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Japão, voltou o medo do holocausto atómico?

por Jorge Soares, em 17.03.11

Fukushima

 

Imagem do Público

 

Hoje à hora do almoço enquanto lia algumas das reportagens do enviado do El Mundo a Fukushima, dei por mim a lembrar-me de uma fase da minha vida em que tinha terror às bombas atómicas. Convém recordar que eu comecei a tomar consciência do mundo que me rodeava no fim dos 70's início dos 80's, quando o mundo ainda estava dividido entre os bons e os maus e a ameaça do holocausto nuclear era ainda bem real.

 

A queda do muro afastou esta realidade, pelo menos aparentemente e com o tempo, não só deixei de ter esse terror ao nuclear, como até há uns dias atrás eu estava convencido que a energia do futuro seria mesmo esta. Mais limpa, mais barata e esperava eu que num futuro não muito longínquo, até mais segura.

 

Por vezes a realidade é maior que todas as certezas, hoje sabemos que com a tecnología actual não se conseguem construir centrais nucleares realmente seguras, e à medida que vou lendo mais e mais noticias vou percebendo que muito do que eu pensava sobre a segurança deste tipo de energia estava construído sobre mentiras e meias verdades.

 

Noticias como esta do Público vão saindo a pouco e pouco e mostram como os interesses se sobrepõem muitas vezes à verdade e na ânsia de não matar a galinha dos ovos de ouro, há muita gente que mente, esconde factos e até acidentes. O pior é que isto é válido para as centrais japonesas e para muitas das de outros países, basta recordar que na vizinha Espanha já ocorreram acidentes que só vieram a público quando desde cá se começaram a medir níveis anormais de radiação.

 

Será difícil medir quanto do poderio económico do Japão se deve ao facto de ter apostado neste tipo de energia que fez diminuir a sua dependência do petróleo e do exterior, assim como será difícil saber qual o preço que terá que pagar agora em recursos e em vidas humanas pelo desastre que aconteceu em Fukushima.

 

Neste momento há muitos países a repensar e até a cancelar projectos de energia atómica, é difícil aceitar que algo de positivo possa sair de uma tragédia como a que aconteceu no Japão, mas quando leio que a Alemanha mandou encerrar uma série de reactores cuja vida útil estava esgotada e que se queriam manter a funcionar por mais umas décadas, que a India cancelou o seu programa de energia Atómica, ou que a Espanha decidiu testar a segurança de todas as centrais do país... eu só posso pensar que a natureza é mesmo sábia e  que muitas vezes se escreve direito por linhas muito tortas.

 

Jorge Soares

publicado às 22:02


14 comentários

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De Marta M a 17.03.2011 às 23:09

Jorge:
Também eu me lembro de filmes como o Day after " e o terror que a ameaça nuclear tinha sobre mim. Era um tempo estranho.
Realmente, o mundo dá tantas voltas, a história repete-se e reconta-se de tantas formas que, voltar ao medo de um holocausto nuclear era algo que não se esperava...
E tens razão quando referes que, pelo menos, toda esta tragédia eminente ajudou a voltar a pensar certos caminhos.
O pior é que o petróleo e a nossa dependência engrandecem sem alternativas.
Há semanas muito intensas, em que o tempo corre e parece que as "ordem" se perdeu, não é?
Abraço
Marta M
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De Jorge Soares a 20.03.2011 às 22:28

Olá Marta

Vejo que os medos não eram só meus :-) Este tipo de coisas serve também para isso, para nos recordar que há coisas que podem até estar meio escondidas, mas não desapareceram...

Eu acho que vivemos uma era de transição, pelo menos o seu inicio, uma era em que se pensa a sério nas alternativas ao petróleo, como digo no post, eu era dos que apostava pela energia nuclear... será talvez cedo demais, a nossa tecnologia ainda não evoluiu o suficiente.. mas há algo que é certo, o petróleo passará pouco a pouco para segundo plano.. veremos o que o substituirá e quando.

Boa semana
Jorge
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De xana a 17.03.2011 às 23:12

Sempre fiz por esquecer a imagem do cogumelo da bomba atómica, sempre fiz por não pensar nas consequências de um desastre nuclear, para não viver com receio. Odiei os franceses e outros pelos testes nucleares em locais como o Atol de Mururoa. A Terra é um organismo vivo, e temos provas diárias disso, com o simples nascer de mais um dia, mas também com os furacões, os terramotos, porque a terra liberta energia acumulada, porque o seu interior está em movimento e precisa libertar energia, ou ajustar-se das perdas sofridas. Isto devia ser quanto baste para o homem respeitar a natureza, e perceber que é menos que um grão de areia nesta engrenagem, mas que pode sair esmagado. Perante isto o homem ainda cria coisas que não controla, ou não sabe controlar caso a coisa dê para o torto. O dinheiro vence todo e qualquer medo do desconhecido. Resumindo o homem é o único ser vivo com capacidade de raciocinio (ou talvez não...), mas que usa essa capacidade para se autodestruir a si mesmo a tudo o que o rodeia.
bjks
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De Jorge Soares a 20.03.2011 às 22:33

Olá Xana

Acho que todos tentamos esquecer uma série de coisas.. se calhar esse foi um dos problemas, esquecemos rápido demais, mas esquecer não fez desaparecer o problema... e com o mundo a tentar esquecer, há sempre quem queira tirar lucro e vantagem.. depois dá nisto.

