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E se o referendo fosse cá?

por Jorge Soares, em 02.11.11

Grécia quer referendo às medidas da Troika

Imagem do Público

 

 

O governo Grego entre a espada (do povo na rua) e a parede (da troika) decidiu que a melhor saída era mesmo uma fuga para a frente, vai perguntar ao povo se quer ou não continuar com as medidas de austeridade da Troika. 

 

Acho que não restam dúvidas a ninguém sobre qual vai ser o resultado a tal pergunta, nem sobre quais vão ser as consequências disso, ainda não se sabe qual a data da consulta, mas aposto que muito antes haverá uma série de bancos um pouco por toda a Europa na falência, tal como as nossas esperanças de sairmos desta crise a curto prazo.

 

Há quem chame a isto democracia, eu prefiro chamar-lhe suicídio, qual serão as hipóteses de uma saída da crise para uma Grécia fora do Euro e da União Europeia? Estará o governo Grego a pensar incluir no referendo uma pergunta sobre qual das alternativas deverá seguir?

 

Eu acho que este é o tipo de coisas que nunca se deve perguntar ao povo, até porque por cá o referendo já foi feito, foi em Junho quando cada um de nós teve que escolher entre as diversas alternativas propostas por cada partido, e o povo escolheu em consciência aquela que lhe parecia a mais apropriada... mesmo que ainda a semana passada eu tenha ouvido da boca de alguém que votou PSD que o que devíamos fazer era renegociar a dívida, quando lhe perguntei porque não tinha votado Bloco de Esquerda ou PCP, já que essas eram as propostas desses partidos, a senhora mudou de assunto.

 

Mas se por hipótese o referendo fosse cá, quais deviam ser as perguntas que se deveriam fazer?

 

Jorge Soares

publicado às 11:39


30 comentários

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De Sandra Cunha a 02.11.2011 às 12:34

Debate: "A crise económica e social: Que soluções?", Sexta-feira, 4 Nov, 21h30, Moita, com Francisco Louçã


Tens perguntas a fazer, ideias a partilhar? Aparece!

Em tempos de crise, o nosso governo, presidente e a Troika (FMI) impuseram ao povo português uma austeridade nunca vista na história da democracia portuguesa.
Fazem-nos crer que não há soluções, que a dignidade e os direitos mais inalienáveis do ser humano não são importantes e que, como tal, não exigem respeito e compromisso. Fazem-nos crer que vivemos acima das nossas possibilidades, quando a esmagadora maioria dos portugueses vive claramente abaixo das suas necessidades.
Nas medidas injustas, cuja incidência não toca nas grandes fortunas, gera-se o incentivo do povo contra o povo. No entanto, os senhores do grande capital mantêm-se impunes. Os mercados da especulação financeira continuam a perpetuar-se, contra ti, contra nós.

Mas não tem que ser assim!
Vem discutir connosco e conhecer alternativas.

BIBLIOTECA MUNICIPAL BENTO DE JESUS CARAÇA – MOITA
Rua Dr. Alexandre Sequeira
2860-483 Moita

Localização: http://maps.google.com/maps?q=Rua+Dr.+Alexandre+Sequeira,+Moita,+portugal&hl=pt-PT&ll=38.652116,-8.99055&spn=0.002321,0.004823&sll=37.0625,-95.677068&sspn=38.502405,79.013672&vpsrc=6&hnear=R.+Dr.+Alexandre+Sequeira,+Moita,+Portugal&t=h&z=18
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De Maria a 02.11.2011 às 13:24

A premissa de que há coisas que não se devem perguntar ao povo é perigosa... A democracia acenta nele e ainda não se inventou um sistema melhor.

Penso que nesta União Europeia já se decidiram enúmeras coisas sem o aval do povo. É por isso que chegámos a este ponto... Se o povo não tem capacidade para decidir sobre uma União Europeia, então esta foi um erro desde o início. Um passo maior que a perna...
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De Sandra Cunha a 02.11.2011 às 13:37

Pois. Normalmente não se quer perguntar ao povo quando se sabe à partida que não se vai gostar da resposta (se bem que neste caso, e tendo as coisas chegado ao ponto a que chegaram, qualquer resposta é uma má resposta...)

