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A verdadeira origem do Halloween

por Jorge Soares, em 30.10.18

Halloween.jpg

Durante a maior parte da minha vida o Halloween era uma espécie de carnaval que aparecia nos filmes americanos e não passava disso, nem em Portugal nem na Venezuela se festejava o dia. Nas culturas latinas o dia 1 de Novembro é o dia de todos os santos e durante muito tempo era uma enorme chatice, porque se há lugar que eu detesto mesmo, esse lugar é um cemitério.

 

Fiz um pouco de investigação e algures na internet encontrei o seguinte:

 
"A origem do Halloween, na Irlanda e nas Ilhas Britânicas, remonta há mais de 2 mil anos. Na noite de 31 de Outubro, os celtas comemoravam uma de suas maiores festas, o Samhain. Ao mesmo tempo, o dia 31 de Outubro era o último dia do ano velho. Os celtas acreditavam que, nesse dia, o mundo dos vivos se encontrava com o mundo dos mortos.

 

Sacerdotes celtas tentavam expulsar os demónios com uma grande fogueira. Para se proteger contra poderes malignos, os celtas usavam máscaras amedrontadoras.

 

No século 8°, o papa Gregório 4° transferiu para o 1° de Novembro o Dia de Todos os Santos, destinado a homenagear os mortos, a fim de cristianizar a festa celta de Samhain. Apesar disso, o "All-Hallows-Eve" – ou "véspera do Dia de Todos os Santos" – continuou sendo celebrado durante séculos na Irlanda católica."

 

Ou seja, como a maioria das festas católicas, também esta tem uma origem pagã, as grandes vagas de emigrantes irlandeses levaram a festa para a América e algures no tempo os americanos encarregaram-se de tornar o dia num enorme negócio que a partir de meados dos 90 começou a invadir a Europa, primeiro através da venda de brinquedos e como tudo o que vem da América, tornou-se um hábito até ao ponto que já não é estranho ver crianças a bater às portas e a pedir doces.

 

Já agora, a utilização de abóboras com velas iluminadas teve origem noutra lenda irlandesa que fala de um bêbado, do diabo e de um nabo iluminado, as grandes vagas de novo os emigrantes irlandeses levaram a tradição para a América e algures decidiram substituir o nabo por uma abóbora.

 

E pronto, agora os nabos somos nós que importamos as festas americanas e todo o comércio associado...mas antes festejar a noite de bruxas que  ir passear para o cemitério.

 

Jorge Soares

publicado às 21:28

pintar as unhas.jpeg

Imagem retirada de aqui

Percebemos que o Cristiano Ronaldo da economia faz uns orçamentos que são mesmo uma seca, quando até uma deputada do partido de governo aproveita para pintar as unhas em plena bancada parlamentar durante a discussão na generalidade.

 

Lá ao fundo discute-se se pagamos ou não mais impostos, se a gasolina desce e o gasóleo sobe, se para os salários só há 50 milhões ou se deve haver mais ....  se os 0,2 de défice são reais ou se são só uma previsão do governo... nada disso deve importar muito à senhora deputada Isabel Moreira, afinal, como muitos outros ela hoje só lá estava mesmo para levantar a mão nas votações ...e convém que quando se levanta a mão, as unhas estejam apresentáveis.

 

Ainda bem que era dia de pintar as unhas e não  de depilação .....  .. não sejam mal pensados, nesse caso ela tinha faltado , não sei se à depilação, ou à sessão do parlamento.

 

Jorge Soares

PS: Eu sei que no nosso parlamento já não se vota de mão no ar.... mas pronto.