A Terra e a natureza são muito maiores que nós..e de vez em quando faz por recordar-nos que assim é... foi isso que vimos agora.. esperemos que sirva de lição.

Boa semana
Jorge
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De Anónimo a 17.03.2011 às 23:17

“Carneirada”

Hoje não escrevo nada
Porque não me apetece
E ninguém se aborrece
Só contemplo a manada

Lá ao longe na pastagem
Vejo ovelhas, vacas e bois
Dentre eles distingo dois
Sobretudo pela roupagem

E pergunto pela carneirada
Esses que ninguém esquece
Quando a moção é votada

Hoje ninguém se aborrece
Já que não escrevo nada
Porque não me apetece.
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De Existe um Olhar a 17.03.2011 às 23:51

Jorge
O que aqui escreveste dá-me uma dimensão assustadora de uma realidade da qual só conhecia parte.
Quando se houve falar de Fukushima e da tragédia do Japão, pensamos: ah é lá tão longe!!!
Afinal o perigo espreita de todos os lados, basta ouvir o que se passou em Espanha calculando-se que possa atingir Portalegre.
Fica o consolo de que outros países também estão a perceber a verdadeira dimensão dos perigos das centrais nucleares e rezar para que não sejamos atingidos.

Beijos
Manu
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De Existe um Olhar a 17.03.2011 às 23:52

ups..enganei-me..." Quando se ouve"
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De Jorge Soares a 20.03.2011 às 22:39

Esperemos que sim Manu.. que isto sirva de lição ao mundo... que se aprenda algo.

Nós temos a tendência a achar que os problemas estão sempre longe... não é verdade, primeiro porque este tipo de coisas afecta sempre o mundo todo.. e muito mais este mundo globalizado em que vivemos.. algures na Ásia uma vaca consome erva radioactiva e em alguns meses uma parte dessa vaca chegará até nós, às nossas mãos, de uma forma ou outra...depois, na Europa há dezenas de reactores deste tipo.. com a agravante que muitos deles não foram construídos com o rigor dos japoneses.. não há como escapar Manu.

Boa semana
Jorge
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De DyDa/Flordeliz a 18.03.2011 às 00:01

Estamos em sintonia no assunto hoje.
Só agora li o teu post.

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De Jorge Soares a 20.03.2011 às 22:40

É um dos assuntos do dia.. é normal que estejamos em Sintonia.

Beijinho e boa semana
Jorge
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De Anónimo a 18.03.2011 às 00:34

“Good vibes”

Good vibes pr’a Maria
Cá do nosso Alentejo
Porra é o nosso desejo
Vai realizar-se um dia

Eu já sinto a vibração
Da super lua qu’aí vem
E com ela trás também
Reportagem de televisão

Vai tudo sair muito cool
O pessoal já está a torcer
Coisas boas vão acontecer

Vejo tudo em tons d’azul
Com um final bem bacano
Vai um big vibe alentejano.


http://takeustobruges.blogs.sapo.pt/
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De Sara a 18.03.2011 às 11:04

Para ser sincera enquanto vivia em Portugal, pouco ou nada tinha em consideração sobre centrais atómicas ou coisa do género, ouvira falar em Chernobyl e pouco mais... o que conhecia era mais por ver nos filmes! Agora quando vim viver para a Baviera o tema radioactividade tomou outras proporções ! Apesar de já se terem passado mais de duas décadas sobre o acidente de Chernobyl os solos continuam a emitir radiações , ainda continuam a existir pessoas afectadas com o que sucedeu na altura! Agora o acidente passou-se no Japão , sim uma terra bem lá longe mesmo em relação á Alemanha. Mas aqui uma pessoa não lida apenas com alemães , Eu lido diariamente com inúmeras nacionalidades, claro está incluindo Japoneses... a catástrofe que se verificou no Japão está a ser intensamente vivida aqui. As imagens e os relatos são terrificantes e saberes que pessoas tuas conhecidas estão envolvidas... imaginas a dor! Sim o medo voltou, ou sob o meu ponto de vista para alguns de nós ele não voltou, apenas acordou dum sono profundo a que estava submetido á alguns anos... pois o perigo esteve sempre iminente!
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De Jorge Soares a 20.03.2011 às 22:43

Olá Sara

Esperemos que tenha acordado para que o mundo tome consciência.. esperemos.

Na Alemanha há imensas centrais atómicas, muitas delas mais antigas que estas do Japão... é algo de que devemos ter consciência.. o problema não está só no outro lado do mundo.. está aqui.. às nossas portas.

Boa semana
Jorge

Boa semana
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De Anónimo a 18.03.2011 às 20:55

“Fumar a crise”

Se a crise entrar em crise
É que a malta se endireita
Por hora a crise é perfeita
Mas pode ser que deslize

Se a crise for persistente
Então a malta tá quilhada
Pois crise assim é tramada
Não há santo que aguente

Vou fumar um cigarrinho
Daqueles que dá pr’a rir
Esqueço a crise é certinho

Outros amigos hão-de vir
Atraídos por este cheirinho
Para sobre a crise reflectir.

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