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As tolerâncias de ponto e os danos ao estado.

por Jorge Soares, em 28.04.11

Tolerância de Ponto

 

Quando comecei a trabalhar há 15 anos era tradição que a empresa desse o dia 24 de Dezembro, véspera do natal, passados uns dois ou três anos foi criado um calendário de férias que por motivos de manutenção de equipamentos, incluía o período entre o natal e o ano novo e claro, o dia 24. Estamos a falar de uma empresa privada, é claro que houve quem nas conversas entre colegas mostrasse o seu desagrado.. mas a coisa não passou daí. Como tenho horário flexível,  há anos  que  trabalho até ao meio dia e compenso à posteriori e outros  que meto um dia de férias... tendo o cuidado de combinar com os meus colegas de modo a que exista sempre alguém que garanta os serviços.. que a informática, tal como a empresa, nunca pára.

 

Sou e sempre fui contra as tolerâncias de ponto: as da Páscoa,  do Carnaval, do Natal, as do Papa, as da Nato, todas, para mim tolerância de ponto é sinónimo de aberração. Qual pode ser a justificação para que num dos paises na Europa que mais feriados tem, num país em que o estado é dos mais deficitários da Europa e dos que tem das piores taxas de produtividade, os sucessivos governos decidam distribuir ainda mais feriados a seu bel prazer?

 

Como é que alguém consegue justificar que numa situação como a que estamos, em que vamos pelo mundo de mão estendida a pedir dinheiro e ajuda, se tenha decidido dar mais um feriado na quinta-feira passada? A propósito de quê? O calendário eleitoral do PS?

 

Quanto a mim isto é vergonhoso.. mesmo. É preciso ter em conta que cada um destes dias custa ao país a módica quantia de mais ou menos 40 Milhões de Euros.... foi essa quantia que o governo deitou fora com mais este presentinho aos funcionários públicos.

 

Hoje era notícia no Publico online o seguinte:

 

O advogado Alfredo Castanheira Neves apresentou na terça-feira ao Ministério Público (MP) uma denúncia visando o primeiro-ministro, por eventual administração danosa, resultante da tolerância de ponto concedida à função pública na tarde de quinta-feira santa.

 

Concordo completamente, isto é gestão danosa, e só é pena que alguém não tenha pensado nisto antes, já viram a quantidade de milhões que se tinham poupado por exemplo no ano passado?

 

Tal como acontece comigo no natal e nos restantes feriados, quem quer fazer pontes que meta um dia de férias, o país não está para brindes.

 

Jorge Soares

publicado às 21:12


23 comentários

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De So a 28.04.2011 às 22:31

Peço desculpa mas tenho que comentar... Porque já trabalhei no privado e no público... Pode ate ser contra as tolências, os feriados, mas culpar os funcíonários públicos pela crise, não me parece justo. E lembro-lhe que a a culpa da crise é de todos nós, particulares, empresas, sector público... Todos nós... Qual é a percentagem de endividamento de particulares e empresas? E já agora, já calculou quanto gastaria p.ex. em agua das wc, luz, se os funcionarios publicos fossem trabalhar quinta feira à tarde? E se não fizessem nenhum? E se as empresas privadas pensassem assim? Já para não falar que no público os horários não são tão flexiveis, não há compensações, porque tem horarios de atendimento. Sim, porque bons e maus profissionais há em todo o lugar.......
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De Rosinda a 28.04.2011 às 22:39

Peço desculpa ao Jorge pela intromissão.
Por acaso pensou no que significa um Centro de saúde fechado aos utentes de quinta feira até à terça ? Falar em gastos de água nos wc se fossem trabalhar, só mostra a m... que está este País!
Rosinda
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De Jorge Soares a 28.04.2011 às 22:45

Tive que ir voltar a ler o que escrevi.. eu não disse que a crise é culpa dos funcionários públicos.. eu disse que as tolerâncias de ponto contribuem para aumentar a crise.

É claro que a crise é culpa de todos, públicos e privados, mas não é com com mais feriados e pontes que ela se vai resolver, é com mais trabalho...

Se os funcionários públicos fossem trabalhar quinta à tarde e não fizessem nenhum estavam a ser maus profissionais.. só isso... já tinha ouvido esse argumento, mas não o percebo.

Onde eu trabalho se a malta for trabalhar no dia 24 de Dezembro e não fizer nenhum sujeita-se a um processo disciplinar e a ser despedido... quem não quer ir trabalhar mete um dia de férias .. que é o que deviam fazer os funcionários públicos.

Só com trabalho podemos ser um melhor país, não é com mais férias e feriados.

Jorge Soares
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De Sandra Cunha a 28.04.2011 às 23:59

Jorge, eu compreendo e até concordo, na generalidade, com os teus argumentos, mas quero salientar que a fraca produtividade do país, não decorre dos trabalhadores, nem da 'quantidade' de trabalho que produzem.