 

publicado às 20:40

Conto - Sombras de Carne

por Jorge Soares, em 27.10.18

sombras.JPG

 

Lola limpou a boca no lençol, pouco se importando com o olhar magoado do rapaz ao seu lado. Aqueles encontros estavam começando a irritá-la. Rodrigo aparecia mais de uma vez por semana no Mercado Municipal, com um jeito desamparado de cachorro com fome, e ela acabava por ser deixar vencer pela piedade. Os olhos... Eram os olhos de Rodrigo que atraíam, prendiam. Não a boca, nem os gestos que não passavam de uma mão trêmula e gelada, e de um único grito abafado na hora do gozo. Seus olhos, no entanto, cuspiam sofrimento, escondiam algum segredo.
 
Havia entre os dois um comércio. Nada mais. Lola não gostava da demora do rapaz, do tempo arrastado que levava para gozar. Uma coisa tão simples essa de trepar, mas Rodrigo insistia em fazer de cada vez um ritual de afeto, como se estivessem num encontro. Ela já estivera com outros da idade dele, outros que se apaixonaram pelos seus seios e pelo seu sexo sem pelos, que a tocaram como gatos nervosos, desajeitados, arranhando, mordendo, se esfregando em sua pele lisa. Mas Rodrigo tinha aqueles olhos, só podia ser isso! E ela acabava por se deitar com ele novamente, rendendo-se a preliminares que não permitia a ninguém mais.
— Por que é que você limpou a boca? — o rapaz quis saber.
 
Sem lhe dar resposta, Lola enfiou o corpo carnudo debaixo do chuveiro. Ela tinha pressa. Sempre tinha. As coisas deveriam estar fervendo no mercado, e Xavier não gostava de ficar sozinho na banca. Reclamava da demora nas entregas e pedia a ela que não se ausentasse por tanto tempo. 
 
Não que desconfiasse dela. Não, isso nunca. Mas ficava desorientado quando a mulher não estava por perto para atender os fregueses. Embrulhava os queijos e as compotas no papel errado, amassava as frutas, e os fregueses só não iam embora por causa da amizade. Ela e Xavier mantinham a banca desde que tinham se casado, 18 anos antes. 
 
Dezoito anos atrás Rodrigo tinha três anos, pensou, se esquecendo do marido e do mercado. Mas logo afastou o pensamento e se concentrou no vaivém da toalha com que enxugava as costas.
 
Desde que Xavier tinha ficado doente, havia algum tempo, nunca mais fora o mesmo. Acabaram-se as brincadeiras prolongadas no colchão, o sexo em pé, atrás da porta, quando a urgência não permitia chegar ao quarto, e as fugas para os fundos da banca, onde se excitavam como adolescentes, escondidos atrás dos caixotes de fruta. Ela se acostumara, ano a ano, a fazer tudo com pressa. Não fosse aceitar aquela rapidez do marido, ficaria sem nada.
 
Traiu Xavier, pela primeira vez, seis anos antes. 
 
Um freguês perguntou se faziam entregas em domicílio e ela mesma se encarregou de ir levar as compras. Preferia que o marido ficasse na banca. Por mais desajeitado que fosse, Xavier era melhor do que ela nas contas, e havia ainda os fornecedores, com quem Lola preferia não ter que lidar. Quando chegou ao apartamento sofisticado, foi o próprio freguês quem lhe abriu a porta. Alto, com a pele clara e os cabelos escuros levemente ondulados, recendia a um perfume discreto, mas insinuante. Lola teve vontade, assim que o viu, de passear os dedos naquele peito largo. Deve ser bom deitar em cima dele depois do sexo, se pegou pensando. Depois, as mãos que se roçaram na entrega das compotas, o pacote que caiu, os dois corpos que se abaixaram juntos na tentativa de pegá-lo, e o perfume que se impregnou nos seus sentidos, roubando-lhe o juízo. Por fim, os olhos se provocaram. E os dois se completaram pela fome. Era assim que Lola gostava de se lembrar das coisas.
 
Fizeram sexo, ela e o homem do perfume suave, por quase um ano. Ele ia até a banca, encomendava os produtos e pedia que fossem entregues em sua casa. E a entrega se fazia no suor dos corpos apressados. Lola lhe fez uma exigência: que comprasse sempre muito. Aplicava, assim, ao amante e a si mesma, um mea culpa. Ambos pagavam, a seu modo, pelo que consumiam. 
 
