Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Li a noticia no DN à hora do almoço, um país não é mais que o reflexo do seu povo, da sua cultura.. ou da falta dela. Haverá quem questione até que ponto o que se passa numa aldeia perdida de Covilhã poderá ser o espelho em que nos vemos reflectidos todos os dias... talvez sim, talvez não, mas depois do que li hoje, depois de na sexta feira ter ouvido uma assistente social a queixar-se de que um Juiz não decide uma medida de protecção a uma criança e prolonga o limbo em que esta vive, porque tem medo que os pais vão para a comunicação social..., eu já não sei qual será mesmo o país real.
Tinham lá ido " para encaminhar para a instituição duas filhas de uma residente, com 4 e 7 anos, na sequência de queixas por maus tratos e abandono."
Partimos do principio que a decisão de institucionalizar uma criança não é tomada de ânimo leve, imagino que antes de chegar a este ponto, teve que haver uma denuncia à CPCJ, houve uma investigação, visitas à família e só após se ter concluído que existia perigo real para as crianças, se decidiu pela medida de protecção. Quero acreditar que uma medida destas não se toma em cima do joelho e que é sempre em beneficio das crianças.
Já nem questiono o facto de a mãe tentar impedir que levem as crianças, quem maltrata e abandona os filhos não costuma ter consciência do que faz, mas a atitude do resto da população deixa-me a pensar. Estamos a falar de uma aldeia, onde as pessoas se conhecem e sabem o que se passa, não estamos a falar dos vizinhos a anónimos que mal se encontram no elevador. Quem tenta impedir a aplicação de uma medida de protecção a uma criança, não só é irresponsável, como é conivente com o que de mal se passa com a criança.
Mas quanto a mim, tão grave como os factos é o desfecho de tudo isso, porque após todo o barulho formado e a intervenção da GNR, as crianças que iam ser institucionalizadas, "ficaram ao cuidado «de uma família idónea em Verdelhos» que se ofereceu para cuidar delas"
Ficaram?, por decisão de quem? como é que se retiram as crianças aos pais e se entregam aos vizinhos?, quem decide pela idoneidade desta família?, quem garante que os pais que as maltratavam não as vão continuar a maltratar mal as assistentes sociais saiam da aldeia protegidas pela GNR? Mas este tipo de decisões é tomada em arraial popular?, não deveria ser tomada pela CPCJ após a verificação das condições da família idónea?
Que conclusão podemos tirar de tudo isto?, é assim que se protegem as crianças em risco em Portugal?
Jorge Soares