Decorre sim da qualidade do trabalho e esta decorre dos gestores e administradores. Por isso, os trabalhadores portugueses de empresas estrangeiras (geridas e administradas por estrangeiros) ou mesmo no estrangeiro, já são muito produtivos.
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De Jorge Soares a 29.04.2011 às 00:11

Sandra

Onde é que eu disse que a culpa é dos trabalhadores ou dos funcionários públicos?.. eu disse que as tolerâncias de ponto só contribuem para aumentar a crise.

Temos tendência a culpar o governo e os políticos de tudo o que de mau acontece no país, e a esquecer que nós somos parte do problema.

Todos dizemos que não pagamos a dívida que não contraímos, mas esquecemos que uma enorme parte dessa dívida serviu para financiar bancos públicos e privados que depois nos financiaram a nós para termos casa, carros, plasmas, férias... e que sem esse dinheiro não teríamos nada dessas coisas.

Podia seguir aqui com um enorme rol de exemplos, como este.. a culpa Sandra é de todos nós, e isso aplica-se a tudo, incluindo a baixa produtividade... eu trabalho à 15 anos numa empresa de sucesso que exporta 100% do que produz... e podia dar-te um monte de exemplos sobre o que é falta de produtividade, que vão desde a senhora da limpeza ao director geral.

Jorge Soares
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 00:26

Eu também não disse que tu disseste que a 'culpa é dos trabalhadores ou funcionários públicos' :)

Só disse que a baixa produtividade não decorre dos trabalhadores em si, mas de quem os chefia.

E sim, se te referes à dívida pública, a culpa é de todos nós. E temos de pagá-la. Mas a privada não é culpa de todos. E está no mesmo rol da dívida pública. E és tu e eu e todos os Portugueses que a vamos pagar. Nós e os nossos filhos.

Eu quero melhor para a minha e sobretudo, mais justiça.
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De Jorge Soares a 29.04.2011 às 00:30

Sandra, tu já te puseste a pensar qual será a percentagem dessa divida privada que é dos bancos que foram pedir dinheiro para comprar divida do estado?

Se calhar não é assim tão linear.

Jorge
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 01:31

http://www.youtube.com/watch?v=HkD2JO0ZgRM&playnext=1&list=PL6865F21D924163EE

http://www.youtube.com/watch?v=IT2Wg7lVYAs&feature=autoplay&list=PL6865F21D924163EE&index=10&playnext=2

http://www.youtube.com/watch?v=CmGTnveyG7E

http://www.youtube.com/watch?v=NOzR3UAyXao

Nem eu nem tu nem nenhum Português deve pagar a ganância privada de alguns. Cursos de economia precisam-se em Portugal. Talvez as pessoas começassem a perceber como é que estas coisas funcionam!
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 03:29

Disse o Director-Geral do FMI: «Não se trata tanto de um problema de dívida pública, mas de financiamento dos bancos e da dívida privada»

Aqui: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1823680&tag=juros%20da%20d%EDvida

E a arte de transformar dívida privada em dívida pública:

"Com o endividamento do país ganharam e ganham os bancos da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha, da Holanda, da França e também de Portugal, que de forma escandalosa se financiam junto do BCE a taxas de juro de cerca de 1%, para depois adquirirem dívida pública cobrando 6%, 7% e até 8% ao estado português, numa ilegítima usurpação de recursos nacionais.

Com o endividamento do país ganharam os banqueiros, a quem o Estado limpou prejuízos (como no BPP e no BPN) e adiantou garantias, transformando dívida privada em dívida pública, distribuindo depois os respectivos sacrifícios pelos trabalhadores e o povo. "
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 03:40

JOrge,

esquece os vídeos anteriores. Se bem que também te aconselho a vê-los, mas tendo de escolher - sei que o tempo não abunda - vê este.

Era este que eu procurava mas como não o encontrei logo, pus-te aqui os links dos outros.

http://www.youtube.com/watch?v=E1Kzp5EVUWg&feature=player_embedded
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 03:45

E afinal ainda me esqueci deste. O truque de transformar dívida privada em dívida pública:

http://vimeo.com/15248048
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De Sandra Cunha a 29.04.2011 às 03:46

JOrge,

esquece os vídeos anteriores. Se bem que também te aconselho a vê-los, mas tendo de escolher - sei que o tempo não abunda - vê este.

Era este que eu procurava mas como não o encontrei logo, pus-te aqui os links dos outros.

http://www.youtube.com/watch?v=E1Kzp5EVUWg&feature=player_embedded
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De Mário Gomes a 28.04.2011 às 22:56

Se fossem só as tolerâncias de ponto.

Como sabes tenho imensas ligações a organismos de Estado por causa dos projectos de acessos a fundos comunitários e, jamais em tempo algum, me lembro de um processo despachado durante o meses de Agosto ou Dezembro.