Mas é o mesmo que se passa agora em Portugal com o Referendo sobre a privatização da Água. Porque é que não querem fazer o referendo? Porque há grandes probabilidades do Povo recusar a venda de um bem comum tão essencial a privados. E isso estraga-lhes os lucros todos, ops!, planos, queria dizer estraga-lhes os planos todos.
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De Jorge Soares a 02.11.2011 às 22:49

Sandra, com isto tudo eu não percebi o teu ponto de vista, tu achas que se deve ou não fazer o referendo na Grécia?..e cá? e porquê?

Jorge
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De Jorge Soares a 02.11.2011 às 13:50

Olá

Sim e não, perguntar ao povo é sempre uma faca de dois gumes, os governos são elegidos para tomar decisões, governar em tempos de vacas gordas é muito fácil, por exemplo, nunca foi feito um referendo para entrarmos na união europeia, porquê?, porque todo o mundo sabia que só tínhamos a ganhar com isso e que o desenvolvimento do país dependia disso. Ninguém questionou os milhões e milhões que cá entraram debaixo do chapéu da CEE.

Agora estamos no tempo das vacas raquíticas, em época de austeridade, é evidente que se questionares alguém sobre a justiça dos cortes anunciados a resposta vai ser negativa, até porque há uma imensa camada da população que acha que não tem nada a ver com a dívida.... por eles, não cortamos nada, aumentamos é os salários... mas será isso certo?

A questão é, perguntamos ao povo se queremos austeridade ou não, ele vai dizer que não, e nesse caso faz-se o quê?, quais serão as alternativas para a Grécia no dia a seguir?, sair do Euro, sair da CE, decidir não pagar as dividas.... e isso resolve o quê?

Nem a Grécia nem Portugal conseguem gerar riqueza para viver por si, não há um tecido produtivo que consiga suprir as necessidades da população e sem dinheiro não há forma de comprar o que quer que seja, até podemos decidir não pagar a divida, mas podes ter a certeza que no dia a seguir tens as prateleiras dos supermercados vazias e não tens o que dar de comer ao teu filho.

Jorge



Jorge
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De Sandra Cunha a 02.11.2011 às 13:41

Mais umas luzes sobre a questão:

http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2011/11/do-perdao-grego-ou-de-algumas-razoes.html

Em relação ao perdão de 50% da dívida Grega:

"(...) Existem duas contrapartidas previstas neste acordo: 1- Um mecanismo de compensação no valor de 30 mil milhões de euros para os credores estrangeiros. Estes 30 mil milhões são emprestados pela troika e por isso contam como endividamento grego; 2- Um outro pacote de 30 mil milhões de euros para recapitalizar a banca grega, de forma a compensar os efeitos do... perdão à dívida.

De repente, os 50% já não o são. Substitui-se, na verdade, dívida privada por dívida "oficial", da troika" de Daniel Oliveira
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De Rosinda a 02.11.2011 às 14:38

Este foi o tema cá em casa, durante o almoço.
Eu não gosto muito de falar de política, mas o que penso da situação é que ; não podemos deixar-nos influênciar pela Grécia. Mais, o que a Grécia vai fazer , não é viável. A não ser que estejam a pensar morrer de fome.
Tentar levar as coisas da melhor maneira... mas pagar a dívida.
Retirar mais a quem tem mais. Despertar para a realidade e reeducar as pessoas no sentido de se desenvolverem mais responsabilidades e mais amor ao trabalho. Aprender que se temos 10 só devemos gastar 8. Acabar com o rendimento mínimo para pessoas que em nada contribuiram para Segurança Social e são verdadeiros parasitas da sociedade.
Enfim...
Rosinda
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De António Manuel Dias a 02.11.2011 às 18:35

Acho curioso que nestas situações se descubra sempre que os portugueses não têm amor ao trabalho (quando são dos que mais trabalham na Europa), que são gastadores (quando o ordenado médio é dos mais baixos da Europa) e que os grandes culpados da crise são os que beneficiam do RSI (e não os que ficaram com os milhões do BPN, os que enriqueceram depois de passar por cargos governamentais ou os que estão a lucrar com o desmantelamento do SNS, só para dar três exemplos). Cá para mim, tenho que uns dos grandes culpados da crise são aqueles que não gostam de falar de política... mas isto sou eu, que sou do contra.
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De Rosinda a 02.11.2011 às 19:21