Quando o amante parou de procurá-la, Lola percebeu que não sentia falta dele, mas das compras que fazia em abundância. E decidiu que era preciso repor o prejuízo. Da banca e do corpo. Um a um, foram surgindo outros fregueses. No princípio, ocasionais, induzidos pela boca pintada de Lola, que parecia a polpa das frutas que vendia. Mas, em poucos meses, o plantel que a solicitava era constante.
 
Assim que Xavier quis contratar um ajudante para ajudá-la com as entregas, ela se opôs: Desse jeito, o lucro vai-se embora!, afirmou. Aos 42 anos, Lola se rendia pela primeira vez em sua vida a um vício. Viciou-se não somente no sexo diversificado, mas na urgência, no desejo pelos corpos que aliviavam os seus tremores. Nenhum dos amantes dava trabalho. Nenhum deles fazia do sexo mais do que o prazer das línguas ansiosas, das penetrações que a invadiam com mais ou menos força. Aceitava o aperto nos seios, as bofetadas ocasionais que levava ou dava, a cavalgada e a posse animal. Recusava-se, apenas, a dentes que lhe marcassem o corpo que Xavier veria, cedo ou tarde; e aos beijos na boca, que se empenhava em reservar para o marido. Negava-se, também, a se deitar com menores, e com mais de um amante ao mesmo tempo. Afora essas rejeições, fazia pouco sexo com mulheres, porque sentia falta da penetração e dos fluidos.
 
O primeiro rapaz com quem fez sexo tinha uns 20 anos. Lembrava-se sempre dele e dos outros, de mesma idade. É impressionante como são desajeitados!, pensava, observando seus gestos durante a trepada. Como muitos deles não tinham dinheiro ou renda, comprometiam-se com a obrigação de levar pais e amigos à banca no mercado. Cumpriam direito o trato, com medo de perder Lola e ter que correr atrás das jovens cheias de espinhas e regras que os afastavam por pudor ou esperteza.
 
Rodrigo tinha ido à banca, pela primeira vez, num dia frio. Primeiro, ficou olhando para o chão, com timidez, mas no momento em que seu olhar cruzou com o dela, Lola percebeu a inquietação que havia naqueles olhos que fugiam de tudo. Chegando ao pequeno apartamento do rapaz para entregar as frutas e os doces, surpreendeu-se com a arrumação e o bom-gosto do lugar. E surpreendeu-se mais ainda quando Rodrigo lhe disse que morava sozinho. Fizeram um sexo ruim sobre a cama macia e larga, mas Lola não estava interessada nas habilidades de Rodrigo. Impressionava-se era com os gestos relutantes e respeitosos do rapaz. 
 
— Primeira vez? — perguntou, curiosa.
— Não, com certeza não. Mas, de uma certa maneira, sim.
 
Apesar de intrigada, Lola decidiu que já tinham conversado demais. Coitado, não bate bem das ideias, pensou enquanto saía do apartamento de Rodrigo, logo depois.
 
Agora, já eram cinco meses que o rapaz a procurava. Procurava sempre, em excesso. E Lola concordava em se deitar com ele por pena, curiosidade, culpa. Sim, era culpa aquele sentimento que sempre a levava a fazer coisas das quais se arrependia depois. Sentia-se culpada por não conseguir dar a Rodrigo o alívio que vira em outros homens, em outros rapazes como ele. Era o mesmo sentimento que a tomava quando percebia os olhares perdidos de Xavier, o cenho franzido, as mãos apertadas como se fossem dar socos no vazio, ou como se pensamentos absurdos lhe passassem pela cabeça.
 
Chega!, pensou contrariada, descendo com barulho as escadas do prédio de Rodrigo. Enquanto caminhava de volta ao mercado, decidiu que se livraria dele. Rodrigo não lhe fazia bem ao corpo nem aos pensamentos, que se aceleravam em hipóteses que ela não conseguia entender. 
 
