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Crianças hiperactivas

 

Imagem minha do Momentos e Olhares

 

De vez em quando fico a pensar que os professores do meu filho deviam passar um fim de semana com ele... um fim de semana em que ele não tomasse a medicação, um ou dois dias em que pudessem lidar com o normal de uma criança com esta doença, talvez assim percebessem que não, que eles não são assim porque são malcriados, que não são assim porque são do contra, ou porque não lhes apetece fazer o que o professor manda.

 

Talvez se eles vissem e sentissem como é difícil para estas crianças estarem un segundo quietas, se vissem e sentissem o que passam alguns pais todos os dias, tentassem olhar para o assunto de outra forma e não tentassem resolver tudo com castigos, faltas disciplinares e baixas notas.

 

O N. desde o segundo ano que está sinalizado com hiperactividade, défice de atenção e dislexia, desde essa altura que a escola tem conhecimento e que ele está sujeito a apoio e condições especiais de avaliação de acordo com  o Decreto-lei 3/2008.

 

A lei diz que após a notificação, deverá ser elaborado um plano de apoio e avaliação específico e de acordo com as necessidades, a verdade é que salvo raras excepções, a maioria dos professores insiste em ver o assunto como um problema disciplinar e muito raramente elaboram planos de avaliação específicos. 

 

Num destes dias o N. teve uma prova de avaliação de matemática que para além de ocorrer ao fim da tarde, quando já passou o efeito da medicação, tinha mais de 40 alíneas... é claro que correu muito mal, mas havia alguma hipótese de correr bem?

 

Um dos maiores problemas do N. é com o inglês, apesar das muitas horas de estudo em casa, do apoio no centro de estudo e das aulas, não conseguiu fazer nada no teste... crianças hiperactivas e com dislexia dificilmente conseguem decorar... quando a P. tentou falar com a professora esta insistiu em que o problema era falta de estudo... e ela nem acreditava que ele tivesse dislexia.... Fantástico, andamos nós anos a gastar rios de dinheiro em especialistas, ele foi testado e avaliado por especialistas em dislexia, por psicólogos, por pedo-psiquiatras... e agora aparece uma professora de inglês que mandou esta gente toda às urtigas.. porque ela é que percebe do assunto... e avalia-o como a todos os outros alunos.

 

Infelizmente não há forma de contornar os horários das escolas, o horário é à tarde e não há volta a dar, dar-lhe a medicação a meio do dia está fora de questão, porque nesse caso, para além de que não consegue estudar ou fazer o que quer que seja durante a manhã, à noite não dorme. Resta-nos tentar que a escola entenda o problema e que aplique o que está na lei de modo a minimizar o problema, infelizmente a grande maioria dos professores insiste em olhar para estas crianças de lado, sem entender que o que ali está é uma doença como outra qualquer, não é um problema disciplinar. Ou será que como dizia a minha meia laranja um destes dias:

 

Será que chamam:

um pai de um filho cego para se queixarem que ele não vê para o quadro?

Um pai de um filho surdo para se queixarem que ele não ouviu a campainha do recreio, ou um ditado?

Um pai de um filho paraplégico para se queixarem que ele não conseguiu correr os 100 metros ?

Um pai de um filho com muletas para se queixarem que ele é sempre o último a entrar?

 

Então porque é que se chama todas as semanas um pai de um filho hiperactivo com défice de atenção para se queixarem

- que ele não está quieto na carteira

- que ele se distrai com facilidade

- que ele se esquece dos tpcs ?????

 

Jorge Soares

publicado às 22:31


25 comentários

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De Maria Eugénia Pinto a 13.12.2011 às 23:44

Olá Jorge
Pois, este é realmente um problema muito complicado que eu também estou a viver. Apesar de toda a gente ter conhecimento do problema da F, de ele estar sinalizada em Intervenção Precoce, de ser acompanhada por psicólogo, educadora do ensino especial, terapeuta da fala, etc... continuam as queixas diárias... e ainda só está na pré, nem quero pensar como vai ser para o ano...
As escolas e os professores em geral têm uma grande dificuldade em lidar com esta doença... confesso que eu própria tenho!
Temos que ir indo com calma e tentar ao máximo minimizar o problema...
Beijinhos
Eugénia
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:11

Olá

É verdade, temos que ir com calma, é muito difícil mudar o mundo.... mas temos que tentar na mesma.