Portugal é realmente o País da Europa onde mais horas se trabalham por dia, é verdade. Mas também é verdade que a produtividade nem sempre tem a ver com a carga horária, mas muito com a vontade e ambição de progredir e zelar pelos interesses do patrão, para que amanhã não lhes falte o trabalho.
Quando digo que não gosto de falar de política é exactamente porque nada percebo dela, em contrapartida a vida e o que vou vendo nem sempre tem a ver com o que se diz.
Da crise garanto-lhe que não tenho culpa absolutamente nenhuma. Sou uma simples criatura que viveu do trabalho, enquanto o tive e que apesar de ter criado 5 filhos e viver com o parco rendimento de 250 euros por mês, dados por um ex. marido que comeu a carne e não quis rilhar os ossos, já meios gastos. Apesar disso de certeza que não leu o que escrevi;(Retirar mais a quem tem mais) e sobre o rendimento mínimo, garanto-lhe que há muita miséria humana por causa dele, temos de reabilitar as pessoas e não sustentar-lhe os vícios.
Bem, outra das razões porque não gosto de falar de política... perco as estribeiras!
Ah! Eu não sou contra nem a favor, sou de paz...

Rosinda
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De Cris a 02.11.2011 às 20:28

Só um pequeno comentário acerca da produtividade. É que muito se fala que os trabalhadores são pouco produtivos e tal, mas por acaso já fizeram uma visita à nossa indústria? é que nos telejornais só aparecem aquelas que têm a cara lavada e condições de primeira, mas a maior parte não tem o mínimo de condições para se laborar e já muito se faz. Já não bastava os salários serem uma miséria e ainda nos dão máquinas "mancas" para trabalharmos... Garanto que o problema da produtividade não está nos trabalhadores, está na gestão!
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De Rosinda a 02.11.2011 às 22:00

Trabalhei na Indústria Têxtil durante alguns anos, ou tive sorte, ou o equipamento era óptimo! Contudo a vontade de trabalhar nem tanto!
Mas claro não posso falar por todos, mas falar todos falamos muito.
Nunca devemos é deixar de pensar que se para nos entendermos no governo da nossa casa é um caso sério, então numa casa com alguns milhões de pessoas , pior ainda.
Apena digo que a maioria dos portugueses, não tem capacidades para votar em consciência num referendo destes. Ao contrário do que foi nas eleições não haveria abstinência e tudo votaria contra o pagamento da dívida. Depois é que eu queria ver... o que faríamos sem a ajuda da C.E.


Rosinda
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De Jorge Soares a 02.11.2011 às 22:36

Olá

Concordo em parte, é verdade que uma grande parte do problema está na mentalidade retrógrada de muitos dos nossos empresários que olham para os seus funcionários com olhar de capatazes e que gerem os seus negócios com contabilidade de merceeiro. Mas, também falta alguma cultura de trabalho em muito boa gente.

Jorge
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De António Manuel Dias a 02.11.2011 às 21:37

A Cris já disse tudo sobre a produtividade. Os trabalhadores portugueses são tão bons no estrangeiro e tão maus no seu país -- se calhar deve-se procurar a causa para as diferenças de produtividade naquilo que muda de um ambiente para o outro: a organização e os gestores.

Quanto aos culpados pela crise, tal como quando se procuram os culpados em qualquer organização, temos de olhar para cima, para quem tem o maior poder e, por essa razão, a maior responsabilidade. Como o estado português é uma democracia, o poder -- e a responsabilidade -- está no povo. É certo que a crise não é só portuguesa, está a afectar praticamente todo o mundo ocidental mas, mais uma vez, a grande maioria (se não for a totalidade) dos países em crise são democracias e, portanto, é o povo o máximo responsável. Se calhar, foi por nos demitirmos durante demasiado tempo dessa responsabilidade, por não falarmos de política (e olhar de lado para quem o faz), por não querermos saber o que se passa no nosso país e no mundo, por não decidirmos em consciência e com o conhecimento adequado dos factos, que a situação chegou onde chegou. Foi isso que quis dizer ao apontar a culpa aos que não falam de política.
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De Rosinda a 02.11.2011 às 22:12

Sim a democracia e o poder está nas mãos do povo, quando elege o governo e seus governante. Tomara eu poder dizer que temos um povo conhecedor e bem formado, mas nós sabemos que somos um país em que muitos nem sabem ler e outros em que a vida tudo vai bem, se tudo correr bem. Não culpo ninguém , não acuso ninguém, apenas digo que não seria nada bom para nós se nos acontecer como na Grécia.
Rosinda
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De Jorge Soares a 02.11.2011 às 22:46

António, eu fui emigrante durante 10 anos, acredita em mim, os trabalhadores portugueses que eu conheci no estrangeiro não tem nada a ver com os de cá. A grande maioria passa a fronteira e transfigura-se, vai para a França ou a Suiça e com a ideia fixa de trabalhar e literalmente não faz mais nada. Consegues conhecer pessoas que vivem há 20 anos num país e para além de que nem aprenderam a língua, não conhecem mais nada que a sua rua e o caminho para o emprego.