Que se foda com os seus segredos!, decidiu, pouco antes de chegar à banca. Resolveu que seria aquela noite mesmo que o dispensaria. Xavier estava fora, num dos cursos para comerciantes que vivia fazendo, e ela teria tempo de sair e voltar sem ser vista. O marido não era homem de controlar os seus passos, mas ela preferia não ter que se explicar, para não ter que mentir. Orgulhava-se de pensar que não mentia para Xavier. Eu omito coisas dele, eu o engano, mas não minto para ele, repetia para si mesma quando a consciência teimava em vir à tona.
 
Aprontou-se rapidamente e borrifou nos pulsos e nas orelhas o perfume que usava diariamente. Em vez do táxi que inicialmente pensou em pedir, preferiu caminhar. A distância não era muita. 
 
A noite estava um pouco fria e a falta do agasalho fez com que seus mamilos se avolumassem sob o vestido de malha decotado. Prosseguiu a passo rápido, dando-se conta de onde estava apenas quando começou a ouvir algumas cantadas pesadas e assovios que a incomodaram. O atalho pela praia não tinha sido uma boa escolha. Percebeu, tarde demais, que atravessava uma das zonas de prostituição da cidade. Nos muros, as sombras dos corpos que faziam sexo não a assustavam tanto quanto os corpos que enxergava em carne e osso consumindo-se perto dos barcos, na areia, ou nos carros estacionados ao longo do meio-fio. Correu para afastar-se daquelas Lolas multiplicadas em trepadas rápidas, daqueles espelhos incômodos. Nervosa, se encostou nas grades de uma loja fechada e vomitou.
 
Pouco depois, retomou a caminhada com passos ainda mais rápidos. Virando a última esquina em frente ao porto, suspirou aliviada. Foi quando viu os dois corpos projetados numa parede mais à frente. Pensou em parar, em recuar, mas alguma coisa a atraiu, deixando-a excitada. Com tesão, procurou com pressas os próprios seios, apertando-os com força e sem parar. Devagar, gemendo baixo, aproximou-se mais e mais do muro que se contorcia. Queria ser parte daquele clímax.
 
Então, seus olhos se cruzaram com outros. Nos de Rodrigo, mais nenhum segredo. Nos de Xavier, o fogo que ela tinha perdido para sempre. 
 
Cinthia Kriemler
Retirado de Samizdat

publicado às 21:13

formiga.jpg

Imagem do Facebook

 

Disclaimer: Por favor não entendam os meus posts como um incentivo ao voto em Bolsonaro ou contra o Bolsonaro, na minha situação actual eu nunca votaria nele ou em alguém que esteja sequer próximo das ideias dele... Entre alguém que eu sei que quase de certeza me vai cortar a liberdade de pensar e de dizer o que quero e alguém que quase de certeza vai governar mal e manter a situação actual, eu optaria sempre pelo segundo, pelo menos neste caso eu sei que passado algum tempo vou poder escolher outro, com o primeiro já não tenho a certeza que isso aconteça.

 

A imagem acima é uma das muitas que anda a circular nas redes sociais e que pretende simbolizar o porquê é errado votar em Bolsonaro.  Mas será que é assim tão simples? Será que as pessoas só votam nele porque não gostam do PT? Sinceramente não acredito, o texto abaixo foi escrito por mim no post do dia 05.03.2013 (Aqui), dia em que morreu Hugo Chavez.

 

Eu vivi 10 anos em Caracas na era pré Hugo Chavez, eu vivi na Venezuela quando por cada litro de leite que se comprava, o estado pagava três à empresa produtora, por cada bilhete de autocarro o estado pagava três à empresa de transportes, era uma economia subsidiada em que não havia inflação e era tudo baratíssimo.

