas ou com palmadas e até sovas, que o meu filho ia melhorar o comportamento...

 

Não é fácil lidar com tudo isto, não é fácil lidar com os comportamentos, normalmente é muito difícil lidar com a escola, com os directores de turma, com os professores,até com os pais das outras crianças que acham sempre que os seus filhos são perfeitos. Nada disto é fácil, mas não é fácil para nós pais e não é fácil para os nossos filhos... mas a primeira regra para se conseguir viver e sobreviver é que temos que aceitar que o problema existe mesmo.

 

Depois há a questão da medicação, seja Ritalina, Concerta ou outro medicamento qualquer, há sempre mais alguém que leu um artigo ou ouviu uma teoria, para além dos milhentos efeitos secundários, aquilo causa habituação e não serve para nada.... e quem quer dar drogas aos seus filhos?

 

Ninguém, eu também não, infelizmente consigo ver a diferença entre quando ele toma ou não toma, mesmo os professores que nem acreditam em nada do que dizemos, conseguem ver a diferença quando por algum motivo nos esquecemos de lhas dar.... e na maior parte dos casos, os miúdos conseguem ver a diferença e terminam por nos pedir para lhas dar, porque sabem os efeitos no comportamento e no aproveitamento escolar, acreditem, ninguém é feliz a ser sempre o que tem mais castigos e recados e tira as piores notas da turma.

 

Negar que o problema existe, que seja uma doença e que tem que ser tratado na maior parte dos casos com recurso à medicação, só torna as coisas muito mais complicadas...

 

Voltando ao inicio, depois de ler o comentário da senhora no facebook dei por mim a ter pena dela e muita pena dos seus filhos, porque eu sei as vezes que fui, às vezes ainda sou, injusto com o meu.

 

Jorge Soares

 

publicado às 22:49

Conto - João Gostoso, again

por Jorge Soares, em 23.05.15

joaogostoso.jpg

 

 

Naquela noite, João Gostoso chegou em casa às oito e meia, já com tudo preparado para a feira do dia seguinte. Em lugar de sua Maria das Dores, porém, encontrou foi o bilhete rabiscado no papel do pão: João, fui embora. Não me procure, fui com o Alfredo.

 

Pronto, só isso, nada mais, na letra de criança de Maria, em que cada traço saía difícil, ele lembrava quando ela aprendeu a ler e escrever, fazia pouco.

 

Por cinco noites os dias de João foram iguais: antes das dez na cama, pouco depois das três de pé, a lida na feira, carregando tomates e cebolas para a barraca do Rodrigo e da mulher, mais a filhinha do casal, que sempre ficava por lá e lhe sorria de um jeito que era ruim de ver, porque a filha que não teve olhava pra ele por ela.

 

Na sexta noite, João desistiu, não dava mais pra levar vida de sempre, hora de recomeçar. Das Dores não voltaria mesmo, precisava arrumar mulher, ficar feliz de novo. Nada melhor pra isso que o velho boteco de sempre, do Seu Joaquim, ali mesmo, na beirada do morro, lugar que Das Dores não suportava nem olhar, mas ele gostava, e como gostava. E agora era hora de redescobrir o gosto, viver a alegria e esquecer aquela dor no peito que queria levá-lo para onde não se sabe.

 

O bar Vinte de Novembro estava aberto, claro. Seu Joaquim olhou, apoiando-o em seus intentos, isso, nada de fazer drama, bebe pra arrumar outra, mulher na Babilônia, ora bolas, não falta, é o que mais tem! E o que vai querer hoje, João? Quero mesmo é pinga com limão, mas sem açúcar, pra descer ardendo. E foi bebendo, foi bebendo, nem pensando em quanto ia ficar, se ia ter dinheiro depois pro todo dia, se não. Tocava samba, que Seu Joaquim não avacalhava em seu boteco, era coisa de gente fina, nada dessas porcarias que se ouvem hoje em dia, mas samba dos bons, e João Gostoso dançava e se achegava às mulheres que pousavam por lá, não queria saber se dançava bem, se mal, queria só dançar e ficar com elas, perto delas. Pouco importava se a mulher era bonita, se era feiosa, baixinha, gorduchinha, até a dentuça da Josefa valia. Cantava as letras que sabia e inventava as partes que nunca tinha entendido, feliz da vida de verdade, ao menos era o que parecia.