Jorge
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De C.M. a 13.12.2011 às 23:59

Como professora, sei bem do que falas. É muito complicado ter alunos na aula que perturbam ou distraem os outros e todos os factores de que falaste são condicinantes da aprendizagem. Não sei bem como se resolve, mas há várias coisas que podemos tentat, como professores, para ver como minimizamos o problema e potenciamos o máximo do aluno. Mas tudo isso requer trabalho também fora da aula para que se vejam resultados. E é muito mais fácil desistir. Eu própria já desisti algumas vezes, mas felizmente, insisti noutras. Repara, uma pessoa como eu, com 8 turmas, 5 níveis diferentes e uma manhã livre apenas para preparar tudo isto, passa a vida a trabalhar e nunca chega para estar só com estes alunos... de graça. A boa vontade é engolida pela vida própria que temos de nos forçar a ter se queremos manter-nos sãos. Digo eu, que estou prestes a perder a minha....
Bj
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:16

Olá

Acho que o primeiro passo é não desistirem, porque nós não podemos desistir de ser país.. eu consigo entender que a vida de um professor não é fácil, que lidar com mais de vinte crianças dentro de uma sala não é fácil, mas mesmo assim não podem desistir, o meu filho, o filho da Teresa, a filha da Eugénia, são crianças, crianças diferentes é verdade, mas não deixam de ser crianças, com os mesmos direitos que qualquer outra criança. se os professores desistem, o que lhes resta?

Jorge
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De golimix a 14.12.2011 às 08:36

Primeiro que tudo, a foto está espetacular.
Agora o artigo, ter um filho hiperactivo não deve ser fácil! Tenho conhecimento do problema mas uma coisa é ter conhecimento e outra é lidar com ele todos os dias...
A lei DEVE ser aplicada, e pessoas que se querem armar em sabichonas e em superiores é mandá-las "dar uma, ou duas curvas". Eu sei, não pode ser...
Tenho reparado que os professore, no seu geral, estão um pouco, digamos que, hipereactivos, ou seja, qualquer coisa os irrita os incomoda, estão no seu limite. Deve ser de facto difícil ter que lidar com turmas enormes e ser-lhes exigida eficiência. Os dias mudaram as crianças também, e quem não percebeu isto não está muito atento.
A vida de professores é difícil. Claro que é. Basta dizer que é das classes profissionais com mais depressões.
Mas a vida das crianças não é fácil e numa criança hipereactiva a coisa deve duplicar, ou triplicar.
LMaria
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:19

Olá

Os professores não tem uma vida fácil, é verdade e a tendência não é para que as coisas melhorem, mas nós como país não podemos admitir que alguém desista dos nossos filhos.. porque eles são crianças e merecem o mesmo que qualquer outra criança.

Jorge
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De sentaqui a 14.12.2011 às 10:01

Ainda ontem comentando outro blog que tu conheces, em que há uma criança com o mesmo problema eu sugeria que se fizessem acções de formação para os professores para aprenderem a desenvolver estratégias para lidar com situações dessas, já que na sua formação inicial , nenhum docente aprendeu a trabalhar com crianças com hiperactividade.
Depois do que li aqui, duvido que os docentes estejam motivados para o fazer, é muito mais fácil, fazer queixas aos pais e dar mais uma ou menos uma negativa é-lhes indiferente.
Compreendo que com a actual situação dos docentes, em que lhes é exigido cada vez mais e mais, não seja fácil, mas no caso do teu N. que tem relatórios e está bem sinalizado o caso muda de figura e calculo que para vós deve ser desesperante.
Como mudou de escola e de professores a vossa cruzada tem que recomeçar e armados de uma grande dose de paciência (que eu sei que têm), terão de sensibilizar de novo a escola para que o problema seja minimizado e possa existir mais paciência e compreensão..
Desejo-vos sorte.
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:21

Olá

A ideia da Teresa é muito boa, mas como tu eu tenho sérias dúvidas que muitos professores queiram abdicar do seu tempo livre para participar em qualquer acção de formação... se muitos nem aceitam que isto seja um verdadeiro problema.

Jorge
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De Abigai a 14.12.2011 às 10:49

Olá Jorge, é impressionante como em cidades diferentes, escolas diferentes, professores diferentes, etc., as vivências de crianças hiperactivas são as mesmas! Ainda há dias falava no mesmo em relação ao G., e fico sempre com a sensação que de pouco adianta falar com directores de turma, são sempre muito compreensivos mas os problemas mantêm-se sempre! Os professores simplesmente não querem entender, e se entenderem, não se querem aborrecer muito com isso, é bem mais fácil atirar as culpas para os pais, para a educação que os pais dão, para as crianças e o seu comportamento, etc., do que procurar estratégias ou aplicá-las. Não acho que seja por falta de informação, esta está disponível para quem a procura. Já sugeri acções de formação na escola do G., mas não estão receptivos, acham que sabem tudo o que há a saber e que não precisam de palpites, muito menos de pais que não sabem educar os filhos! Não se distraiam com o N., eu distrai-me com o G. pensando que algo estava a ser feito por ele na escola uma vez que estava sinalizado há muito..., mas afinal o processo perdeu-se algures em 2010! Depois de pedir esclarecimentos à DREN, a escola mostrou-se interessada em ajudar, sabe-se lá porquê... mas espero estar enganada porque palpita-me que foi só para me calar que iniciaram nova avaliação do G. afim de ver quais os tipos de pedagogia e avalacão diferenciada ou não, que precisa.
Coragem, abraço,
Anabela
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:24

