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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Hoje foi a reunião na escola da R., como a P. tinha ido ontem à do N. a mim calhou-me esta, foi uma reunião pacifica, a directora de turma é daquelas que faz a festa toda, dá a música, atira os foguetes e apanha as canas, mas é pacifica e a coisa até correu bem.
O ponto alto da reunião foi quando se tratou do tema da educação sexual, a coisa até estava a correr bem, até que alguém tocou o tema da homossexualidade e é claro o assunto do momento que também ia pacifico até que uma das mães decide sair-se com a seguinte:
-Vejam lá o que aconteceu com aquela pobre criança, que se deixou levar pelas más influências e vejam no que deu.
É claro que ante uma afirmação destas eu não me podia calar,
-Criança, mas qual criança?
-Criança sim, porque ele era uma criança que se deixou influenciar
-Mas ele não tinha 21 anos?, isso não é uma criança, é um adulto que sabe bem o que quer.
-Não, ele era uma criança e deixou-se levar na conversa daquele tipo.
Aqui a professora entendeu que a coisa ia descambar e mudou rapidamente de assunto.
Eu não conhecia o Carlos Castro de lado nenhum, juro, nem sabia que o senhor existia, muito menos o Renato Seabra, muito menos da sua orientação sexual, mas a mim há uma coisa que me parece clara, independentemente do que estavam lá a fazer, se eram ou não namorados, estavam ali dois adultos e um matou o outro de uma forma que tem contornos de sadismo.
Não sei como, mas tal como aquela mãe na reunião da escola, há muita gente que parece que vê o morto como culpado e o assassino, que até já confessou, como a vitima. Parece que o facto de um ser homossexual e o outro um bom rapaz de Cantanhede faz as coisas mudar... deve ser da distância, Nova Iorque é muito longe e em inglês, agressão, morte violenta e castrado, dizem-se de outra forma.
Eu juro que já tentei, mas depois de tudo isto eu não consigo ver mais que alguém que morreu e alguém que matou, quanto ao facto de o assassino confesso ser um bom rapaz, espero que ninguém me leve a mal, mas o que define se alguém é boa ou má pessoa não é a opinião que os outros querem fazer passar, são os actos... e a mim não há quem me convença que quem mata com estes requintes de malvadez, é boa pessoa.
Jorge Soares