E não, não estou a falar da emigração de há 40 anos atrás, há relativamente pouco tempo conheci pessoas que não aceitaram um emprego num supermercado porque era preciso trabalhar por turnos e ao fim de semana e que passado pouco tempo foram para a Suiça trabalhar na hotelaria e em limpezas, sem horários e sem folgas...

É claro que os salários não tem comparação, mas o custo de vida na Suiça tem comparação com o nosso?

É verdade que há muita mentalidade tacanha nos nossos empresários, há muito merceeiro disfarçado de empresário moderno, mas o argumento de que o trabalhador português é muito bom lá fora não pega... porque ele é muito bom lá fora porque trabalha de sol a sol, sujeita-se a fazer o que os outros não querem e para os padrões locais é na maioria das vezes visto como mão de obra barata e pouco qualificada.

É claro que se falarmos de uma pequena parte da emigração que corresponde aos jovens licenciados, muito do que eu disse não se aplica, mas é uma pequena minoria.

Jorge
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De energia-a-mais a 02.11.2011 às 15:01

hummmm - ora deixa cá ver...Porque é que sou contra o referendo? porque o pessoal foi votar e o pessoal (democraticamente) elegeu o governo, ora então parece-me legímo deixar que o governo governe...E porque é que sou a favor? bom, porque em certos casos (pela sua gravidade e complexidade) o governo deve ouvir a opinião de quem os elegeu - se bem que nesses casos era necessário que o povo antes de opinar, estivesse bem informado, o que como acontece em vários assuntos, não é o caso!
Portanto e tendo em conta o que se passa pela Grécia, acho melhor nem referendar...
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De Jorge Soares a 02.11.2011 às 22:51

Ora, concordo a 100%, com tudo

Jorge
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De sentaqui a 03.11.2011 às 01:52

Se o português nem sequer sabe em quem vota e na maior parte das vezes fá-lo sem sequer saber das ideias, dos programas eleitorais, dos candidatos, como é que seria possível um referendo se nem sequer sabem do que se trata?
Somos um povo mal informado politicamente e muitos votam nos mesmos , porque foi sempre assim lá em casa. Espero que o governo português nunca se lembre de fazer o mesmo que está a fazer a Grécia, seria o descalabro total.
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De Jorge Soares a 03.11.2011 às 23:19

Pois é isso tudo, além de que os governos são elegidos para governarem, decidirem por nós, se o fazem bem ou mal é outra questão, e há sempre mais eleições onde podemos fazer outras escolhas...

Jorge
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De Sandra Cunha a 03.11.2011 às 10:42

Compreendo a ideia de que o povo já teve a sua oportunidade nas eleições e colocou a cruzinha (ou não colocou nenhuma e é igualmente responsável) onde bem entendeu, legitimando assim a actuação do governo. Até acho que nunca é demais recordar isso às pessoas, que enquanto cidadãos que fazem escolhas, também têm a sua quota parte de responsabilidade, A culpa não é só "dos políticos". É também de quem, ano após ano após anos, há 37 anos (!!!!) os pões sucessivamente lá. Chega de sacudir a água do capote!

Por outro lado, este é um assunto gravíssimo. Como tu próprio dizes, uma coisa é decidir entrar num grupo de países que se sabe à partida que vai ser benéfico (pelos menos a curto e médio prazo). Outra é sair desse grupo e em situação de completa desvantagem, de total miséria e com uma tonelada de dividas às costas.

Mas olha que já me passou pela cabeça que isto foi tudo combinado. Uma reviravolta tão repentina do senhor Papandreou cheira-me a esturro. Já pensaram que o referendo na Grécia serve, a fingir para dar voz ao povo, quando na verdade serve para legitimar o saque? Ou seja, com a chantagem de agora congelarem as tranches de ajuda que já estavam em curso e sem dinheiro para salários e pensões, os gregos entram em pânico e claro, como a opção de sair do Euro pode ser ainda pior do que ficar, escolhem a ajuda do FMI, legitimando-a e acabando assim com a contestação social. Pronto. Probleminha resolvido. Toda esta surpresa de Merkel e Sarkozi seria, evidentemente, encenada, já que, neste cenário, eles estariam por dentro de toda a tramóia. Ou eu tenho a mania das teorias da conspiração. Também pode ser.

