No outro dia nos comentários de um post do
Sentaqui em que se falava sobre pagar ou não impostos, a
Marta deixou o seguinte comentário:
"... pela parte que me toca, penso sempre no exemplo que dou aos meus filhos (e aos meus alunos que também contam muito) e jamais fujo aos meus deveres de cidadã."
Principio sábio o da Marta, se eu for um cidadão exemplar haverá de certeza muito mais probabilidade de os meus filhos também o serem.
Vem isto a propósito de um assunto que à medida que se acerca o fim do ano escolar se vai tornando cada vez mais importante por estes lados, a R. vai concluir o 6º ano e vai chegando a altura de escolher a escola que se vai seguir. Escolher é como quem diz, supostamente existem regras definidas para a colocação dos alunos nas escolas públicas, regras que tem a ver com a morada e o agrupamento, regras que deveriam garantir que cada aluno fosse parar à escola mais próxima da sua residência, ou da do trabalho dos pais.
Na realidade não é nada disso que acontece, desde a cunha até moradas fictícias, passando por contratos com empresas de telemóveis que garantam uma factura para uma morada de uma loja qualquer ou até de uma loja vazia, já ouvi quase de tudo.
No nosso caso a escola mais próxima da nossa morada é o Liceu de Setúbal, que é a escola com melhor ranking do Distrito, logo, a mais procurada, e segundo nos vão dizendo as probabilidades da R. lá ir parar serão 0, isto apesar de lá andarem alunos que vivem em alguns casos na outra ponta da cidade e até em Azeitão, a uns 10 Kms.
É claro que há sempre a hipótese de fazermos como os outros e utilizarmos um esquema, que no nosso caso até seria fácil, a R. anda no conservatório e teria prioridade, acontece que ela já decidiu que vai desistir da música, o que a deixa de fora, mas não faltou quem a aconselhasse a só desistir depois do inicio das aulas, de modo a garantir a vaga no liceu. ..
Lá tivemos que lhe explicar que além de isso não ser honesto, iria contribuir para tirar o lugar no conservatório a alguém que goste mesmo de música, e mesmo que as suas amigas façam isso, nós não fazemos... porque isso não é exemplo que se dê aos filhos.
Em Setúbal há escolas suficientes para todos os alunos, mas há muito que faz falta uma enorme volta e muita moralização na forma como as crianças são colocadas, todo o mundo conhece os esquemas, todo o mundo conhece alguém que sabe das cunhas, não percebo é porque ninguém faz nada para mudar a situação.
Jorge Soares