 

Passava das duas quando lascou um beijo na Elizeth, ali mesmo, na frente do namorado novo dela, que ninguém nem o nome inda sabia, e saiu andando, sem olhar para trás. O tal namorado hesitou, não conhecia direito as regras do pedaço, não sabia se devia ir atrás do ousado que lhe roubara um beijo da moça, se brigava era com ela, e nessa indecisão João Gostoso se afastou o suficiente, livre de qualquer ameaça e caminhando em seu passo normal.

 

Ninguém soube dele até manhã cedinho do outro dia, quando a notícia de seu corpo boiando na Lagoa começou a correr e chegar até a Babilônia, pasmando a todos e, mais no fundo, a Elizeth e a Das Dores, que por meio de Alfredo ficou sabendo da notícia que logo foi registrada nas letras borradas de preto do jornal.

 

Marina Silva Ruivo

 

Retirado de Samizdat

publicado às 22:54

O que muda mesmo na lei da adopção?

por Jorge Soares, em 21.05.15

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Imagem do Público

 

Vinha no carro quando na Antena 1 deram a noticia, "o governo quer agilizar os processos de adopção, estes vão demorar no máximo um ano",  a seguir dei por mim a falar sozinho:

 

- Um ano?, então mas a lei actual diz que as avaliações tem que demorar no máximo seis meses, onde é que passar de seis meses para um ano é agilizar o que quer que seja?

 

Cheguei a casa com as garras de fora e o mau feitio no máximo, a preparar-me para cascar forte e feio no Mota Soares e nos restantes governantes, felizmente decidi dar uma olhadela às noticias sobre assunto antes de começar a escrever o post.

 

Na verdade desde o ponto de vista do adoptante pouco irá mudar, os processos de avaliação continuam a demorar no máximo seis meses, o que realmente vai mudar (esperamos que consigam) é a forma como são tratados e avaliados os processos das crianças, não os que envolvem os adoptantes.

 

Actualmente as crianças estão institucionalizadas e passam anos e anos até que entre as instituições de acolhimento e o tribunal decidam qual será o seu processo de vida. Há crianças que chegam às instituições com um ou dois anos e os processos são decididos quando eles tem doze ou treze  e dificilmente alguém os quer adoptar.

 

O que este governo quer fazer é obrigar a que este processo seja agilizado, por exemplo: que ao fim de 18 meses após a sinalização de uma criança  exista uma avaliação da situação de modo a garantir que as medidas de protecção são as mais adequadas. Pretende também  que seja limitado a 12 meses o processo que medeia entre o estudo de caracterização da criança e a sua adopção... 

 

Parece que finalmente alguém percebeu onde está realmente o problema, não sei se haverá forma de fazer com que os responsáveis das instituições de acolhimento e os juízes passem a cumprir estes prazos,  mas que alguém do governo tenha percebido que  deve haver algo errado no processo quando há 8500 crianças institucionalizadas e pouco mais de 400 para adopção, já é um grande avanço.

 

Ver para crer.

 

Aos senhores jornalistas pede-se que antes de dar as noticias tentem perceber do que se está a falar

 

Jorge Soares

publicado às 22:32

cou-flor-picada.jpg

 

 

Imagem de aqui

 

Há muito que não coloco aqui uma das minhas receitas... bom, esta é mais da minha meia laranja que a encontrou algures.... mas acho que merece a honra do post, mais não seja pela diferença.

 

Estamos na época em que andamos todos a tentar poupar nos hidratos de carbono e nas calorias, não se deixem enganar pelo titulo, o arroz não faz mesmo parte, aliás, a receita é bem simples e até barata.

