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Disciplina vem do latim Discerne, aprender

por Jorge Soares, em 02.02.08

O mar

 

Nos posts anteriores sobre um livro ou sobre livros tenho falado principalmente sobre escritores  Hispânicos,   eu também leio escritores portugueses, hoje vou falar sobre um livro que me marcou, porque é um grande livro e porque trata um tema complicado para mim

 

Este Post da Existência deixou-me a pensar, porque me tocou, se calhar porque em algumas partes me vi reflectido, depois de o ler lembrei-me do Livro Gente Feliz com lágrimas de João de Melo, não o tenho, li emprestado. Na altura estava em Lisboa e sei que durei uma eternidade a ler, eu que por norma devoro os livros.

 

Na Wikipédia podemos ler o seguinte:

 

"Neste romance começamos por conhecer a visão da infância de Nuno Miguel e de dois outros dos seus irmãos, Maria Amélia e Luís Miguel. É através destes capítulos que descobrimos a violência da infância de Nuno Miguel e os irmãos; obrigados pelos pais a fazer trabalhos pesados, batidos pelos pais também, comendo pouco e mal, são crianças que se tornaram adultas cedo demais e que ficaram traumatizadas para sempre."

 

Lembro-me de estar a ler no meu quarto em Lisboa e de sentir uma enorme angustia, até ao ponto que mais que uma vez decidi deixar a sua leitura de lado,........

 

O livro é magnifico, e retrata uma realidade portuguesa que não está assim tão distante, lembro-me de uma parte em que o protagonista disse que tinha visto o mar quando foi para a tropa, ora, estamos a falar de alguém que vivia numa ilha, como é que é possível? Se calhar não é assim tão estranho, eu nasci a 30 km do mar, da varanda da casa dos meus pais tem-se uma magnifica vista sobre a Ria de Aveiro, mas lembro-me de uma tia minha dizer que os filhos tinham visto o mar pela primeira vez quando eram adultos. Primos mais novos que eu.

 

Actualmente estou a ler o livro "Como lidar com crianças difíceis" de C. Drew Edwards, hoje da parte da tarde sublinhei o seguinte:

 

"Infelizmente muitas pessoas pensam que disciplina é sinónimo de castigos. No entanto disciplina vem do termo latino Discere que significa aprender"

 

Para muitos pais portugueses, incluindo o meu, o conceito é a disciplina pelo medo, durante muito tempo eu não fiz nada pelo gosto de fazer, e sim pelo medo, e definitivamente isso não é educar.

 

Durante muito tempo eu jurei a mim mesmo que nunca bateria nos meus filhos, infelizmente não fui capaz de manter essa ideia, e por vezes dou por mim a pensar que às vezes cometo alguns dos erros que cometeram comigo....bom, pelo menos tenho a consciência disso... acho que não sou um caso perdido.

 

Ao contrario dos protagonistas do Post da existência, quando cresci passei a pensar por mim e para mim, é verdade que não tenho uma relação com o meu pai, nunca tive, porque é que haveria de ter agora?, mas agora faço as coisas por gosto, não por medo.

 

Afinal isto não foi um post sobre livros.......se calhar vou comprar o livro e tentar reler.....

 

Jorge

PS:Esta imagem não foi retirada da internet...é mesmo minha!

 

publicado às 21:19


3 comentários

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De xana a 02.02.2008 às 23:11

Lendo os dois posts, o teu e o da existência ( ontem tentava comentar e sem querer apaguei, mas hoje vou lá comentar), percebe-se que há muitos mais casos assim do que imaginamos. No meu caso, o meu terror não tem nada que ver com o meu pai, porque dele tenho boas lembranças, de alguns carinhos e bricadeiras quando era pequena, se alguma vez me bateu, esqueci. Já não poderei dizer o memso da minha mãe, nunca em 33 anos me lembro de me ter dado um beijo, feito um carinho, só me lembro das tareias que me deu, muitas delas bastante violentas, na última já tinha 20 anos, e foi apanhada pelo meu pai a dar-me pontapés, comigo deitada no chão, óbvio que o meu pai, perante isto lhe puxou o cabelo e lhe deu um murro na cabeça, perdeu também ele as estribeiras, Até hoje, quando lhe dá na telha porque a minha mãe é uma pessoa que desconfia até da sombra, ao minimo bate boca, ainda me ameaça e me diz que lhe estou a dever o murro que o meu pai lhe deu, e muitas vezes já me desviei de um soco bem perto da minha cara. Eu ainda há menos de um ano, numa crise, que ela me provocou, como não lhe falto ao respeito, isso nunca acontecerá, para não lhe responder aguentei tanto que já quase a rebentar, junto da bancada da cozinha, olhei para as facas a ainda estendi uma mão para pegar numa e a outra mão para me cortar... Consegui cair em mim e evitar cortar os pulsos, mas foi um momento que me abalou, porque quase me flagelei.
Comecei a namorara a primeira vez aos 19, quando já as minhas amigas desde o secundário namoravam, porque tinha medo da minha mãe que me ameçava que se eu namorasse me cortava o pescoço.
Hoje, ainda vivo aqui porque a vida não me tem sorrido, mas o terror, acabou, já não deixo que o faça, se começa uma discussão, deixo que esperneie sozinha, não lhe ligo, e saio de fininho, porque nem me posso enervar, que perco peso cada vez que me enervo.
Desculpa o desabafo, mas estes posts fazem-nos lembrar, e servem como testemunho, de que afinal não estamos sós, que historias assim há muito mais do que es que gostariamos que existissem.
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De Jorge Soares a 03.02.2008 às 22:09

Olá Xana

Olha..o que é que eu posso dizer?,,.... o teu comentário arrepiou-me, sim, estes posts servem um pouco de desabafo..... obrigado por cá vires.

Beijinho
Jorge
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De eu a 02.02.2008 às 23:23

Por acaso tenho aqui o livro e nunca m despertou o interesse pela leitura do mesmo. Mas agora acho que o vou ler mesmo. Sabes são muitas as histórias de vida que se cruzam, e se assemelham em certos pontos. Os maus tratos das minhas personagens, penso que nunca foram fisicos, mas apenas psicologicos. Um dia o G. contou-me algumas coisas, mas houve uma altura em que se calou dise,~há coisas que não te conto porque at+e tenho vergonha! Ele fez chora a psiquiatra ao contar a história dele. Sºao vidas estranhas e dificeis de compreender, pois foram criados debaixo desse medo de que falas. Não contam porque sentem o olhar do pai em cada palavra dita. É triste que assim seja, queria ajudar mas não sei como o fazer. Acho que vou ler o que tu recomendas!
beijinhos

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