Bom, de qualquer modo é uma decisão muito difícil e eu não escolho nenhuma delas. Há outras alternativas. A coisa não tem de ser uma escolha dicotómica entre ficar no euro e aceitar a agiotagem do FMI (tu já viste bem as condições do 'perdão' da divida à Grécia?) Não é perdão coisa nenhuma!! Isto é pior ainda do que aqueles filmes de Mafiosos que víamos na TV em que eles emprestavam dinheiro, para depois poderem escravizar as pessoas para toda a vida. Cada vez que iam 'colectar' o dinheiro a divida era maior e as pessoas ainda apanhavam, invariavelmente, uma valente tareia. As dívidas passavam para os filhos e assim sucessivamente.

Isto é EXACTAMENTE a mesma coisa. A solução de sair do Euro é, neste momento desastrosa. A desvalorização da moeda teria consequências devastadoras, representando uma perda de salários/rendimentos/valor do dinheiro na ordem dos 40 a 50%. Acontece que as dividas ao estrangeiro, mantém-se em Euros. Por outro lado, ficar neste cenário, com um garrote cada vez mais apertado ao pescoço e em que, ao estilo dos agiotas de Hollywood, a nossa divida cresce em vez de descer, é uma solução igualmente desastrosa. Estamos portanto na merda.

Mas há formas de minorar estes problemas. E eles chamam-se concertação dos países que estão nesta situação (uns melhor, outros um bocadinho pior, mas estão todos no mesmo barco): os famosos PIIGS. O problema é Europeu, logo, só uma solução Europeia o pode resolver. Se estes países todos em vez de cada um lutar pelo seu lado, se juntassem e fizessem frente à agiotagem de que estão a ser alvo, teriam muito, mas muito mais força, poder de negociação e a sua posição seria outra. Para já, Alemanha, França e os interesses financeiros não querem perder os seus filõezinhos de ouro. É mantê-los ali na miséria, mas ainda assim capazes de irem cumprindo minimamente os compromissos. Se todos se unirem e disseram NÃO a este assalto, a coisa muda de figura. Já dizia o outro, que a União faz a Força.

E depois, dentro de cada país, as escolhas do Governo para cumprirem estes compromissos também podem ser outras: TAXAÇÃO DA BANCA!!!! DAS TRANSAÇÕES FINANCEIRAS, DERRUBE DAS OFFSHORE, TAXAÇÂO DAS GRANDES FORTUNAS; EQUIDADE FISCAL. Há dinheiro neste país (e nos outros). Só não querem ir por essa via porque estariam a ir contra os interesses financeiros, da banca, patronato, nacional e internacional, que lhes alimenta o ego e, principalmente os bolsos.

Não sei se já vista a quantidade medonha de ex-ministros que saíram dos Governos para carreiras de administração de grandes empresas (que beneficiaram claro das políticas que eles implementaram enquanto ministros).
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De Jorge Soares a 03.11.2011 às 23:33

Sandra, eu por principio sou contra qualquer perdão, perdoar a divida à Grécia ou a Portugal, ou à Itália ou a quem for e deixar tudo como está é como dar um peixe a alguém e não lhe ensinar a pescar.

Todos sabemos o que aconteceu na Grécia, durante 20 anos os sucessivos governos andaram a enganar o mundo, hoje estão numa situação em que não conseguem sair do buraco por si só... podem até perdoar 100% da dívida, mas se não fizerem perceber aos gregos que tem que mudar o seu modo de pensar e até de viver, daqui a 10 ou 15 anos vão estar na mesma.

E o mesmo se aplica por cá, e não, a culpa não é só dos políticos, a culpa é de todos nós.. cada um de nós contribuiu para o que se está a a passar, todos somos responsáveis e todos temos que fazer a nossa parte.

Que há outras alternativas a estas medidas, é claro que há, mas não há soluções milagrosas, qualquer alternativa vai ter custos que todos vamos pagar, disso não tenhas dúvidas.

Neste momento a diferença entre a tua forma de ver as coisas e a minha é que eu acho que para além das medidas que se estão a tomar, deveriam tomar-se também as que tu nomeias.... e não sei se já não será tarde, se mesma com a soma de tudo isso ainda iremos a tempo.