 

Ingredientes:

1 couve flor média

3 dentes de alho

1/4 de chouriço

Azeite

sal

Pimenta

raspa de um limão

Ervas aromáticas

Lombos de salmão (1 por pessoa)

 

Coloque os lombos de salmão polvilhados pela raspa de limão, as ervas aromáticas e sal ao gosto, num tabuleiro e leve ao forno a 180 graus... os meus estavam congelados e ficaram prontos ao fim de 35 minutos.

 

Pegue na couve flor e pique como se pode ver na fotografia acima, pique o alho e corte o chouriço em cubos pequeninos, eu coloquei o chouriço na Bimby e piquei 5 segundos, depois juntei o alho e a couve flor e piquei mais 3 segundos.

 

Numa frigideira grande coloque um fio de azeite e junte a mistura toda, junte sal e pimenta ao gosto, vá mexendo de modo a que cozinhe de forma uniforme, a ideia é que a couve fique meio salteada e vá adquirindo o sabor do alho e do chouriço... no meu caso ficou pronto ao fim de aproximadamente 15 minutos.

 

O resultado é surpreendentemente delicioso, cá em casa apesar de que tudo começou por torcer o nariz à couve, no fim todos comeram e repetiram, a couve fica com o aspecto do arroz branco e o sabor delicioso do chouriço e do alho.... uma delicia mesmo, apesar de que a R. de inicio estranhou a combinação, combina mesmo com o salmão... os puristas, se lhes fizer impressão a combinaçãoo de carne e peixe, podem usar de acompanhamento para outra coisa qualquer 

 

Para a próxima tiro uma fotografia para colocar aqui

 

Bom apetite

Jorge Soares

publicado às 22:18

É este o país dos brandos costumes?

por Jorge Soares, em 19.05.15

2015-05-18-foto-confrontos-slb.jpg

 

Imagem de aqui

 

Ando há uns dias com um post atravessado, algo que tem a ver com "ser normal isso acontecer", ainda não é hoje... ainda que tenha tudo a ver.

 

Há pouco no canal do Jornal A bola, um grupo de senhores discutia o que se passou ontem, primeiro em Guimarães e depois em Lisboa... por incrível que pareça havia alguém, não fixei os nomes, que estava com imenso cuidado no que dizia porque segundo ele, "é necessário ter cuidado, vivemos na era da imagem e assim como há muitas imagens, também há muitas formas de as manipular".

 

Sim, vivemos na era das imagens, agora cabe-nos a nós como sociedade aprender a tirar o melhor partido disso para fazer deste mundo um mundo melhor, mais justo e sobretudo, mais transparente.

 

O que se passou ontem em Guimarães não tem nome, felizmente há imagens, imagens que olhe-se por onde se olhe são tremendamente esclarecedoras. O polícia pode alegar o que quiser, pode defender-se com o que quiser, mas quanto a mim, não há absolutamente nada que justifique a reacção dele. 

 

Como é que hoje, após as imagens que todo o país viu até à exaustão, explicamos aos nossos  filhos que os polícias são os bons que existem para nos proteger dos maus, havia ali alguém bom que soubesse proteger?

 

É verdade que nas imagens, pelo menos nas que eu vi, é difícil discernir o que terá sido dito ali, pode até ser verdade que ele foi insultado e até cuspido, mas não há insulto ou cuspidela que justifique a sua reacção e muito menos quando pelo meio há crianças. Ele não estava sozinho, estava com um colega ao lado e vários nas proximidades, qual é a justificação para a forma como ele reage? Aquelas pessoas eram de alguma forma uma ameaça para a integridade dele? Tem que haver alguma diferença entre um agente de autoridade e um arruaceiro qualquer que reage com violência às palavras.

 

Depois há o que aconteceu em Lisboa, lembro-me de há uns tempos todas as manifestações terminarem em violência entre grupos de arruaceiros e policias, pelos vistos à falta de manifestações, festejos de títulos de futebol também são bons.

