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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem minha do Momentos e olhares
Durante anos, dia após dia o N. ficava a chorar no infantário, todos os dias, desde que tinha um ano e até que finalmente entrou para a escola primária, fosse eu ou fosse a mãe quem o levava, ficava lavado em lágrimas e num pranto inconsolável. De inicio e até percebermos que mal ele deixava de nos ver as lágrimas paravam de imediato e começava a brincadeira como se nada fose, a coisa foi complicada. Não é fácil deixar uma criança a chorar todos os dias, o primeiro pensamos é que ela é maltratada e que não gosta da sala, da educadora, das auxiliares... passa-nos tudo pela cabeça, incluindo mudar a criancinha de escola.. coisa que chegámos a fazer, sem que nada mudasse... 5 anos de choro diário é dose.
Mas se acham que isto é mau, o que acham de uma criança que todos os dias quando a vão buscar arma um berreiro porque não quer sair da escola? Mau não é? pois... isso é o que acontece comigo todos os dias.
Imaginem o que é chegarem à escola e estarem os outros pais a buscar as suas criancinhas sorridentes e terem que andar atrás da vossa porque ela mal vos vê corre para a outra ponta? É ver as mães com um sorriso amarelo e a pensarem:
-Como será que eles tratam a pobre criança que ela nem quer ir para casa ao fim do dia?
Depois o sorriso amarelo passa para as auxiliares e claro, para mim.. que nunca encontro nenhum buraco onde me esconder.
Com o tempo comecei a tentar usar estratagemas, em lugar de lá ir eu, mandava os irmãos, primeiro o N. e depois a R., para nada, o comportamento era exactamente o mesmo, só quando é a mãe a ir lá ela não faz fita.. raio de criança.
Estava a ficar seriamente preocupado até que um dia a fui deixar na escola de manhã e para minha grande surpresa, fez uma birra exactamente igual à que faz ao fim do dia, só que ao contrário, não queria lá ficar por nada, quando não se agarrava a mim, tentava fugir para a rua.
Estão a ver a minha cara de alivio? desta vez o sorriso amarelo era mesmo da auxiliar que a veio receber.
Vá lá a gente tentar perceber as crianças.
Jorge Soares