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as angústias do futuro dos nossos filhos

 

Imagem da internet

 

Hoje, depois de ler e comentar este post que fala de histórias de vida de alguns professores portugueses, dei por mim a recordar um pensamento que já me tinha assaltado antes, tenho dois  filhos de 10 anos e para ser sincero, se algum deles me perguntásse qual o curso superior que lhes aconselharia para terem garantido o seu futuro, ..... não saberia o que responder.

 

O post em si é o espelho da vida de milhares de professores em Portugal, mas o que realmente me chamou a atenção foi o comentário do Parcifal, que entre outras coisas diz o seguinte:

 

"Não percebo assim, como em Portugal, onde há 30 mil professores sem colocação, há sempre pessoas (há algo errado mentalmente com certeza) que pretendem ser professores quando á partida já sabem que vai ser difícil de ter colocação e em especial quando se trata de áreas já mais que saturados. Eu nunca compreendi esta mentalidade e ainda menos o sistema de admissão e educação Portuguesa que não está nada bem."

 

A questão não deixa de ser pertinente, mas tem uma resposta simples, à medida que a população vai tendo mais acesso à educação, há profissões que vão ficando saturadas. Ter um curso superior deixou de ser um sonho que só conseguiam realizar alguns, para passar a estar ao alcance da maioria. Isto fez com que sobrem advogados, professores, assistentes sociais, sociólogos, historiadores, engenheiros mecânicos, engenheiros químicos, linguistas, etc, etc, etc.

 

Ao mesmo tempo que aumenta o número pessoas com curso superior que só arranja emprego como caixa de supermercado ou operador de call center,  começam a faltar em Portugal padeiros, sapateiros, carpinteiros, canalizadores, operadores fabris, condutores de autocarro.... muitas outras profissões que implicam menos trabalho mental e mais trabalho manual. Ninguém quer estar até aos 18 anos a queimar as pestanas para depois ser padeiro, ou para andar a trabalhar por turnos como operador fabril... E não é que exista algo de desprestigiante em alguma destas profissões, simplesmente os sonhos de pais e filhos vão muito mais além.

 

Voltando à minha angustia inicial, a R. desde há bastante tempo que diz que vai ser professora ou advogada, e já mais que uma vez dei por mim num dilema. Há uma parte de mim que diz que as escolhas para a vida dela, este tipo de escolhas, devem ser dela, mas há outra parte de mim que me diz que são duas profissões em que dificilmente haverá futuro para ela, porque há milhares de professores e milhares de advogados a mais, o meu dever como pai é saber orientar o caminho certo, um caminho que pelo menos garanta algo para o seu futuro.

 

Também é verdade que na hora de pensar numa alternativa para ela, e da forma que se encaminham as coisas no nosso país, eu não faço a menor ideia do que poderia aconselhar.

 

Ser pai é mesmo difícil.

 

Jorge Soares

publicado às 21:38


2 comentários

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De Sandra Cunha a 08.09.2010 às 18:17

Jorge, até crescerem muita água correrá sob a ponte e a R. ainda pode mudar de opinião.. muuuuiiitas vezes.

Eu, quis ser bailarina, médica-cirurgiã (dos Médicos sem Fronteiras, atenção!) veterinária, tratadora de animais e sei lá mais o quê. Não fui nada disso e apesar do que escolhi finalmente, também estar saturado, não me arrependo nem um bocadinho.

A Nessa também já quis ser cabeleireira , veterinária e a última é cientista (ramo da biologia). Se fosse a pensar nas 'saídas' acho que a aconselhava a escolher a primeira. Mas não vale mesmo a pena angustiarmo-nos antes do tempo!

Beijos
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De Jorge Soares a 11.09.2010 às 23:31

Sandra.. o tempo corre, mesmo.

E eu acho que tens razão.. cabeleireira era mesmo a escolha acertada :-)

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