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Há alturas para tudo na vida... até para viver

 

Foi o tema do último post do Vila Forte (Pedro, é para quando o teu regresso aos blogs?), na altura ficou-me a ideia para um post, hoje e a propósito do que tem sido as férias dos dois mais velhos,  a minha meia laranja fez um comentário que me lembrou o assunto.

 

A minha filha faz 11 anos em Outubro, precisamente a idade com que comecei a trabalhar, começou por ser uma ocupação para os tempos livres das férias escolares e terminou por ser a ocupação dos meus tempos fora da escola. Eram tempos difíceis, os meus pais estavam há pouco mais de um ano na Venezuela e no início as coisas não correram lá muito bem, de repente o pouco que eu podia ganhar era uma enorme ajuda para a economia familiar e quando terminaram as férias escolares, eu fui ficando. Tinha aulas de manhã e trabalhava à tarde.

 

No ano seguinte entrei para o liceu, mais tempo de aulas.. menos tempo de trabalho.. mas trabalhava na mesma... fazia os trabalhos de casa ao fim do dia...  nunca estudava... mas havia algo que me levava, mesmo assim, a ser um aluno razoável... tinha a certeza de que no dia em que chumbasse um ano seria o ultimo e o trabalho passaria a tempo inteiro.

 

Olhando para trás sei que começar a trabalhar tão cedo foi importante para a pessoa que sou, mas nem tudo é positivo,  por vezes dou por mim a pensar que há imensas coisas que não vivi, enquanto os meus colegas jogavam à bola, passeavam juntos pelos jardins da cidade, iam ao cinema ou  à praia, namoriscavam, viviam a adolescência, eu trabalhava, era adulto à força... Há coisas que tem uma idade certa para se viverem ... e acreditem ou não, há coisas das quais tenho saudades porque não as vivi... por muito que isso possa soar estranho para a maioria.

 

Com 11 anos eu passava 12 horas atrás de um balcão de uma pastelaria, atendia as pessoas como qualquer outro empregado, fazia as contas de cabeça muito mais rápido que os meus colegas adultos e nunca me enganava. Hoje olho para os meus filhos com 10 anos e vejo duas crianças, super protegidas, não vão a lado nenhum sozinhas. Não os consigo imaginar a assumir alguma responsabilidade e muito menos a trabalhar.... mas para ser sincero, e ainda que algumas vezes me esqueça de tudo isto e ache que eles deveriam passar as férias a estudar e a preparar-se para serem melhores alunos.. a verdade é que não desejo para eles o que eu passei... eles não passam de  crianças e devem ter vida de crianças, brincar, fazer amigos, tropelias em grupo....

 

A vida são dois dias e há que vivê-la  no tempo certo, a responsabilidade e os valores são algo importante, mas virão com o tempo e na altura certa.. acreditem em mim, o único que ninguém nos pode roubar é aquilo que já vivemos... a mim roubaram-me uma parte da minha vida, não quero isso para os meus filhos.

 

Jorge Soares

publicado às 22:10


3 comentários

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De Existe um Olhar a 15.07.2010 às 01:14

Olá Jorge
Gostei da forma como partilhaste um pouco da tua infância e da comparação que fazes entre a tua e a dos teus filhos.
Concordo com quase tudo o que dizes, mas há uma pequena expressão tua com a qual estou completamente em desacordo.
Dizes tu que: "a mim roubaram-me parte da minha vida"..que expressão tão amarga!... será que roubaram mesmo, ou acrescentaram mais vida aos teus dias?
Será que os teus colegas que tiveram uma vida mais fácil, hoje têm e conseguem o mesmo que tu?
Será que algum deles tem um blog, onde falam daquilo em que acreditam?
Será que têm a riqueza de coração e o altruísmo que demonstras quando adoptas duas crianças?
Será que todos conseguiram ter uma formação idêntica á tua e um trabalho que lhes proporcione algum prazer e garanta desafogo e a estabilidade que tu tens?
E podia continuar a enumerar mais coisas.
A vida é feita de escolhas, concerteza que na tua infância não te foi dada essa possibilidade, ou melhor, tu escolheste trabalhar para teres e seres a pessoa que hoje és. Pensas tu que perdeste, eu acho que ganhaste.
Bjs
Manu
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De DyDa/Flordeliz a 15.07.2010 às 04:03

Falas com tristeza.
Também eu sinto um pouco de revolta porque me foi vedado muita coisa que poderia ter vivido e usufruido e que as jovens da minha idade puderam fazer (não! não trabalhei aos onze anos, isso não!).

Ainda hoje pergunto aos meus pais: porquê?
Ainda hoje pensam ter feito o melhor: não perdeste nada, tens tempo de viver agora se quiseres (como se fosse possível viver em idades diferentes ilusões iguais!...), foi para te proteger.

Portanto caro amigo, vamos tentando que os nossos filhos sejam felizes e que nós possamos acompanhar a sua felicidade. Tenho a certeza de que quando os vês soltar gargalhadas em liberdade, também tu vives um pouquinho da tal meninice que te foi roubada.

Um abraço

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De P. a 15.07.2010 às 14:07

A foto dos 3 está o máximo. Linda...

Quanto ao post... No meio é que está a virtude. O ideal será o meio termo! Nem ter responsabilidades de adulto aos 11 anos, nem se continuar a viver como uma criança aos 15, nem como um adolescente aos 30.

Patricia

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