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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Hoje li algures uma frase lapidar:
"Dificilmente alguém não se lembrará onde estava no dia 11 de Setembro de 2001"
É verdade, eu lembro-me perfeitamente, estava a trabalhar e longe da televisão, fomos seguindo tudo pela internet, mas consigo recordar a maior parte do dia. Entretanto passaram 9 anos, e de uma certa forma o mundo mudou... é muito dificil perceber se foi para melhor ou para pior.
Esta semana deu para perceber que foi um dia que deixou marcas principalmente na sociedade americana, uma sociedade feita de muitas culturas, um autêntico arco iris humano onde de certeza é possível encontrar comunidades de imigrantes de absolutamente todos os países do mundo.
Primeiro foram as noticias sobre o rechaço à construção de uma mesquita em Nova York a poucas centenas de metros do Ground Zero, o lugar onde se deu o atentado, depois foi o aparecimento num lugar perdido do enorme mapa americano de um fanático que pretendia converter este dia no dia da queima do corão.
Não sei quantas mesquitas haverá em Nova Iorque, mas de certeza que serão muitas e haverá de certeza muitos milhares de fieis para elas. Toda esta polémica à volta do lugar de construção da nova Mesquita, tal como a louca ideia de queimar os livros do Corão, mostra que a sociedade americana ainda não curou as suas feridas e mostra sobretudo que não percebeu algo essencial, os atentados não são obra de uma religião, não são obra de um povo, são obra de um grupo de loucos fanáticos que se juntaram numa organização, a Al qaeda.
De resto a queima de símbolos não é nada original, quantas vezes já vimos serem queimadas bandeiras americanas, ou de Israel, há bem pouco tempo e após o aparecimento de cartoons que retratavam alá, a queima de bandeiras da Dinamarca. É evidente que esta ideia de queimar o Corão é resultado do fanatismo cego de alguém que procurava os seus 5 minutos de fama, é sem dúvida um acto idiota e que não fosse a aldeia global em que vivemos, não teria direito nem a um pé de página nas noticias do dia. Para mim foi estranho ver toda a repercussão que pode ter o acto de um louco. Manifestações de protesto em vários países que chegaram a causar mortos e a intervenção directa do próprio presidente americano Barack Obama. Curiosamente, não me lembro de manifestações nem preocupações do mesmo tipo quando são queimados ou destruídos símbolos ocidentais.
O 11 de Setembro deixou marcas evidentes, principalmente nos Estados Unidos, acredito que daqui a duas ou 3 gerações não será mais que uma data no calendário, tal como hoje é a data em que ocorreu Pearl Harbor ou a data do lançamento da primeira bomba atómica em Hiroshima no Japão. Entretanto, a sociedade Americana lambe as feridas que parece que tardam em cicatrizar, mas há algo que ninguém pode esquecer, os muçulmanos são parte dessa sociedade, uma parte enorme e importante, já era assim antes de 2001 e será-o cada vez mais.... e se há algo que esta sociedade sabe fazer, é aprender a viver com a sua história.
Jorge Soares