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Soror internet, expulsa do convento por ter facebook

 

Hoje a meio da tarde falava-se do Facebook, dizia alguém que tinha sido motivo para mais um divórcio... bem espremidas as coisas... o Facebook contribuiu para que o marido descobrisse que andava a ser trocado.. e postas as coisas à vista , seguiu-se o divórcio. As pessoas não se divorciam por causa do Facebook, divorciam-se porque estão fartas, ou porque descobrem que não era aquilo que queriam, o Facebook é só a desculpa.

 

Mas tudo isto fez-me recordar uma notícia do Público, a história de Soror Internet que segundo o jornal, foi expulsa do convento depois de 34 anos de clausura. Tudo porque para além de utilizar as tecnologías para colocar em ordem o arquivo do monastério, decidiu que esta era uma óptima forma de comunicar com o mundo... daí até ter uma página no Facebook, foi um instantinho.

 

Nunca percebi muito bem o que leva alguém a fazer os votos numa ordem de clausura, consigo entender o propósito de quem quer ser freira ou padre para através da igreja e da religião poder ser útil à sociedade. Consigo entender quem quer ser missionário e assim contactar e ajudar os mais desfavorecidos. Mas qual o propósito de se ir para um convento para depois se viver a vida toda enclausurado e em silêncio?, longe das pessoas, longe de tudo?

 

Também não entendo o que leva uma freira que vive em clausura a ter uma página no Facebook, talvez a solidão tenha sido forte demais e o apelo das tecnologias e do mundo mais forte que ela. O que definitivamente não entendo é porque é isto motivo para que alguém seja expulso de um convento.

 

Estive a ler a notícia nos jornais Espanhóis e em lado nenhum se fala do Facebook como motivo para a expulsão, mas se efectivamente for este o motivo, está à vista que a igreja perdeu mais uma excelente oportunidade de estar quieta. O Facebook, as redes sociais, fazem parte do mundo em que vivemos, podemos gostar ou não, ser mais ou menos adeptos, tirar mais ou menos partido, mas não há como fugir à realidade... são meios de comunicação que aproximam as pessoas e vão de certeza cada vez mais fazer parte da nossa vida... de tal forma que estou completamente convencido que se deus existisse teria a  sua página no Facebook... ele e o diabo.

 

Jorge Soares

publicado às 22:11


21 comentários

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De João Carlos a 21.02.2011 às 11:56

Olá Jorge,
Cá estou eu a comentar mais uma vez o teu blog... mas desta vez, discordo do teu texto e de alguns (quase todos) comentários. Alguma vez seria a primeira.

Tu escreves:
"se efectivamente for este o motivo, está à vista que a igreja perdeu mais uma excelente oportunidade de estar quieta. O Facebook , as redes sociais, fazem parte do mundo em que vivemos, podemos gostar ou não, ser mais ou menos adeptos, tirar mais ou menos partido, mas não há como fugir à realidade... são meios de comunicação que aproximam as pessoas e vão de certeza cada vez mais fazer parte da nossa vida..."

Em primeiro, na noticia "Soror Internet" lê-se que, María Jesús Galán recebeu ordem de saída por parte das outras freiras por causa do clima de tensão criado pelos hábitos online de Galán " e não a Igreja. Será bom nesta altura dizer que sou católico, mas, não praticante, e que não tenho nada contra, nem a favor da Igreja católica, dito isto... Quer me parecer que não foi a Igreja que a expulsou, mas sim a ordem de Monasterio de Santo Domingo el Real em Toledo, que é um convento Dominicano (http :/ www.dominicos.org/familia-dominicana/monjas/federacion-de-santo-domingo monasterios/toledo ).

Em segundo, nessa pagina pode ler se (e desculpem-me a minha tradução de espanhol), que:
"A vida das monjas dominicanas, longe de ser um facto isolado na Ordem dos Pregadores, é basicamente uma complementaridade de maturidade pesada, tanto do ser como do fazer:
A freira fala com Deus em silêncio, orando continuamente, pensando nele e invocando-O ."
Portanto uma freira que pertença a uma ordem dominicana, que faça votos de vida em clausura e depois os quebre, só tem um resultado, ser expulsa. Eu numa curta pesquisa no site do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, obtive que:
Clausura: Estado de quem não sai de casa, e vive nela com retraimento.
Retraimento: Acto! ou efeito de retrair ou de retrair-se.
Eu não entendo o que leva uma pessoa a viver em clausura, mas esta Sra. Galán quis viver assim, e agora mudou de opinião... então que mudar de estilo da vida também... parece-me óbvio e injusto para as outras freiras que continuam fiéis com os seu votos...

Para finalizar, é a própria que diz na noticia, "agora que poderá finalmente conhecer Londres e Nova Iorque, viagens que não poderia cumprir se tivesse continuado a viver no convento". Não me parece que quem pense assim esteja hoje confortável com a vida em clausura... é a minha opinião.
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De naterradosplatanos a 21.02.2011 às 13:14

Do que eu realmente me admiro, não é que tenha saído do convento.. O que eu me admiro é que estando 32 anos em clausura tenha aprendido a usar um computador e a descobrir o Facebook !
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De Jorge Soares a 21.02.2011 às 22:42

Não só aprendeu, como consegui utilizar todas as suas tecnologias para criar um registo de toda a historia e documentos do convento, criar um site e vídeos de apresentação.... imagino que na clausura terá tido muito tempo para estudar e aprender... em lugar de ser expulsa, deveria ser um exemplo para tanta gente que passa a vida encerrada e não faz nada de util.