Mas uma coisa é certa, se a Grécia decidir que não vai pagar as dívidas, vai haver um grupo de países que vai cair como um baralho de cartas... eu não tenho dinheiro em banco nenhum, mas se tivesse, neste momento estaria a tentar arranjar um bom colchão, porque já estou ver pelo menos dois bancos que não se vão segurar ...e basta cair um para que o caos se instale.

Jorge
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De António Manuel Dias a 05.11.2011 às 01:21

"qualquer alternativa vai ter custos que todos vamos pagar"

Isto é repetido até à exaustão, mas cada vez que o ouço só me lembro do início dos livros do Astérix: "Toda? Não. Uma pequena aldeia..."
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De golimix a 03.11.2011 às 19:01

O que disseste sobre alguém que votou PSD sabendo quais eram as propostas, fez-me questionar algo, será que sabia?
Anda tanta gente de olhos vendados que é impressionante! Não sei se é por estar no esquecido Trás os Montes, mas quando olho para o lado e vejo que muitas (mais do que o desejado e até credível) pessoas não votam nos partidos porque conhecem quais são as suas propostas eleitorais, mas votam só porque sim! Porque sempre votaram, porque fulano tem uma cara bonita, é novo,...enfim outras patetices que não acabam! Dá-me cá uma volta às ideias ...
Desde ontem que a questão se vem formando na minha mente, e se o refendo fosse feito cá?
Acho que vais ter que ler o meu artigo para saberes ;)
Malandreca :-)
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De Jorge Soares a 03.11.2011 às 23:38

O problema é que as pessoas são dos partidos como se é do Porto ou do Benfica, para uma enorme maioria não interessam os nomes ou as competências, só interessa a cor..depois há uma parte que ainda vive há 2o anos atrás e que seria incapaz de votar noutros, porque a esquerda come criancinhas ao pequeno almoço.....

Mas é este o povo que temos... e se calhar, cada um tem aquilo que merece, e isso é válido para o país e para o povo.

Jorge
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De golimix a 04.11.2011 às 17:16

Infelizmente tens razão...
Ontem escutava alguém falar do partido comunista como se fossem "uns eira sem beira" e como se tivessem alguma doença! Não entendo o porquê dessa fobia.
Não quero dizer que sou comunista, não tenho partido, simplesmente mantenho todas as hipóteses em aberto e voto consoante me agradam ou não os programas que cada um tem. Apesar de existir um ou outro cujos programas nunca me agradaram.
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De Sandra Cunha a 03.11.2011 às 23:45

Mas Jorge, estás-te a esquecer que grande parte da dívida da Grécia e da de Portugal também não é divida pública e não se deve ao modo como gregos ou portugueses 'têm vivido a vida'.

Grande parte da divida é privada, resultado da ganância e agiotagem dos grandes grupos financeiros, e logo ilegítima! E não é além das medidas que se estão a tomar deviam tomar-se também as outras. Primeiro deviam tomar-se as outras (e ir buscar contribuição proporcional ao que cada um recebe) e só depois alargar a quem menos tem. O problema é que começaram por quem menos tem e pelos trabalhadores, aniquilando a classe média e nunca vão chegar aos que detém verdadeiramente o capital.

Para além disso, destruindo a classe média, destroem o consumo e logo, destroem a produção e criam mais desemprego e mais despesa e menos receita e mais recessão.

Este plano não resulta! Não é cortando a torto e a direito e reduzindo drasticamente o poder de compra que se consegue levantar um país e relançar a economia!!!
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De Jorge Soares a 03.11.2011 às 23:57

Não Sandra eu não esqueço isso, tu é que esqueces que uma grande parte da divida dos bancos privados foi precisamente para comprar divida pública, há muito que o estado se estava a financiar nos bancos, as autoestradas, os hospitais, todas as grandes obras do estado estavam ser feitas com o dinheiro dos bancos privados.. o que é que é para ti agiotagem?

tu achas que os bancos privados não deveriam levar juros ao estado?... qual é o motivo para que os bancos não possam dar lucro? tu concebes um mundo sem bancos privados?

Jorge
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De Sandra Cunha a 03.11.2011 às 23:50

Quatro maiores bancos privados lucraram mais de 1 milhão por dia

http://economia.publico.pt/Noticia/quatro-maiores-bancos-privados-lucraram-mais-de-1-milhao-por-dia-1519300#.TrMWpddXsyk.facebook

E nós estamos a injectar dinheiro (das tranches do FMI) nos bancos e nós vamos pagar esses 'empréstimos'.

Tu não sei, mas eu não posso admitir este tipo de coisas!

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