 

Por outro lado, era um estado em que a corrupção era lei, não se pagavam multas, não se pagavam impostos e não se fazia absolutamente nada, desde tirar o bilhete de identidade a fazer qualquer negócio, sem untar as mãos a alguém.

 

Esta situação manteve-se assim durante muitos anos até que um dia o baixo preço de petróleo, a corrupção generalizada e a situação mundial fizeram com que as reservas do estado não fossem suficientes para continuar a manter uma economia artificial e então foi o caos. Sem os subsídios do estado o povo teve que passar a pagar os verdadeiros preços pelas coisas e a inflação galopante levou o pouco que restava da economia.

 

Isto durou 15 anos até que o povo se fartou, decidiu deixar de apostar nos mesmos de sempre e optou por mudar, foi aí que apareceu alguém que soube falar ao povo, aos pobres que são a maioria da população. Nessa altura eu já não vivia lá, mas se vivesse, de certeza que votaria nele, porque simplesmente o país não podia continuar a ser governado pelos mesmos de sempre, os que o tinham levado  até aquela situação.

 

Hugo Chavez era um demagogo, um homem sem qualquer sentido de estado, e não foi capaz de tirar o país do enorme buraco donde ele se encontra, mas a verdade é que ele foi eleito em 5 ou 6 eleições, ganhou dois referendos e sempre com percentagens acima de 70% dos votos.

 

Façam o exercício de trocar Hugo Chavez por Bolsonaro, e a Venezuela pelo Brasil .... e talvez não seja preciso muito esforço para se perceber o resultado das sondagens e o que se vai passar no próximo Domingo.

 

A diferença é que Bolsonaro é um ex-militar que está na extrema direita e Hugo Chavez era um militar que  (supostamente) estava na extrema esquerda, de resto o discurso não é assim tão diferente e quase de certeza que se esperarmos o tempo suficiente, o resultado também não será muito diferente. Não há milagres, políticos ignorantes só podem levar a resultados desastrosos.

 

No outro dia alguém (não me lembro mesmo quem) dizia o seguinte algures no Facebook:

Quando a situação económica é má, as pessoas apoiam cegamente qualquer diabo que apareça mascarado de Messias e a própria liberdade torna-se irrelevante. Sempre assim foi e sempre assim será.

 

Só espero, pelo bem do povo do Brasil, que a seguir a Bolsonaro não apareça um Nicolás Maduro qualquer, que é um senhor que não está nem à direita nem à esquerda, só lá está  mesmo pelo poder e pelos benefícios do mesmo.

 

Jorge Soares

 

publicado às 21:35

Fake News

por Jorge Soares, em 24.10.18

Imagem retirada de aqui

A imagem acima anda a circular há umas semanas nas redes sociais, lembro-me que me apareceu no Facebook um ou dois dias depois da primeira volta das eleições no Brasil. Na altura estava inserida numa noticia que dizia que apoiantes de Bolsonaro tinham agredido uma jovem lésbica e a tinham marcado desta forma. Estive quase a voltar ao blog nesse dia para falar do assunto, não foi na altura, é hoje. 

 

Hoje a noticia do Globo diz que a jovem se auto-mutilou e inventou toda a história.  Tenho o Globo como um jornal sério, mas para ser sincero, já não sei no que acreditar. Há outras noticias (Ver aqui) sobre o nazismo e o aparecimento de suásticas no Brasil, mas será que serão reais ou só mais um produto da gigantesca fábrica de noticias falsas em que degenerou o país nos últimos tempos? 

 

E será que tudo aquilo que lemos e ouvimos sobre o Bolsonaro é verdade? E o que se diz sobre Lula e o PT? Podemos acreditar em quê? 

 

Vivemos numa época em que a maioria das pessoas usa as redes sociais para se manter informado, já vi passar pelo Facebook desde a maior das barbaridades, até noticias com 4 ou 5 anos que são apresentadas e comentadas  por quem as partilha, como sendo a maior das actualidades.