 

O que se viu ontem no Marquês do Pombal foi um bando de arruaceiros vestidos com os adereços do Benfica, que aproveitaram a presença da polícia para armar confusão e estragar a festa ao futebol, curiosamente e ao contrário do que aconteceu em Guimarães, eu acho que a policia teve uma actuação inteligente e ponderada, e dada a presença de tanta gente que só ali estava mesmo para festejar, se limitou a controlar. Não deve ter sido nada fácil estar ali minutos e minutos a ser bombardeados com garrafas e pedras da calçada sem carregar furiosamente sobre o bando de palhaços.

 

Para além do já relatado, há noticias de destrição e prejuízos de mais de cem mil euros no estádio Afonso Henriques, de confrontos entre adeptos benfiquistas e polícias no Alvalade XXI e de detidos um pouco por todo o país, pelos vistos há muita gente que ou não se sabe controlar ou não percebe que o futebol é para ser uma festa... há que saber perder... e sobretudo, saber ganhar.... mas é claro que a esta gente o que menos interessa é o futebol.

 

É este o país dos brandos costumes?

 

Jorge Soares

publicado às 22:35

Como é que se diz começar de novo em Vasco?

por Jorge Soares, em 17.05.15

lopetegui.jpg

 

Imagem do Público 

 

Em primeiro lugar parabéns ao Benfica, ninguém é bicampeão sem mérito, podia vir para aqui falar de colinhos e coisas dessas, mas a verdade é que o Porto não é campeão porque falhou em alguns momentos decisivos e o Benfica soube aproveitar muito bem.

 

O Porto falhou estrondosamente contra o Nacional quando já sabia que o Benfica tinha perdido e contra o Belenenses, quando o Benfica não estava a conseguir ganhar ... a verdade é que com duas vitórias nesses jogos, neste momento não havia festa no marquês e outro galo cantaria no lugar da águia.

 

O Porto apostou tudo nesta época, quanto a mim, apostou demais. Não é a primeira vez que Pinto da Costa escolhe um treinador sem experiência, mas apostar num treinador sem experiência ao nível dos seniores e que não conhece o campeonato nem o futebol português, terá sido levar a aposta longe demais.

 

Dizer que o Vasco é um mau treinador seria injusto. O Porto vai ficar em segundo lugar no campeonato, e chegou aos quartos de final da Champions, é verdade que com alguma sorte nos sorteios, mas  a sorte e o azar não explicam tudo.

 

Quanto a mim os principais problemas de Lopetegui foram a demora em descer do pedestal em que se achava, a dificuldade em perceber que o campeonato português não é o espanhol e que no Porto não há lugar a experimentos, no Porto joga-se para ganhar do primeiro ao último minuto de todos os jogos, os experimentos fazem-se nos treinos, nos jogos é mesmo para ganhar.

 

Quando percebeu algumas destas coisas, ele e a equipa encarrilaram e até se viu bom futebol. Depois havia outro problema, a equipa mais jovem das últimas décadas, recheada de muitos e bons jogadores, mas sem a experiência e a matreirice que convertem bons  em grandes jogadores. 

 

Com tantos jogadores jovens muitas vezes faltava em campo voz de comando e a serenidade necessárias ao controlo do jogo.

 

Não sei se para o ano haverá Lopetegui e confesso que não consigo ter opinião sobre o assunto, não haverá de certeza o dinheiro que houve no verão passado.

 

Com as saídas certas de Danilo, Jackson Martinez, Adrian Lopez, Tello e Casimiro  e as prováveis de Alex Sandro e Brahimi, tudo terá que ser começado de novo, já seja com este Vasco ou com outro treinador qualquer... e dificilmente alguém voltará a ter um plantel como o de este ano..

 

Gostava de saber o que pensam Pinto da Costa  e os membros da SAD de tudo isto, este ano só houve uma voz no Porto, infelizmente essa voz falava sempre em Castelhano e muitas vezes, para além de que foi longe demais principalmente nas desculpas, sentia-se a solidão nas palavras,

 

Para o ano há mais.

 

Jorge Soares

publicado às 22:56

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