Para além das tolerâncias de ponto, a máquina do Estado só trabalha nos restantes 10 meses...

Abraço

Mário
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De Anónimo a 28.04.2011 às 23:03

“Canção de embalar”

Mais um rol de promessas
Desenrolam em campanha
Contam-nos cada patranha
A mim já ninguém apanha

Eu já não acredito nessas
Têm que me contar novas
E têm que prestar provas
De não ser apenas trovas

Sai uma cantiga de amigo
Pr’o eleitor ali do canto
Fez uma cara de espanto

Por esta não ser de escárnio
Pr’o eleitor não se espantar
Sai uma canção de embalar.
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De Sandra Cunha a 28.04.2011 às 23:33

Só tenho pena que não existam advogados a processar também o Governo e companheiros por todas as outras 'gestões danosas' que conduziram o país onde está hoje.

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De Jorge Soares a 28.04.2011 às 23:44

Sandra, não faz falta um advogado para apresentar uma queixa, qualquer um o pode fazer... força.

Jorge
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De Sandra Cunha a 28.04.2011 às 23:54

Pois, mas faz falta dinheiro para pagar a advogados e avançar com os processos. E dinheiro é coisa que uma bolseira precária não tem.

Por isso, luto como posso, por outros meios. Mas se ganhasse o totoloto, a minha 'excentricidade' era toda direccionada para aí!
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De sentaqui a 28.04.2011 às 23:51

Eu tenho uma opinião ainda mais drástica sobre estas pontes e feriados e há muito que isto me anda a matutar na cabeça.
Nunca entendi porque é que os agnósticos, ateus, católicos não praticantes, têm feriados no Natal, na Páscoa, no dia de Corpo de Deus, no dia de Nossa Senhora da Ascensão e ainda tolerância quando vem cá o papa, por exemplo. Sabem lá o que se está a festejar?
Há gente no nosso país que professa diferentes religiões, será que nós paramos para festejar o feriado deles? Eles sim, têm que parar por causa dos nossos.
Claro que esta minha ideia de vedar os feriados aos não crentes iria denegrir a imagem da igreja, que assim se vai convencendo que temos um país maioritariamente católico e convenhamos que parece bem.
Para evitar tanta hipocrisia seria preferível aumentarem os dias de férias, ou oferecerem o dia aniversário como fazia a minha autarquia aos que lá trabalhavam.`
É um assunto polémico este, mas mais polémico é darem pontes ao desbarato em tempo de crise.

Bjs
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De Sandra Cunha a 28.04.2011 às 23:55

Concordo e sempre defendi o mesmo!
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De Jorge Soares a 29.04.2011 às 00:18

Vamos lá ver

Tu sabes que eu sou ateu, eu olho para todos os feriados da mesma maneira, para mim o 1º de Maio e o 15 de Agosto valem o mesmo,..são um dia de descanso... e nos dias de descanso, eu descanso.

Nós vivemos em sociedade e essa sociedade tem normas, normas que independentemente da nossa fé, religião ou crença politica, devemos seguir para que a sociedade possa existir a bem de todos.

A sociedade em que eu vivo chama-se Portugal, e tem uma regra que diz que a uns determinados dias do ano é feriado.. eu posso até nem concordar e querer outros, mas devo respeitar os que existem porque são a bem de todos .. da sociedade.

Se um dia essa sociedade mudar e por maioria decidir que não se festeja o natal e se festeja o nascimento de Buda, eu posso concordar ou não.. mas a maioria vence e portanto eu respeito..e passarei a descansar no dia de Buda e a trabalhar no natal... porque para mim, são dias de descanso.

A nossa sociedade diz que temos 13 dias de descanso fixos.. mais um por gentileza que é o Carnaval.. e que eu tenho direito a descansar nesses dias.. ora, eu descanso.

Jorge
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De sentaqui a 29.04.2011 às 00:32

E não te sabia melhor teres esses dias de descanso, que por gentileza te dão, quando te desse na real gana?
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De Jorge Soares a 29.04.2011 às 01:04

Mas eu tenho.. chamam-se férias... e há uma lei que diz que os posso escolher.. e que quando não há acordo eu escolho metade e a empresa outra metade.

Mas poder somar os 14 feriados aos 22 dias de férias não era mal visto :-)
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De Anónimo a 29.04.2011 às 00:30

“Dragão”

Falcão, Moutinho e Incrível
São o FMI do grande Porto
Primeira parte deu pr’ó torto
A seguir deu-se o impossível

Este FMI e o resto da troika
Resgataram o nosso orgulho
Pr’ós espanhóis um engulho
Pr’a nós foi noitada estóica

Ó senhores do nosso destino
Olhem bem pr’a este Dragão
Deixem de pensar pequenino

E vejam como a organização
Criada na terra do cimbalino
Fazem do Porto uma nação.

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