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Porque: "A vida é feita de pequenos nadas" -Sergio Godinho - e "Viver é uma das coisas mais difíceis do mundo, a maioria das pessoas limita-se a existir!"
Imagem do Público
Já lá vão muitos anos desde que em Caracas fiz os exames nacionais do secundário, na altura não havia telemóveis nem SMS's, mas havia fotocópias e lembro-me perfeitamente que no dia anterior ao exame de matemática um dos meus colegas chegou à escola com um monte de folhas que ele garantia que lhe tinham sido dadas pelo primo de uma amiga que para o conseguir tinha dormido com alguém do ministério da educação.
Num país em que tudo funcionava com esquemas e corrupção a história não era assim tão estranha... passamos o dia a resolver o teste, foi um excelente treino para o dia seguinte, mas não, aquele não era o exame.. convenhamos que como esquema para levar miúdas para a cama não está nada mal.
Hoje ao ler no público que alguém denunciou que no norte do país Dezenas de alunos terão sabido o que ia sair no exame de Português lembrei-me desta história, mas também me lembrei de outra coisa.
O ano passado no teste de Português saiu o poema Na casa defronte de mim, de Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, poema que eu utilizei para acompanhar uma das minhas fotografias, esta, no Momentos e Olhares. Nesse dia o post teve milhares de visitas, coisa que eu achei muito estranho até que ao fim do dia sairam as noticias sobre o teste de Português. Na altura fui verificar os logs do blog, as visitas a este post específico começaram logo a seguir à meia noite e foram aumentando durante a madrugada, sendo que na hora em que o teste é retirado dos envelopes selados, já a coisa ia em algumas centenas.
Ora, é suposto os exames serem guardados pela GNR e pela PSP e serem entregues por elementos destas instituições de segurança directamente nas salas, alguém me explica como é que por volta da meia noite já eu tinha visitas no blog à procura do poema que estava no exame? E se "durante o tempo em que o teste está a ser respondido, os professores vigilantes de cada sala não podem sair nem ter meios de comunicação na sua posse (telemóveis ou computadores com acesso à internet, por exemplo)", como é que durante a manhã as visitas já iam em milhares? Resta saber se o ano passado a coisa também foi através de SMS ou se terá sido outro o método.
Gostei muito de viver em Caracas, muito do que sou, muito do meu pensar e sentir vem dali, mas estas coisas deixam-me seriamente preocupado... é que não me estou a ver a ser governado por um Hugo Chavez qualquer.
Jorge Soares