Olá

Pois, o problema é o mesmo em quase todas as escolas, porque as mentalidades são as mesmas, a falta de sensibilidade é a mesma... no fundo, a maioria dos professores não está para ter o trabalho, lidar com estas crianças não é fácil, o mais fácil é desistir, a culpa será sempre de outros e salvo raras excepções, a maioria acha que não lhes pagam para isso, só para educar as criancinhas perfeitas.

Jorge
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De Sofia a 14.12.2011 às 11:12

Estas situações são sempre complicadas. Não é fácil para os professores que uma criança desestabilize a turma inteira, mas jamais em nenhum caso deixar a criança de lado. Acho que se deve sim, em conjunto com os pais, procurar soluções para essa criança, porque as queixas constantes não são solução.
E como tu próprio dizes é preciso saber distinguir entre uma criança mal criada e uma criança com uma doença.
Força!
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:25

Olá Sofia

Antes de mais há que ter vontade de distinguir, e infelizmente na maioria dos casos não existe essa vontade...e quem sofre são as crianças, que dia a dia vão perdendo um pouco do seu futuro.

Jorge
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De Ladrão de açucar a 14.12.2011 às 17:33

Olá Jorge. È de facto complicado gerir toda essa situação, tenho na familia uma criança hiperactiva a tomar medicação e fazer descanso ao fds.
Tem é a sorte de estar numa escola particular onde é acompanhado e inclusive as profs participaram no relatório médico. Com a Medicação melhorou muito, mas as notas continuam baixas , baixas apesar de ter ainda apoio exterior. Mesmo assim, há queixas ... é uma luta constante.
Mas sabes uma coisa?
Acredito que o teu filho é um miudo espectacular, com uns pais muito empenhados em ajuda-lo, precisa só de encontrar uma pequena ajuda na escola de alguem esclarecido sobre a situação.
Bom natal e continuação de bons posts.
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:27

Olá

Infelizmente nem todos os pais tem a possibilidade de poder pagar uma escola privada....

Bom natal

Jorge
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De Maria a 14.12.2011 às 21:59

Pois é ... tens toda a razão. As questões físicas continuam a ser mais valorizadas que as do foro psicológico. Basta ver que ao nível da comparticipação do estado são poucos ou nenhuns os fármacos comparticipados para, por exemplo, depressões. Parece que é um capricho e não uma situação clínica tão válida como outra qualquer. O mesmo deve acontecer com hiperactividade...

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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:28

Olá

Infelizmente é esta a sociedade em que vivemos, uma sociedade que teima em rotular e em deixar de lado qualquer diferença...

Jorge
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De energia-a-mais a 14.12.2011 às 23:00

Ola Jorge
Como sabes trancrevi este mail no meu blog. Acho sinceramente que descreve ne perfeição a forma como os nossos miúdos são olhados pelos professores. Atenção, nem todos os docentes se acham no direito de ignorar os profissionais responsáveis pelos diagnósticos mas muitos acham que podem...não está certo!
Sei que não é fácil mas acredito que uma boa estrutura de apoio e de trabalho nas escolas pode mudar essa atitude. Como já deves ter notado, vou agitando por aqui algumas águas. Agora este mail deu-me mais uma ideia para umas quantas investidas - o núcleo Norte da APCH já está a elaborar uma campanha de formação para professores. Vou dando notícias.
Teresa
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:29

Olá Teresa

Acho o teu esforço de louvar..e desejo com todo o coração que tenhas sucesso.

Jorge
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De Sandra Morais a 15.12.2011 às 21:49

Meu deus,como o compreendo. Por vezes também gostaria que algumas pessoas ficassem com a minha filha só por um dia,para perceberem o que é lidar e conseguir educar uma criança hiperactiva.
A única coisa que lhe posso desejar é Muita Paciência e boa sorte,porque tal como eu,bem que precisamos.
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De Jorge Soares a 18.12.2011 às 23:31

Olá

É uma luta diária para muitos pais.. eu só tento alertar para ela.. tenho sempre esperança que as minhas palavras ajudem a mudar algumas consciências... de resto, pouco mais podemos fazer que ter paciência.

Jorge

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