Jorge
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De Jorge Soares a 21.02.2011 às 22:33

João... à primeira vista eu até concordava contigo, mas ontem antes de escrever o post andei a investigar o assunto, e encontrei o seguinte:

Antes desta polémica, ela tinha criado o site do convento na internet, coisa a que ninguém achou mal, ela aparece num vídeo de apresentação do convento que foi promovido e muito aplaudido pela igreja espanhola.

Recebeu um prémio .. já não sei de quem, mas foi de alguma instituição importante, devido à forma como soube utilizar as tecnologias para modernizar e acercar o convento à sociedade.

Vamos lá ver, antes de ter Facebook, o convento e a igreja aplaudiam a forma como ela utilizava as tecnologias para acercar a instituição ao mundo... antes isso era bom, agora é mau porquê?

Concordo contigo quando dizes que foi ela que escolheu viver em clausura, mas concordarás comigo que o mundo muda, e que pessoas e instituições devem mudar com ele, se calhar ela mudou mais rapidamente que a instituição e a própria igreja... deu por ela a olhar para o mundo e a querer mais dele... Não me parece que isso seja pecado.. haveria que discutir o que significa clausura e quais são os seus limites... e fazer com que se cumpram sempre.. não só quando dá jeito.

De resto, gosto de te ver por cá...

Jorge
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De João Carlos a 22.02.2011 às 10:54

Olá Jorge, desculpa-me a resposta ser só hoje... mas...
Eu não discordei de ti, mas sim do post... acho que as pessoas que queiram, devem mudar, evoluir... não acho que ordens ou comunidades que não queiram, tenham que evoluir (sejam obrigadas a isso), olha o caso da comunidade amish... são felizes assim... mas... continuando... não quero tirar mérito à Sra. Galán no que ela fez... e se ela criou em site para o convento, então foi porque alguém hierarquicamente a cima o permitiu... e ela criou-o em prol do convento... já a pagina do facebook?! é pessoal e em prol dela e das necessidades dela mesma... não dos outros.
Quando li o post discordei de algo (acho) bem mais profundo, que é... o respeito pelas regras (e que está cada vez mais em desuso). A Sra. fez votos de clausura... e depois abre uma janela para o mundo!... depois a notícia da expulsão da freira provocou protestos nas redes sociais e muitos internautas, de diferentes partes do mundo, que deixaram no mural de María Jesús Galán mensagens de apoio... e o respeito por toda uma ordem e convento fundado em 1364... outros conventos?
Castilla y León:
Madre de Dios (Olmedo), La Consolación (Salamanca), Sto. Domingo el Real (Segovia), Porta Coeli (Valladolid), Sta. Catalina (Valladolid), Sta. María la Real (Zamora), Sto Domingo (Caleruega), San Blas (Lerma), San Pedro Martir (Mayorga de Campos), Sta. María la Real (Medina del Campo), La Piedad (Palencia), Sancti Spiritus (Toro), Corpus Christi (Valladolid)

Galicia:
Ntra. Sra. de Valdeflores (Vivero), Anunciación (Bayona), Sta María de Belvís (Santiago de Compostela)

Pais Vasco:
Sto. Domingo (San Sebastián), Sta. Ana (Elorrio), Sto. Domingo (Lequeitio), San Juan Bautista (Quejana), Santa Cruz (Vitoria)

Extremadura:
San Miguel (Trujillo), Encarnación (Pasencia)

Navarra:
Sto. Domingo (Tudela)

Madrid:
Sta. Catalina (Alcalá de Henares), La Inmaculada (Loeches), Sto. Domingo el Real (Madrid), Sta. Catalina (Madrid)

Castilla la Mancha:
Sto. Domingo el Real (Toledo), M. de la Descensión (Ajofrin), Sta. Catalina (Ocaña), Jesús y María (Toledo)

Asturias:
La Encarnación (Cangas del Narcea)

La Rioja:
La Piedad (Casalarreina)

Basta a força de uma pequena brisa para se passar de bestial a besta... a ordem pediu-lhe para fazer um site, ela fê-lo bem... depois abriu a janela do claustro... e a ordem achou que ela fez mal... (para mim acho que foi a melhor coisa que ela fez)...
um abraço
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De Jorge Soares a 22.02.2011 às 23:00

Sabes João, há sempre muitas formas de olhar para as coisas... tocaste num ponto fulcral.. o respeito pelas coisas, o saber que as escolhas que fazemos tem custos e benefícios. E dou-te toda a razão, ela não soube pesar os custos.. ainda que em 34 anos mudam-se muitas coisas dentro de nós.

Abraço e obrigado pelos teus sempre esclarecedores comentários.

Jorge

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