 

Naquela semana de Agosto em que Portugal chegou aos 45 Graus, alguém foi buscar uma noticia de Abril em que se dizia que na semana a seguir ia nevar, era uma noticia que tinha sido real em Abril, ninguém via a data mas todo o mundo comentava como se aquilo fosse mesmo acontecer em Agosto.

 

As pessoas acreditam simplesmente no que lhes aparece à frente, na maior parte dos casos só lêem o cabeçalho e nunca entram na noticia, mas todo o mundo comenta como se fosse um especialista e claro, não podem deixar de partilhar.

 

Há muito que deixei de acreditar em sondagens, desde a vez em que participei numa e que percebi como é que se leva as pessoas a escolher o candidato que interessa a quem a pediu. Mas quando nos perguntamos como é que o Bolsonaro pode ter quase 60% das intenções de votos, talvez uma parte da resposta esteja neste tipo de comportamentos. ... Uma parte, do resto falo noutro dia.

 

Jorge Soares

publicado às 22:05

Somos um atraso de vida!

por Jorge Soares, em 22.10.18

atrasodevida.jpg

 

Hoje de manhã numa das crónicas da  Antena 1 alguém contava que recebeu este mês uma multa de transito do dia 15 de Outubro de 2017, tinha sido apanhado em excesso de velocidade quando ia algures a tentar fugir do fogo numa estrada rodeada de incêndios por todos lados... vá lá a gente perceber porque é que a GNR estava a medir velocidades no meio da maior catástrofe que aconteceu em Portugal no século XXI.

 

Bom, eu em Agosto estive de férias em França, aluguei um carro e andei a visitar pequenas cidades algures entre Poitiers e Bordéus. Munido de GPS dei por mim a percorrer kms e kms de estradas rurais, estradas onde tão depressa temos limites de 90, como de 70 porque há um cruzamento, como de 50 porque há uma casa de cada lado, como voltamos aos 90... 

 

Quem me conhece sabe que na estrada eu não abuso, cumpro os limites e pronto, algures numa terça-feira às 15:35 não devo ter visto um sinal de 70 e continuei a 90 precisamente onde havia um radar. Na quarta às 14 eu tinha um mail da companhia de aluguer a avisar-me que tinha uma multa e que me iam identificar às autoridades francesas. 

 

Na segunda-feira seguinte quando estava no aeroporto de Bordéus à espera de entrar para o avião para voltar para casa, decidi ir ver o mail. Lá estava o mail das autoridades de trânsito francesas com os avisos e as instruções todas para carregar num link e caso o pretendesse, pagar a multa. 

 

Reparem, eu fui multado na terça às 15:35, na quarta às 14 já a companhia de aluguer tinha sido avisada, na segunda seguinte, menos de uma semana depois, já eu tinha sido notificado e tinha as instruções para pagar a multa... que era mais barata se eu carregasse no link no prazo de 7 dias. Tinha uma semana para o fazer , caso contrário o link deixava de ser válido e a coisa seguia o procedimento normal e claro, pagava o máximo.

 

França é muito maior que Portugal, a julgar pelos que eu vi, deve haver milhares e milhares de radares, milhões de multas .... eles demoraram uma semana a tratar da burocracia com a companhia de aluguer e a enviar-me a multa por mail com tudo pronto para eu entrar no link, escolher o modo de pagamento, colocar os dados e pagar. ... cá demoram meses e meses para enviar a multa e há milhares de multas que prescrevem porque não são tratadas a tempo.

 

Se os franceses conseguem, porque é que nós não conseguimos? Porque somos um atraso de vida!

 

Não é que interesse muito para o caso, durante uns segundos ainda pensei se carregava no link ou não, decidi que sim, se eles demoraram  menos de uma semana a tratar da papelada toda.. .de certeza que a multa me ia chegar a casa. Paguei 45 Euros, eles aceitam cartões de crédito, paypal, transferências, o que preferires.

 

Jorge Soares

 

PS:Hoje não caminhei ... mas escrevi um post.  

publicado às 22:49


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