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Violência Doméstica

Imagem de aqui

 

Há coisas que me saltam à vista, mas que parece que ao mundo lhe passam ao lado, no outro dia numa reportagem na RTP sobre o Estripador de Lisboa foram falar com a vizinhança, ficamos a saber que o senhor era bom rapaz, quer dizer, de vez em quando a mulher andava na rua toda pisada, detalhes, mas nem isso não fazia dele um mau rapaz.

 

Eu fiquei chocado, toda a vizinhança sabia que ele arriava forte e feio na mulher até ela andar pisada na rua, mas pelos vistos nunca ninguém achou por bem denunciar a situação, o senhor até nem era má pessoa... tirando o pequeno detalhe... eu juro que chamei nomes à jornalista que deixou passar aquilo assim.

 

Custa-me ver como em algumas coisas o século XXI tarda tanto em chegar a Portugal, como ainda se olha para a violência familiar desta forma, em que parece que tudo é normal... Afinal o senhor terá matado 3 mulheres e isso é noticia durante dias, infelizmente a violência familiar mata umas dezenas de mulheres todos os anos e isso não é noticia nunca, talvez porque todo o mundo olha para o lado como olhavam os vizinhos do senhor e como olhou a jornalista que fazia a reportagem  ..... e como olhamos todos tantas vezes... 

 

Em resposta ao post que escrevi no dia internacional contra a violência Familiar, recebi o seguinte por mail:

 

"É incrível como há tão poucos testemunhos, e como tantas mulheres se revêm nesses "poucos".

Passei infernos, pensei muitas vezes que morria ali, mas consegui sair de uma situação assim! O instinto de sobrevivência leva-nos a coisas inimagináveis, que só quem sente a vida em risco é capaz de saber...

É lamentável, muito lamentável que morram mulheres todos os dias e quem sabe destas situações não o denuncie. Basta um telefonema!!!


Geralmente, pensa-se que não vale a pena (como já ouvi), porque a pessoa está lá e não faz nada, "passa a impressão" de que está porque quer, não se vai embora porque não quer...! Nada mais errado. Tudo tem um timing, e o principal nesta situação é aquele que garante a sobrevivência... e uma simples ajuda pode ser esse momento.
 

Eu, esperei de 2 anos para conseguir uma "saída" que garantisse a minha vida. Mas a verdade é que enquanto essa pessoa viver, eu viverei sempre desejando nunca o encontrar numa situação em que esteja sozinha.

 

Era solteira naquela altura, hoje refiz a minha vida, mas a marca vai ficar comigo até à morte. Não procuro a vingança, tomara que não se lembre de mim, mas recordo esta frase, (talvez porque me cruze com ele algumas vezes) "Senta-te na beira de um rio e verás passar boiando o cadáver do teu inimigo" Confúcio. Não me consome, mas torna-me a vida um bocado mais cinzenta..."

 

M.

Obrigado M. a tua primeira frase diz muito, e deixa-nos a pensar, tal como todo o teu testemunho, há coisas incríveis e que nos deveriam envergonhar... já agora, deixo o comentário da Cris ao mesmo Post... para que todos os que por aqui passam pensem um pouco no que significa o seu silêncio e a sua indiferença:

 

De crisn a 27 de Novembro de 2011 às 02:43
Mais importante de tudo , porque é que um post desta importância tem um único comentário ?

 

Cris, gostava de ter uma resposta, não tenho, e isso deixa-me triste.

 

Jorge Soares

publicado às 21:33


1 comentário

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De Kok a 06.12.2011 às 16:27

Esta mentalidade que durante séculos "absorvemos" traduzida numa "conformidade religiosa" juntamente com o "parece mal" e reforçado com a "dependência económica" de quem "traz o dinheiro para casa", não justifica mas permite que situações destas aconteçam!
E continuem acontecendo!
Denunciar é preciso.

1 abraço.

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